História Remember Me - Newtmas - It's Popcorn Time

Point of View of Thomas O’Brien

- Ben, preciso de um favor seu. – peço gentilmente ao loiro ao deixar o Porshe com o manobrista. – Preciso que vá ao mercado e compre estas coisas pra mim, pode ser? – entrego uma pequena lista, tomando cuidado para que Newt não veja.

Ben dá uma rápida lida nos itens, esboça um sorriso, então concorda com a cabeça.

- Seja rápido, afinal, Brenda está lá esperando por você também. – dou uma pequena motivação para ele sair correndo e desgovernado pela calçada atrás das coisas.

Newt está cabisbaixo e comportadinho me esperando na porta do hotel, em momento algum ele ergue o olhar enquanto caminha do meu lado.

- Está triste? – pergunto.

- De maneira alguma, Tommy, só não posso levantar a cabeça enquanto caminho com você. É uma regra. – suas palavras baixas me partem ao meio.

Imediatamente paro de caminhar, tomando seu maxilar para fim, tão pequeno e delicado sobre a palma da minha mão.

- Aqui você faz as suas regras, Newt. Aqui você está seguro. – afirmo sorrindo para ele e seus olhos castanhos perdidos, que encontram um pouco de segurança nos meus. – Vamos que eu tenho uma surpresa pra você no quarto! – sibilo quase chilicando ao entrar no elevador.

- Surpresa? Pra mim? Mais? – meu melhor amigo parece impressionado com o poço de coisas que ofereço a ele.

- Sim, mais e essa foi essencial para encontrar você!

Quinto andar, quarto 5250. Finalmente destranco a porta do meu quarto, sendo o primeiro a entrar. Brenda não está na cama e nem no sofá, deve ter se escondido no banheiro ou armário.

- Entre, aqui será sua casa agora. – digo fazendo as honras para que ele conheça o local. – Maluca, pode sair do esconderijo! – canto animado.

Brenda sai debaixo da cama, causando um choque no garoto ao meu lado. Os dois correm para um caloroso abraço e logo em seguida sou intimado pelo meu amigo a contar como Brenda foi parar no meu quarto. Explico todos os detalhes da noite que ela fugiu, falo sobre Benjamin, abro o jogo sobre Ariana, até que Sheffield volta para o quarto carregado de sacolas.

- Bom, já que as compras chegaram, posso começar o que planejei pra você, Newt. – o loirinho a todo momento me olha confuso. – Deite nessa cama e não saia por nada. – ordeno.

Corro até a pequena cozinha no canto do quarto, contendo apenas um frigobar, uma pia, uma pequena bancada e um micro ondas, que é tudo que preciso. Soco um pacote dentro dele e três minutos depois tenho um balde de pipoca prontinho ao dispor de Newt.

- Sessão cinema. – anuncio - Vamos começar com algo básico e de leve, que vai ampliar seu mundo. – digo sentando ao lado dele, jogo o balde em seu colo e aperto o play na escolha do filme que comprei no canal pago.

Benjamin e Brenda optam por ficar no sofá da saleta, conversando baixinho e namorando no escurinho delicioso do quarto.

- Que filme vamos ver, Tommy? – Newt pergunta encolhendo o corpo do meu lado quando abro os braços na sua direção.

- O meu preferido. Vou te explicar como funciona essa tal coisa de Sociedade do Anel! – não contenho o sorriso no meu rosto ao colocar Senhor dos Anéis para ele.

Durante as mais de duas horas e meia de filme, Newt Brodie-Sangster é incapaz de piscar, seus olhos estão vidrados na tela, acho que o último filme que ele assistiu foi Shrek 2 no cinema comigo. Conheço essa obra prima de Peter Jackson de trás pra frente e de frente para trás, não olho um frame sequer para a tela. Estou simplesmente apaixonado com as expressões que o loirinho produz a cada cena, hora curioso, hora tenso, hora assustado e confuso com tanta informação para sua cabecinha.

Dois baldes de pipoca depois acho que Brenda e Benjamin estão transando no banheiro e Newt me fita divertido ao término da sessão.

- Deixa eu adivinhar, você quer ser Samwise Gamgi, acertei? – brinco com ele.

- Gostei desse carinha ai, Tommy, mas errou feio. Quero ser o Legolas! – ele exclama sorrindo, com um olhar sonhador.

- Uh, Legolas, seu safadinho? Nunca ia adivinhar!

- Você escolheu o Frodo, certeza! – ele diz assertivo, afinal, esse moleque me conhece bem desde sempre.

- Correto, Newt! Agora vamos para as Duas Torres. – falo dando o comando no controle remoto para outra sessão.

- Outro filme? – ele aprece cansado.

- É a sequencia! E tem outro depois, O Retorno do Rei, sem falar nos três filmes do Hobbit. – anuncio que vamos passar as próximas 24 horas trancados no quarto, fazendo maratona Lord of the Rings.

- Okay, pode vir Sauron! – ajeita seu corpo na cama, disposto a encarar minha escolha do dia.

Newt aguenta firme mais duas horas e meia, até que o almoço seja servido no quarto para Benjamin e Brenda. Decido que vou tirar ele do escurinho e leva-lo para comer no restaurante do hotel. Novamente Newt faz algo que me incomoda, ele volta a caminhar acuado, de cabeça baixa, como BOSS obriga seus meninos e meninas a seguir em público.

Decido que não vou pegar no seu pé, tudo ainda é muito novo para ele, deixarei o pequeno ir devagar nesse novo sopro de liberdade.

- O que mais te assusta lá no Maison? – questiono após fazer nossos pedido ao garçom e ele servir uma cerveja gelada pra mim e uma coca-cola para Newt, essa que ele devorou em segundos, arrotando graciosamente em seguida. Sim, isso é possível, é um feito que só Newt consegue no planeta.

- Janson. – ele confessa e eu me surpreendo. – Ele me dá calafrios, nunca sei qual será a próxima jogada dele. Não sei, não me sinto bem perto desse cara.

- Eu te entendo. Conheci ele e me senti mal também.

Existem milhões de perguntas que quero fazer, perguntas bobas, como se sua cor preferida ainda é amarelo, ou se ele gosta mais de inverno do que de verão, como também quero saber coisas profundas sobre ele, coisas que passou nas mãos dessa quadrilha, coisas que eu sei que vão machucar muito mais a mim do que a ele, ele parece bem maduro para o destino cruel que vivenciou até aqui.

- Pode perguntar, Tommy, eu sei o que você quer. – Newt fala bebericando uma nova coca-cola.

- Com quantos anos... bem, você sabe...

- Com quantos anos transei pela primeira vez?

Concordo envergonhado com a cabeça.

- Vamos começar por você! – ele sorri mordiscando um pãozinho.

- Uh, foi com dezesseis anos, em uma formatura da escola, com um dos gêmeos, lembra deles?

- Claro que sim, o Ethan, certo? Ethan gostava de garotos, né? – Newt me assusta ao lembrar de pequenos detalhes.

- Sim, foi com o Ethan na casa dele.

- Hm... – ele geme.

Espero que ele me diga algo seu, mas Newt fica mudo, contemplando a decoração do local.

- Newt? Sua vez. – insisto.

- Ah... – ele dá de ombros – Foi com Ian Bohen, acho que conheceu ele no leilão. – sibila tranquilamente.

- Você tinha quantos anos?

- Pra que quer saber isso, Tommy? Isso não vai mudar em nada a merda de vida que tenho, vai?

Tomo sutilmente um tapa na cara ao ouvir essas palavras verdadeiras dele.

- Ele não machucou você, certo? Certo, Newt? – cerro meu punho sobre a mesa, o simples fato de imaginar alguém encostando nele me tira do rumo.

- Ele não, mas outros sim. Acho que faz ideia que isso não é um conto de fadas. Todos os dias pessoas entram em saem daquele inferno, carregando com eles sempre um pedaço nosso, seja das nossas almas, dos nossos corpos ou dos nossos corações, como foi o caso de Ben e Brenda.

Ouço atento suas palavras, imaginando como deve ser servir de objeto para diversas pessoas diferentes diariamente.

- Isso vai acabar, Newt. Isso está com os dias contados. Você nunca mais vai precisar passar por isso. – falo para acalma-lo.

- Eu sei, Tommy, mas isso em deixa triste...

- Triste? Não entendo, meu amigo?

- Eu logo vou embora, mas e os outros? E Teresa e seus sonhos? Sonya e seus desejos? Minho, Harriet e todos os outros, meus amigos?

- Vou fazer o possível, Newt. Vou armar um plano para tirar todos de lá e mandar Janson e os outros para a cadeia, só preciso que confie em mim. Você confia em mim, certo? – insisto segurando sua mão sobre a toalha de linho.

- Confio, Tommy, eu confio em você.

- Ótimo, então vamos quebrar as regras após o almoço. – anuncio.

- O que faremos? – Newt sorri repleto de curiosidade, levando os lábios a prisão dos dentes.

- Você vera! – pisco convencido.