História Remember Me - Newtmas - Paradise

"When she was just a girl, she expected the world, but it flew away from her reach, so she ran away in her sleep, and dreamed of PARADISE!" - Coldplay

Point of View of Thomas O’Brien

- Carinho? – questiono confuso.

- É, Tommy, carinho.

Newt profere essas três palavras de sua boca da maneira mais graciosa do universo, sinto-me como se o mesmo tivesse parado de girar e meu mundo interior estivesse ruindo com o turbilhão de abalos que Newt Brodie-Sangster é capaz de causar.

Carinho, vamos lá.

O que é carinho?

Carinho não passa de uma simples manifestação de afeto, seja física ou não, compaixão e atenção, geralmente trocada entre seres humanos. É uma demonstração delicada que não distingue raça, cor, sexo, etnia, religião ou cultura, podendo ocorrer também com a interação entre animais e animais com eles mesmos.

Uma pessoa carinhosa é aquela que se importa e demonstra um certo apreço e preocupação com os outros, sejam familiares, amigos, ou até mesmo desconhecidos. Pelo que sei, a troca desse ato é essencial para o equilíbrio emocional do ser humano e necessário e importante para a saúde do indivíduo.

Li uma vez que o simples ato de receber um carinho ativa certos hormônios que ajudam a combater o estresse e a tristeza, algo que Newt desconhece desde que Janson o tomou de nós.

Consideração, apreço, afeição, mimo, cafuné, carícia, ternura, meiguice, doçura, esmero, delicadeza, proteção. São sinônimos de carinho, são apenas palavras, gestos, sentimentos e atitudes de TUDO que desejo mostrar para ele, resgatar o que NUNCA devia ter sido tirado dele, por isso engulo a seco antes de tocar seu rosto com a ponta do meu indicador.

- Feche os olhos, pequeno. – peço e ele de imediato o faz, cheio de expectativa e devoção.

O toco devagar, somente com a pontinha afoita dos dedos, quando meu corpo inteiro já está quase se jogando pra cima dele. Toco sua testa, pressiono meu dedo bem no centro dela e desço para a pequena ruguinha que Newt forma entre uma sobrancelha e outra. Deslizo pela singela curvatura no topo do nariz até a base, perfeitinha e arrebitada.

O loirinho ainda está de olhos fechados, poderia se passar facilmente por um adolescente apagado no sofá se não fosse por sua respiração descompassada, bem diferente de alguém que está em um sono tranquilo.

Agora desço meu indicador até seus lábios finos e rosados, onde encontro sua boquinha perfeita semiaberta. Perco todos os segundos disponíveis no ponteiro dos relógio ali, deslizando para a direita e para a esquerda, sentido sua carne macia.

Eu preciso beijá-lo, eu tenho que sentir seu gosto sobrepondo o meu, sua essência pura e delicada, frágil como um todo, sendo tragada para um lugar seguro onde nunca deixarei que o machuquem novamente.

Então eu me inclino e o beijo.

Devagar.

Lentamente encosto meus lábios nos seus, o toque aveludado da sua boca me faz ir e voltar a lua umas quinhentas vezes por segundo. Newt é doce, seu néctar divino adoça não só minha boca, mas invade a minha alma, estou salivando, sem compreender o efeito colateral disso tudo.

Sutilmente forço a abertura com a língua, peço passagem para provar ainda mais do seu sabor único, algo que sempre almejei experimentar e que agora pertence a mim, Newt está entregando ele a mim. Seus lábios receptivos permitem que minha língua invada sua boca, desesperado em busca da sua.

Nós dois colidimos e, o impacto é arrebatador.

Minhas mãos estão eufóricas, perdidas em seus cabelos enquanto nossas línguas dançam juntas, querendo mais uma da outra. Newt deixa um gemido arrastado escapar no instante em que colo seu corpo ao meu e engancho minhas pernas em torno do seu quadril. Sou pego totalmente de surpresa quando ele rapidamente sobe em cima de mim e senta todo manhoso, sem quebrar o nosso beijo.

Arregalo os olhos quando o pequeno passa a rebolar seu quadril e esfregar seu corpo no meu, minha ereção cresce descaradamente, jogando todo o pudor e qualquer inocência pela janela. Esse não é Newt Brodie-Sangster operando em seu modo normal. Esse é Sugar em ação, ligando seu piloto automático para fodas.

- Newt, chega! – peço quebrando o beijo, espalmando minhas mãos sobre seu peito.

Isso doí em mim, que fique bem claro.

Ele parece não me ouvir, continua rebolando sobre meu membro, cada vez mais rápido, cada vez mais sensual, até que finca seus lábios no meu pescoço, desejando marcar a minha pele. Posso sentir o roçar insistente do seu membro contra o meu, tentando derrubar as defesas e barreiras que criei agora, nesse exato segundo.

Eu o quero.

Mas quero o meu Newt e não esse garoto que nunca recebeu um afeto verdadeiro, nuca fez sexo com amor e provavelmente nunca escutou um eu te amo sem ser do pai ou da mãe.

- Por favor, Newt... – chio em desespero quando uma de suas mãos escorregam pelo meu abdômen, tentando acertar o meu pau.

- Não está gostando disso, Tommy? – ele questiona lambendo uma de minhas orelhas, ainda empenhado em agarrar meu recheio latejante ainda guardadinho dentro da boxer.

- A questão não é essa... Está bom, está muito bom... Mas... – suspiro quando sou obrigado a segurar com força seu pulso e impedi-lo do seu objetivo.

- Não entendo. Você pagou por isso. – ele fala erguendo o corpo, ainda sentado sobre mim.

- Você não é uma mercadoria, Newt. Eu não sou como os homens e mulheres que conheceu, que só queriam seu corpo. Eu quero você, sua alma, seu coração. Quero te levar de volta pra casa, quero devolver a você sua vida. – justifico.

Meu melhor amigo murcha, seus ombros encolhem-se e ele abaixa a cabeça, provavelmente envergonhado. Tem uma expressão indecifrável na face, então ele sai de cima de mim e senta-se no canto do sofá, encolhido.

- Está tudo bem, Newt. – tendo acalmá-lo.

- NÃO! NÃO ESTÁ! – ele grita em resposta, sem olhar na minha cara.

O que foi que aconteceu?

Poin of View of Newton Brodie-Sangster

O que foi que eu fiz?

Onde que eu estava com a cabeça para agir assim?

Thomas é meu melhor amigo e não a porra de um cliente. Tenho que trazer o Newt de volta e não deixar que o Sugar tome conta da situação.

Eu viajei, mais uma vez.

Quando Thomas me tocou voei para bem longe, como faço todas as vezes. Não fui para Dubai, nem Filipinas e muito menos Veneza ou num safari na África do Sul. Eu fui para o paraíso, um lugar onde nunca estive antes.

Um lugar colorido, sem dor e sofrimento, onde todos estavam rindo e cantando, sendo eles mesmos, vivendo suas vidas de maneira intensa e divina. Havia calor e alegria, havia amor e esperança.

Eu me assustei.

Tenho medo de onde fui parar, perdi a coragem diante do desconhecido e acho que acabei magoando ele. Nunca me senti assim, perdido e solitário, como estou agora, mas não é esse sentimento negativo que mais me assola e sim a explosão que Tommy causou dentro de mim enquanto me beijava e me tocava de maneira tranquila e protetora.

Nunca ninguém me tratou assim.

Não sei lidar... Simplesmente não sei.

- Me desculpe, Tommy. – murmuro infantil.

- Tudo bem, Newt.

Nada bem.

- Depois conversamos sobre isso. – ele diz com um riso fraco.

- Não, nada para depois. – ergo o rosto, encarando-o. – Deixamos tudo para depois, Tommy, como se depois fosse o melhor. O que não entendemos é que depois... tudo muda. – digo reflexivo.

- Muda? – ele ajeita o corpo, chega de mansinho do meu lado e me encara com serenidade.

- Depois o café esfria, depois o encanto se perde, depois a saudade passa, depois a gente envelhece, depois a hora passa, depois a vontade acaba... Você entende o que quero dizer?

- Entendo. Algo como não deixe nada para depois. – ele responde.

- Exato, porque na espera do depois, podemos perder as melhores coisas, as melhores pessoas, os melhores momentos, os melhores amigos, o maior amor... Pra mim o depois pode ser tarde demais, Tommy, não posso me apegar ao dia de amanhã. O dia é hoje. E hoje é você que eu quero. – confesso.

Thomas O’Brien me entrega o sorriso mais lindo de todos que vi até hoje, suas bochechas tornam-se rubras. Está escuro aqui, mas posso ver e sentir a quentura que emana delas, tornando-o ainda mais lindo, tornando-o o garoto que sempre admirei e gostei desde pequeno.

Sempre coloquei Thomas O’Brien em um pedestal, importante e supremo, na posição de maior destaque na minha vida, enquanto ele sempre me colocou nos seus braços e é para eles que eu agora corro, assim que me puxa de novo para o paraíso.

E dessa vez, eu não tenho mais medo.