História Remember Me - Newtmas - Lies

Point of View of Newton Brodie-Sangster

Sigo com Teresa pela noite fria de Kiev, totalmente desolado com tudo que aconteceu e com a maneira como aconteceu. Eu não tenho um centavo no bolso, muito menos ela. Já passa das meia noite e o vento gelado que corta nossos rostos me faz estremecer de frio e de medo. Não sei o que BOSS fará quando chegarmos naquele inferno sem Thomas O’Brien...

- Aqui, Tess, coloque meu blazer. – digo retirando o tecido e colocando sobre suas costas nuas por conta do vestido de festa.

- Você vai passar frio, isso não é justo. – murmura ela, sempre preocupada comigo.

- Amigos são para essas coisas, certo?

- Certo, pena que o seu amigo lá desconhece isso. – ela não perde a chance de dar uma alfinetada em Tommy e sua atitude lá no quarto.

Estou muito triste e chateado com o que aconteceu. Era para ser uma noite divertida, com todo mundo feliz e Teresa sorrindo, mas não sei em que horas nos perdemos e tudo chegou a esse ponto.

- A culpa foi dele, pare de se culpar!

Tess parece que às vezes escuta meus pensamentos, ela sabe reconhecer cada expressão minha, tendo sempre uma resposta na ponta da língua.

- Não seja muito dura com ele... – tendo defende-lo.

- Você ficou cego e burro, Newt? – ela para de caminhar, voltando-se para mim – Eu entendo ele te defender e tal, vocês são praticamente da mesma família, mas ele não precisava ter agido daquela maneira, como se eu e as outras pessoas fossem descartáveis. Isso foi péssimo. Eu sei que estou na merda e que ninguém será capaz de me tirar dessa vida, mas não precisava ouvir toda aquela sinceridade dele.

- Talvez você tenha razão, Tess... Talvez... – murmuro em resposta, então ela volta a caminhar pela rua, bolando um plano de como vamos conseguir voltar para o Maison, sendo que não temos grana e muito menos sabemos onde o lugar fica.

- Não em orgulho do que vou fazer, então sem julgamentos Newt! – ela diz caminhando até um carro estacionado.

Fico parado no meu canto observando a cena, tenho a sensação de que ela é bem capaz de quebrar o vidro do automóvel e nos levar até a quadrilha, sem ao menos saber dirigir.

- Tess. – a chamo – Não precisa roubar um carro...

Estanco minha fala quando percebo que o motorista abre a porta do carro para ela. A morena curva-se sensualmente para dentro e troca algumas palavras com o homem, fazendo um sinal na minha direção. Ele concorda com a cabeça, então ela me chama para dentro do automóvel, ao qual corro rapidamente.

- O que você disse a ele? – questiono ao sentar no banco traseiro.

- Você vai logo descobrir...

O motorista deve ter entre quarenta e cinquenta anos, é calvo, barrigudo e tem um bigode grisalho. Usa roupas largas, além de uma aliança dourada no dedo anelar da mão esquerda, mostrando ser casado. Logo quando ele parte pela rua, Tess dá uma piscadinha pra mim, pedindo que feche os olhos. Eu a obedeço, já capitando os sons dentro do carro lacrado pelas janelas.

Ouço o zíper da calça dele descer e em seguida um gemido safado escapando pela sua boca. Os seus chiados só aumentam a cada segundo e tenho certeza absoluta de que minha amiga está chupando o babaca em troca de uma carona. Sinto-me péssimo por isso, a forma como tudo está terminando essa noite, mas mesmo assim mantenho meus olhos fechados, respeitando Tessie.

Porém deixo uma lágrima escapar quando de olhos fechados a imagem de Tommy vem a mente, eu e ele, juntinhos naquele dia da tempestade. Tateio minha camisa em busca do gato, que de maneira alguma eu seria capaz de deixar para trás. Tempestade está quieto, parece que o bichinho sentiu a tensão no ar e resolveu parar de miar.

- O que farei com você, gatinho? – sussurro espiando ele bem acomodado, quase dormindo contra minha barriga. – Se Janson pegar você estou ferrado...

Minutos depois Teresa finaliza seu pagamento pela carona e o homem nos deixa em frente ao Maison. Sei que somos babacas em voltar pra cá, qualquer pessoa em sã consciência teria fugido, realmente não entendo no porque Tess insistiu em voltar.

Logo quando entro meu plano é ir direto para o quarto e me esconder lá, evitando que Janson me veja sem Thomas, mas tudo vai para o espaço no instante em que tento alcançar a escada que leva para nosso quartinho.

- O que aconteceu? Onde está seu carrapato? – BOSS barra minha fuga junto com Teresa.

- Stiles não estava se sentindo muito bem, então resolveu ficar sozinho essa noite. – Tess mente por nós dois.

- Benjamin veio junto? – ele questiona, fazendo meu corpo inteiro estremecer.

- Não sabemos do Benjamin, senhor. – a morena continua entregando as respostas.

- Mas ele devia ter acompanhado vocês! Onde esse moleque se meteu?

Janson saca o celular do bolso e liga para o garoto, cobrando por respostas. Tento seguir em frente, correr para o quarto ao ver o homem distraído com a ligação, mas ele levanta dois dedos, freando meu distanciamento.

- Esse cretino não me atende. – resmunga – Tem certeza que está tudo bem? – parece que BOSS saca algo no ar.

- Sim, senhor. Está tudo bem.

- Não perguntei isso a você, Blue. Saia daqui garota, vá arranjar o que fazer. Quero saber de você, Sugar, que está muito caladinho hoje e com certeza esconde alguma coisa.

- Posso ao menos subir e trocar de roupa? – questiono em minha defesa, desesperado para tirar Tempestade da frente dele antes que acorde e passe a miar em desespero.

- Em cinco minutos no meu quarto. – sibila ele saindo.

Corto os lances de escada de dois em dois, desesperado atrás de Teresa, abro a porta do quarto, dando de cara com ela emburrada na cama.

- Segura esse gato, esconde ele, enfia no armário, sei lá, Tess. – entrego Tempestade a ela e passo a me trocar rapidamente, retirando aquele smoking.

- Por que está com pressa?

- Janson quer saber detalhes do que aconteceu... O que eu faço Tessie? O que direi a ele? – suplico a garota.

- Nem se atreva a dizer a verdade, isso seria a morte. Não nossa, de O’Brien. – ela afirma.

- Mas e Benjamin? O que eu digo sobre ele?

- Para Benjamin já é tarde de mais... – murmura viajando ao passar as mãos nos pelos do gato.

- Como assim tarde de mais, Tess? O que você sabe que eu não sei?

Minha amiga repousa Tempestade no nosso travesseiro e senta na cama, buscando pela minha mão, sua face está séria e fechada, como eu nunca vi antes.

- Você deve estar se perguntando o porque voltei pra cá ao invés de fugir, certo? Nós poderíamos ter fugido hoje a noite, mas você não entende Newt...

- O que eu não entendo, Tess? – questiono confuso.

- Um dia mexi no computador do BOSS, ele havia pedido que eu checasse um e-mail sobre uma compra, Lydia estava ocupada e era algo urgente. Quando abri o e-mail dele, encontrei uma pasta escrito “FAMÍLIAS”. Ao abri-la, encontrei informações não só sobre minha família no Rio, mas sobre a sua em Sitka, da Sonya em Berlin, da Harriet na França, ou seja, BOSS tem diversos dados e informações sobre quem somos e sobre nossos familiares.

- Tess, por que não em contou sobre isso antes?

- BOSS me pegou mexendo na pasta, levei uma surra dele esse dia, foi aquela vez que sumi por três dias, lembra-se?

- Lembro, ele disse que havia saído para um programa. – digo lembrando da cena.

- Mentira, Newtie. Eu fiquei três dias trancada no porão, sem água e sem comida, servindo de consolo para Darek Hale e Jordan Parrish.

- Tessie, meu Deus, eu sinto muito... – digo abraçando-a.

- BOSS foi categórico comigo, Newt: ele sabe de onde cada um vem e tem informações sobre nossos familiares, para controlar a situação. Disse que se eu contasse isso para alguém ou alguma vez tentasse escapar, minha família já era, por isso disse que para Benji é tarde demais. Ele desconhecia esse detalhe e agora se esse garoto não aparecer aqui em vinte e quatro horas, Janson vai atrás de toda família dele.

Metade das palavras de Tess me chocam, exceto a parte de Janson ir atrás dos familiares de Ben, isso já era esperando dado ao tipo de gente que ele é.

- O que eu digo para Janson? – pergunto morrendo de medo, sabendo que esse cara pode jogar sujo.

- Mantenha a história de que Thomas estava indisposto e seja firme ao afirmar que a última vez que viu Ben foi quando estávamos saindo do hotel.

- Okay. Indisposto e hotel... – repito a parte mais importante, checando o relógio da parede do quarto. – Eu tenho que ir, cuide do gato. – peço e saio correndo até o quarto de BOSS.