História Remember Me - Newtmas - Born this way

Point of View of Teresa Agnes

- Mas que gritaria é essa? – exclamo para Matt, Kira e Jackson na sala VIP, enquanto formulamos nosso plano de fuga.

Me afasto de Matt no sofá e corro até a porta, liberando uma pequena fresta da mesma, espiando uma correria anormal no local. Alguns clientes estão absortos na cena, outros nem sabem o que está acontecendo, como Aris atracado no pescoço de uma mulher mais velha e Minho rindo de cosquinhas quando duas garotas chupam seu abdômen em busca do aclamado prazer dos body shots que só o asiático proporciona.

Avisto Janson transtornado, pela primeira vez seus olhos estão em lágrimas, Hale corre até ele, percebo Lydia segurar um grito e em seguida Sonya faz o mesmo, deixando-me muito mais do que preocupada. Espicho meu pescoço pela fresta, mas o apinhado de gente dificulta minha visão.

- Alguma coisa está muito errada... – murmuro virando parcialmente o rosto para trás, informando os três sentados no sofá.

Ao fundo Argent chega na roda, abre espaço e logo saca o celular vociferando algo, Harriet desce do palco e quando passar por mim agarro a morena pelo pulso.

- O que foi, Rocket? – questiono freando sua ação por completo.

- Newt...

É tudo que a morena geme alarmada, puxando com força seu pulso do círculo perfeito que meus dedos faziam em seu entorno. Ao ouvir o nome do meu melhor amigo, não há outra opção, largo todos para trás e corro até a roda, empurrando todas as pessoas curiosas.

- Abram espaço! Abram espaço! – Parrish solicita, tentando afastar algumas pessoas.

Quando eles se dissipam, vejo Newt estirado no solo, tremendo e espumando. Da sua boca saí uma espuma esbranquiçada, sua pele está absurdamente pálida e as extremidades das mãos roxas, sem exceção alguma, todas as pontas dos seus dedos estão roxas.

- Deixa eu passar... – ouço Matt tentando chegar até onde estamos. – Mas o que...

O moreno para do meu lado, chocado com o loirinho tremendo e entrando em colapso em pleno solo. Daddario ignora qualquer regra e avança sobre o garoto, tentando ajuda-lo.

- ELE TEM QUE VOMITAR! AJUDEM ELE A VOMITAR! – BOSS não para de gritar por socorro.

- NÃO! – Matt grita, contrariando Janson – Não se deve induzir o vomito de uma pessoa com overdose, no máximo tentar fazer com que ela ingira água. Sugar precisa ir para o hospital, agora!

Vejo nitidamente que não há outra alternativa a não ser leva-lo ao hospital, mas algo dentro de mim diz que talvez nem todos aqui no Maison queiram correr esse risco, expor o garoto dessa forma.

- Não podemos leva-lo! Os médicos saberiam o que aconteceu aqui e nossos negócios estariam arruinados. – Argnet alega o que eu tinha certeza que faria.

- FODA-SE! – Janson grita com o sócio e sei que é nele que eu tenho que chegar para conseguir com que Newt saia dessa vivo.

- Eu tenho tenho uma ideia! – digo e recebo a atenção de todos – Me comprometo a ir com ele, acredito de DareDevil também... – lanço um olhar cúmplice a Matt – Eu e ele vamos fingir que estávamos nos divertindo numa festa e trouxemos ele para lá.

- VOCÊ ACHA QUE EU SOU IDIOTA, GAROTA? VOCÊS VÃO FUGIR!!! – sibila Argent, me empurrando.

- Eu vou com vocês!!!!

Janson compra a ideia com a graça de Deus. O homem toma Newt no colo e indica o caminho para seguirmos com ele, mas antes de correr até a parte externa do Maison, vou até a sala VIP fazer algo péssimo: dar a noticia para Kira e Jackson, por isso corro até eles, invado a sala e assusto os dois parceiros.

- Eu... Eu preciso ir... – digo ofegante, apoiando minhas mãos nos joelhos. – Newt...  – respiro fundo, tentando recuperar meu folego – Newt está tendo uma overdose. Vamos correndo para o hospital.

Kira nem espera o final da minha frase, ao ouvir o nome do amigo ela salta do sofá e corre até a muvuca em busca de informações.

- Eu vou tirá-la daqui, você acompanhe o loirinho. Voltamos amanhã para maiores informações sobre Newt e o plano.

Jackson segue para fora e eu corro até Matt e Janson na área externa no Maison. Dessa vez BOSS cagou e andou para nossos capuzes ou suas malditas regras. Para ele o que somente importa é o bem estar de Newt e é com o loirinho em seu colo que seguimos para o hospital, com Matt no comando do carro do chefe.

Point of View of Thomas O’Brien

Não consigo dormir.

Rolo de um lado para o outro pensando na sorte que Kira e Jackson tem poder desfrutar de algumas horas no Maison ao lado de Newt ou descobrindo informações sobre ele. Giro o corpo para cima, fitando o teto escuro do quarto. O único som presente podia ser do ronco de Gally, mas ao invés disso escuto ele rindo baixinho, deitado em outra cama ao lado de Malia.

- Tira essa mão daí, seu folgado! – Sangster sussurra ordenando, mas o tom de descontração da sua voz me diz outra coisa.

- Impossível tirar a mão de você. Você é linda, sabia? – Poulter tem a voz mais amena, sussurrando como ela.

- Descreva. – Malia pede séria ao limpar sua garganta com um pigarro.

Sem fazer barulho ajeito meu corpo no colchão, procurando a melhor posição para ficar de frente para eles e observar a cena melhor, eu não perderia isso por nada desse mundo.

- Acho você linda quando fica brava, quando me bate, quando me dá uma patada, você é simplesmente linda pelo fato de respirar ao meu lado, por ser essa mulher forte e segura, cheia de si. – percebo Galileu realmente empenhado em não dizer qualquer asneira, suas palavras me tocam profundamente.

- Você está viajando, Gally... – Malia ri baixinho, percebo ela frente a frente com ele.

- Não estou não, Malia. Eu gosto de você, de verdade. Não porque é linda por fora, isso é óbvio, a genética da sua família é impressionante... – ele divaga e eu tenho que concordar com suas palavras – Mas durante todo esse tempo você me provou que é simplesmente perfeita, a mulher dos meus sonhos, a mãe dos meus filhos a...

Malia não deixa o loiro terminar a frase, minha amiga de longa data cala Gally com um beijo apressado e carregado de gemidos por parte dele, provavelmente surpreso com o ataque repentino da loira. Eu sorrio, porque sou um apaixonado. Sorrio por Galileu finalmente conseguir o que queria e permito que minha mente viaje para bem longe, projetando uma cena de nós quarto: Malia, Poulter, Newt e eu no jardim de casa, curtindo um final de tarde entre nossas famílias.

- Você fala demais, Gally! – escuto Malia quebrando o beijo, já dando aquele puxão de orelha clássico no meu amigo.

- Pare de reclamar e beija logo ele! – não me seguro e digo em voz alta o meu desejo.

Antes que os dois pudessem realizar o que pedi, a porta do nosso quarto de hotel é aberta em um solavanco forte, revelando a imagem de Kira e Jackson. Pelo grau de agitação deles as novidades são quentes. Dou um pulo da cama e trato de cegar todos quando ascendo o interruptor de luz, disposto a arrancar todas as informações sobre o início dos nossos planos e principalmente informações sobre o meu loirinho.

- E ai, como foi? – questiono na maior expectativa, encarando os olhos de Kira, esses que estão levemente marejados.

Kira encara Jackson com preocupação antes de começar a nos contar as coisas. Pode parecer neura minha, mas este simples ato dela faz minha barriga revirar, como se algo grave tivesse acontecido e eles estivessem encontrando a melhor maneira de me contar algo.

- Thomas, aconteceu...

Jackson toma a frente, como se o fato dele ser homem pudesse amenizar as coisas, como dois amigos conversando sobre qualquer merda num bar após o expediente.

- ACONTECEU O QUE? – Malia consegue ser mais rápida que eu, ela agarra com desespero o corpo da amiga e a chacoalha em desespero por notícias de seu irmão.

- Aconteceu algo muito grave com Newt. – Whittmore tenta concluir a fala, meus joelhos são incapazes de responder ao meu comando.

Antes mesmo que ele diga o que aconteceu com meu loirinho, tanto eu quanto Malia que estamos em estado de choque, desabando no chão.

- Uma overdose. Newt teve uma overdose. – Kira dá a pior notícia da minha vida até hoje.

Point of View of A.D.Janson

O caminho até o hospital foi terrível, sem dúvida alguma a sensação de maior impotência da minha vida. O corpo gelado de Sugar, seu estado cada vez mais entrando em colapso e meu peso na consciência estavam me matando.

DareDavil seguiu rápido minhas instruções até um dos hospitais onde um dos médicos chefe é meu amigo e sabe dos negócios que movimento. Ele sem dúvida alguma pode nos ajudar. Argent contatou ele assim que saí do Maison, solicitando auxílio no PS.

No caminho estabelecemos uma mentira a ser contada; Newt drogou-se sozinho e encontramos ele no banheiro da festa que estávamos. Simples e vai colar se algum médico vier tirar satisfação. 

Ao longe avisto meu amigo médico nos aguardando na entrada do PS junto com uma equipe médica e uma maca. O carro avança pelo drive thrue, Matthew mal freia o automóvel e eu já estou saltando para fora com o loiro em meus braços, entregando minha preciosidade a equipe de plantão.

- Eu preciso acompanha-lo... – imploro ao meu amigo, ele responde com um olhar severo. Ele sabe que fiz merda.

Mesmo assim o Dr. Sloan permite que eu acompanhe Newton somente até a entrada da sala de procedimentos. O homem de jaleco branco breca minha vontade no exato instante em que sua equipe leva o loirinho para longe e o conecta com diversas máquinas, ventosas e outros equipamentos.

- Infelizmente nenhum de vocês pode seguir daqui. – ele informa.

- Mas eu... – murmuro assustado.

Murmuro como a merda do garotinho assustado que jurei nunca mais ser desde que consegui me livrar daquela merda de família que me criou. Não tive uma infância muito boa, a parte financeira sim, mas refiro-me a parte afetiva. Essa foi uma bosta desde que meus pais se separaram, minha mãe virou uma puta a cada dia com um homem diferente em casa e meu pai tornou-se um alcoólatra que me batia quase todas as noites. Especialistas dizem e juram de pé junto que sou ruim assim por causa deles, mas eu discordo. Sou ruim porque nasci ruim. É simples.

Acredito que algumas pessoas nasçam ruins, outras boas e uma parcela delas suscetível ao contexto que as cercam. É esse contexto que vai decidir se você será bom ou mal, se sua vida, seus pais e o mundo que o cerca será capaz de transformá-lo para o bem ou para o mal. Eu não culpo minha família, sei que sou assim porque fui feito assim, meus pais só potencializaram o bicho dentro de mim.

- Janson, confie em mim, ele vai ficar bem, mas nós precisamos ir. – Sloan dá o ultimato, fechando a porta do pronto socorro na minha cara, levando para longe de mim a única pessoa que até hoje fez toda essa merda valer a pena.