História Remember me - Prometa-me

Agosto 2012

Mãe... Pai...- Eu comecei, eu tinha me preparado para aquilo a quase um mês. A vários dias eu estava ensaiando como contar a meus pais meu maior segredo.- Eu não sei por onde começar...- Eu estava começando a divagar.

- Lauren Michelle.- Minha mãe começou depois da minha pausa.- Se você estiver grávida eu vou...- Mas antes dela terminar meu pai a interrompeu com uma gargalhada.

- Não seja estúpida Clara.- Ele disse com um sorriso travesso no rosto e ela revirou os olhos.- Continue Laur.

Então eu respirei fundo, era agora ou nunca.

- Eu tentei guardar isso pra mim durante muito tempo, juro que tentei, mas dai Camila apareceu e tudo mudou, depois de um tempo ao seu lado eu tive certeza que as dúvidas que começaram a surgir um pouco antes dela, não eram apenas dúvidas. Eu não escolhi isso, eu tentei lutar contra até umas semanas atrás quando eu finalmente me declarei para a pessoa que eu era apaixonada a muito tempo.- Meu pai ainda sorria e minha mãe tinha um expressão confusa.- O que eu quero dizer mãe e pai é que eu sou...e-e-eu sou.- Eu me assustei quando meu pai gritou.

- GAY!- Minha mãe pulou do sofá pelo susto.- Gay Laur, lésbica, você gosta de meninas, certo? E a pessoa que você se declarou foi Camila?- Ele perguntou e eu apenas concordei freneticamente com a cabeça.

- O QUE?- Minha mãe gritou.- Lauren você só pode estar brincando não é? 

- Mãe, eu não queria te decepcionar, eu juro, eu n-não escolhi.- Eu não tinha mais o que falar, a expressão em seu rosto acabou com as poucas palavras que me restavam. Ela tinha lágrimas nos olhos.

- Lauren...- Ela começou mas meu pai a interrompeu.

- Clara não seja ridícula.- Ele disse e se virou para mim.- Lauren você não tem que se desculpar, nem dizer que é uma decepção para nós, não tem nada de errado nisso Laur.- Minha mãe tentou começar a falar de novo mas ele levantou a mão em sua direção e então continuou.- Eu admiro sua coragem, eu achei que você demorou muito, pensei que teria que perguntar quando você e Camila iriam finamente assumir esse namoro.

- Nós ainda não estamos namorando.- Eu disse num sussurro.

- O que?- Ele perguntou com uma expressão de espanto.- Lauren Jauregui não foi assim que eu te ensinei. O que você está esperando?- Ele perguntou.

- Coragem?- Eu perguntei de volta.

- Camila ama você Lauren, não a faça esperar mais tempo.- Ele disse e então ouvimos um soluço.- Clara, mulher porque você está chorando?- Só então lembrei que minha mãe ainda estava ali.

- Michael sua filha acabou de dizer que é gay e você está dando conselhos amorosos para ela?- Ela perguntou e ele gargalhou.- Não ria de mim seu estupido.

- Clara olhe para Lauren.- Ele pediu e eu levantei a cabeça e ela se virou para mim.- A cinco minutos atrás ela se sentou nesse sofá e não disse nada, ela era só Lauren e depois quando ela disse gostar de meninas ela continuou sentada no sofá sendo só Lauren, nossa filha, nada mudou Clara. Ela sempre vai ser Lauren, a menina dona do meu segundo par de olhos favoritos em todo mundo.- Eu sorri com aquilo, ele sempre se desculpava comigo dizendo que os olhos dela vinha em primeiro e os meus em segundo.- Ela vai continuar sendo a menina que te ajuda no mercado porque seus outros dois filhos não suportam ouvir você reclamar sobre preço das coisas no ouvido deles, ela vai continuar tocando músicas chatas no piano só pra te deixar mais feliz, ela vai sempre ser sua filha Clara, nada vai mudar pelo fato dela gostar de meninas.

Então ela se levantou e subiu as escadas e aquilo foi como uma facada em meu peito.

Meu pai levantou para ir atras dela mas eu segurei sua mão.

- Não precisa.- Eu disse e ele sentou-se ao meu lado me abraçando. 

Meus olhos já estavam marejados quando eu ouvi seus passos de novo. Quando levantei a cabeça ela estava em minha frente.

- Eu acho que sempre soube, acho que toda mãe sabe, só não queria enxergar.- Ela disse e abriu sua mão frente ao meu rosto.- Seu pai me deu isso quando fez o pedido de namoro, tínhamos sua idade, eu sei que Camila é a pessoa certa para você e se você quiser...- Ela pegou minha mão e colocou o cordão sobre ela.- Quando finalmente tiver coragem, faça, só não a faça esperar como seu pai me fez.- Ela disse o encarando e sorrindo.- Eu amo você Lauren, só foi um susto, me desculpe por agir como uma maluca, mas eu peço que você tenha paciência com sua mãe, tudo isso ainda é muito diferente para mim. Ok?- Ela perguntou e eu assenti.

Ela me puxou para um abraço e depois meu pai se juntou a nós. Eu sabia que teria que enfrentar uma longa jornada com minha mãe, mas ela me respeitava e era isso que eu precisava, pelo que eu vinha conversando com Camz nas últimas semanas, ninguém tinha que gostar e nem opinar em nada em minha vida além de mim. Então eu cheguei à conclusão que meus pais não tinha que gostar ou não de nada, eles apenas tinha que me respeitar e era só isso que eu precisava.

- Ei...- Eu disse puxando Camila pela cintura e colando nossos lábios. 

- Ei...- Ela disse rodeando os braços em meu pescoço.

Eu estava com o cordão dos meus pais na mão e o deixei cair em frente ao seu rosto sorrindo, Camila me olhou com uma cara interrogativa.

- O que é isso Lolo?- Ela perguntou tocando suavemente a chave.

- Quando meu avô viajava a trabalho e minha avó ficava sozinha em casa eles sempre trocavam cartas e cartões postais, ele sempre prometeu que a levaria para Paris e eles trancariam um cadeado na Pont des Arts, só que naquela época tudo era muito difícil e então ele em uma viagem ao Chile comprou um cadeado qualquer e pendurou em uma ponte em Santiago, meu pai diz que hoje tem muitos cadeados lá.- Eu disse sorrindo. – Meu avô guardou a chave até sua volta para casa e então pendurou no pescoço da minha avó, eles mantiveram a promessa de que seu amor sempre estaria trancado naquela ponte e em seus corações.- Ela ouvia tudo com muito atenção e parecida encantada. – Pode parecer uma história boba Camz, mas é a história da minha família sabe?- Perguntei e ela assentiu sorrindo.- Meu avô deu essa chave para o meu pai quando ele disse que minha mãe era a mulher da sua vida e ela a guardou até três noite atrás quando eu contei que estava apaixonada.- Ela abriu um largo sorriso ao ouvir aquilo.- O que eu quero dizer Camila Cabello, é que eu quero que nosso amor também faça parte junto com os outros naquele cadeado, quero que ele fique trancado em nossos corações e eu quero Camz meu agora com você e então...- Eu pausei e segurei sua mão.- Quero que seja minha namorada. Você aceita?

Então ela segurou a chave como se fosse o objeto mais precioso do mundo e logo depois colou nossos lábios em uma beijo apaixonado e então pendurei a chave em seu pescoço.

- Me prometa uma coisa Lolo?- Camila me perguntou enquanto andávamos de mãos dadas, com a mão livre essa segurou a chave.

- O que Camz?- Perguntei

- Me promete que vamos a Santiago e destrancaremos aquele cadeado, claro com a autorização dos seus pais e que realizaremos os sonhos de seus avós. Vamos pegar aquele cadeado e o levaremos até a ponte de Paris?- Ela perguntou esperançosa e eu sorri.

- Camz, mandaram retirar todos os cadeados da ponte pois já tinham quase um milhão deles e estavam apresentando riscos a ela..- Seu sorriso desapareceu.- Não fique assim, mas eu prometo que iremos a Santiago e compraremos nosso próprio cadeado. Ok?- Ela assentiu sorrindo.

- E eu também te prometo uma coisa Lolo, sabe o que?- Eu neguei e ela continuou.- Prometo que essa chave nunca sairá do meu pescoço.

- Eu também não quero que ela saia Camz.- Eu disse e então voltamos a andar.

- Lauren Jauregui.- Ela me chamou em um tom sério.

- Sim, Camila Cabello.- Eu a imitei.

- Eu amo você, amo muito. Eu quero passar o resto da minha vida com você Lauren e mesmo você sendo uma boboca que não pensa no futuro, eu faço isso por nós duas e quando eu penso nele, eu vejo apenas você Lauren. Então obrigada por ser você Lern. Obrigada por ser simplesmente minha Lolo.

Eu estava sem palavras, ela sempre acabava com elas.

- Eu amo você também Camz.- Eu acho que aquilo era a única coisa que eu tinha mesmo certeza.

Agora querido leitor, eu lhe pergunto como eu não poderia me apaixonar por ela? Foi tão injusto como tudo aconteceu, mas acho que eu sempre senti que seria assim, durante muito tempo eu questionei a mim mesma sobre Camila, me perguntei como seria se eu não tivesse retribuído seu sorriso naquele dia na escola, ou se eu não a tivesse apresentado às minha amigas, ou até mesmo se aquele dia no parque não tivesse existido. Eu não teria me declarado, eu não teria me apaixonado, nem amado Camila, eu não pensaria no futuro e talvez nada disso tivesse acontecido, e no final de tudo ficaria sem ela do mesmo jeito.
Não, eu não me arrependo querido leitor, os anos que passei ao seu lado foram incríveis, mas eu acho que se ela tivesse me dado mais deles ao seu lado, tudo seria melhor. 
E sobre a chave, ela não a 
manteve em seu pescoço.