História Remember Me - Amor

Amor

ô/

substantivo masculino

1. forte afeição por outra pessoa, nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais.

2. atração baseada no desejo sexual.

[Ethan P.O.V]

De volta para onde nós paramos

Vejo você tirar o seu vestido

Estou sozinho lembrando de você

O seu corpo me machuca

Rodando como um circuito interno de televisão

No meio de toda essa amargura você ainda permanece doce

É um mundo cruel

Estou guardando o meu amor por você, garota

Minha cabeça girava, eu estava tonto e não deveria, ou será que deveria? Definitivamente não, eu estou em uma missão e não deveria ter bebido, mas de certa forma eu precisava relaxar. Ela também não me ajudava, ela dançava em minha frente sensualmente, me provocando, me deixando cada segundo mais louco, a cada rebolada, a cada piscadela eu ficava completamente mais louco. O desejo de pegar ela e leva-la até o quarto aumentava cada vez mais, e sinceramente eu não conseguiria me controlar por muito mais tempo.

Seus olhos já vermelhos indicavam que ela já estava bêbada, seus lábios bem vermelhos após o beijo que eu dei. As luzes piscavam hora rápida, hora lenta deixando a sua imagem cada vez mais distante e embaralhada. Ela sorria, parecia feliz e eu adorava vê-la assim, era como se nada mais importasse além da felicidade dela, era como se meu mundo se baseasse nela, era como se ela fosse meu mundo. Ela era meu mundo.

— Você me deixa louco sabia? – agarro em seus cabelos puxando-a para um beijo.

— Sim, eu sei. – ela responde rápida virando-se de costas para mim. – Eu sei o quanto te deixo louco com isso.

Ela desce me alisando até os joelhos, juro que por um momento achei que ela me atacaria aqui no meio de todos. Suas mãos foram ligeiras me dando um leve aperto e logo ela já estava com seus lábios colados aos meus.

— Porra amor. – murmuro entredentes. – Não me maltrata assim.

Ela me olha e sorri com malicia, sua mão agarra a minha e quando estávamos saindo fomos impedidos.

Logo agora, que droga.

— Acabei de vê-la rondando pela parte de trás do salão a procura de algo. – ouço Grayson dizer e puxo Amy comigo.

— O que aconteceu? – ela pergunta um pouco lenta.

— Estamos fodidos. – digo tentando sair da bagunça.

— Ela está aqui? – ela para de andar me puxando de volta e apenas concordo.

— Ethan você está bêbado? – Grayson pergunta, mas eu o ignoro. – Porra Ethan! – ele grita.

Assim que saio da bagunça vejo Grayson na minha frente, ele está sério e sei que está com raiva por eu ter bebido. Dane-se.

— Onde ela está? – pergunto com pressa.

— Ali. – ele aponta para o final do salão e lá está ela.

Seu cabelo é curto e um pouco lilás, ela usa um cropped bem justo definindo bem seus seios, sua saia é longa, porém aberta em algumas partes deixando assim suas pernas a mostra. Não consigo escutar seus pensamentos, e tenho medo de que ela possa escutar os meus.

Amy agarra minha mão com força e sei o que ela está sentindo.

— Ela sabe que estão atrás dela. – Amy sussurra e então saímos do local junto a Grayson.

Aparecemos em nosso apartamento, Grayson parecia perturbado e Amy um pouco nervosa. Vou direto para o banheiro lavar meu rosto e tentar ficar um pouco mais acordado. Minha mente estava a mil, e o único ruim de tudo era que não podia parar todos os pensamentos que falavam ao mesmo tempo. Saio do banheiro batendo a porta, um pouco nervoso não sei o porque, Amy aparece em minha frente me assustando por um momento, ela segura em meu braço me levando para a sala onde Grayson está.

— Ela nos viu? – Grayson pergunta enquanto anda de um lado a outro impaciente.

— Não cara, relaxa. – respondo, mas é em vão.

— Eu não deveria ter bebido. – Amy resmunga e me sento ao seu lado no sofá.

— Nenhum de vocês dois deveria ter bebido. – Grayson reclama novamente.

— Agora já era. – respondo finalizando o assunto.

Grayson para de andar feito louco e nos olha um pouco confuso, e pela primeira vez eu consigo ler seus pensamentos.

— Melhorem essas caras, pois ainda temos que ir ao jantar na casa da Sara. – ele diz e Amy dá um pulo assustada.

— Merda! Havia me esquecido, minha mãe vai me matar. – ela choraminga e corre para o banheiro.

[Grayson P.O.V]

Assim que chegamos na casa da Amy estava quase tudo pronto, me deparei com Stela cuidando do Sam, abraço-a rápido logo tomando o bebê de seu colo e ela logo faz uma carranca. Ela ama o Sam tanto quanto eu, sempre que venho aqui ficamos em uma disputa sem fim para ver quem ficará com ele, mas sempre vem o Ethan e estraga toda a brincadeira.

— Isso é injusto. – ela reclama e sorrio logo descendo as escadas.

— Grayson. – escuto Sara gritar e logo apresso os passos.

Assim que ela me vê abre um sorriso contagioso, eu peguei uma afeição tão grande por essa família que me sinto parte dela, mesmo não sendo de verdade. Ela me abraça forte como sempre faz e me dá um puxão de orelha para me lembrar de sempre ter juízo.

Ethan e Amy aparecem juntos e com cara de paisagem, sei que eles demoraram por estarem tentando parecer apresentáveis. Não que Sara ligasse para que os dois bebessem, mas Amy nunca gostou de chegar assim perto de sua mãe.

— Até que enfim. – Sara suspira abraçando ambos os dois. – Vamos jantar, já está na mesa.

Stela aparece pegando Sam do meu colo rapidamente e o colocando em sua cadeirinha, olho para ela fingindo estar bravo e ela sorri sabendo que é mentira.

— Como vocês estão? – Dylan pergunta assim que começamos a comer.

Ethan e Amy olham um para o outro e logo me encaram esperando que eu responda, é claro.

— Estamos bem, e como vão as coisas aqui? – pergunto de volta enquanto Ethan e Amy enchem a boca.

— Vão bem, tirando que vocês perderam a primeira palavra do Sam. – ele fala um pouco chateado.

— Ah, não acredito! – Amy diz um pouco chorosa. – E qual foi? Me perdoa gente, andamos tão ocupados vocês sabem. – ela lamenta.

— Está perdoada. – Dylan e Sara dizem em uníssono. – A palavra foi “me dá” – Sara responde e começa a rir e nos juntamos a ela.

— Meu Deus. – Ethan diz e começa a gargalhar logo dando algo para Sam comer, já que ele estava ao seu lado.

— E vocês vê se vem mais aqui, depois que Amy foi embora para morar com vocês quase nunca vocês aparecem. – Sara reclama.

— Mãe eu sei que não tenho tido tempo, mas é que o trabalho está pesado demais e preciso não envolver muito vocês, por questões de segurança você sabe. – Sara apenas concorda e sorri de canto, sempre compreensiva.

Amy sorri sem graça e logo termina de comer sem dizer mais nada.

>><< 

Enquanto Ethan e Amy resolveram ficar mais lá com o pessoal eu resolvi dar uma volta, além de também ter que ir à farmácia comprar um remédio que Stela havia me pedido. As ruas estavam pouco movimentadas, estava frio e ameaçava a chover. Enquanto caminhava ia olhando em cada canto me certificando de que não estava sendo seguido. Sei que isso é bem pouco provável, mas mesmo assim eu sempre andava desconfiado. Não sei se Yuna sabe que está sendo seguida, não sei se ela sabe que somos nós que estamos seguindo ela, mas todo cuidado é pouco.

Entro em uma rua que corta caminho para farmácia e ouço uma voz, muito baixa, mas sei que ela pedia socorro. Me aproximei mais para uma parte escura onde haviam algumas árvores e a voz ficava mais clara. Sigo os sons logo dando de cara com uma cena um tanto quanto assustadora, havia uma garota no chão já quase inconsciente e uma mulher em sua frente. Era Yuna. Ela havia batido na garota que provavelmente tentou lutar, mas foi em vão, lutar com uma feiticeira é em vão e sei a loucura que estamos nos metendo. Enquanto pensava em uma forma de chegar até a menina não percebi quando Yuna havia sumido deixando a garota ali no chão, sem nem ao menos se importar. Corro até ela pegando-a no colo e logo aparecendo em meu apartamento.

Em seu rosto haviam cortes e marcas roxas, seu lábio estava sangrando e ela continuava inconsciente. Seguro em seu rosto iniciando o processo de cura, rapidamente suas marcas estavam sendo cicatrizadas, e depois de mais um pouco de dor ela volta ao normal. Suas roupas estavam bem sujas de sangue e ela precisava tomar um banho, mas não sei se deveria fazer isso. Mas também não podia deixa-la nesse estado.

Pego-a no colo levando ela até o meu quarto, coloco ela em cima da minha cama e vou até o banheiro para encher a banheira. Volto ao quarto tirando sua roupa deixando ela apenas com suas peças intima, seu batimento estava fraco e eu estava com medo dela não ficar bem. Levo ela até a banheira colocando-a com cuidado logo limpando-a.

Deixei ela em minha cama e fui para a cozinha preparar algo, ouço o barulho da porta e vejo Ethan e Amy entrarem por ela um pouco cansados. Eles me olham um pouco preocupado e logo me perguntam se há algo errado.

— Encontrei uma garota quase morrendo, Yuna estava batendo nela e não sei o que ela queria. – sussurro quase inaudível.

— Como assim? – Amy pergunta assustada. – Onde ela está?

— Ela foi embora, sumiu num piscar de olhos. – respondo, errado.

— Não a Yuna, a garota. – ela joga sua bolsa no chão e vai atrás da garota.

— Está no meu quarto. – respondo vendo ela desaparecer no corredor.

— Ela está matando todos que estão sumindo, ou pelo menos todos aqueles que se negam a ajudar ela em seu plano maligno. – Ethan diz e eu concordo. - Parece até coisa de filme, adolescentes tentando salvar o mundo. – ele debocha e caminha até o quarto.

Vou até meu quarto e vejo Amy segurar o rosto da garota e já sei o que ela está fazendo, não a interrompendo. Me aproximo mais e logo me assusto quando Amy solta a garota retomando seu ar e levantando depressa.

— O que você viu? – pergunto.

— Ela se recusou a ir com Yuna e por isso ela acabou assim. – ela explica meio mal.

— Isso é uma droga. O que diabos essa mulher quer? – falo irritado.

— Algo muito ruim. – Amy fala assustada e sai do quarto, mas volta e me olha aflita. – Não deixe ela sozinha.

Concordo vendo ela sair e fechar a porta. Sento na cama ao lado da garota analisando seus traços delicados, ela respirava um pouco mais rápido que o normal, e quando me aproximava mais ela se levantou respirando fundo como se estivesse sendo sufocada. Seus olhos estavam assustados demais e a segurei para que ela se acalmasse e sua única reação foi me abraçar forte.

— Se acalma, ok? Eu te salvei. – respondo calmo enquanto ela chorava. – Vai ficar tudo bem.

— Ela é ruim, muito ruim. – ela diz entre soluços.

— Eu sei. – olho em seus olhos que são verdes bem claros quase transparentes. – Metamorfo?

— Como você sabe? – ela me olha assustada e seus olhos brilham.

— Seus olhos. – respondo ainda tentando desvendar o plano da Yuna em pegar pessoas com poderes. – Qual é o seu nome?

— Jayne. – ela responde baixo. – Jayne Miller.

Ela me lança um olhar aliviado e desta vez sou eu quem a abraço.