Expressão
substantivo feminino
1. manifestação do pensamento por meio da palavra ou do gesto.
2. ênfase, entonação especial.
"dar maior e. ao discurso"
[Amy P.O.V]
Eu nunca havia brigado com o Ethan depois que começamos a namorar de verdade, e hoje foi a primeira vez. E realmente está sendo horrível. Dormir sem ele foi horrível, passar o dia sem falar com ele está sendo horrível e negar quando ele tenta falar comigo está pior ainda. Já faz horas que estou trancada dentro do quarto sem comer, e sem falar com ninguém. Grayson por várias vezes tentou falar comigo e eu apenas ignorei. Eu estou tão triste e desanimada que nem mesmo o Grayson conseguiu me convencer de sair desse quarto. Nem mesmo minha mãe que me ligou.
Brigar com o Ethan é como se abrisse um buraco no meu peito. Nada comparado a antes quando ele apenas brincava comigo. Dessa vez é pior. Eu sinto como se eu tivesse perdido algo muito importante para mim. Era como se eu visse ele com outra pessoa. Eu não consigo bem explicar como me sinto, eu nem se quer consegui parar de chorar até agora. A minha cabeça parece que vai explodir e eu realmente não estou me importando muito com isso.
O motivo da briga foi bem fútil, e eu não sei o porquê do Ethan ter se irritado tanto daquela forma. Boa parte da culpa dessa briga foi dessa droga de missão e equipe que fomos nos meter. Sinceramente foi a pior coisa que fizemos da nossa vida. Ethan ficou com raiva por eu ter ido buscar Yuna sozinha e por quase ser pega, se irritou por eu tentar usar meus poderes para saber mais sobre ela e se irritou comigo por eu não dar atenção para ele. Sendo assim colocou a culpa em Grayson. Desde o dia em que eu cuidei dele quando ele chegou aqui trocando os pés o Ethan vem me tratando diferente, como se eu tivesse traído ele. Mas eu simplesmente cuidei do Grayson como sempre fiz, e como faria se fosse com ele.
Ethan depois disso saiu escondido de mim e quando liguei para ele, ele disse que estava na missão. Passei horas acordada e quando ele finalmente chegou em casa consegui sentir o cheiro de álcool de longe. Ele havia bebido além da conta. Ele não disse nada e nem se quer quis conversar comigo e quando menos esperei ele começou a gritar comigo como se eu tivesse feito algo. Como se ele tivesse visto eu fazendo algo e fosse culpada dele estar bebendo. Ele começou a quebrar tudo como ele sempre faz quando está nervoso, e numa dessas quebrou o porta retrato que estava com a foto que tiramos no dia em que ele havia me devolvido as memórias.
Isso me machucou demais, ver ele daquele jeito sem eu ter feito nada me machucou. Ouvir as palavras que ele disse me atingiu mais do que eu pensei. Mas o pior de tudo foi quando ele gritou aos quatro ventos que eu havia traído ele com Grayson. O que na realidade foi uma mentira. Eu sabia que gritar com ele não adiantaria em nada, usar meus poderes também não. Então eu simplesmente sai da sala e fui para o quarto trancando ele para fora. O que foi uma boa e uma má ideia. Ethan bateu na porta por horas e em alguns momentos achei que ele quebraria ela. Ouvi Grayson e ele gritando por diversas vezes, mas continuei trancada. Eu não iria sair, eu não queria sair. Nem mesmo no outro dia quando Ethan estava sóbrio e tentou me pedir desculpas.
Eu preciso de um tempo para por a cabeça no lugar, algumas coisas que ele disse foram muito forte e de verdade me magoaram bastante. Sei que ele reconheceu o erro dele, sei que estou sendo infantil em ainda me trancar nesse quarto, mas eu não estou pronta para falar com eles agora. Só agora eu pude respirar e apreciar o silencio que ficou nessa casa. Sem Ethan batendo na porta, sem Grayson brigando com ele e sem me ensurdecer com meus próprios soluços e choro.
Nesse momento me pego parada olhando pela janela o tempo, que até parece engraçado, mas ele está fechado e chuvoso. E me sinto como ele agora. Um pássaro surge em minha janela, ele é bonito, mas não faz sentido pássaro na chuva, por mais fraca que esteja. Abro a janela deixando Jayne entrar, seria burra se não soubesse que era ela. Por mais que eu não goste muito dela, mas ela estava atrás de Yuna e prefiro ela aqui dentro comigo do que lá fora sozinha com os meninos.
― O que quer? – pergunto dando as costas e me jogando na cama.
― Saber se está bem, ninguém conseguiu falar com você até agora. – ela se sacode um pouco espantando as gotas de chuva que estava sobre ela.
― Estou bem, eu acho. – encaro o teto tentando pensar em algo, mas nada me vem mais a cabeça.
― Não quer conversar? – ela insiste.
― Não, eu estou bem. – repito.
Ela fica em pé ainda por alguns minutos e enquanto isso as palavras que Ethan disse voltam a repetir freneticamente em minha mente.
― Então eu vou indo. – ela diz e some num piscar de olhos.
E me vejo novamente sozinha. Talvez eu devesse sair e acabar com isso de vez.
Ouço alguém bater na porta e consigo sentir o coração acelerado de quem está do outro lado. A voz do Ethan ecoa baixa e as lágrimas surgem rapidamente em meus olhos.
― Bebê abre a porta. – sua voz soa como suplica me deixando indecisa.
Sem responder nada me levanto e vou até lá destravando a porta e saindo logo voltando para cama.
Ele não diz nada quando entra, escuto o barulho da porta se fechando e logo sinto seus braços a minha volta me abraçando forte. Seus lábios tocam meu pescoço e engulo o choro que não aguentava mais segurar.
― Me perdoa Amy, eu fui um estupido e idiota, falei coisas sem pensar e falei coisas que sei que eram mentiras. – ele agora está na minha frente.
Seus joelhos estão no chão enquanto ele se escora em minha perna e me olha nos olhos tentando explicar tudo. E por pouco consigo ver as lágrimas se formando em seus olhos, as olheiras em seus olhos e o inchaço.
― Eu estava cego, eu não sei o que aconteceu comigo. Não era eu. Era como se algo me controlasse e eu não conseguisse parar. – ele continua. – Eu comecei a ter visões de coisas que não aconteceram, eu comecei a sentir ódio e sentia que estava me tornando aquela pessoa ruim novamente. E fui tolo em deixar a raiva me consumir daquela forma.
― Você não faz ideia do quanto suas palavras me machucaram Ethan, não sabe. – não consigo terminar a frase sento interrompida pelo choro.
― Eu sei, eu me arrependo amargamente. – ele segura minhas mãos e a beija. – Eu odeio brigar com você, porra! Como eu odeio. Odeio ficar sem o seu abraço, sem os seus beijos, seu carinho e principalmente sem ver o seu sorriso que é o que me faz me apaixonar mais ainda por você.
― Ethan, para. – peço e ele envolve seus braços em minha cintura.
― Eu juro que nunca mais vou fazer isso de novo, nem beber, nem brigar com você e muito menos sair sozinho. – ele promete e ainda me sinto chateada.
― Você quebrou o porta retrato com a foto mais importante para mim. Você sabe o quanto eu odeio quando você fica nervoso e quebra tudo. – reclamo e ele abaixa a cabeça triste.
― Eu já comprei outro e coloquei no lugar. Eu já parei de brigar com o Grayson e até mesmo de culpar ele por tudo. – ele fala desesperado. – Mas por favor, me perdoa. Eu não aguento mais ficar sem falar com você.
Meu coração bate mais forte me fazendo perdoa-lo, eu odeio brigar com ele também, mas realmente foi algo que eu não podia continuar falando com ele normalmente. Eu já havia perdoado dele desde o momento em que abri a porta deixando ele entrar, desde o momento em que senti ele me abraçando forte e na hora que ele se abaixou olhando em meus olhos. Eu amo tanto ele que nem para ficar com raiva dele eu presto.
Abro os braços para ele que levanta rápido e me abraça me jogando na cama, sinto seu cheiro e vejo o quanto senti falta disso. Ele beija minha testa, desce a ponta do meu nariz e logo beija minha boca e sinto mais uma vez meu coração acelerar. Parece bobo, mas é assim que me sinto todas as vezes que vejo ele. Como se meu coração fosse sair pela boca.
― Eu te amo tanto bebê. – ele sussurra.
― Eu também te amo muito idiota. – respondo sorrindo ao ver ele sorrindo também.
Alguém bate na porta e grito para que entre, era Grayson. Ele parecia feliz.
― Eu estou indo com a Jayne, vocês precisam de algo? – ele pergunta.
― Está indo aonde? – pergunto.
Nosso horario já acabou, não sei porque dele ir vigiar ela agora.
― Estou indo ao mercado. – ele diz e apenas concordo.
― Ah sim, não precisamos de nada não Gray. Estamos bem. – Ethan responde e Grayson sai.
Ethan volta a me beijar e sei onde isso aqui vai parar.
[Grayson P.O.V]
Pego a chave do carro e logo saio do apartamento, Jayne vem logo atrás de mim. Amy insistiu que ela deveria ficar comigo para garantir de que eu não iria sair escondido ou fugir das missões para ir me perder em boates novamente. Eu particularmente não via necessidade alguma disso tudo. Não que ela fosse chato, mas sim pela falta de confiança em mim. Amy nunca foi assim comigo e não sei o porque de ser agora. Ultimamente está até dificil de conversar com ela sem achar que ela não esta desconfiando de mim. Isso é uma droga.
Entrei no carro e esperei até que Jayne entrasse para ir. Eu queria ter deixado ela para trás, mas se fizesse isso eu nunca recuperaria a confiança da Amy novamente. Jayne entra no carro e eu logo dou partida.
― Onde estão os seus pais? – pergunto por impulso.
Me sinto curioso pelo fato dela sempre estar com a gente e nunca mencionar seus pais e nem mesmo sua casa.
― Morreram quando eu tinha sete anos, e desde então eu fico sozinha. – ela responde normalmente e me sinto um pouco mal por ter perguntado.
― Oh, me desculpe. – respondo e ela sorri. – Eu não sabia.
― Está tudo bem, já me acostumei com isso.
― Entendi. Você também tem isso de metade? Digo, também está ligada a alguém? – eu realmente não sabia o que falar.
― Acredito que sim, mas ainda não encontrei ele. – sua voz soa um pouco triste. – Acho que se a essa altura eu não o encontrei talvez ele não exista.
― Me sinto da mesma forma. – respondo vendo ela me encarar confusa.
― Eu achei que você e Amy eram a metade um do outro. Só pela forma que se tratam. – sorrio ao ter lembranças de quando namoramos e de certa forma isso me doeu.
― Nós éramos, pelo menos achavamos que éramos. Mas foi tudo uma ilusão. – me lembro de quando descobri que a metade dela era Ethan. – Lembrar disso me causa nó na garganta.
― Dessa vez eu quem peço desculpas, eu não sabia que isso realmente havia acontecido. – ela se vira para frente sem graça.
Lembrar disso agora me fez ver que realmente nós pareciamos ligados e também vejo o quanto a gente ainda não sabe sobre o sobrenatural. Como foi possível sermos iludidos por isso? Eles nos mostraram algo que queriamos e não queriamos ver, deram a Amy uma escolha difícil e a mim também. Nos enganaram tanto que me perdi no que realmente era ou não real. O problema disso tudo foi que eu realmente amei e ainda amo ela, e não sei se conseguirei superar, assim como não sei se eu realmente tenho ligação com alguém. Estou desiludido com a vida.
São coisas como essas que me fazem se revoltar, eu estou cansado e novamente me torno a pensar nisso. Eu não quero mais isso para mim, eu quero poder ter uma vida normal sem me preocupar com nada. Eu quero poder visitar minha mãe e minha irmã sempre, eu quero poder sair e me divertir, eu queria poder viver. Eu tinha muitos sonhos, mas fazer parte dessa equipe matou metade deles.
― Grayson? – volto a realidade quando escuto a voz de Jayne. – Está tudo bem?
― Ah, sim. Foram só alguns devaneios. – respondo quando estaciono o carro.
Saimos do carro e entramos logo no mercado, de certa forma isso seria uma distração para mim.
>><<
Estou no estacionamento do meu apartamento e antes de sair do carro e pegar as coisas eu me senti estranho. Olhei para Jayne e ela me encarou tentando entender alguma coisa, tentando entender algo que nem mesmo eu que estava sentindo consegui entender. Me inclinei um pouco segurando o rosto de Jayne e a beijei, ela não retribuiu ao beijo logo no inicio e me senti idiota por isso e quando pensei em parar senti o coração acelerar quando ela retribuiu o beijo de uma forma inesperada. Suas mãos também seguraram meu rosto e seu beijo foi delicado. Me afastei sem olhar para ela, eu realmente estava bem envergonhado e agora não sabia o que falar.
― Desculpa eu não sei o que aconteceu comigo. – digo um pouco nervoso e ela também parece envergonhada.
― Vamos fingir que nada aconteceu. – ela responde logo saindo do carro.
Agora sim me sinto um idiota.
Pego as sacolas e subo logo, temendo que o caminho até o apartamento seja de total e completo silêncio eu vou na frente deixando ela para trás. Sem nem se quer olhar para trás.
Abro a porta assustado e dou de cara com Amy e Ethan no sofá assistindo TV. Amy me encara confusa e logo se levanta vindo me ajudar. Evito que ela chegue tão perto ou até mesmo toque em mim, sei que ela vai conseguir ver e saber o que eu estou sentindo, e na real agora não era hora de perguntas.
― Cadê Jayne? – ela pergunta e me vejo um pouco desesperado.
Que diabos está acontecendo comigo?
― Está vindo, eu subi na frente. – respondo rápido saindo de perto dela.
Sinto ela segurar meu braço e não consigo controlar o nervosismo que estava sentindo.
― O que aconteceu? – ela pergunta parecendo desconfiada.
― Nada. – me solto do seu aperto e vou andando até o quarto.
Jayne abre a porta e me encara por alguns segundos, Amy olha para nós dois e percebe o clima tenso. Continuo a andar até meu quarto e Amy me segue, assim que entro e tento fechar a porta ela me impede entrando também e só assim fechando a porta.
― Vai me explicar o que aconteceu? – ela pergunta enquanto me encara esperando resposta.
― Nada demais Amy. – respondo seco.
Tiro minha camisa jogando ela no chão e logo me jogo na cama.
― Não vem mentindo para mim não, eu consegui sentir seu nervosismo, além disso o clima tenso entre vocês. – ela caminha para mais perto de mim e desvio o olhar.
― Foi só um beijo, nada demais. – respondo querendo logo que ela saia do quarto.
― Um beijo Grayson? Você beijou ela? – ela fala nervosa, porém baixo para que ninguém escute. – Eu não acredito.
― Porque você está nervosa com isso? – pergunto curioso.
― Porque eu não queria que fizesse isso. – ela anda de um lado a outro impaciente.
― Porque não? Não temos nada, e além disso eu posso beijar quem eu quiser. – ela me encara furiosa.
― Grayson, você pode beijar qualquer pessoa no mundo, menos ela. – continuo sem entender essa implicância dela com Jayne.
― Porque? O que você tem contra ela? – retruco dessa vez já em pé de frente a ela.
― Eu só não gosto dela. Não preciso te explicar os motivos. – ela responde rispida.
Quando ela se vira de costas e está prestes a sair eu seguro seu braço e a puxo de volta. Ela me olha nos olhos e sei que ela está nervosa, seus lábios tremem e sinto como se meu coração fosse pular, já faz tempo que não vejo ela assim. Porra, como ela é linda.
― O que foi? – ela tenta se soltar do meu aperto, mas eu não deixo.
― Você está com ciumes dela? – pergunto deixando escapar um sorriso.
― Céus! Claro que não. Não tenho motivos para isso. – ela desvia o olhar e eu a solto.
― Então se eu quiser eu posso ficar com ela, certo? – provoco.
― Não.
― E com outras? – continuo.
― Também não. – ela se estressa. – Ah que saber que se dane.
― Amy eu não entendo o porque disso, se você não tem nada comigo, porque me prende desse jeito? Porque demonstra ciumes? Porque cuida de mim dessa forma? Isso é sufocante. – dou as costas pra ela e ela não diz nada.
De cabeça baixa ela continua parada a minha frente, eu realmente estou tentando achar algum sentido nisso tudo.
― Me responde. – insisto.
― Eu não sei Grayson. – ela quase grita.
― Você sabe que isso me machuca, não sabe? Sabe que eu ainda amo você e continua fazendo isso comigo. Você ainda está indecisa, não esta? – ela me olha com medo, e por Deus, eu queria muito saber no que ela estava pensando agora.
― Quer saber, esquece. – ela abre a porta e sai do quarto me deixando sozinho.
Ela uma hora vai me deixar louco.
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