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História Remember Me - Trair


Escrita por: brdolanx

Capítulo 6 - Trair


Fanfic / Fanfiction Remember Me - Trair

Trair

verbo

1.transitivo direto

iludir, enganar por traição; atraiçoar.

2.transitivo direto

denunciar (alguém) em ato de traição; delatar.

 

[Ethan P.O.V]

Eu vi como ela olha para ele, como ela fala com ele, e como trata ele. Eu vi como ele olha para ela, a paixão em seus olhos, o sorriso bobo. Eu senti. O pior de tudo isso foi que eu senti. Eu não sei se Amy ama ele ainda, ou se ela tem somente carinho com ele, mas isso dói. Eu sei que ele ainda ama ela, mas tento não acreditar nisso, sempre acabo ficando com raiva.

Eu a amo tanto que não consigo ficar sem ela um minuto se quer, mas ultimamente eu estou ficando. Eu sinto como se estivéssemos afastados, de literalmente tudo. Os dias tem ficado cada vez mais difíceis depois da Yuna. Nossa paz acabou, e agora o que temos na nossa vida são só problemas.

Não podemos mais ver nossas famílias, nem ter amigos praticamente. É somente Amy, Grayson e eu. E agora Jayne que até hoje não entendi muito bem o porque dela estar com a gente.

Eu sinto vontade de sair por ai, beber e fazer tudo o que tive vontade antes de tudo isso. Sair sem ter hora para voltar, me divertir com amigos, rir, zoar. Mas tudo o que faço é vigiar uma feiticeira que nem se quer se importa com isso e continua fazendo tudo de errado, e ficar trancado em casa, com medo do que possa acontecer.

Mas não hoje. Eu me senti traído pela minha amada e, meu próprio irmão. Ela saiu do quarto para dormir com ele. Me senti um babaca. O que todos diriam se soubessem disso? Que sou um corno, não? Ah, vida de merda. Se ela soubesse onde estou agora, se soubesse para onde vim depois que ela não voltou mais daquele quarto, ela pensaria bem antes de me abandonar assim.

Ainda estou dentro do carro, ainda não fiz nada além de beber basicamente metade de uma garrafa de tequila. Eu odeio tequila. Mas não odeio mais do que saber que Amy está lá dormindo nos braços do meu irmão. Isso está se repetindo em minha mente como a porra de um disco arranhado. Me torturando cada vez mais, me fazendo beber cada vez mais até que isso suma da minha mente.

O bar está cheio para esse horário e penso mesmo em entrar e continuar a beber até perder os sentidos. Mesmo assim não sei se conseguiria, Amy odeia quando bebo. Mas também odeio o que ela fez hoje. Porra. Porque diabos ela tinha que fazer isso? Estava tudo numa boa. Droga.

― O gatinho vai ficar trancado dentro do carro? – uma morena me atrapalha quando bate suas unhas sobre o teto do carro.

― Até então sim. – respondo dando um gole da bebida que queima meus lábios.

― Vem, vamos para dentro do bar.

Ela abre a porta do carro e a encaro bem, ela não me era estranha, mas no momento não estava me recordando.

Sai do carro e logo a acompanhei até o bar.

Alguns caras esbarram em mim e me encaram querendo arrumar briga, me xingam mentalmente e eu apenas ignoro. Não quero brigar, quero apenas esquecer certas coisas. Um dos seguranças me encara bem na porta do bar e logo me deixa entrar. A mulher me puxa pelo pulso até um certo ponto onde quase não haviam tantas pessoas.

Ela fala para que eu fique aonde estou enquanto ela vai até onde há bebidas. A encaro fixamente, ela tem curvas bonitas, seu cabelo é curto bem preto, ela usa uma saia longa e uma blusa bem decotada. O jeito como ela se insinua para o garçom é bem intrigante. É como se ele não parasse de sorrir por isso, nem se quer por um milésimo de segundo. Ele parecia hipnotizado.

A morena volta me entregando um copo de whisky com gelo, suas mãos leves me entregam o copo com delicadeza, acompanhada logo de um sorriso amarelo.

― Me diga, porque estava lá fora dentro de um carro sozinho? – ela pergunta quebrando o silencio que permanecia desde que sai do carro.

― Já disse, estava pensando em algumas coisas. – respondo olhando em seus olhos claros.

― Você não disse. Mas tudo bem. Qual sua idade? – ela parece bem curiosa.

― O que isso importa no momento? – pergunto curioso.

―Eu só estou tentando iniciar um diálogo. – ela insiste.

― Sendo assim, tenho dezoito. E você? – retruco.

― Vinte e quatro. – a encaro sem acreditar, não seria possível.

― Parabéns. – respondo sorrindo.

― Pelo que? – ela parece confusa.

Antes que eu possa responder ela dá um sorriso sem graça, creio que ela tenha entendido o que eu quis dizer, mas mesmo assim respondo. Gosto de deixar as pessoas sem graça.

― Por ter a idade que tem e continuar com um belo corpo, além de ser bonita. – ela sorri novamente confirmando minhas expectativas.

Eu estava certo.

― Você deve ter problemas de vista. – ela fala um pouco baixo, ainda envergonhada.

― Acredite, eu enxergo muito bem. – confirmo.

― Não acredito em você. – suas mãos um pouco tremulas leva o copo até sua boca.

― Eu não preciso ver para saber das coisas. – ela devolve o copo a mesa e espera por uma explicação.

Eu não digo nada, apenas bebo.

― Você faz o que da vida? – sua pergunta inusitada me deixa confuso.

Como irei explicar a ela que trabalho com pessoas que tem super poderes e defende a cidade das ameaças? Difícil.

Fico calado por alguns instantes pensando no que falarei. Eu sempre fui bom com mentiras, mas depois da Amy eu quase não consigo contar uma mais.

― Trabalho com a família. – respondo rápido desviando de seu olhar curioso.

― Legal! Você tem irmãos? – ela continua.

― Uma mais velha e um gêmeo.

― Isso é bem interessante. E vocês três trabalham juntos? – não sei a que ponto ela quer chegar.

Não consigo ouvir seus pensamentos, isso é uma droga.

― Não. Somente Amy, Grayson e eu. – eu não deveria ter dito nomes, mas a essa altura minha raiva era tanta que nem me importei.

― Amy? Quem é ela?

Desta vez eu a encaro um pouco intrigado, já era demais ela querer saber sobre meu trabalho, agora já quer saber sobre as pessoas com quem trabalho. Isso já é demais. Ao invés de responder eu apenas dou um sorriso, e ela sorri de volta entendendo que não quero mais falar sobre isso.

O silencio toma conta do espaço entre nós, a morena brinca com os dedos na borda do copo e eu apenas observo ela e o lugar. Tento me lembrar de onde eu a conheço, mas todas as tentativas são falhas. É como se essa parte da minha memória fosse corrompida, e eu não sei como explicar o porquê.

Coloco a mão no bolso sentindo o que eu iria dar para Amy. Era como se eu tivesse comprado aquilo atoa, eu sentia como se seria atoa. Eu ainda não consigo aceitar o fato de que ela está lá nos braços deles, depois de tudo o que já aconteceu. Não consigo engolir isso.

― Quer dançar? – ela pergunta e eu nego. – Tudo bem, então irei buscar mais bebida para nós.

Antes que eu dissesse que não precisava ela some. Já pela quarta vez. A bebida que agora fazia efeito total no meu corpo, me deixam confuso. Flashbacks de momentos  felizes que passei com ela me percorrem a mente, mas também os momentos em que eu queria fazer mal a ela. Como fui um idiota. Cego. Eu não deveria em momento algum ter acreditado que ela queria o meu mal, afinal eu nem a conhecia e muito menos Nick que me dissera sobre ela. Eu talvez eu deveria ter conhecido ela antes de atacar simplesmente.

― Aqui está, você precisa se divertir. Está muito pra baixo. – ela me entrega o copo, desta vez com uma bebida vermelha.

Pego o copo levantando como se fosse brindar e tomo tudo de uma vez. A queimação já não era tanta, me acostumei com o sabor e ardor.

Sinto agora como se o local estivesse se fechando, sem ar e abafado demais. Minha visão turva me impossibilita de ver se ela ainda estava a minha frente. Será que bebi demais? Capaz. Tento me levantar, mas sou impedido por uma mão me empurrando de volta a cadeira. Vejo tudo multiplicado, isso é uma droga. Tento me escorar sobre minhas mãos sobre a mesa e já não enxergando mais nada fecho os olhos com a cabeça nos meus próprios braços.

[...]

Acordo assustado, ainda tonto pela noite passada e vejo que dormir no meu carro. Pego meu celular e me assusto com mais de vinte chamadas da Amy, quinze do Grayson e onze da minha mãe. O que será que aconteceu? Olho as horas, já se passam das onze da manhã e percebi que o que aconteceu foi eu não ter dormido em casa. Olho para o banco de trás e vejo a morena do bar dormindo, ela está coberta pela minha camisa e jaqueta e só assim percebo que estou sem camisa. Eu não fiquei com ela, ou fiquei? Merda!

Dou uma porrada no volante do carro acordando-a assustada. Ela se ajeita com pressa e me entrega as roupas me olhando sem graça.

― O que aconteceu? – pergunto confuso e com medo.

― Nada demais. Você apagou no bar e eu te trouxe carregado para o carro, como não sabia onde você morava preferi ficar aqui até que você acordasse. – sua voz soa baixa.

― Muito obrigado, mas agora eu preciso ir e você precisa ir também. Coisas irão acontecer e eu preciso estar em casa antes disso tudo.

Ela balança a cabeça abrindo a porta e saindo. Sem esperar eu ligo o carro acelerando rapidamente indo embora. Eu estava fodido.

[...]

Abro a porta sem fazer barulho algum, mas é totalmente em vão. Amy já estava lá, andando de um lado a outro quase cavando um buraco no chão. Podia sentir o quão nervosa ela estava, era como se ela fosse me matar sem querer me ouvir. Mas porque? Meus motivos são mais válidos que os dela.

― Aonde você estava? – ela praticamente soletra cada palavra.

― No mesmo lugar em que você estava ontem a noite. – ela me encara assustada. – Não adianta me olhar assustada, eu sei que dormiu com Grayson essa noite.

― Ethan você só pode estar brincando, não é? – ela sorri nervosa. – Eu fiquei lá com ele porque ele estava tendo pesadelos, no seu lugar faria o mesmo.

― Sim, mas não fui eu. Nunca sou eu. – retruco deixando-a mais irritada.

― Vamos brigar por isso de novo? – seu olhar para mim era de medo, talvez porque ela soubesse que o certo da história sou eu.

― Se depender de mim, sim.

― Tá então, me diz onde você quer chegar com isso? – ela cruza os braços esperando uma resposta.

Abro e fecho a boca varias vezes até encontrar algo que fosse bom o suficiente para acabar com seus argumentos.

― Estou cansado de ser sempre o Grayson. Desde que te conheci, foi sempre ele. E digo o mesmo dele, sempre foi você. Ele te ama ainda, será que você não vê isso? – grito e logo vejo Grayson aparecer e dar meia volta. – Fica aqui Grayson.

― Não quero me envolver na briga de vocês. – ele responde novamente saindo.

― Você já está envolvido. – ele para de andar e olha para mim.

― Desculpa Ethan, mas você está sendo idiota de pensar que Amy trairia você comigo.

Sinto uma raiva ferver no meu interior, ele não falou isso.

― Mas é claro que iria Grayson, olha pra você! Sempre foi o queridinho, sempre conseguiu tudo o que queria, inclusive a Amy que até hoje te trata melhor que eu que sou o namorado dela.

Cerro meus punhos para tentar me impedir de começar a quebrar tudo como sempre fazia.

― Não Ethan, você plantou essa ideia na sua cabeça, e não venha me culpar por isso. – ele rebate.

― Já chega vocês dois. Estou cansada dessas brigas de vocês, e se isso não parar agora eu irei embora daqui deixando os dois sozinhos. – Amy grita arrancando olhares surpresos de nós dois.

― Então vai pra onde você quiser. Eu já cansei. – grito nervoso.

Não consigo evitar de dar um soco na parede e logo um tapa derrubando e quebrando o abajur que ficava logo ao lado. Chuto uma das cadeiras derrubando as outras ao lado também. Era algo que me aliviava. Quebrar coisas me aliviavam. Eu queria quebrar a cara do Grayson por me fazer tratar Amy assim. Mas também estava com muita raiva dela para voltar atrás do que eu disse.

Ao me ver quebrando tudo ela não diz nada, e nem me impede. Ela simplesmente sai da sala indo em direção ao quarto. Continuo quebrando e socando tudo o que vejo a minha frente, até me tocar depois de alguns minutos que Amy fizera sua mochila e estava passando por mim, indo rumo a algum lugar que provavelmente seria a casa da sua mãe. Dane-se. Talvez seja melhor assim, preciso por a cabeça no lugar.

― Olha o que você fez Ethan. – Grayson grita furioso.

― Você também fez isso bro. – respondo sarcástico.

― Você é um otário.

Ele parte para cima de mim me empurrando contra parede, seus vários socos acertam meu rosto, alguns em meu estomago. Me defendo logo revidando os socos e o derrubando no chão. Minha raiva era tanta que se eu continuasse batendo nele do jeito que eu estava eu acabaria matando ele. Em um vacilo levo uma cabeçada dele que me tonteia, dando tempo dele levantar e sair dali.

Continuo deitado no chão ainda tonto, tentando engolir e entender toda essa confusão que aconteceu agora. Minha cabeça dói por causa de todos esses socos, e o único pensamento que me corre a mente agora é de que eu realmente mandei Amy ir embora. E o pior de tudo isso é que ela se foi. 


Notas Finais


Aceito todos aqui.
Twitter: @dolansinge


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