História Renascida - O que estão escondendo?

Desço do ônibus e vou direto pra casa em velocidade de vampiro não me importando se as pessoas vão ficar surpresas por não me verem.
Abro a porta e meus pais me encaram com os olhos arregalados, eles estavam discutindo de novo eu tenho certeza.
-Co...como foi a aula querida?Correu tudo bem?-Minha mãe pergunta.
-Sim. -E vou logo indo pra sala e subindo as escadas pro meu quarto.  Na verdade,não foi nada bem. Eu respondi uma professora e até tenho um bilhete para meus pais assinarem,de novo.
Mas eu não tenho culpa se meus professores me odeiam só porque eu converso a aula inteira,e tiro sempre as melhores notas da turma. Vantagenzinha em ser híbrida.
Entro no quarto e vejo Andrea dormindo serenamente em seu berço. Jogo a mochila na cama e me jogo em cima dela. Tenho alguns segundos de silêncio em que eu pude ouvir a respiração pesada da bebê,mesmo que o berço dela fique do outro lado do quarto.
O silêncio é logo interrompido pelas passadas de meus irmãos entrando pela casa e subindo as escadas correndo. Minha mãe os chingando e logo o choro de Andrea.
Levanto e a pego,fico balançando-a. Meus irmãos entram no quarto. O maior deles Viktor,diz:
-Ah!A chata já chegou, vamos brincar pra lá.- E desce. Louis dá de ombros e vai atrás dele.
-VIKTOR!!!EU VOU ESTAPEAR A SUA BOCA SE VOCÊ CONTINUAR FALANDO ISSO DA SUA IRMÃ. E ENTREM AQUI DENTRO CORRENDO DE NOVO PRA VOCÊS VEREM...-Grita minha mãe.
-Pega leve Hayley,você sabe que eles vivem brigando,calma...-Diz meu pai tentando acalmá-lá.
-Calma nada, Andrea estava dormindo e eles a acordaram.
-Eu acho que o que a acordou não foram os meninos e sim seus gritos...
-É O QUE JACKSON?- Os meninos dão risadinhas e saem correndo de casa. - POR ISSO QUE O VIKTOR FALA ESSAS COISAS,ELE APRENDE COM VOCÊ...
-Mas o que eu fiz?
-Fica defendendo eles...
....e assim continua...
Paro de ouvir e olho Andrea que está dormindo no meu colo. Ela já até se acostumou com a gritaria.
Coloco-a no berço e beijo sua testa. Fico a observando por uns instantes e vou pra minha cama. Me deito e fecho os olhos. Me mexo alguns minutos na cama e acabo pegando no sono no meio da tarde.

-Hope. Come um pouquinho querida. Você nem almoçou.
Abro os olhos devagar e fico piscando até me acostumar com a luz. Me sento e desço da cama. Minha mãe está arrumando o quarto.
Minha barriga ronca alto e ela sorri. Forço um sorriso também e arrumo minha cama.
Desço, e vou pra cozinha,meu pai está brincando com a Andrea e meus irmãos estão jantando.
Me sirvo e sento e engulo a comida praticamente a força. Vou na geladeira e pego uma bolsa de sangue.
-Você já tomou uma hoje,Hope.-Diz meu pai me observando.
-Ah pai, eu estou com sede...Me deixa vai.-Faço biquinho e ele assenti suspirando. Sei que isso sempre funciona.
Termino de beber a bolsa e subo pro quarto. Minha mãe está mexendo na minha mochila e acha o bilhete.
-Estava escondendo isso?
-Não mãe! Eu ia te mostrar.
-Você disse que foi tudo bem...
-Foi tudo bem...isso já é normal.
-Normal brigar com os professores?
-A culpa não é minha...
-Para!-Ela me corta.-Eu já estou cansada desse mesmo discurso Hope. "Que os professores tem raiva de você" e "que você não consegue controlar o lado lobisomem. Não é porque você é híbrido que não vai obedecer as regras. É sério que eu vou ter que te deixar de castigo?Você tem quase 16,e age como uma criança desobediente. O que eu faço com você em?
-Não sei,me manda pra um internato se você quer tanto se livrar de mim.-Saio do quarto e vou pro banheiro rapidamente. Me tranco e sento contra a porta.
Que merda de vida! Eu queria morrer,pena que não posso. Mas uma merda.
Lágrimas queimam meus olhos e eu as enxugo rapidamente.
Levanto e abro o armariozinho do banheiro onde ficam as escovas. Pego uma lâmina que meu pai usa pra fazer a barba e me sento no chão com ela.
Corto meus pulsos e espero alguns segundos e some rapidamente. Geralmente demora mais tempo pra sumir,mas eu acabei de beber sangue então está rápido. Eu gosto de ficar observando,é legal...
Faço mais alguns cortes e me levanto. Limpo o sangue que saiu antes de fechar e abro a porta indo pro meu quarto.
Andrea já está dormindo e Louis está deitado olhando pra cima. Sorrio olhando-o e vou pra minha cama. Ele vem até mim e senta no meu colo.
-Não fica triste com a mamãe. Ela é brava assim mesmo.-E beija minha bochecha. Sorrio.
-Okay Lou.
-Posso dormir com você hoje?
-Claro. Vou trocar de roupa. -Ele sai do quarto e eu me troco.
Me deito e ele deita do meu lado. Eu o abraço. E rapidamente ouço a respiração pesada dele. E meus olhos vão ficando pesados até se fecharem.

-Você sabe que não é fácil assim.-Escuto a voz do meu pai baixa mais audível. Do meu lado Louis dorme tranquilamente. Na cama em frente a minha Viktor ronca.
-Nós temos que fazer isso. É para o bem dela.
-Para o bem?Quem garante Hayley?
-Nós temos que arriscar. Ela está crescendo e precisa de ajuda...
Andrea começa a chorar e não ouço mais. Primeiro baixinho depois vai aumentando. Levanto da cama e a pego no colo ninando-a.
Minha mãe sobe as escadas e arregala os olhos a me ver.
-Você estava acordada a muito tempo?
-Na...não,eu acordei com ela chorando.
-Okay, volte a dormir,eu cuido disso.-Ela me da um sorriso fraco e pega Andrea de mim.
Volto pra cama e me viro de costas pra elas. É, eu acho que minha mãe levou a sério a ideia do internato.
Engulo em seco,uma "bola" se forma em minha garganta e fica mais difícil engolir mas eu forço e fecho os olhos. Quando os abro,parece já ter passado alguns minutos. A casa está silenciosa. E eu pego no sono.