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História Renovação - Angustia


Escrita por: LULUNATIC_ e LULUNA2R

Capítulo 2 - Angustia


 


Pensamentos inconvenientes deixavam a cabeça de Pete um tanto distraída. Um mau pressentimento poderia ser o culpado, por mais que tudo ao seu redor se encontrasse meramente tranquilo. Talvez os deveres excessivos tenham o deixado um tanto inquieto demais.


  Como de costume, Pete levantava seguindo a mesma rotina matinal de sempre, vestia seu uniforme e seguia para o prédio principal da escola como um belo aluno exemplar que não tinha nada de interessante para fazer na escola além de assistir as monótonas aulas.

   As aulas da manhã começavam às nove horas e Pete não levava consigo nenhum costume de se atrasar, mas, especificamente naquele dia, uma nuvem de devaneios pessoais foi o causador de sua quebra de rotina. De qualquer forma, não faria diferença com as notas quase perfeitas que mantinha em um boletim admirável.

   As aulas estavam tediosamente chatas, como sempre, e ele não conseguia se concentrar em absolutamente nada, com um estranho pressentimento de que algo fosse acontecer repentinamente.

 Depois de algumas horas em outro mundo, passando entre todas as aulas do dia, o sinal finalmente tocou anunciando o fim das torturas mentais e todos que estavam em aula se retiravam das salas e rapidamente o fluxo de alunos nos corredores da escola fora aumentando.

  Pete seguiu para o andar superior do prédio pelas escadas principais em passos diretos ao seu armário, guardando alguns materiais. Enquanto passava em frente as portas altas do escritório da direção em sua caminhada para outro canto do prédio, acabou por reparar em um homem bem arrumando, alto, com um pouco mais de idade pelos sinais de expressão e com uma cara que fazia Pete ter arrepios. Ele lembrava brevemente uma face familiar e conversava com o diretor que parecia um tanto irritado. É claro que Pete não conseguiu conter a curiosidade e espreitou no batente da porta sem nem perceber o ato automático.

— Você acha que isso pode ser resolvido assim tão facilmente? ELE É UM PSICOPATA. — O diretor dizia um pouco incrédulo.

— Ele está melhor, está tomando regularmente sua medicação, está tão dócil quanto um filhote. — O homem respondia com simplicidade e calma. — Posso lhe garantir.

  Soltando um breve suspiro com uma cara de desgosto, Crabblesnitch caminhava pela sala de um lado para o outro olhando desconfiado para o homem misterioso.

— Irei analisar a situação em que ele se encontra e em breve, talvez, possamos conversar mais tranquilamente.— Finalizava o diretor em um semblante sério.

  A conversa parecia se encontrar no fim e Pete rapidamente seguiu seu caminho para fora da escola sem ser notado. Sua cabeça martelava mil coisas.

“O que será que está acontecendo? Um psicopata? Não pode ser..."

   Ele pensava consigo mesmo em frente à escola agora menos movimentada, quando ouviu atrás de si as portas do prédio principal se abrindo. Impulsivamente ele olhara para trás e por azar acabou por cruzar seu olhar com o do homem que a pouco conversava com o diretor.

— É feio ouvir a conversa dos outros. — Disse com um olhar amedrontador para o jovem parado na sua frente e logo seguiu com passos firmes para os portões, entrando em um carro escuro estacionado quase exatamente em frente a escola, deixando a academia para trás.

  Pete se encontrava parado olhando diretamente para o portão, tentando engolir o que havia acontecido.

“Quem era aquele homem? Por que tem o rosto tão familiar?" Era quase como uma tortura tentar lembrar a qual rosto ele tinha similaridade.

     Quando Pete se deu conta, já estava tarde, o céu já perdia os tons claros do dia deixando um tom cinzento tomar conta de tudo abaixo das nuvens, e repentinamente os pingos de chuva começavam a cair devagar sobre sua cabeça. Pete deu um sinal de vida correndo para o dormitório. Ele chegou um tanto ofegante e em alguns passos já dentro do dormitório avistou na sala vazia, alguém solitário sentado no gasto sofá velho. Jimmy se encontrava com uma cara emburrada encarando a TV desligada e com o barulho que Pete fez ao entrar, ele automaticamente perdeu o foco na "programação" e olhou um tanto curioso para seu pequeno amigo que se encontrava visivelmente em um estado de cansaço e confusão.

— Tá tudo bem? Tem alguém incomodando? valentões? Se for o caso eu posso resolver o problema. — Jimmy dizia erguendo uma sobrancelha e socando um punho contra a mão aberta.

— Ah, nada disso, só... sinto que algo ruim vai acontecer.

— Por que acha isso? Nunca vi essa escola tão tranquila quanto agora. São dias de paz, Pete. Sem guerra, sem valentões ou sabichões enchendo nosso saco, e o mais importante. Sem Gary Smith.

 Pete caminhou até Jimmy, sentando-se ao seu lado no sofá com o rosto um tanto preocupado. Abaixou um pouco a cabeça encarando seus próprios pés que pareciam repentinamente mais interessantes do que pensar sobre seu antigo amigo.

— Jimmy, Eu ouvi uma conversa a pouco tempo, o diretor estava conversando com um homem que eu não conheço, mas parece muito familiar. Eles falavam sobre alguém novo, um psicopata e eu estou com medo que possa acontecer o pior novamente.

  Pete tremia um pouco pela chuva fria que o atingira pelo caminho até o dormitório.

— Olha, nada vai acontecer, o diretor não é maluco de aceitar a porra de um psicopata na escola depois do que aconteceu por culpa do Gary. — Disse Jimmy tentando fazer com que seu amigo ficasse um pouco tranquilo.

 Pete levantou sua cabeça encostando no sofá e suspirou.

— É, você deve estar certo. — Ele deu um pequeno sorriso a Jimmy. — Bem, vou para o meu quarto tentar dormir, te vejo mais tarde, Jimmy.

— Certo, Até! — Fez um gesto preguiçoso de despedida com a mão em resposta.

  Pete fez uma curta caminhada ao seu quarto deixando seu colega na sala do dormitório. Chegando lá se certificou de fechar a porta com medo dos adolescentes travessos do dormitório. Ele trocou sua roupa molhada por um pijama confortável e se atirou na cama. Ainda era cedo, mas ele preferia tentar dormir do que enfrentar sua mente paranoica.

   A noite fora longa e Pete não conseguiu pregar os olhos. Ele se encolhia debaixo das cobertas por medo da tempestade que havia se formado lá fora. Trovões que pareciam estremecer as paredes e os raios luminosos clareavam o quarto por inteiro e faziam com que seu coração acelerasse, mas quando uma a silhueta de alguém se destacou na janela, Pete sentiu seus dedos gelarem e instantaneamente fechou os olhos com toda força e só os abriu quando o despertador tocou ao seu lado. "Foi um pesadelo?".

 Pete estava totalmente acabado de sono, sua noite não havia sido muito agradável, mas mesmo assim, ainda tinha que se levantar para ir as aulas do dia. Ele ainda estava sonolento quando saiu de sua cama para trocar de roupa. Seus olhos estavam inchados e ele não conseguia conter a lentidão e os bocejos a todo momento e quando ele olhou para a janela de seu quarto lembrou do até então “pesadelo” e da sombra que havia visto. Pete simplesmente sacudiu a cabeça suspirando. “Foi só um pesadelo. Só um pesadelo”.

     Caminhando para o prédio principal, Pete acabou esbarrando em Jimmy sem nem notar sua falta de atenção. Ele apenas pensou consigo mesmo que se havia encontrado Jimmy antes das aulas, então ele provavelmente estaria atrasado também. Jimmy nunca fora amigo dos horários escolares , mas sempre se dava bem nas matérias, nem que fosse com as notas mínimas.

— Nossa! Você tá péssimo.

  Pete mal conseguia abrir os olhos para olhar seu colega, ele se encontrava realmente exausto pela falta de descanso.

— Ah! Oi, Jimmy! O barulho da chuva não me deixou dormir... — Contava uma mentira um tanto verdadeira.

— Hm, não acha melhor descansar? Uma aula a menos não fará diferença para você. Precisa relaxar um pouco, seu cargo novo parece ter te consumido.

  Pete abriu a boca para protestar, mas as palavras se tornaram bocejos e ele acabou concordando com seu amigo, ele precisava mesmo de um breve descanso nem que fosse para conseguir andar sem esbarrar nas pessoas. Acabou por voltar ao dormitório, entrou em seu quarto e desabou na cama sem se importar com uniforme que não havia retirado.

“Hey, pequeno Petey, por que você me abandonou? Não éramos amigos? Me responda Petey, Petey ...Petey...

— PETEY!

     Em um salto, Pete se levantou da cama assustado com Jimmy chamando pelo seu nome na porta, ele ligeiramente sacudiu seu rosto tentando se recompor e correu para abri-la.

— Alguém morreu? Por que está gritando assim?

  Jimmy olhou para o jovem desajeitado na sua frente com um meio sorriso vitorioso no rosto.

— Nada, só vim ver se você estava bem e te trazer os deveres das aulas.

— Não precisava ser tão bruto, quase levou minha porta ao chão!

— Exagero, acho que pelo menos merecia ouvir um “Obrigado, Jimmy, por se preocupar com a minha pessoa”.

  Pete deu uma risada baixa e agradeceu a Jimmy que dava meia volta seguindo para fora do quarto deixando seu amigo com os papeis em mãos. Ele começou a folheá-los e depois os jogou em cima da mesa do quarto. Ele estava mais interessado com a voz que escutou antes de Jimmy começar a batucar em sua porta.

“Abandonei?”, ele ecoava a palavra em sua cabeça com a esperança de que podia encontrar alguma resposta em seus pensamentos, mas sem sucesso, caía novamente na cama e tentava esquecer, mas a voz ainda vinha lá no fundo de sua mente. "O que eu abandonei?" Ele se perguntou uma última vez e com um suspiro afundou seu rosto no travesseiro e voltou a dormir.




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