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História Renovação - Normal?


Escrita por: LULUNATIC_ e LULUNA2R

Capítulo 5 - Normal?


  


 Era como se a presença dele não fosse tão ruim assim. Dessa vez ele parecia estar até em um certo controle de atitudes. Era estranhamente diferente do adolescente que não parava por nada, de alguns meses atrás.

Ele não era tão chato quanto antes, mas não deixou totalmente seu modo antigo de ser. Gary ainda os irritava com as coisas idiotas que saíam de sua boca na tentativa de diminuir as pessoas ao seu redor, mas um filtro estava lá quando ele simplesmente desistia de algo que iria comentar e ficava quieto repentinamente. Pete já havia se acostumado com a presença do adolescente maior em seu quarto, agora compartilhado. Claro que depois de dois meses que a volta do “diabo” havia sido confirmada, ele obrigatoriamente teve que se acostumar com o tipo de irritação diária que estava a lhe fazer companhia até o término das aulas. No fim, ele não teve muito poder de escolha em relação a isso.

Jimmy também havia se acostumado. Na verdade, ele evitava encontrar a tal figura com tanta frequência. Ele apenas não queria ser expulso mais uma vez por sem querer fazer com que seus punhos se encontrassem com o rosto do adolescente maior o fazendo, talvez, ficar sem um dos dentes brilhantes que apareciam em sua boca quando ele formava um sorriso em uma tentativa de provocá-lo.

Lá no fundo, Gary estava realmente se esforçando para parecer uma nova pessoa, talvez forçadamente por algum parente que havia lhe feito uma ameaça ou quem sabe o seu “eu” problemático estava sendo deixado de lado com a vinda da vida adulta. Pete preferiu acreditar mais na primeira opção.

— Gary, quem era o homem que veio te trazer na escola naquele dia?

Pete sentia como se sua “amizade” com Gary estivesse voltando rapidamente ao longo do tempo em que ele estava se readaptando ao seu companheiro, como se tudo o que ele havia feito antes tivesse se dissipado no passado. Gary nunca falava de sua vida pessoal, seja da família ou dele mesmo, e talvez Pete fosse ignorado toda vez que perguntasse sobre essas coisas a ele, mas não se importava em ao menos tentar se aproximar.

Gary era uma pessoa difícil de se lidar, sempre estava a fazer piadas maldosas sobre qualquer um que visse, mas era inteligente e fazia com que as pessoas se sentissem confusas sobre ele. Era difícil acreditar no que ele falava, mas sua lábia sempre fazia com que ele se saísse por cima fazendo com que as pessoas acreditassem em qualquer coisa que ele inventasse. Sem dúvidas ele era o que chamamos de manipulador, e qualquer que fosse a situação complicada, ele seria capaz de se livrar em um instante com o poder de sua fala.

— Pra que você quer saber? Se interessa por pessoas mais velhas?

Ainda assim, era irritante o modo como ele tratava qualquer um, como se ele fosse uma pessoa grandiosa e o resto do mundo fosse de pessoas sem valor algum, mas já era normal esse seu rotulo de grandeza estampado em cada frase que saía de seus lábios. Um jovem narcisista em formação.

— Curiosidade. — Respondeu simples.

Pete havia feito uma promessa para si próprio desde que seu “amigo” havia voltado para a escola, de que não daria atenção a qualquer coisa que fosse dita por Gary, que não seria o mesmo de antes, que teria um pouco de segurança pra poder enfrentar qualquer coisa, afinal, ele era uma nova pessoa. Ele havia conseguido um título de importância que o tinha feito ser mais respeitado, e é claro que a mudança teve que começar por ele. Sem timidez, que levemente fora ficando menor com o tempo. Sem humilhações e sem deixar que as pessoas o pisassem como um mero nada que sempre o taxavam.

Mas Gary era diferente, era o tipo de pessoa que sabia de todos os medos de Pete. Ele era uma pessoa inteligente que sabia rapidamente tirar qualquer um do sério. Sabia fazer com que muitos o temessem sem ao menos o conhecer, apenas um olhar ameaçador por baixo de suas grossas sobrancelhas e daquela cicatriz que sabe se lá como fora feita, era de deixar qualquer um com pavor de sua pessoa.

— Era meu avô. —Gary respondeu sem muito interesse.

Pete então conseguiu ligar as características similares que aquele homem tinha com Gary. Era a primeira vez que o mais alto contava sobre ele, antes disso ele só dizia que sua família era grande parte de seus problemas e nada mais. Foi interessante saber ao menos uma informação sobre a tão reservada criação de Gary.

— Ele mora com você?

— Não exatamente. É apenas um velho que só se importa com o dinheiro e reputação. Um Smith no hospício era escandaloso demais para a família, ele me obrigou a voltar pra essa porcaria..., mas, qualquer coisa é melhor que aquele hospício. Mais alguma pergunta?

Pete apenas deu de ombros de onde estava. Ele se sentava em uma cadeira próxima a mesa de estudos, observando o maior esparramado em uma das camas de solteiro que os quartos de Bullworth garantiam aos alunos.

Pete estava certo. Gary estava tentando se comportar por causa da família. De certo modo isso era muito bom, mas de outro, Gary parecia se sentir meio deprimido, talvez isso o sufocasse. Ele vinha de uma família deveras rígida pelas coisas que Gary disse e manter o controle de alguém que precisa de medicamentos não deve ser algo fácil pra qualquer família. Gary parecia cansado e deslocado.

— Femme-boy, estou entediado. vamos dar uma volta pela cidade, antes que eu acabe pondo fogo nesse dormitório de tanto tédio.

— Não, obrigado. — Respondeu rapidamente.

Mas é claro que ele não queria andar ao lado de Gary, ainda mais fora dos portões da escola. Ele o conhecia muito bem pra saber que o maior seria capaz de empurrar uma criança da ponte ou coisa pior. E a culpa facilmente cairia para cima de Pete.

— Está com medo de mim?

— Não é isso, só tenho muitas tarefas pra fazer.

Gary deixou seu conforto na cama e andou até Pete que se virava em sua cadeira pegando um livro qualquer para disfarçar sua mentira. O cicatrizado se abaixou ao ouvido de Pete e deu um meio sorriso.

— Se você não for comigo, eu posso muito bem acabar fazendo um desastre e de qualquer maneira a culpa vai ser sua. O velho me colocou nesse quarto junto a você por um motivo: vigiar meu comportamento.

Era horrível ter que acreditar no que Gary dizia, mas não havia nenhum outro motivo para o diretor o ter colocado junto a Pete. Ele nem ao menos fora avisado de que teria um novo colega de quarto pela voz do próprio, mesmo estado em um cargo de responsabilidade.

— Certo..., mas por favor, tente se controlar.

— Não prometo nada.

— Eu não posso me queimar com a escola, não agora que tudo tem dado certo pra mim... por favor.

— Falando assim, até parece que você tem uma reputação nessa escola.

— Mas eu tenho, sou respeitado como nunca havia sido antes.

Gary apoiava suas mãos nos ombros de Pete fazendo um sinal de negação com a cabeça.

— Petey, Petey, quando você vai aprender? Eles só te “respeitam” porque você tem o careca ao seu lado. Eles não ligam se você é inteligente, mas provavelmente correm pra você em tempos de provas. Você pode ter um título autoritário, mas nem os nerds te respeitam aqui. — Disse desinteressado.

— Cala a boca, você não sabe de nada. — Pete respondia um pouco irritado.

Ele não era muita coisa comparado a Jimmy, mas isso não significava que ele fosse tão inferior assim. Mesmo que sua força não valesse de nada, Pete ainda tinha seu título e muitos agora falavam com ele. Ele não se deixaria abalar pelo veneno de Gary.

Gary se afastava de Pete erguendo suas mãos em rendição em um suspiro cansado.

— Bem, se você acha que agora todo mundo te ama, não irei estragar sua fantasia, mas sobre o que eu disse antes... é verdade. Se não sairmos daqui agora eu vou mudar meus planos de incendiar o dormitório para incendiar você. — Ameaçou sem emoção.

— Com tanto que você vá para prisão depois, fique a vontade.

— Muito engraçado, Femme-boy, você sabe que é muito fácil simular um acidente e ainda por cima fazer você ser lembrado como um idiota que pôs fogo no próprio corpo?

Pete olhara para Gary um tanto incrédulo com o que acabara de ouvir. “Será que Gary era mesmo capaz de fazer algo desse tipo?” ele pensou consigo.

Gary virou-se para Pete novamente, dando um grande sorriso o agarrando pelo braço fazendo com que Pete se levantasse e ficasse próximo a ele.

— Não me olhe desse jeito, estou apenas brincando.

Não era muito normal que Gary ficasse tão perto de outras pessoas assim. Desde que Pete o conheceu, sabia que uma das coisas que ele odiava era ser tocado, mas por um momento, Pete achou melhor ficar em silêncio e não protestar contra nada.

Gary mudava sua postura deixando a calmaria em que estavam no quarto se dissipar, ele não iria mudar de ideia sobre querer sair e Pete seria sua pobre cobaia de “aventuras”.

— Eu não sei se você gosta de mim ou coisa do tipo, não é sempre que as pessoas me encaram tanto, mas vamos deixar essa intimidade pra outra hora, sim?. — Gary dizia alargando seu sorriso enquanto o rosto de Pete se aquecia com o que ouvia. — Se não sairmos daqui nesse exato momento, eu Juro que vou pôr fogo em você.

Pete desviou o olhar se afastando um pouco das mãos de Gary tentando disfarçar a vergonha que sentia.

   — C-certo, certo, vamos logo.





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