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História Renovação - Novas caras


Escrita por: LULUNATIC_ e LULUNA2R

Capítulo 6 - Novas caras


    Não estava tão tarde quando os dois decidiram sair. O céu continuava nublado e o tempo lá fora era bastante sombrio. O vento soprava frio e assobios fantasmas eram feitos a partir da ventania. Não era o melhor tempo para se sair lá fora, só que por outro lado não se tinham tantas pessoas perambulando pelas ruas.

  Era algo desconfortável estar saindo com Gary depois de tudo que ele havia feito na Academia Bullworth e o tempo fazia tudo estar mais sinistro.

— Ah, está um dia perfeito, não é mesmo, pequeno Petey?

— Se você acha, mas para onde estamos indo afinal?

— Não sei, estava pensando em um corte de cabelo. — Gary dizia passando uma das mãos sobre seu próprio cabelo.

   O tempo em que Gary havia ficado em Happy volts, talvez não o desse liberdade pra fazer quase nada sem autorização. Talvez ter sessões de autoajuda com alguns pacientes do local eram suas únicas formas de se “comunicar” com outras pessoas. Seu cabelo acabou crescendo mais do que o de costume, caindo muitas das vezes como uma franja sobre seus olhos.

— Certo, acho que podemos fazer isso.

   Os dois seguiram com passos calmos em direção aos portões da escola e em meio ao caminho acabaram se esbarrando com Jimmy que pegava a direção contrária dos dois. um olhar foi direcionado a Pete, um olhar confuso e curioso. E outro olhar fora lançado ao seu recém “curado” inimigo, um olhar ameaçador.

— Hey, Pete! Pra onde esse idiota tá te levando?

   A situação o deixava sem graça, a abordagem que seu amigo dava o fazia lembrar a situação em que os três estavam. Ele sabia do risco que era sair com Gary depois de tudo, e Jimmy odiava o fato de que os dois estavam realmente voltando a se aproximar.

  — Ah, Oi, Jimmy! Estamos... estamos a procura de um corte de cabelo pro Gary.

    Jimmy ainda não acreditava que Pete conseguira estar perto da pessoa que Gary era. Ele sempre o intimidou, sempre o humilhou. Ele simplesmente queria que Pete fizesse o que ele mandasse, como um pequeno peão em um jogo de xadrez.

— Ah, cara. Estamos perdendo tempo. James, estou roubando sua namorada um pouco hoje, não seja ciumento, ok? — Gary disse impaciente

  Jimmy agarrava o braço de Gary o encarando seriamente ainda na tentativa de o intimidá-lo.

— Se fizer algo de ruim com ele, dessa vez eu não vou manter nenhum pingo de controle em relação a você. Faço questão de te mandar pro hospital antes de te mandar pra porra do hospício novamente.

  Jimmy soltava o braço do cicatrizado em um movimento rápido, o maior apenas riu mantendo o contato visual com seu sorriso provocativo. Se aproximando de Pete ele jogou um dos braços por volta de seus ombros e os dois seguiram calmamente para fora da escola sem dar continuidade na pequena discussão. Jimmy ainda desconfiava das intenções de Gary, ele não conseguiu deixar de observar os dois até que eles estivessem fora dos portões da escola. Gary por um pequeno momento olhou para trás, sorrindo para Jimmy descaradamente quase como uma vitória antes de continuar seu caminho.

   O salão mais próximo não ficava tão longe dali, os dois seguiram a pé entre as ruas da cidade. Pete estava em silêncio, mas sem baixar sua guarda. Pelo canto dos olhos ele vigiava a todo o momento se algo na expressão de Gary pudesse significar um sinal que gritasse perigo para ele. Reparou que o adolescente cicatrizado havia ficado maior em altura, era um pouco desconfortável, já que Pete ainda continuava tendo problemas com sua própria altura e sempre era lembrado disso quando outros alunos faziam piadas do quão baixo ele era, sempre o comparando com as crianças. Ele era o menor de todos os adolescentes da academia e isso foi o gatilho inicial para que os valentões o intimidassem desde o primeiro dia lá.

  Minutos se passaram e Pete acabou se perdendo em seus pensamentos e acabou não reparando que agora encarava o adolescente maior descaradamente por muito tempo. Ele rapidamente virou o rosto quando se deu conta do que estava fazendo, tentando disfarçar. Claro que Gary havia percebido e logo abria um enorme sorriso com a forma em que Pete se sentia desesperado pra esconder a vergonha, mas por algum motivo preferiu não comentar.

   Como eles haviam deduzido, as ruas estavam realmente muito vazias. Os poucos habitantes que perambulavam por elas eram alguns adultos com mais idade e adolescentes, e é claro os guardas que sempre faziam suas patrulhas pela cidade. Pete reparou que haviam novas pessoas pelos arredores, ele não era de caminhar pela cidade assim como Jimmy fazia, mas tinha ouvido rumores de que um novo grupo de adolescentes problemáticos andava pelas ruas e que era melhor manter uma certa distância. A reputação rápida que eles haviam ganhado já não era nada agradável. Ele já se sentia muito intimidado por outras gangues da escola, então obviamente não se meteria com nenhuma outra nova.

  Os passos de Gary paravam e Pete o encarou um pouco confuso com a pausa repentina. Gary olhou tediosamente e simplesmente apontou para frente.

— Você tá muito distraído, já chegamos.

— Ah, ok.

— Ficou quieto o caminho todo, o que se passa nessa cabeça pensante?

— Ah, Nada... Bem, vou esperar você aqui. — Disse desviando o olhar.

— Você tem certeza que quer esperar aqui fora? Uma criança não deve ficar sozinha desse jeito. — Gary provocou.

 — Você quer fazer o favor de entrar logo? Quanto mais cedo você cortar essa porcaria de cabelo, mais cedo estaremos de volta.

   Pete não estava irritado, mas realmente não queria ficar tanto tempo fora na companhia do maior. Gary conseguia o irritar com simplicidade.

— Não fique bravo, pequeno Petey, não irei demorar. Não arrume problemas para nenhum cidadão, e não fale com estranhos, ok?. — Gary zombava bagunçado os poucos cachos da cabeça de Pete.

 — Idiota.

   Pete empurrava Gary para dentro do estabelecimento para que ele o deixasse em paz, e Gary se divertia com a situação, mas antes de entrar no local ele endireitou sua postura encarando o menor com uma expressão séria.

 — Não é como se eu estivesse preocupado ou coisa do tipo, mas se alguém tentar fazer algo, me chame.

 — Não preciso da sua ajuda, eu sei me virar.

  Gary deu um leve sorriso ao adolescente menor e entrou. Finalmente um momento de paz, sem piadas idiotas, sem humilhações. Enfim, sem Gary.

   “Quem ele pensa que eu sou? Uma criança? Eu consigo me virar. Se as coisas piorarem, eu posso tentar fugir”. Pete pensou consigo, mas lá no fundo ele sabia que sua asma não colaboraria tanto assim com uma fuga longa.

  Pete se encontrava novamente distraído em seus pensamentos, ele olhava as muitas vitrines de lojas ao redor e ao longe ele avistava um grupo de jovens conversando em um beco próximo. Com uma aparência nada convidativa Pete julgou ser o grupo no qual ele havia ouvido falar recentemente. Pete observava os rapazes distantemente, pareciam ter mais idade do que todos os adolescentes da escola, assim como os caras que andavam com Zoe. Pete notou quando um dos jovens o encarava de volta. A expressão que ele tinha naturalmente em seu rosto fazia os calafrios que ele sentiu ao encontrar com o avô de Gary retornarem. Pete tentou desviar seus olhar para qualquer coisa na rua, chutando pedrinhas no chão, mas quando se deu conta ele sentia a mesma ansiedade e mau pressentimento que sentia antes de saber que Gary voltaria a escola. Pete ergueu sua cabeça lentamente disfarçando qualquer encontro visual que pudesse dar ao grupo de assassinos mirins. Tentar espiar um grupo que podia facilmente acabar com ele sem nenhum esforço era terrível, e as coisas só pioravam quando ele notou que além de encara-lo, agora todos vinham em sua direção. Pete queria acreditar que talvez eles estivessem indo em algum outro lugar, afinal, a presença dele não era a única naquela rua, ou era? Só agora ele percebera que sim, só existia sua presença naquela rua e naquele exato momento.

 “onde estão os guardas nesse momento?”, pensou consigo mesmo.

   Havia esfriado, esfriado muito. Talvez o tempo não fosse o culpado pelo frio que Pete sentira, mas sim a ansiedade que congelava as pontas de seus dedos junto ao vento que batia encontrando o suor que escorria por suas costas. Quando os jovens se aproximavam, os olhares em cima de Pete faziam um caminho de cima para baixo sobre seu corpo. Um adolescente em específico; com as pontas dos dedos, o empurrou contra a parede em que Pete se encontrava a esperar por Gary. Ele continha uma postura segura, talvez fosse o líder de tal grupo.

 — Qual é a sua? Por que tanto olha pra mim?

  Ele era alto e tinha um olhar medonho, era como olhar para Gary antigamente. Um olhar vazio.

— Ah, nada, nada. Acho que você entendeu errado eu... eu não estava olhando você, só estava olhando o movimento... apenas isso. Foi apenas um mal-entendido.

   O jovem ainda o encarava. É claro que sua desculpa não foi totalmente aceita, Pete era um péssimo mentiroso.

— Pelo seu uniforme, você vem daquele lixo que chamam de escola, que quase foi ao caos há um tempo. Eu deveria ter medo de você? Está mais pra uma garotinha assustada.

  O maior o pressionava cada vez mais contra a parede. Pete estava fechando os olhos prevendo que o pior estava por vir, foi quando alguém o puxou pelo braço o envolvendo pelos ombros o afastando do grupo. Foi apenas o tempo de Pete abrir os olhos com a surpresa. Ele agradecia mentalmente uma única vez em toda sua vida por Gary estar com ele naquele momento.




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