1. Spirit Fanfics >
  2. Renovação >
  3. Convite

História Renovação - Convite


Escrita por: LULUNATIC_ e LULUNA2R

Capítulo 9 - Convite


 O fim de semana se passava com um clima quente e abafado, junto a uma enorme preguiça para se fazer qualquer coisa. Ainda era cedo e a única coisa que Pete conseguia fazer era ficar olhando para o teto de seu quarto compartilhado com seu corpo relaxadamente jogado sobre a cama. Tudo estava bem calmo pela manhã e Pete imaginou que muitos adolescentes também se encontram em um estado de preguiça pós-sono, e junto a preguiça matinal de um dia quente o efeito estaria nos corpos em dobro. Sem aulas, sem correria, só um dia onde Pete poderia simplesmente relaxar, ou pelo menos era o que ele imaginava fazer se não fosse por seu colega de quarto que não se mantinha quieto por um instante.

 

— Petey, você tá acordado? Não são horas de você ainda estar dormindo.

 

  Gary era como uma praga que o incomodava sempre que possível, ele simplesmente não conseguia ver Pete parado por nenhum minuto sequer, seu modo automático sempre o fazia tirar a paciência do menor nem que fosse chamando pelo seu nome repetidamente.

“É pedir demais um pouco de sossego?” Pensou Pete.

 

— Peeetey, eu sei que você está me escutando e se você não me responder, eu vou...

 

   “Dentre todas as pessoas da academia, por que eu? Por que justo eu tenho que aturar alguém como ele?” Pete continuava com as indignações em sua mente.

  Gary não conseguia manter a boca fechada por mais de alguns minutos, mesmo que ele estivesse no mesmo tipo de situação que Pete se encontrava: deitado e sem nada pra fazer, apenas desfrutando a preguiça que lhe foi concebida naquele começo de dia.

 Ele pensou que seu colega insistiria até que Pete perdesse a paciência e o respondesse irritado, mas por alguns segundos o silêncio se fez presente no ambiente e Pete reparou imediatamente.

   Pete virou a cabeça na direção da cama de seu parceiro ao lado, esperando o encontrar com seu rosto impaciente o encarando, mas Gary não estava lá. Pete se perguntou em como ele conseguiu se mover tão sorrateiramente sem fazer nenhum barulho sequer. Procurou apenas com os olhos, pois a preguiça ainda consumia seu corpo. Ele olhava atentamente a cada parte do lado do quarto onde Gary geralmente ficava, mas simplesmente, não havia nenhum sinal do jovem cicatrizado. Pete então desistiu rapidamente de sua busca, ele apenas virou sua cabeça para a posição anterior e continuou a olhar para o teto nada interessante, mas totalmente hipnotizante. Finalmente ele poderia ter um pouco paz, e com a falta do que fazer e tentando encontrar alguma posição agradável para desperdiçar aquele começo do dia, ele apenas virou para o outro lado de sua cama e fechou os olhos para tentar voltar ao sono que tinha há alguns minutos.

 

   Estava realmente muito quieto e muito estranho, Gary simplesmente desistiu de incomodá-lo? Não... ele não desistia tão facilmente, então, para onde ele havia ido? Incomodar Jimmy? Era uma possibilidade sim, então Petey apenas cedeu a preguiça e fechou os olhos quando lembrou do que seu parceiro havia dito antes de sumir do quarto.

 

   “...Se você não acordar eu vou...” ele apenas abriu os olhos e viu Gary olhando para ele com uma cara realmente assustadora.

 

  — Você é um pequeno mentiroso, Petey. Se estava acordado, por que me ignorou?

  — Eu acordei agora.

  — Mentiroso, Mentiroso, men-ti-ro-so.

  — Ahh! Gary o que você quer de mim?

  — Eu não quero nada, por enquanto. Apenas acorde, me incomoda ver você tão despreocupado do meu lado.

  — Você quer que eu sinta medo de você?

  — Quer dizer que não sente medo de mim?

 

   Pete apenas ficou sem o que responder, ele nunca havia pensando sobre isso durante esse tempo que seu parceiro havia voltado. Era estranho, Gary não parecia mais um ser tão perigoso quanto era antigamente, e agachado ao seu lado seu parceiro esperava impaciente pela resposta.

 

  — Você está me ignorando por quê?

 

   Pete apenas bloqueou tudo o que Gary falava e virou sua cabeça voltando a olhar para o teto que parecia bem mais interessante do que qualquer coisa que ele escutava de Gary e levemente fechou os olhos.

 

 — Será que você perdeu mesmo o senso do perigo?

 

    Tudo voltava a ficar silencioso novamente... silencioso demais. Petey queria apenas ficar em paz, mas aquele silêncio o incomodava muito, não era assim repentinamente que Gary parava de falar, ele não iria simplesmente desistir. Foi então que Pete decidiu arriscar-se a abrir seus olhos para ver se tudo estava bem para que pudesse simplesmente continuar fazendo nada em seu quarto sem ser incomodado, mas infelizmente, ao abrir seus olhos ele se deparava com o rosto de Gary a centímetros de distância do seu. Ele continha um olhar desafiador.

 

 — O que você está fazendo? Já ouviu falar em espaço pessoal?

 

 — E você já ouviu falar que ignorar pessoas mais fortes que você é perigoso? Está achando minha cara engraçada? Que eu sou seu amigo? É bom você revisar o que acha que sabe sobre mim.

 

    Gary dizia palavra por palavra em um tom ameaçador, era como se ele soubesse realmente do medo que Pete sentia sobre pessoas mais fortes. Pete realmente nunca teve físico para nenhum esporte e muito menos para praticar nenhum tipo de luta para sua autodefesa, então ele aceitava o fato de que era um pobre indefeso e tentava ao máximo não se meter com qualquer pessoa que aparentasse ser o tipo de gente que humilhava os mais fracos, pois ele já estava a muito tempo nessa lista de pessoas rebaixadas.

 

  — Petey... Petey... você continua me ignorando.

 

  Pete nem havia prestado atenção na situação em que estava, apenas se perdeu nos pensamentos e quando percebeu Gary já estava a segurar seus pulsos contra o colchão por cima de sua cabeça e a encara-lo intensamente quase o fuzilando com os olhos

 

  — Gary, me solte! Isso não tem graça nenhuma...

  — Não é pra ter graça, é apenas para você aprender a não me ignorar quando eu estiver falando com você.

 

 Ele apertava cada vez mais os pulsos de Pete e com certeza as marcas futuramente seriam visíveis quando ele se soltasse.

 

  — Gary, me solta... está machucando.

 

  Ele apenas sorria e Pete tentava ao máximo se libertar quando em um instante os dois ouviram a porta do quarto se abrir bruscamente e com um olhar rápido viravam pra ver quem chegava tão visivelmente indiscreto.

 

  — Olá, meninas!

 

  Para a sorte de Pete, era Jimmy que já havia levantado mais cedo, ou na verdade já era tarde e ele não havia percebido o tempo passar enquanto aturava Gary e suas “brincadeiras”. Jimmy apenas olhou para os dois com uma cara confusa e em seguida perguntou sarcasticamente.

 

 — Interrompi algo? Se quiserem eu vou embora sem problema algum.

 

 Gary havia afrouxado os pulso de Pete o suficiente para que ele pudesse o empurrar para longe.

 

 — Interrompeu sim, meu momento intimo com meu querido companheiro de quarto, não é mesmo, Petey?

 

 — Você é um idiota!

 

 — Você não deveria falar assim comigo, não quer fazer seu amigo chorar, não é mesmo?

 — Na verdade queria mais que você sumisse.

 — Ora, o pequeno Petey se estressou com uma brincadeirinha?.

 — Idiota.

 

   Pete apenas se ajeitava e os dois até haviam se esquecido da presença de Jimmy no local que os encarava de uma forma divertida.

 

 — Eu deveria ter deixado pra lá e evitado passar aqui, essa briga de casal vai acabar acordando todo mundo.

 — Culpe Gary, é ele quem me inferniza.

 

  A raiva de Pete estava se estendendo a cada segundo que passava, então respirou fundo na tentativa de se acalmar, o que era bem útil nesses casos.

 

 — Então, Jimmy-boy, a que devo sua presença aqui?

 — Não seja chato com essas palavras chatas.

— A culpa não é minha se ao invés de estudar você fica paquerando qualquer tipo de vagabunda dessa cidade, tanto mulheres quanto homens.

 — É... Foda-se. Enfim, mais tarde terá um tipo de encontro ou sei lá o que pelos arredores onde Zoe anda. Eu não ouvi muito bem o que os caras disseram, mas vai ter bebida e eu, como um ótimo amigo, vim chamar vocês.

 

   Pete olhou meio confuso sem acreditar no que Jimmy havia falado. Ele realmente estava convidando Pete para algum tipo de encontro entre amigos? Logo ele? O garoto da escola que mais parece com uma criança pelo seu tamanho e que por esse motivo era humilhado por valentões não só da escola como da cidade? Mas o mais surpreendente nem era isso e sim o fato de Jimmy ter chamado não só ele como a Gary. Várias coisa se passaram na cabeça de Pete em poucos segundos. Jimmy estava tentando ser legal com Gary? Será que ele realmente havia esquecido que os dois estavam caindo de cima do telhado da escola há um tempo atrás? Pete apenas olhou para Gary com uma cara de que nada daria certo com ele lá.

 

 — Jimmy, nós não podemos beber, ainda temos dezessete anos.

 

 — Não seja estraga prazeres, Pete, não somos crianças e nossos pais não estão aqui. Nós não vamos ficar bêbados nem nada do tipo, se você não quer beber você não vai ser obrigado a nada. Eu só pensei em tirar você daqui por um tempo, você parece viver numa caverna, não fala com ninguém a não ser com esse... esse...

 

  — Perdeu as palavras Jimmy-boy? Você quer dizer com esse companheiro adorável e intelectual.

 

  — Não, eu quis dizer com esse babaca.

 

   Pete não tinha mesmo o que fazer, provavelmente tudo era melhor do que ficar colado com Gary o dia todo no mesmo quarto, mas Gary também fora chamado e Pete ainda tinha esperanças de que ele recusasse ir junto para evitar qualquer tipo de problemas e para não encher sua paciência como ele sempre fazia.

 

  — Então, vocês vão?

 

   Pete demorou um pouco para responder, mas fez um sinal positivo com a cabeça e em seguida olhava para Gary torcendo mentalmente para que ele não aceitasse.

 

  — Eu realmente não sei por que você me chamou, esqueceu que todos me odeiam?

  — Só chamei porque não iria deixar você aqui inventando coisas ridículas sobre mim para os outros.

  — Eu posso muito bem espalhar coisas ruins para as pessoas que estarão lá sem que você perceba.

  — Pete estará com você, ele sabe conversar muito bem. E já que vocês estão tão íntimos, talvez ele mude seu comportamento, Sr. Sociopata.

 

   Jimmy sorriu para Pete que estava confuso com tudo aquilo. Como ele conseguia dizer aquilo de Pete? Pete não conseguia conversar com ninguém estranho, muito menos com Gary, mas com toda a certeza era melhor ter Gary por perto do que mantê-lo fora de alcance sem saber o que ele poderia fazer. Então, para o azar de Pete ele teria que atura-lo por mais tempo do que desejava.

 

  — Certo... mais tarde eu passo aqui ou vocês se viram sozinhos?

  — Eu não s...

 

   Mas antes que Pete pudesse completar sua frase, Gary cruzava os braços e olhava para Jimmy de uma forma pacifica. Claro que Pete de primeira estranhara seu comportamento, além de ter ficado quieto por alguns minutos ele ainda estava sendo “normal” com seu inimigo na sua frente.

 

  — Não precisa vir, eu sei onde vai ser.

 

  Como ele sabia? Pete nunca conseguia ver Gary longe da escola, na maioria das vezes ele estava no quarto enchendo o saco de Pete o tanto quando pudesse.

 

  — Certo, então vejo vocês lá.

 

  Jimmy apenas se virou sem dar nenhum tipo de advertência a Gary sobre mais tarde, apenas fechou a porta do quarto e seguiu a fazer suas atividades. Pete apenas se jogou novamente em sua cama esticando-se e dando um longo suspiro. Aquilo não era muita coisa pra ele? Ele não teria com quem conversar, eram amigos de Jimmy, ele nunca falou com nenhum deles a não ser Zoe, e por que Jimmy estaria no mesmo local que ela, Eles não haviam terminado? Certamente Pete não sabia dessas coisas de relacionamento, então evitou pensar sobre o assunto enquanto via Gary dando passos lentos pelo quarto com o rosto pensativo.

 

 — Gary, como você sabe o local do encontro?

 — Hm...Tenho meus métodos.

 — E quais seriam...?

 — Não é da sua conta.

 

É, estava bom demais pra ser verdade, sua forma normal de falar havia voltado.

 

 — Sabe... eu não quero ir, ainda mais com você.

 — Por quê? Eu não irei fazer nada lá, estarei bem longe de vocês.

 — Longe? Por que longe? Vai aonde?

 — É só um modo de falar, só não vou estar interagindo com ninguém, meu ponto forte é observação. Quando tiver algum tipo de “desentendimento”, aí sim participarei.

 

  Pete apenas revirou os olhos e se afundou cada vez mais em sua cama.

 

 — Você não sente medo que alguém te mate algum dia?

 — Não, algum dia nós todos teremos o mesmo destisno, certo? Então, até lá, eu prefiro fazer o que eu quiser e quando eu quiser.

 — Você é Horrível.

 — Eu sei.

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...