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História Resiliência - A razão da minha vida


Escrita por: bolodebaunilha

Notas do Autor


HO HO HO FELIZ NATAL! ❤ ❤ ❤

Que o dia de hoje tenha sido cheio de alegrias para vocês que acompanham Resiliência!

Demorei mais que pretendia, mas gente fim de ano é uma loucura e eu ainda trabalhei!
Estou morta mas consegui! ❤

Peço desculpas a quem ficou esperando até tarde por esse capítulo e espero que mesmo sendo mais parado que os últimos tenha valido a espera. :)

Esse capítulo é especial para quem estava com saudades da Sakura e curioso para saber o que aconteceu com ela nesses cinco anos que passaram!
Ah, e claro, conhecer mais um pouquinho do Sano!

Tenho MUITOS agradecimentos a fazer que nem sei por onde começar ❤ ❤ ❤ ❤
Vocês me deixam super emocionada com todo esse carinho ❤
CHEGAMOS A 441 FAVORITOS YAAAAAAAAAAAAY :D
Cada um de vocês é muito especial para mim, obrigada por acompanharem Resiliência ❤ ❤ ❤
Os comentários também estão maravilhosos e estou morrendo por ainda não ter dado conta de responde-los! Mas assim que desafogar um pouco da correria de fim de ano eu vou responder cada um com muito muito muito carinho ❤
(Espero que não pensem que estou ignorando as coisas lindas que vocês comentam! Só me falta tempo para dedicar a devida atenção que merecem! Não se preocupem que logo logo todos vão ser respondidos)
Agradecimento SUPER especial para três pessoas lindas: mayarah_25, UchihaSpears (que sempre consegue arrancar spoiler de mim HAHAHA ❤) e Nikyta que quase me mataram ao deixarem depoimentos maravilhosos lá no Nyah! Juro que fiquei tão emocionada que rolou até dancinha de comemoração HAHAHAHAHA Sério, não consigo acreditar até agora ❤
VOCÊS SÃO LINDAS ❤❤❤❤❤❤❤
Obrigada também Elisabella Mizuta, Lívia Mendes, Diana Marques, Mariana Neise e Diana Rodrigues por terem falado sobre Resiliência lá no grupo do facebook! Você são tão lindas que aaaah, nem sei o que falar ❤❤❤❤
É por vocês que estou aqui correndo para atualizar o mais rápido possível ❤
(e espero que não fiquem chateadas por eu ter demorado tanto, fiz o possível para atualizar rápido! ❤)
Obrigada também a todas as leitoras gracinhas que comentaram nos tópicos delas falando coisas tão lindas sobre minha fic ❤
Aaaah, é tanta gente para agradecer que espero ter lembrado de todo mundo ❤❤❤❤❤
AMO VOCÊS ❤

Bem, sem mais enrolação, aqui vai o decimo segundo capitulo!
Boa leitura :*

OBS: Apenas para lembrar dos links nas notas finais com explicações e referencias.

Capítulo 12 - A razão da minha vida


Fanfic / Fanfiction Resiliência - A razão da minha vida

Sasuke era conhecido como o Oyabun mais impiedoso e sem sentimentos que já esteve à frente dos homens da Sharingan.

Era forte, orgulhoso e nunca sentiu medo de nada na vida.

Sempre com sua máscara de indiferença e frieza, parecia uma rocha, impenetrável e intimidante.

Seu único arrependimento não tinha relação com as milhares de vidas que tirou, mas sim com o único coração que partiu.

O homem conhecido por ter o coração de pedra, ser um demônio que arrancava cabeças e se orgulhava do sangue que derramava, descobriu que mais doloroso que um tiro ou qualquer golpe que já recebeu na vida, o amor podia machucar.

Era responsável por perder a única mulher que conseguiu traspassar todas as suas barreiras e aquecer seu coração.

Todos os dias tinha a responsabilidade de decidir quem vivia ou morria, mas nada se comparava com o que sentiu ao tomar a decisão de deixa-la sair de sua vida.

Ao mesmo tempo que finalmente descobriu ter um coração e a como amar, descobriu a saudade.

Passou por tanta coisa nesses últimos cinco anos longe dela mas nada se comparou com o que sentiu naquele momento.

Havia enfrentado inimigos poderosos e estado entre a vida e a morte por mais de uma vez.

Mas nada em sua vida o preparou para aquele dia.

O dia que descobriu que era pai.

– Sasuke? – Naruto chamou preocupado ao ver a cor sumir completamente do rosto já pálido do melhor amigo.

Sasuke parecia em estado de choque olhando a interação entre mãe e filho no saguão do aeroporto.

“É meu filho”, repetia sem parar em pensamento.

Analisava cada traço do rostinho infantil completamente atordoado. Várias e várias vezes corria os olhos pelo pequeno para ter certeza dos pontos que os tornavam tão parecidos.

Não havia dúvidas.

Foi como um curto circuito na mente sempre ativa do Uchiha. Estava tudo em branco apenas assimilando o que via mesclado com lembranças do tempo em que esteve com Sakura.

E quando ouviu a risada infantil ecoar alto pelo lugar pouco movimentado foi sufocado por uma avalanche de questionamentos, dúvidas, medos e inseguranças que simplesmente não estava acostumado a ter.

Era demais para ele.

Atordoado e sentindo o estomago saltar descontrolado, deu as costas para sua família e cambaleou como um bêbado para fora do aeroporto. Tão desorientado que nem percebia os encontrões que dava nas pessoas que passavam.

Saiu pelas portas automáticas sentindo o vento frio de Konoha soprar o suor que começava a se acumular em seu rosto. Estava bem agasalhado com seu terno e um sobretudo elegante, mas sentia frio.

“É meu filho”

Em passos vacilantes se aproximou do meio fio, se apoiando em um carro estacionado ali, e vomitou tudo o que comeu naquele dia e um pouco mais.

Naruto suspirou vendo a cena e parou em uma maquina automática colocando algumas moedas e pegando uma garrafa de água gelada.

Com ela em mãos encostou na lateral do carro, aguardando o tempo necessário para Sasuke colocar tudo para fora.

Se ele já estava completamente louco com a descoberta nem conseguia mesurar o que se passava pela cabeça do Uchiha.

Agachado próximo a roda do carro, Sasuke apoiou o corpo na lataria do veiculo sem ter forças para levantar. Aceitou de bom grado a água que Naruto o entregou e bebeu boas goladas antes de usar o liquido para limpar a boca.

Inspirou e expirou várias vezes aproveitando o clima frio para se acalmar.

“É meu filho”

A cabeça já doía e sentia que se levantasse muito rápido iria ao chão, já que tudo a sua volta parecia rodar um pouco.

Fechou os olhos com força e apoiando no carro levantou.

– Você ‘tá bem? – Naruto perguntou pegando a garrafa já vazia das mãos de Sasuke e arremessando em uma lixeira próxima.

– Hn – Resmungou qualquer coisa olhando para a porta do aeroporto, como se esperasse que Sakura e o menino saíssem a qualquer momento por ela.

“Eu tenho um filho”, pensou chocado. Mentalmente refez a conta que já tinha feito milhares de vezes e ainda o assustava pensar que a criança tinha quatro anos!

– Sasuke... Ele é... Não é? – O Uzumaki perguntou se perdendo nas palavras, sem saber ao certo como agir em tal situação – Quer dizer... Tem certeza?

O rostinho dele voltou a sua mente e não lhe restava dúvidas. A idade e a aparência tão comum de um Uchiha. Era como se ver criança.

Se visse uma foto do garoto só saberia que não era alguma antiga sua por conta do olhos. Aqueles olhos.

– Tenho – Passou as mãos pelos cabelos de modo nervoso – Aquela criança é meu filho!

– Caralho! – O loiro apoiou o corpo no carro ao lado coçando a cabeça em um gesto de nervosismo – Que loucura, cara!

Sasuke concordava. Aquela era a situação mais louca de sua vida e simplesmente não sabia como agir.

– O que você vai fazer agora? – Perguntou interessado. Praticamente podia ouvir as engrenagens girando na cabeça do Uchiha – Você sabe, não é? A existência dessa criança muda tudo!

O que iria fazer?

Havia acabado de passar pelos piores momentos de sua vida quando Sakura foi levada. A possibilidade dela estar morta ainda lhe causava um mix de sentimentos negativos que era difícil explicar.

Toda a situação apenas fez com que tivesse certeza que aquele mundo em que vivia não era para Sakura. Como poderia viver sabendo que havia colocado ela na mira de seus inimigos?

Já havia tomado a decisão de se afastar mais uma vez, mas agora tudo havia mudado.

Somente a existência de seu filho mudava completamente não apenas sua vida, como toda a configuração atual do clã.

Sendo um Uchiha, filho de um Oyabun, o tornava automaticamente seu herdeiro e próximo líder da Sharingan.

O nascimento de uma criança assim era aguardado e comemorado com entusiasmo, ainda mais sendo um garoto. Apenas filhos homens poderiam assumir o clã e ali, naquele aeroporto, estava o futuro da yakuza.

Aquele menino teria o poder de toda a máfia japonesa nas mãos.

Mas Sasuke pouco se importava com o destino da Sharingan naquele momento, o que estava o fazendo praticamente surtar era o fato de que agora tinha que decidir o que fazer a respeito da descoberta.

Sendo seu filho o menino estaria na mira não só na imprensa – Em capas de revistas e programas de televisão – como também dos outros clãs. Se anteriormente o apavorava ter Sakura nessa posição, agora praticamente perdia a cabeça ao pensar que aquele pequeno ser tão parecido consigo correria qualquer tipo de perigo.

E com pesar percebeu que não importa a decisão que tomasse, não seria capaz de perder mais nada da vida do filho.

Não por ele ser seu herdeiro no clã ou muito aguardado por todos. Mas porque já havia perdido demais, sacrificado demais e sofrido muito.

Não tinha mais forças para afastar sua felicidade.

“É meu filho”

– Marque uma reunião com Minato – Ordenou para Naruto, já puxando o celular do bolso e discando rapidamente o número de Izumi – Desmarque todas as minhas reuniões até segunda ordem – Falou sério – Sem previsão, apenas limpe a agenda pelo próximo mês – Encarou seu reflexo na parede de vidro do aeroporto, seus rosto mostrava o cansaço que sentia no momento mas o brilho em seus olhos indicava que estava tomando a decisão certa – Chame Neji e mande-o ficar de sobreaviso, vou precisar dos serviços dele logo mais.

Encerrou a ligação ainda pensando em tudo o que tinha para fazer.

No momento que tomou a decisão, tudo havia mudado.

– Ele está esperando a gente na Kurama – Naruto disse ao desligar o celular – O que vai fazer? – Tornou a questionar.

Sasuke olhou para o céu nublado onde pequenos flocos de neve começavam a cair e depois voltou seu olhar para o melhor amigo que o encarava com expectativa.

– Não pretendo sair de Konoha sem minha família – Respondeu com seriedade, sem deixar margem para dúvidas.

Ficar sem Sakura e seu filho não era mais uma opção.

•  •  •  •  •  •  •

Os olhos verdes abriram ao sentir o sol batendo em seu rosto de maneira incomoda. A cortina aberta indicava que alguém novamente adormeceu observando as estrelas.

Suspirou e resolveu levantar, tinha muito o que fazer.

Sentiu a cabeça doer no ponto que foi atingido e lembrou dos momentos de terror que viveu. Nem parecia que alguns dias atrás havia sido sequestrada na porta de casa, tudo parecia um pesadelo e a rotina já havia voltado ao normal.

Já com o uniforme do trabalho foi para a cozinha preparar o café da manhã, tarefa que foi automaticamente tomada como sua quando suas companheiras de casa perceberam seus dotes culinários. Mas não se importava com isso, adorava cozinhar.

– O que acha de panquecas, Fluffykins? – Perguntou para o gato que havia acabado de subir na bancada da cozinha para observar a dona preparar a refeição. Se olharam por um tempo como se ela verdadeiramente aguardasse uma resposta.

– Acho ótimo! – Quem respondeu foi Hinata, que chegava na cozinha já também vestida com o uniforme do Café onde trabalhavam – Quer ajuda? – Ofereceu gentil enquanto abria a geladeira para pegar o leite.

– Não, obrigada – Sorriu agradecida enquanto batia a massa e alternava o olhar para a televisão. O Pequeno Urso passava na tela e ela se sujaria toda se não tivesse usando avental, pois se distraia fácil com o desenho que gostava desde pequena – Vai acordar as meninas? – Perguntou deixando a vasilha e o batedor de lado e procurando a frigideira.

– Vou né – Suspirou mostrando a preguiça – Não quero atrasar para o trabalho novamente por culpa delas.

– Tsunade arranca nossas cabeças caso aconteça mais uma vez – Concordou lembrando da tia – e chefe – rígida com horários.

Depois de despejar um pouco da massa na frigideira se apressou para colocar os pratos, garfos e copos na mesa. Voltou para a cozinha a tempo de virar a massa e repetir o processo de preparo algumas vezes, até ter uma pilha generosa de panquecas fresquinhas.

Levou a travessa com elas, acompanhadas com geleia caseira preparada no dia anterior e a jarra do suco de laranja, para a sala, com todo o cuidado do mundo já que na terça passada havia tropeçado em Fluffykins e derrubado tudo fazendo com que todos os moradores da casa ficassem sem café.

Ainda podia escutar as reclamações dramáticas de Ino ecoando em sua cabeça.

Terminou de ajeitar tudo na mesa ao mesmo tempo que as figurantes de The Walking Dead, mais conhecidas como Ino e Tenten, surgiram pela escada sendo acompanhadas por Hinata.

– Bom dia! – Cumprimentou sorrindo com todo o seu bom humor.

Recebeu alguns resmungos em resposta mas não se importou. Já servindo algumas panquecas em seu prato e um pouco menos em outro, no qual caprichou na geleia mesmo sabendo que Sano faria uma bagunça enquanto comia.

Sentaram nos lugares e Sakura servia o suco no copo com estampa de dinossauro quando escutou passinhos sonolentos descendo as escadas.

– Bom dia – A voz infantil cumprimentou banhada em sono e preguiça.

Sakura sorriu para o pequeno que coçava os olhinhos verdes e tinha os cabelos pretos mais bagunçados que o normal. O pijama azul de mangas compridas cheio de dinossauros coloridos estava amarrotado mas não tirava o charme daquele que, modéstia a parte de Sakura, era a criança mais bonita do mundo.

– Bom dia querido! – Afastou a cadeira ao seu lado para o filho subir com um pouco de dificuldade. Era bem independente mesmo com tão pouca idade, sempre querendo fazer as coisas sozinho e recusando ajuda quando achava que conseguia.

Simplesmente odiava a cadeira alta e preferia ficar sentado em algumas almofadas para alcançar a mesa.

Ficava repetindo que já era um garoto grande. “Vou fazer cinco aninhos mamãe, sou grande”, ele falava todo pomposo, como se fosse grandes coisas. E ela apenas apertava suas bochechas até que Sano resmungasse. Exatamente como ele fazia.

Um pouco mau humoradinho por conta do sono, não deu muito bola para as mulheres da mesa que tentavam a todo custo chamar sua atenção. Se concentrou em comer a panqueca, apanhando um pouco para cortar os pedaços, mas por fim lambuzando o rostinho todo com geleia.

Sakura comia seu café da manhã e hora ou outra limpava o rosto dele que à olhava indignado, odiando o modo como ela metia o guardanapo na sua boca de repente.  

– Como foi seu encontro com o cara de Direito? – Tenten perguntou para Ino e todas olharam interessadas para a loira. Já era tradição escutar os casos contados por ela sobre seus encontros no café da manhã.

– Vocês não vão acreditar! – Largou na mesma hora os talheres e todas souberam que uma boa história seria contada – Acho que entrou para o top 5 de piores encontros da minha vida! – Parou para pensar – Mas se bem que... Bem, tenho que contar a história toda para vocês entenderem!

– Mas Ino, você ficou duas semanas de olho no rapaz – Hinata comentou depois de mastigar e engolir um pedaço de panqueca.

– Sim! – Exclamou – Mas nunca que ia imaginar que seria tão horrível.

– Foi tão ruim assim? – Sakura perguntou ajudando Sanosuke a cortar a panqueca.

– Foi – Balançou a cabeça exageradamente – A gente combinou de sair para um barzinho – Começou a narrar e todas largaram a refeição para prestar atenção – Chegamos lá e já não gostei. Era um daqueles bares de motoqueiro com cerveja barata e ambiente masculino – Fez uma careta desgostosa – Acho que fora as garçonetes com pouca roupa eu era a única mulher no lugar.

– Caramba – Tenten comentou imaginando a cena de Ino, toda produzida como sempre, entrando em um lugar caído daqueles.

– Pois é – Concordou – Mas relevei porque o boy era muito gato né. Uma mistura de Brad Pitt com aquele cara de The Vampire Diaries – Pegou o celular para mostrar fotos do sujeito e todas aprovaram – E pensei que poderia no minimo beber umas cervejas e beijar bastante – Suspirou – Mas, não é que o idiota ficou a noite toda bebendo com os amigos motoqueiros e jogando sinuca enquanto minha bunda ficava quadrada no banquinho do bar?! – Exclamou indignada e todas riram imaginando a situação.

– E o que você fez? – Sakura perguntou quando cessou a risada.

– Deixei o babaca lá e fui para um motel com o barman – Deu de ombros sorrindo maliciosa – No final foi uma noite muito produtiva e fiz bom uso da lingerie nova que comprei para a ocasião – Falou mais baixo para que Sano, que estava concentrado no desenho que passava na televisão e na panqueca que comia, não escutasse.

Todas riram da história e Ino deixou claro que no intervalo do trabalho elas escutariam detalhes sobre a transa com o barman bem dotado e todo tatuado. 

– Vocês podem arrumar a mesa enquanto eu limpo esse mocinho? – Sakura perguntou se levantando da mesa e pegando Sano no colo. Sentindo o peso do pequeno já começava a sentir saudades de quando ele era apenas um bebê.

– Vai lá – Ino respondeu ajudando Hinata e Tenten a organizar tudo enquanto Sakura já subia as escadas.

Deu um banho rápido no filho apenas para desperta-lo e limpar toda a sujeira da geleia e saindo do banheiro, o colocou sentado na cama todo enrolado na toalha – daquelas com toquinha de bichinho – enquanto buscava as roupas dele no closet.

Ao voltar já o encontrou se secando sozinho, mas deu uma passada de toalha só para garantir. Todo independente ele já foi pegando as roupinhas de sua mão para vestir, pedindo apenas por apoio na hora de colocar a cuequinha com estampas de dinossauro e a calça. Enquanto Sano vestia a blusa de manga comprida cinza, Sakura foi até a janela à abrindo rapidamente apenas para comprovar que fazia muito frio. A previsão do tempo anunciava neve para os próximos dias e por isso ela empacotaria o filho sem dó.

– Não quero – Resmungou o moreno quando Sakura vestiu mais um casaco nele e subiu o zíper até em cima – Mamãe – Choramingou quando a viu pegar o pente.

– Está frio e você acabou de melhorar da gripe – Disse de forma amável ao lembrar que o pequeno ainda tomava alguns remédios para tosse – Seu cabelo está descontrolado! – Riu ajeitando os cabelos rebeldes com um pente, mas desistindo depois de ver que não tinha lá muita solução para aquela desordem e puxou o capuz da blusa de frio cobrindo a cabeça dele, tomando o cuidado para proteger bem as orelhas. Ventava muito lá fora. Se continuasse a esfriar assim ele teria que começar a ir para a aula de touca e luvas.

Por fim calçou as meias e a botinha nos pés do filho o pegando no colo e colocando no ombro a mochila de dinossauro.

Desceu as escadas com Sano tagarelando sobre o desenho que assistiu durante o café da manhã e antes de sair de casa junto com as meninas, já todas bem arrumadas nos uniformes, pegou a lancheira dos Avengers que já esperava pronta na bancada.

Enquanto Ino segurava o pequeno e sua bagagem, Sakura vestia o sobretudo e colocava o cachecol. O Café de Tsunade, onde todas trabalhavam ficava ali mesmo na rua, mas o frio estava intenso demais para ir desagasalhada.

– Mamãe – Chamou quando voltou para o colo de Sakura – Vamos assistir filme hoje? – Pediu enquanto as mulheres atravessavam a rua. Sakura tentava não escorregar no gelo acumulado na calçada e prestar atenção no que o filho falava ao mesmo tempo.

– Sim – Respondeu sorrindo apertando os braços em torno do pequeno. Ele cheirava tão bem.

Pêssego misturado com cheirinho de neném.

– Quero Carros – Anunciou o filme escolhido. E Sakura reprimiu um suspiro já que seria a milésima vez que assistiria ao desenho com carros falantes.

– Nossa, quantos policiais!  – Tenten comentou de repente atraindo a atenção de todas.

– Uau, eles podem ficar a vontade para me prender – Ino acrescentou acenando com a mão para um deles e sendo repreendida por Hinata que falou algo a respeito deles estarem a trabalho.

A rua estava tranquila e tudo funcionava normalmente, mas dois carros de policia estavam por ali e homens fardados andavam pela calçada.

– Que estranho – Sakura olhou para eles por um tempo mas por fim deu de ombros. Talvez tivesse acontecido algum assalto ou algo do tipo.

Apenas esperava que não houvesse sido nada grave.

Ainda tinha alguns pesadelos com o pouco tempo que ficou em cativeiro e não pretendia passar por tal experiência novamente.

Logo já estavam na frente da escolinha onde Sano estudava. A professora aguardava na porta recepcionando todos os alunos.

Sakura colocou o filho no chão, colocou a mochilinha nas costas dele e entregou a lancheira, deu um beijo na bochecha rosada e o viu correr porta a dentro empolgado por encontrar os amiguinhos.

– Ele nem olha para trás esse ingrato – Ino resmungou como fazia todos os dias. A loira era madrinha e praticamente tia de Sano, e muito apegada a ele.

– Vamos para o trabalho? – Sakura perguntou para as amigas e todas concordaram.

Atravessaram a rua e entraram no charmoso café que ainda tinha a plaquinha “Closed” na porta da frente.

Tsunade era a dona e sempre teve o lugar como sua fonte de renda, mas as coisas melhoraram bastante quando Sakura chegou com seus doces. A clientela aumentou e o lucro também, e atualmente o Byakugou era considerado o melhor Café da cidade.

– Bem vindas meninas! – Tsunade cumprimentou deixando a vassoura que tinha em mãos de lado. Já estava quase na hora de abrir. – Como vai Sano? – Perguntou para Sakura, depois que a rosada deixou seu sobretudo e sua bolsa na sala de funcionários ao fundo da loja.

– Vai bem – Sorriu depois de beijar o rosto da tia querida – Pediu para assistir Carros mais uma vez – Comentou colocando o avental e dando a volta no balcão. Hinata trazia com a ajuda de Tenten as tortas que Sakura já havia deixado prontas na noite anterior e passavam para a Haruno que acomodava no mostruário enquanto narrava para Tsunade quantas vezes já havia visto o filme com o filho.

Ino logo se aproximou com as cartelinhas de preço já preenchidas e Tsunade colocou em frente aos doces.  

– Ser mãe é isso aí – Tsunade disse por fim e Sakura concordou. Não importava quantas vezes tinha assistido o filme com o filho, assistiria mil mais apenas para vê-lo feliz.

Quando Tsunade virou a plaquinha da porta para “Open” não demorou muito para o pequeno Café estar cheio e as meninas correndo de um lado para o outro para atender os fregueses.

Alem dos doces de Sakura o lugar era conhecido pelas simpáticas garçonetes que alem de gentis e sorridentes eram muito bonitas. Tudo graças ao uniforme que Ino escolheu e que lembrava muito o que usavam no Café que trabalhavam em Tóquio.

Por volta de meio dia as coisas desaceleraram um pouco e Tsunade liberou Ino e Sakura para almoçar. Elas não poderiam demorar muito já que Hinata e Tenten ficariam sozinhas enquanto isso, mas era tempo suficiente para comerem do bentô delicioso que Sakura preparava todos os dias.

– Você e Sasori não deram certo mesmo, né? – Ino perguntou depois de um tempo em silêncio.

– Não – Suspirou olhando para fora da janela vendo a escolinha do filho e já sentindo saudades – É complicado.

– Complicado porque você tem medo – Pontuou depois de beber um gole da latinha de chá gelado – Você devia dar uma chance para ele Testuda.

– Eu dei, e não deu certo – Apoiou o rosto na mão ainda olhando o prédio onde o filho estudava. Inevitavelmente lembrou dele e sentiu o coração acelerar como sempre acontecia.

– Não deu certo porque você não deixou – Retrucou sincera – Você tem medo, ficou traumatizada e tudo mais, mas não pode perder a chance de ser feliz.

– Eu sei – Respondeu incomodada finalmente olhando para a amiga – Não é como se eu ainda amasse incondicionalmente ele – Começou a falar procurando as palavras certas – Mas também não é como se eu não tivesse mais sentimentos fortes por ele – Suspirou mexendo no canudinho do suco de morango – Sanosuke me lembra dele todo dia – Admitiu pesarosa – Como esquecer?

Infelizmente, ou não, Sano era a cópia fiel de Sasuke. O rostinho com traços aristocratísticos, o nariz perfeito, as sobrancelhas e os cabelos pretos bagunçados. Apenas os olhos e a boca eram dela, de resto era como ver um Sasuke em miniatura. O filho era uma constante lembrança do homem que amou e que quebrou seu coração.

Alem disso, o pequeno era fascinado pelo pai, mesmo nunca tendo conhecido ele. Sakura contava o básico, e omitia o porque dele não ser presente. “Seu papai viaja muito”, era o que dizia e o menino em sua inocência acreditava e ficava todo sorridente para a foto que tinha no criado ao lado da cama. Nunca contaria tudo de ruim que o Uchiha fez a ela, e se no futuro Sano quisesse, ela apoiaria seu encontro com o pai.

Só o adiaria por hora, por saber que mesmo depois de 5 anos ainda não se sentia segura de estar à frente do moreno sem surtar. Alem disso se sentia magoada por não ter sido procurada depois de tudo que passou por conta dele.

– Sei como é difícil – Ino entendia a amiga perfeitamente e a apoiava em tudo. Durante esses anos foi quem ajudou Sakura a se reerguer e se transformar na mãe incrível que era – Mas coitado do gostoso do Sasori.

– INO! – Sakura arremessou uma bolinha de guardanapo na amiga e as duas riram – Ele entendeu.

– Ele é um santo! – Comentou risonha – Santo Saso-chan.

As duas riram mais ainda implicando uma com a outra até que Tsunade surgiu repreendendo pelo barulho. Terminando a refeição rapidamente logo estavam de volta ao trabalho.

Um pouco depois do almoço Tenten fez o favor de pegar Sano na escolinha e levar para o Café. Todos os dias era a mesma rotina, ele saia da aula e ficava sentadinho em uma mesa no canto do Café desenhando ou brincando. Era novinho, mas muito comportado quando a mãe pedia. Não era daquelas crianças que corria ou mexia em tudo, apesar de vez ou outra fazer uma bagunça em casa, no Café se comportava muito bem. A parte que o pequeno mais gostava de tudo isso é que hora ou outra ganhava um docinho das amigas da mãe ou então um paparico das senhoras que frequentavam o lugar.

As coisas só eram diferente nos dias que o moreninho tinha alguma atividade depois da aula normal na escolinha, nesse caso Sakura o pegava logo depois do trabalho.

– Vamos? – Já era final da tarde quando Sakura chegou perto do filho. Ele estava concentrado desenhando alguma coisa e mal viu a mãe se aproximar, só percebeu quando ela passou a mão por seus cabelos.

– Aham – Respondeu já levantando da cadeira – Xixi! – Informou de repente dando pulinhos no mesmo lugar para ressaltar como estava apertado.

– Consegue sozinho? – Perguntou erguendo uma sobrancelha e o pequeno assentiu segurando as mãozinhas entre as pernas em meio aos pulinhos – Qualquer coisa chama! – Gritou enquanto Sano corria pelo Café.

O pequeno espertinho já usava o banheiro direitinho sem ajuda. Depois que ele começou a reclamar, Sakura parou de ajuda-lo na tarefa.

“Você é menina mamãe”, ele dizia quando ela tentava entrar no banheiro junto, “meninos não podem fazer xixi na frente de meninas”, completava o discurso antes de fechar a porta na cara dela. E a Haruno achava graça do projeto de homenzinho que tinha.

– Lavou as mãos? – Perguntou quando ele voltou com uma clara expressão aliviada. Abaixou e ajeitou a calça que ele usava e que estava toda torta no lugar e entregou o casaco para que ele vestisse.

A rua ainda estava cheia de policiais quando saíram e apesar de estranho elas deixaram de lado. Era até bom que se sentiam mais seguras.

Logo já estavam em casa. Era uma das praticidades do Café, a escolinha e a casa delas ficarem na mesma rua.

Enquanto as meninas se arrumavam para a faculdade, Sakura ia tomar um banho. Sano estava na sala concentrado em um desenho e ela aproveitaria esse tempinho livre.

– Já estão indo? – Perguntou descendo a escada já em roupas confortáveis.

– Sim – Hinata respondeu passando por ela rapidamente – Temos prova! – Viu Ino fazer uma careta e soube que ela pouco havia estudado.

Se sentia um pouco culpada já que o principal motivo era a ida dela para Tóquio. Ela e Tenten perderam aulas e também não conseguiram se preparar de maneira apropriada para a semana de provas.

Mesmo elas garantindo que fariam tudo novamente, não deixava de se sentir mal pela situação.

– Boa sorte! – Desejou sinceramente quando as três passaram pela porta da frente apressadas.

Deu uma conferida no filho, que agora rabiscava alguma coisa com seus giz de cera e foi para cozinha.

Para aumentar a renda ela fazia bolos sob encomenda e era bem requisitada no bairro.

Andou até o rádio que deixava na bancada da cozinha e ligou na música “Panic Cord” da Gabrielle Aplin.

Adorava cozinhar ouvindo música, mesmo que as vezes se empolgasse cantando e dançando deixando assim a comida queimar.

Outro dia mesmo havia colocado fogo em um pano de prato ao se distrair encenando um solo de guitarra muito inspirador. Naquela ocasião estava ajoelhada no chão balançando os cabelos quando o cheiro de queimado atraiu sua atenção. Gritou alto assustando Fluffykins que arranhou Sano, que chorou e, sem saber a quem atender primeiro, jogou a jarra de suco fogo e acabou acertando o filho e o gato. Foi terrível e até hoje as amigas a zoam por isso.

Sano pegou trauma de suco de uva depois do episodio.

– Vamos trabalhar! – Cantarolou empolgada colocando o avental de babadinhos e começando a separar os ingredientes.

Seus pulsos ainda mostravam marcas das cordas, mas ela não ligava. Estava mantendo a cabeça ocupada para não lembrar e ignorava as marcas em seu corpo com determinação.

Andava pela cozinha com familiaridade alternando os passos com dancinhas desengonçadas.

Maaaybe I pulled the panic cord – Cantava alto por cima do barulho da batedeira – Maaaybe you were happy, i was bored – Batucava a bancada com colheres – Maybe I wanted you to change, maybe I’m the one to blameee!  

Empolgada usou o fouet como microfone e fez caras e bocas para sua plateia –   Sano e Fluffykins – que sentados no sofá da sala viam tudo de camarote. O garoto volta e meia dava risadas da performasse da mãe.

Achava sua mamãe a mais legal do mundo!

Despejou a massa na assadeira, derramando um pouco já que continuava a dançar. Seu avental já estava todo sujo assim como seu cabelo cheio de farinha, mas estava vivendo um bom momento.

Já tinha bastante prática, então enquanto o bolo estava no forno – fazendo toda a casa cheirar bem – preparou o recheio e a cobertura, e no final ainda deu tempo de sentar com o filho e Fluffykins na sala para assistir o bendito filme Carros antes que o timer avisasse que era hora de tirar o bolo do forno.

– Ta cheirando bem – Sano surgiu na cozinha fungando, com o narizinho mexendo de um jeito fofo. Sakura correu para ajudar o filho a subir em um dos bancos altos que compunham a bancada da cozinha, antes que ele caísse como já havia acontecido antes.

– ‘Tá, não é? – Perguntou sorridente tirando o bolo cheiroso do forno e colocando na grade para esfriar.

– Recheio de que? – Apontou para uma das vasilhas na bancada, tampada por um plástico filme.

– Chocolate – Respondeu, e sabendo do que o filho ia pedir logo a seguir se adiantou – Depois que colocar no bolo eu deixo você raspar a vasilha, ok?

– EBA! – Comemorou o pequeno jogando os bracinhos para o alto.

Sakura então reparou no desenho que Sano tinha em mãos. Adorava os desenhos do filho, não sabia se era bobagem de mãe, mas os achava bem feitos para alguém tão novinho.

– O que desenhou hoje? – Perguntou apoiando o corpo na bancada e alisando os cabelos bagunçados do pequeno.

Sano piscou algumas vezes confuso mas por fim sorriu estendendo o papel para a mãe, mostrando seu trabalho. No rostinho infantil uma expressão orgulhosa que lembrava muito o pai.

– Eu, mamãe, Fluffykins...  – Apontava para as formas disformes no papel branco. Sakura era uma mancha rosa alta, Sano era uma pequena e preta e Fluffykins era uma bolota marrom – ... E o papai!

O sorriso de Sakura vacilou quando viu a mancha preta e alta que era Sasuke. Sano sempre o colocava nos desenhos e falava todo orgulhoso que era o papai dele. E Sakura não conseguia deixar de imaginar o que Sasuke acharia do filho e se, mesmo sendo alguém como era, poderia dar algum carinho para aquele serzinho, que mesmo não o conhecendo já o idolatrava.

– Está lindo filho! – Elogiou e as bochechinhas dele se avermelharam ao mesmo tempo que o sorriso infantil aumentou – Vamos colocar no mural depois, ok?

– Ok! – Exclamou feliz vendo a mãe voltar para o trabalho, desinformando o bolo já frio e partindo ao meio.

Sakura recheou e por fim cobriu com a cobertura laranja, usando o bico de confeitar para o acabamento e jogando os confeitos coloridos por cima. Sua mão ficou um pouco manchada pelo corante laranja, e inevitavelmente lembrou do melhor amigo Naruto que tinha tal cor como sua preferida. Ainda se arrependia de ter partido sem falar com ele e também por nunca ter tentado contato, mas tinha medo de Sasuke.

Ainda era estranho para Sakura sentir medo do Uchiha.

Quando saiu de Tóquio estava apenas magoada e de coração partido, mas depois tudo mudou para pior.

Quando chegou em Konoha com Ino, ficaram um tempo na casa de Tsunade aguardando o inicio das aulas. As duas estavam empolgas e Sakura fazia de tudo para não pensar em Sasuke apesar que nos primeiros dias foi inevitável não ficar um pouco deprimida sem querer sair de casa. Os dias passaram e sua decepção para com o moreno apenas aumentou quando viu na televisão todo o escândalo envolvendo ele e a esposa.

Decidida a definitivamente superar essa etapa da sua vida, não contava que as vésperas de começar a tão sonhada faculdade de medicina fosse descobrir que estava grávida.

Não é como se nunca desejasse um filho. Estava na lista de coisas que queria na vida, mas era algo que pensava quando estava vivendo seu conto de fadas com Sasuke, não quando se viu sozinha e gravida de um homem casado.

Ficou arrasada mas agradecida por ter a melhor amiga e Tsunade.

No dia que descobriu a gravidez, as duas a aconselharam a procurar Sasuke para que não passasse dificuldades junto com o filho. Por um momento pareceu uma boa ideia, e ela já tinha o celular novo em mãos – já que o antigo Ino fez o favor de atirar pela janela do carro em plena estrada quando Sasuke começou a ligar incessantemente – pronta para ligar para o Uchiha, quando a televisão anunciou a fofoca do ano.

A esposa de Sasuke, a ruiva que Sakura viu nas fotos quando descobriu toda a verdade, chorando e contando sobre o homem terrível que era o moreno. Sakura ficou horrorizada, mas quase precisou de atendimento médico quando Karin revelou a gravidez e o pedido de aborto feito pelo marido.

Naquele momento a Haruno decidiu que não arriscaria deixar Sasuke saber da gravidez, afinal se ele pediu que a própria esposa fizesse um aborto, imagina o que pediria a ela?

Tendo o apoio de Ino e Tsunade desistiu da ligação e resolveu que por um tempo não procuraria saber mais nada sobre ele, criaria o filho e se reergueria como uma boa mãe e mulher forte, que nunca mais se deixaria enganar como foi, e se no futuro fosse a vontade da criança, iria atrás do Uchiha para contar tudo.

Afinal, por mais magoada que estivesse, não privaria o filho do contato com o pai. E assim, ao longo de cinco anos contava histórias para o filho sobre o empresário muito ocupado que vivia fazendo viagens mas era um bom homem e que um dia ele conheceria.

Mesmo passando dificuldades nunca reclamou ou amou menos Sanosuke. Não conseguia imaginar sua vida sem aquele pequeno e mesmo não tendo realizado o sonho de ser médica – já que não poderia estudar, trabalhar e cuidar do filho ao mesmo tempo – era feliz com a vida que levava.

E mesmo agora, terminando de lavar tudo que sujou para fazer o bolo que foi encomendado e de onde tirava o dinheiro extra para garantir a escolinha particular do filho, não se arrependia das escolhas que fez.

“Você é a razão da minha vida”, pensou emocionada vendo o filho se sujar todo com o recheio que sobrou do bolo.

•  •  •  •  •  •  •

Sai já os aguardava na porta do hotel mais luxuoso de Konoha. Tanto ele como Naruto estavam acompanhando o Oyabun e se certificando de sua segurança. 

Depois de tudo que aconteceu em Otogakure a guerra entre a Akatsuki e o resto dos clãs da yakuza estava oficialmente inciada.

Todo cuidado era pouco.

– Então vamos ficar em Konoha? – Sai perguntou ao entrarem no hotel – Por quanto tempo?

– Indefinido – Sasuke respondeu. Não conseguia pensar em nada a não ser em seu filho. 

Precisava pensar muito bem em como agiria dali para frente antes de procurar Sakura.

– Ok, vou procurar um guia turístico impresso – Comentou sorrindo – Ouvi dizer que é uma cidade muito interessante e tem inclusive uma exposição com o maior novelo de lã do mundo...

– A prioridade é a segurança do Oyabun-sama – Naruto alertou dando um tapa na cabeça do Uchiha – Vê se não se distraí com suas esquisitices. 

– Isso doí! – Reclamou massageando o local – Pinto pequeno! – Falou alto propositalmente apontando para o loiro, e todos que estavam em volta olharam para ele.

Naruto ficou roxo de vergonha e iria iniciar uma discussão com Sai se Sasuke não tivesse ordenado que ele fosse resolver as pendencias da hospedagem.

– Sinto muito, mas estamos lotados – A atendente respondeu sorrindo quando Sai pediu pelo melhor quarto, que infelizmente estava reservado.

– Entendo – Pensou por um tempo e abriu a carteira tirando o cartão de crédito de crédito do Oyabun e entregando para a mulher – O Senhor Namikaze nos indicou esse hotel, e o Senhor Uchiha ficaria muito agradecido se a senhorita pudesse fazer algo a respeito.

Os olhos da atendente até brilharam ao ver o cartão platinum e o sobrenome Uchiha reluzindo no pedaço de plastico.

– Claro! – Sorriu abertamente – Será uma honra hospedar o Senhor Uchiha – Olhou para Sasuke como se ele fosse feito de ouro.

Naruto e Sasuke se aproximaram da bancada enquanto a atendente realizava os procedimentos de hospedagem.

A mulher cadastrou o cartão feliz da vida mas seu semblante mudou quando a operação foi interrompida.

– Senhor Uchiha, sinto muito mas seu cartão não está sendo aceito – Falou completamente sem graça entregando o cartão para Sai que piscou confuso.

– Como? – Perguntou olhando do cartão para a mulher.

– O que está acontecendo Sai? – Sasuke perguntou irritado – Tudo que quero é ir para a merda do quarto logo – Resmungou.

Precisava de um tempo sozinho para colocar a cabeça no lugar.

– Não sei Oyabun-sama – Respondeu e depois olhou para a atendente – Poderia tentar novamente?

Mais uma vez a mulher tentou passar o cartão, mas como da primeira ele foi recusado.

– Sinto muito – Sorriu constrangida – As vezes pode ter acontecido quando a última compra ultrapassou o limite – Sugeriu.

– Isso é impossível – Sasuke retrucou mais irritado que antes – Você não tem ideia do limite desse cartão – A atendente se encolheu amedrontada com o jeito ríspido de falar do moreno.

Sem paciência o Oyabun tirou o celular do bolso e abriu o aplicativo do banco para ver o que diabos estava acontecendo.

Sem acreditar seus olhos passaram pelos valores absurdos gastos naquela semana. Vários zeros passados em lojas que ele nunca entrou na vida.

O que diabos ele faria na Victoria's Secret?

– Sai – Chamou tentando se controlar para não tirar a arma que levava por dentro do paletó e atirar na cabeça dele – Porque o limite do meu cartão foi estourado na Disney? – Apertou a ponte do nariz mais irritado que antes.

– Disney? – Perguntou confuso – Adoro, mas faz algum tempo que não vou.

– Então porque aqui está falando que meu cartão, que estava com você, foi gasto lá e em outras várias lojas que nunca entrei na vida?! – Praticamente rosnou olhando ameaçadoramente para Sai que engoliu em seco.

– Sinto muito Oyabun-sama – Fez uma mesura respeitosa – Mas acho que é culpa da mulher de cabelo rosa.

– NÃO COLOCA A SAKURA NAS SUAS MERDAS! – Quase avançou em Sai se não fosse contido por Naruto.

– Não disse que foi ela que gastou seu dinheiro! – Se apressou em esclarecer – Mas sim a amiga gostosa dela!

– Como foi isso? – Naruto que perguntou, soltando Sasuke que agora descontava sua raiva quebrando o cartão em vários pedaços. Como se o pedaço de plástico tivesse culpa de tudo que estava acontecendo.

– Ela estava com a minha carteira – Explicou cabisbaixo – Me devolveu um dia depois, mas eu achei que ela só queria uma oportunidade para falar comigo – Suspirou realmente chateado.

– Cara, você é um idiota – Naruto acusou.

– Devia te expulsar do clã por ser tão tapado a ponto de ser roubado por um mulher comum! – Sasuke disse entredentes antes de ir em direção a atendente e lhe passar outro cartão.

Com o check in devidamente efetuado foram em direção ao elevador completamente em silêncio. 

Sasuke estava silenciosos e claramente irritado quando tirou o paletó e entregou para Naruto. Assim que as portas se fecharam ele olhou para Sai que instantaneamente soube que seria castigado.

Quando chegaram ao andar o Oyabun recolocou o paletó enquanto Sai levantava do chão com um olho roxo e os lábios cortados.

– Ela podia ter me convidado para ir na Disney pelo menos – Suspirou seguindo Naruto e Sasuke pelo corredor enquanto tentava conter o sangramento.

•  •  •  •  •  •  • 

– Ficou bom aqui? – Sakura perguntou para o filho apontando para o mural de fotos e desenhos que tinha no quarto. O desenho feito pelo pequeno tinha posição de destaque bem no meio de tudo.

– Aham – Sorriu para a mãe.

– Então, hora de dormir! – Anunciou batendo palmas e rindo dos resmungos de Sano.

– Mamãe – Reclamou fazendo um biquinho adorável com os lábios – Não ‘tô com sono!

– Se você deitar e ficar quietinho o sono vem – Empurrou o filho até que esse deitasse na cama. Puxou a coberta até a altura do queixo dele e plantou um beijo na testa coberta por fios pretos. Graças a Deus não havia mais febre.

– Conta história – Pediu manhoso se aconchegando melhor na cama.

A luz principal já estava apagada e apenas o abajur aceso iluminava o quarto que ela dividia com o filho. O cantinho dele logo abaixo da janela que ficava no teto por onde Sano gostava de olhar as estrelas até adormecer.

– Que história? – Sakura perguntou indo em direção a estante de livros que era recheada de histórias infantis.

Sano pensou um pouco e logo desviou seus olhinhos verdes para o criado ao lado da cama. Suas mãos pequenas pegaram o porta retrato simples com a foto do homem que achava o mais legal do universo.

Sasuke em roupas confortáveis, com óculos de leitura e trabalhando no computador, sentado na poltrona ao lado da lareira. A foto era a preferida de Sakura, que ela havia tirado sem que ele soubesse e não conseguiu se desfazer dela mesmo depois de todo o acontecido.

– Conta uma história do papai! – Pediu empolgado mostrando a fotografia para a mãe, que fez uma leve careta ao ver o homem bonito estampado nela.

– Ok – Suspirou voltando para a cama e pegando o porta retrato da mão do filho. Por um momento se perdeu na foto, sentindo o conforto da antiga casa, o cheiro amadeirado com notas de pimenta dele e até a voz máscula podia escutar. Definitivamente ainda sentia o coração dar uma acelerada quando pensava no Uchiha – Vou te contar sobre o dia que seu pai me ajudou a dar banho no Fluffykins! – Anunciou desviando o olhar da foto e colocando de volta no criado.

Fazendo Sano arredar um pouco para o lado, sentou na cama envolvendo o pequeno com os braços e iniciando um cafune extremamente necessário nesse ritual do sono.

– Fluffykins gostava do papai? – Perguntou encantado. O gato era o xodó do pequeno.

– Muito! – Riu com as lembranças do sério moreno interagindo com o gato – Mas seu pai não gostava tanto dele e por isso nosso Fluffykins tinha que se esforçar para ganhar atenção!

– Fluffykins é esforçado – Comentou sorrindo – Adoro ele!

Sakura riu e beijou a cabeça do filho com carinho.

– Pois é – Continuou mergulhando nas lembranças do dia que sujou toda a casa de espuma correndo atrás do gato – Mas de qualquer forma, enquanto eu quase destruí a casa para tentar pegar o nosso gatinho, seu pai sem fazer esforço algum conseguiu! – Falou indignada e o pequeno riu se divertindo com a história.

Adorava saber mais sobre o pai.

E pela próxima meia hora Sakura narrou com detalhes o dia que viveu com Sasuke e que hoje parecia tão distante e impossível. Podia não ama-lo intensamente como fazia quando mais nova, mas sentia a nostalgia quando contava esse tipo de história para Sano. Sentia saudades do namorado e sempre acabava refletindo sobre tudo que fez em relação a ele depois que descobriu a mentira.

Sempre evitava esses pensamentos para não acender a chama que mantinha adormecida em seu coração. Uchiha Sasuke não merecia qualquer sentimento que ela pudesse sentir sobre ele e ela tinha que focar nisso sempre que contava uma história sobre o moreno para Sano.

Ainda mais agora que as lembranças estavam mais intensas graças a toda história do sequestro.

Não conseguia acreditar que esteve tão perto dele pela primeira vez em tantos anos e mesmo assim não se encontraram.

Tentava não pensar nisso pois a última coisa que queria era odiar o pai do seu filho. Já possuía sentimentos negativos demais em relação a ele, e não era o tipo de pessoa que guardava rancor. Logo que o tempo passasse ela esqueceria o episodio e seguiria em frente.

Vendo que o filho já dormia, ajustou a coberta, beijou a cabeça do pequeno e saiu do quarto, fechando a porta com cuidado para não acorda-lo.

Conferiu o relógio e vendo já estar tarde se apressou para começar a preparar o jantar. Sanosuke comia mais cedo já que ela sempre esperava as amigas para fazer a refeição.

Aproveitando do arroz que fez para o filho preparou alguns onigiris e fritou alguns peixes, deixando no forno para manter a temperatura.

Enquanto as amigas não chegavam decidiu varrer a sala e enquanto isso escutava umas áudio aulas de inglês. Mesmo não tendo entrado na faculdade estava fazendo alguns cursos, já que nunca se sabe o dia de amanhã né.

As contas ainda estavam por ali para serem pagas.

Quase não escutou a campainha mas por fim foi sorrindo entregar o bolo para a vizinha que havia encomendado para o aniversário do netinho. Queria ter feito de graça como agradecimento por ter cuidado de Sano enquanto estava doente, mas a senhora Wakana recusou. Insistia em pagar.

Perdeu alguns minutos conversando com a gentil senhora mas por fim conseguiu terminar de varrer a sala ao mesmo tempo que as amigas chegavam em casa.

– CHEGUEI! – Anunciou a sempre escandalosa Ino. Tenten passou por ela dando um tapa em sua cabeça fazendo Hinata e Sakura rirem da cara indignada da loira.

– Foram bem de prova? – Sakura perguntou enquanto retirava a janta do forno, e quase comemorando por ver que ainda estava quente.

– Sim – Hinata respondeu.

– Não – Tenten e Ino responderam ao mesmo tempo.

Sakura alternou o olhar entre as amigas sem saber ao certo como reagir.

A culpa a corroendo novamente ao pensar no que as duas tiveram que sacrificar para ir buscar ajuda para ela.

– Jantar? – Perguntou por fim sorrindo amarelo e todas sentaram na mesa.

– Sano já foi dormir? – Perguntou Ino.

– Sim – Sakura limpou a boca com o guardanapo e sorriu lembrando do filho que se pudesse estaria de pé até aquela hora. Mas o sorriso vacilou quando lembrou da história que teve que contar – Mas pediu para eu contar uma história sobre o pai antes de dormir – Suspirou.

– Vish – Tenten deixou escapar olhando pesarosa para a amiga.

– Aquele cara é um babaca, mas eu entendo ele – Ino comentou atraindo a atenção de todas – Adoro escutar você falando do moreno delicia – Explicou dando de ombros – Ainda mais aquelas histórias – Sorriu maliciosa e todas riram entendendo do que ela falava.

– INO! – Sakura repreendeu – Pervertida! – Acusou mas riu junto com as amigas.

– Só falei verdades! – Pontuou e Sakura a ameaçou com a faca – O cara é de tirar o fôlego pessoalmente, você precisa ver Hinata! – Olhou para a morena – Definitivamente é um babaca – Lembrou de como teve que praticamente implorar pela ajuda dele – Mas daria tudo para ver como é por baixo daquele terno Armani – Se abanou teatralmente – Como era o tamanho mesmo? – Perguntou puxando uma banana da fruteira que ficava na mesa e olhando para Sakura com um sorriso maldoso nos lábios – Se eu bem me lembro você disse... Como foi mesmo? – Parou para pensar um tempo e por fim sorriu – "Tão grande que pensei que não fosse caber!" – Imitou a voz de Sakura fazendo todas rirem juntas e a Haruno ficar da cor de um tomate.

– Não fique falando essas coisas! – Repreendeu a amiga e pegou a banana da mão dela, devolvendo para a fruteira.

Definitivamente não conseguiria mais olhar para aquela fruta da mesma forma.

– Com todo respeito Sakura – Tenten falou entre risos – Mas aquele Uchiha é um monumento! – Sua expressão era séria como se defendesse uma questão muito importante – Sinceramente não sabia se batia nele ou rasgava aquele terno! – Estava apenas provocando Sakura, mas não podia negar que era um homem lindíssimo.

– Tenten! – Protestou escondendo o rosto com a mão.

– Lembro que a primeira vez que eu o vi classifiquei como Deus grego – Ino comentou lembrando de uma das únicas vezes que viu o moreno no Café. Foi de longe e por isso não reconheceu o tão famoso Uchiha Sasuke.

Talvez as coisas tivessem sido diferentes.

– Ele realmente é um homem bonito – Hinata comentou tímida.

– Poxa, até você?! – Sakura perguntou indignada para a Hyuuga fazendo as outras duas rirem descontroladas.

– Ela tem bom gosto! – Pontuou a loira e Tenten concordou.

– Se um homem daqueles ficasse sem roupa na minha frente vocês podiam chamar a ambulância! – Tenten acrescentou divertida enquanto Sakura corava mais.

– Não sei como você sobreviveu Testuda – Ino comentou rindo – E ainda fez um filho com ele! – Hoje em dia as amigas falavam tranquilamente do assunto e riam bastante da situação, mas cinco anos atrás Sakura custou para vencer a depressão que entrou por conta do moreno.

E mesmo agora depois do acontecido de dias atrás, todas estavam tentando levar com tranquilidade. Sabiam como Sakura odiava ficar remoendo as coisas.

– Aquela ruiva – Tenten estalou os dedos fazendo cara pensativa – Lembro que vocês disseram que ela arregaçou o cara falando que ele não era nada na cama.

– É! – Ino exclamou rindo – Ela disse que ele era ruim de cama e pouco dotado.

– MENTIRA! – Sakura falou mais rápido do que pretendia e logo se encolheu de vergonha percebendo o que havia acabado de fazer. Respirou fundo e por fim encarou as amigas – Definitivamente ele sabia muito bem o que estava fazendo na cama – Comentou envergonhada – E, sério, que tipo de pênis aquela mulher está acostumada? O tal Suigetsu devia ser um monstro né?

– Mutante no minimo – Tenten acrescentou.

– Sasuke era um homem... Avantajado – A Haruno disse por fim – Nunca medi, mas comparado com o Sasori é bem maior.

– Saso-chan não é bem dotado? – Ino perguntou fazendo careta – Poxa, me decepcionou esse ruivo.

– Não disse isso! – Sakura esclareceu – Mas é que Sasuke era realmente excepcional!

Todas riram do rosto corado e envergonhado da rosada tentando explicar com as mãos o tamanho.

– Sorte a sua – Tenten concluiu balançando a cabeça e até Hinata concordou   – Tô precisando arrumar um homem – Comentou remexendo a comida com o garfo – Mas um que não seja casado, obviamente! – Acrescentou e Sakura concordou.

Não recomendava a experiência.

– Mas me conta – Ino parou de rir e olhou seriamente para a amiga – Quem é melhor, Sasuke ou Saso-chan?

Todas olharam em expectativa para a Haruno que só faltava desmaiar tamanha vergonha.

Poxa, eles eram completamente diferentes! Enquanto Sasuke era intenso e dominador, Sasori era definitivamente carinhoso.

Mas não precisou pensar muito para responder quem fazia sua calcinha praticamente correr para fora de seu corpo tamanha excitação.

– Sasuke – Respondeu fechando os olhos e escondendo o rosto nas mãos enquanto as outras gritavam.

Com o passar do tempo Sakura conseguiu se acostumar com a situação. Apesar de as vezes bater a saudades, não se sentia mais tão chateada ao falar de Sasuke. Suas amigas sempre fizeram piadas e comentaram sobre a aparência do Uchiha para descontrair e a Haruno acabou acostumando com essas brincadeiras.

Mas a pontinha de insegurança ainda a fazia fugir de qualquer noticia sobre ele. Cinco anos que não procurava saber sobre o pai de seu filho e as vezes se perguntava se ele estava bem.

Agora que de certa forma ele havia voltado para sua vida – mesmo que apenas para pagar o resgate de seu sequestro – se sentia curiosa em relação a ele.

Só não sabia se estava pronta para saber sobre ele.

Porque o sentimento ainda existia. Estava ali, guardado em algum lugar em seu coração, e tinha muito medo que ele voltasse a dominar seu coração completamente como antigamente.

O jantar logo terminou e cada uma começou a sua rotina noturna. As meninas se revesavam para lavar a louça já que Sakura cozinhava e cuidava da casa na maioria das vezes.

– Treinar hoje? – Tenten perguntou aparecendo na sala, onde Sakura lia uma apostila do seu curso de inglês, já vestida com suas roupas de treino.

– Vamos! – Sakura respondeu deixando a apostila de lado e correndo para o quarto, colocando uma legging preta e uma blusa folgada com estampa de gatinho. Uma das desvantagens de dividir o quarto com Sano era que depois que o pequeno dormia ela tinha que ter cuidado redobrado com o barulho. Apesar do sono pesado, morria de medo de acorda-lo.

Enquanto estava presa naquele quarto escuro havia decidido que nunca mais deixaria de treinar. Se tivesse um pouco mais de habilidade talvez tivesse conseguido escapar. Derrubou dois dos homens mas não teve chances contra os outros.

Por conta disso se dedicaria mais ainda aos treinos!

Entrou no quarto de Tenten, um dos mais espaçosos da casa, vendo a amiga praticar com o saco de areia pendurado no teto. A Mitsashi era a pessoa mais saudável que Sakura conhecia na vida e a mais em forma também. Graças a ela não precisava sair atrás de academia.

– Vamos começar! – Tenten anunciou empolgada depois de terminarem o alongamento, já passando as luvas cor de rosa para Sakura e colocando as que costumava usar.

Sakura praticava Muay Thai três vezes por semana com Tenten e já haviam feito um curso de defesa pessoal juntas. A Haruno descobriu ser uma boa forma de extravasar todas as preocupações do dia a dia e manter a forma, afinal depois da gravidez algumas gordurinhas insistiam em aparecer aqui e ali.

Tenten vivia elogiando a amiga por conta da força que ela tinha e das pernas que arrasavam nos pontapés. A força que a rosada tinha nas pernas sempre impressionava.

– Já fez as tortas para amanhã? – Perguntou Tenten defendendo um round kick de Sakura.

– Faltam duas que deixei para preparar aqui em casa mesmo – Respondeu desviando de um soco cruzado – Vou fazer antes de dormir.

– Quer ajuda? – Ofereceu aparando a perna de Sakura com o braço.

– Não, obrigada! – Sorriu. Era muito agradecida por ter amigas tão legais que ajudavam em seu dia a dia corrido. Não seria nada sem elas.

Era muito comum contar com uma delas para ajudar com Sano ou com algum trabalho que atrasava. Todas faziam faculdade, estudavam bastante e trabalhavam no Café, mas sempre tinham um tempo para a Haruno e seu pequeno.

Ser mãe solteira não era um bicho de sete cabeças como achou quando descobriu a gravidez, mas muitas vezes era complicado.

Sorte que tinha pessoas maravilhosas ao seu redor.

– Cuidado para não virar a noite de novo – Alertou preocupada. Era comum Sakura passar madrugadas em claro atolada em trabalho e emendar com o expediente do Café.

– Pode deixar – Disse se afastando e tirando as luvas.

Aceitou uma garrafa de água oferecida por Tenten e depois de se despedir da amiga foi para o banheiro tomar uma ducha para tirar o suor.

•  •  •  •  •  •  •

O relógio da cozinha marcou três da manhã quando Sakura colocou a última torta na geladeira.

– Prontinho – Cantarolou sorridente enquanto colocava a louça na maquina de lavar louça. Ligou e enquanto esperava dar o tempo pegou a lancheira dos Avengers do filho para tirar o que estava sujo e montar o bentô para o dia seguinte.

Com capricho Sakura acomodou as folhas de alface forrando a vasilha, acomodou o arroz em formato de panda completando com a alga e o presunto para fazer a carinha dos bichinhos e por fim colocou a salsicha, o omelete cortado e o frango empanado. Fechou o bentô da melhor forma possível e guardou na lancheira com cuidado. Junto colocou a garrafinha de suco de laranja e um potinho com biscoitinhos amanteigados em formato de ursinho.

O ideal era preparar a lancheira antes de mandar para a aula, mas definitivamente não tinha tempo para isso em suas manhãs corridas. Sano nunca reclamou, pelo contrário, sempre contava empolgado que os coleguinhas ficavam admirados com seu lanchinho. Por isso não media esforços para preparar as lancheiras mais criativas que conseguia. Virou mestre em fazer bentôs bonitinhos.

Passou um último pano na bancada, guardou a louça que estava na maquina e deu uma última conferida nas tortas que estavam na geladeira. Tudo certo.

O relógio já marcava quatro e meia quando ela finalmente apagou a luz da cozinha e se arrastou para a cama.

Colocou o pijama confortável, conferiu o filho que estava dormindo um sono gostoso e pesado, e caiu na cama de casal, em seus pés Fluffykins se aconchegou ronronando.

Virou para a direção em que podia ver a cama do filho e adormeceu velando o sono do pequeno.

Seriam poucas horas de sono mas Sakura agradecia todos os dias por poder dar tudo de melhor para Sanosuke.

Teria sido mais fácil com a ajuda de Sasuke? Com certeza.

Mas vendo sua vida atualmente Sakura não se arrependia de suas escolhas e tinha orgulho da mãe que se tornou. Podia não ser a melhor e admitia que as vezes falhava, afinal era humana, mas era esforçada e amava tanto o pequeno que faria qualquer coisa por ele.

E bem, continuaria batalhando todos os dias para criar seu pequeno filho.

•  •  •  •  •  •  •

– Se apressem! – Tsunade invadiu o vestiário assustando as mulheres que se arrumavam para começar a trabalhar – O prefeito está aqui! – Exclamou afoita e saiu apressada por onde entrou.

Se olharam meio atordoadas antes de começarem a correr para todos os lados, arrumando os cabelos e ajeitando o uniforme. Tinham que passar uma boa impressão já que não era todo dia que o prefeito passava por lá.

Aos poucos o Byakugou ganhava fama pela cidade e o prefeito mesmo já havia elogiado o local algumas vezes.

– Acho esse prefeito um gato – Ino comentou enquanto andavam em direção ao salão que já estava um pouco movimentado mesmo tendo acabado de abrir o Café.

– Ele é bem bonito mesmo – Hinata comentou – Mas é casado – Alertou olhando para a Yamanaka que já retocava o batom.

– Vish, é mesmo! – A loira murchou um pouco – Uma pena! – Suspirou chateada – Estou querendo algum cara interessante – Desabafou sincera – Todos que me aparecem são chatos e cansativos!

– E aquele Uchiha? – Tenten perguntou.

– O pai do Sano?! – Hinata questionou horrorizada.

– Não! – A Mitsashi negou rapidamente – Um parente dele que nos acompanhou enquanto tudo era resolvido lá em Tóquio – Explicou – Ele lançou cada cantada de pedreiro na Ino!

– Nossa, é mesmo! – O sorriso voltou ao lábios da loira – Ele sim era interessante! – Pensou um pouco ignorando o olhar descrente de Tenten – Acho que vou mandar uma mensagem para ele mais tarde!

– Parente do Sasuke? – Sakura perguntou interessada – Deve ser bem bonito.

– É sim! – Ino disse lembrando do rapaz – Só precisa pegar um pouquinho de sol e aí fica no ponto!

Sakura riu da amiga enquanto pegavam cardápios e o que mais usariam para atender os clientes que já enxiam pouco a pouco o lugar.

– Você não presta Ino! – Zombou divertida mas quase caiu enquanto descia a pequena escada que havia no meio do Café.

As amigas olharam assustadas para Sakura que parecia ter visto um fantasma, deixando tudo o que tinha em mãos ir ao chão.

Por um momento a Haruno sentia como se tivesse voltado no tempo. No pequeno Café perto do centro de Tóquio. Em um dia tranquilo onde estava feliz e sorridente como sempre. E quando o conheceu daquela mesma forma.

Sentado em uma das mesas junto ao prefeito estava Uchiha Sasuke.

Ele olhava em sua direção tão sério como se lembrava. Mas, assim como na primeira vez que o viu, enxergou algo triste naqueles olhos ônix. 

O olhar tinha uma intensidade até então desconhecida para ela, parecia penetrar sua alma e enxergar todos os seus segredos.

Teve que se apoiar em Ino para não ir ao chão junto com o que havia derrubado.

Deu um passo para trás quando ele levantou, tão imponente e intimidador quanto apenas ele poderia ser. O rosto continuava bonito como se lembrava, austero e sisudo. Os cabelos continuavam bagunçados como sempre e havia uma leve barba por fazer emoldurando o rosto másculo. Não existia um homem no mundo que ficasse tão bem em um terno quanto ele, era de tirar o fôlego.

Parecia vinho. Quanto mais velho melhor ficava e isso era praticamente revoltante.

Não devia existir um homem tão bonito assim!

Tão alto que assim que ficou de pé todos voltaram sua atenção para ele.

Se viram presos em uma conversa silenciosa e percebeu que assim como ela, ele também tinha muito o que falar.

Os olhos não desviavam do seus e nessa troca de olhares tão intensa, Sakura soube.

Sasuke já sabia da existência de Sanosuke.

– Precisamos conversar – Ele disse rompendo o silêncio tenso que havia se formado naquele Café e fazendo o coração dela bater desesperado como costumava fazer cinco anos atrás.


Notas Finais


E finalmente a tão aguardada conversa vai acontecer! :D
Era para ela estar nesse capítulo, mas como vocês podem perceber eu perdi a noção do tanto que escrevo HAHAHAH (como sempre acontece!)

Esse capítulo pode ter sido mais parado, mas foi necessário para preparar o terreno para a conversa e também para mostrar como anda a vida da Sakura agora.
Também tivemos mais do Sanosuke. ❤

Acho justo também ter um capítulo mais leve depois de um tão emocionante como foi o último!

A conversa entre o Sasuke e a Sakura está me dando MUITO trabalho para escrever. Eles tem muita coisa para colocar a limpo e é a partir dessa conversa que vou formar a base para o romance dos dois. Por isso eu não quero nada feito de qualquer jeito, e estou quase a uma semana escrevendo sobre isso!

E por ainda não me sentir segura quanto a esse ponto tão importante da história que tomei a decisão de deixa-la para o próximo capítulo. Espero que não tenha decepcionado ninguém e que mesmo não tendo muita emoção vocês tenham gostado desse capítulo ❤

Eu estava com muita saudade de escrever sobre a Sakura :)

AH, e como fiz hoje trazendo esse capítulo no Natal (mesmo hoje sendo domingo e eu tendo atrasado um pouco) quero postar o próximo dia 31 para que vocês possam começar o ano com esse momento tão aguardado da fic ❤
Acho que isso compensa as coisas, não é? :)

Sobre o capítulo de hoje:

• Finalmente o Sasuke decidiu ir atrás da Sakura ❤
Acho que todo mundo estava ansioso para que ele finalmente tomasse essa decisão, não é?
Agora oficialmente ele está de volta para tentar reconquista-la e também compensar o tempo que perdeu com o filho!
Não deve demorar muito mais para Sasusaku estar de volta uhuuul :D

• A existência do Sano significa muito para o clã e isso vai ser melhor explicado nos próximos capítulos. Mas vocês já devem ter percebido que a situação é bem complicada e o Sasuke vai ter que passar por muita coisa agora que decidiu lutar por sua família. Mas eu não sei vocês, mas eu tenho certeza que ele vai fazer do possível ao impossível pela Sakura e pelo Sano!

• Eu gostei de escrever sobre a rotina da Sakura :)
Como podem ver ela é bem gente como a gente. Uma mamãe preocupada e esforçada, mas que continua sendo fofa e atrapalhada HAHAHA Eu estou adorando escrever as cenas dela com o Sano, e já tenho planos para quando o Sasuke entrar nessa também! Espero que mesmo ela não sendo alguém super bem sucedida profissionalmente vocês gostem da "nova Sakura" da mesma forma que eu gosto ❤

• Muita gente pediu pela reação do Sasuke quando soubesse do que a Ino aprontou com o cartão dele e confesso que a principio não pretendia abordar isso, maaas vocês foram tão fofos que eu resolvi tentar escrever e bem, não saiu exatamente como queria mas espero que vocês tenham se divertido um pouquinho com o Sai HAHAHA
Ah, e estou muito contente que ele é tão querido por vocês ❤

• E mesmo eu realmente não pretendendo abordar muito sobre os outros casais, estou tentando preparar as coisas para SaIno acontecer :)
Acho que os dois tem muito em comum, como por exemplo essa fixação por pênis HAHAHAHAHA Já tenho algumas idéias de conversas entre os dois e NOSSA, está bem engraçado!

• E finalmente foi revelado o porque da Sakura não ter procurado o Sasuke!
Eu não imagino ela como uma pessoa rancorosa ou que deseje algo de mal para ele. Se não tivesse visto toda a polêmica em relação a Karin ela teria sim ido atrás dele contar do filho. Mas como podem ver não deu certo e a partir dali ela não procurou mais saber dele pois não queria ficar revivendo o sentimento. A Sakura realmente tentou seguir em frente e ser feliz.
Mesmo chateada e magoada eu não quis transformar ela em alguém vingativa cheia de ódio pelo Sasuke, e por mais que pensasse em como ela agiria em relação a tudo isso não conseguia enxerga-la escondendo quem era o pai do Sano ou falando mal dele.
O Sano sabe quem é o pai pois ela é honesta com ele :)
E isso vai facilitar bastante na construção dessa família ❤
(Como vocês acham que o Sano vai reagir ao encontrar o papai dele pela primeira vez?)

• Por falar no Sano, tenho algumas considerações sobre ele:
Eu não tenho filhos ou sou qualquer tipo de especialista em crianças. Tenho três sobrinhos sendo dois nessa faixa de idade e foi deles que tirei inspiração para escrever sobre o Sano. Como sou bem leiga no assunto procurei informações sobre comportamento e desenvolvimento de um criança de quatro anos de idade e assim construí o personagem. Estou tentando seguir tudo isso na hora de escrever as cenas dele para não parecer algo irreal, afinal ele é pequenininho e não um mini adulto HAHAHA Ele vai ser bem inteligente, mas um inteligente possível para a idade :)
Se vocês repararem em algo absurdo em relação a ele ou algo assim podem comentar me avisando que eu realmente quero escrever ele o mais real possível!

#GLOSSARIO

Bentô: (弁当, べんとう, mais comumente referida como obentō) é um tipo de marmita japonesa para uma pessoa. Um bentô tradicional contém arroz, peixe ou carne e legumes cozidos ou em conserva (picles) como acompanhamento. São servidos em bandejas próprias que possuem repartições.

Fouet: O clássico batedor de arames, também conhecido como fouet, é um objeto básico de toda cozinha. Serve para misturar líquidos, cremes e massas, bater ovos e fazer chantilly!

Muay Thai: é uma arte marcial originária da Tailândia, onde é considerado desporto nacional. Esta disciplina física e mental que inclui golpes de combate em pé, é conhecida como "a arte das oito armas", pois caracteriza-se pelo uso combinado de punhos, cotovelos, joelhos, canelas e pés, estando associada a uma boa preparação física que a torna uma luta de contato total bastante eficiente

#IMAGENSDEREFERENCIA:

Casa das meninas: http://68.media.tumblr.com/d643d325e126f9deb75f1d3816d308bc/tumblr_oirtecxJ4b1vsy478o4_1280.jpg
Eu já havia postado ela antes, mas só para vocês lembrarem como é.

Quarto Sakura/Sano: http://68.media.tumblr.com/8325fff2cecf485fb9d57704f05f35d3/tumblr_oirtecxJ4b1vsy478o3_1280.jpg
Como não achei nada que mostrasse exatamente o que eu tinha em mente deixo aqui uma referência aproximada. Imaginem que é um mesmo quarto e de um lado é o da Sakura e do outro o do Sano!

Quarto da Tenten: http://68.media.tumblr.com/dc1ccf734d0054f0faaaaf613fdd840f/tumblr_oirtecxJ4b1vsy478o1_1280.jpg

Desenho do Sano: http://68.media.tumblr.com/993fca19fa957aa4738ac7039ffae181/tumblr_oirtecxJ4b1vsy478o2_1280.jpg
Sim! HAHAHAHAHAHAHAH Achei divertido fazer isso HAHAHAHA

Bentô do Sano: http://68.media.tumblr.com/e220485c61004a357711f17c3ef8beb5/tumblr_oirtecxJ4b1vsy478o5_r1_540.jpg

Roupinhas do Sano: http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=213757074

Byakugou Café: http://68.media.tumblr.com/7c3668896c617a3f3394071dc5893cee/tumblr_oi1rf317JQ1vsy478o1_1280.jpg
Só para você lembrarem como ele é :)

#MUSICA:

Panic Cord - Gabrielle Aplin: https://www.youtube.com/watch?v=LLdTcr98fSs
Junto com Lana Del Rey sempre vai estar na playlist da Sakura ❤

✩°̥࿐୨୧

E é isso! Desculpa mais uma vez pela demora, mas hoje realmente foi um dia complicado! E saibam que por mais que eu demore eu sempre me esforço para cumprir o que eu falo, vocês merecem ❤

Logo que conseguir um tempinho eu vou tentar colocar os comentários em dia, mas saibam que eu já li todos e vocês são maravilhosos ❤❤❤❤
(teve alguns que me arrancaram lágrimas, sério!)

No próximo capítulo vamos ter a conversa, o encontro entre Sasuke e Sano e por fim, mais detalhes sobre a vida da Sakura ❤

Mais um vez, um feliz natal para todos vocês! :D
Qualquer coisa errada, dúvidas, sugestões e etc comentem que eu respondo assim que possível!
Obrigada por lerem, beijos e até dia 31! :*


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