História Resiliência - Nuvens de algodão-doce

Sakura se equilibrava em uma cadeira para tirar duas malas da prateleira mais alta do closet.

Não que fosse ficar muito tempo em Tóquio, mas seria a primeira vez que viajava depois do nascimento de Sano. Era definitivamente mais trabalhoso do que fazer isso sozinha e esperava não esquecer nada para trás.

– Realmente não tem problema eu me ausentar durante esse dias? – Perguntou preocupada ao colocar as malas na cama.

– O futuro de Sano é o mais importante no momento – Tsunade respondeu sem tirar os olhos da revista que tinha em mãos – Já conversamos sobre isso e você não vai conseguir me usar como desculpa para escapar do Uchiha.

Sakura suspirou resignada.

Não é como se estivesse querendo fugir dele, mas ainda era estranho pensar que ficaria hospedada na casa de Sasuke.

De qualquer forma, tinha que deixar essas inseguranças de lado e concentrar no real motivo de tudo e que nesse momento estava deitado dentro da mala maior.

Mesmo que as risadinhas infantis a fizessem amolecer não exitou em olhar de maneira repreensiva para o filho.

– Sanosuke, deixe a mamãe arrumar a mala! – Pediu tirando o filho do caminho e colocando algumas mudas de roupa caprichosamente dobradas. Entretanto, bastou se afastar para pegar mais algumas que Fluffykins assumiu o lugar do pequeno – Fluffykins! – Exclamou frustrada assistindo o gato rolar entre as roupas, bagunçando toda sua organização.

Vendo o felino se divertir Sano logo subiu novamente na cama, derrubando as roupas que estavam por ali, e se juntando a bagunça.

Sakura colocou as mãos na cintura e olhou para Tsunade implorando por ajuda, mas o que recebeu foi um olhar “Não me meta nisso, o filho e o gato são seus!”.

– Chega vocês dois – Falou mais alto e carregando um em cada braço os soltou na cama de Sano – Sanosuke, se continuar aprontando não vai viajar para casa do seu pai!

O sorriso travesso que ele tinha nos lábios sumiu rapidamente, ao mesmo tempo que os olhinhos verdes se arregalavam.

– Não mamãe – Pediu manhoso – Quero viajar com o papai! – Fez um biquinho adorável com os lábios.

– Então se comporte! – Manteve o tom de repreensão, pois sabia que o filho abusava do seu poder de fofura. Sanosuke podia dar bastante trabalho as vezes.

Vendo que o pequeno agora estava quietinho sentando em sua cama, e que Fluffykins dormia em seu colo, voltou a tarefa.

Tinha uma pequena lista para ajudar a não esquecer nada e enquanto colocava os itens nas malas riscava o papel.

– Sabe, estou insegura quanto a viagem – Desabafou sem tirar os olhos do que fazia – Mas sei que é a coisa certa a se fazer. Já privei Sasuke e Sano de muita coisa.

– Você me orgulha muito por estar lidando tão bem com tudo isso – Tsunade deixou a revista de lado para dar total atenção a sobrinha – Quando meu ex-namorado me traiu eu fui presa por me vingar – Comentou tranquila, como se não fosse nada.

Sakura que já conhecia o temperamento da tia e sabia toda a história, riu achando graça de como ela tratava o assunto.

A história sobre como Tsunade bateu tanto no infeliz a ponto dele ir parar no hospital e ela na cadeia era conhecida por toda Konoha.

– Bem, eu já deixei claro para ele que minha prioridade é Sano – Falou enquanto fechava a primeira mala – Não tenho intenção de pensar em romances no momento.

– Mas nada te impede de conhece-lo melhor – Pontuou a loira – Você não o conhece direito, então use essa oportunidade para saber quem é Uchiha Sasuke de verdade – Se aproximou da sobrinha para ajudar a arrumar a segunda mala – Você precisa saber quem está deixando entrar na vida do seu filho e caso seja sua vontade, na sua também!

Sakura suspirou e olhou para Tsunade que no momento era o que tinha mais próximo de uma mãe.

– Mas caso ele se mostre um canalha como passamos cinco anos acreditando  – Fez uma pausa e olhou nos olhos da mais nova sorrindo – Chute bem entre as pernas!

A Haruno olhou  chocada para a tia antes de cair na gargalhada.

– Com vontade, ouviu? – Continuou tentando manter a seriedade, mas já rindo também.

– Ok, pode deixar – Sakura disse por fim ao colocar a última muda de roupas e fechar a segunda mala – Obrigada!

Tsunade puxou a sobrinha para um abraço desajeitado, coisa que não costumava fazer, e beijou sua bochecha com carinho.

– Você é uma mulher incrível e uma mãe maravilhosa – Disse cheia de orgulho e os olhos de Sakura se enxeram de lágrimas – Sei que vai tomar as melhores decisões.

– Mamãe é a melhor do mundo! – Sano se juntou ao abraço e as duas mulheres riram.

•  •  •  •  •  •  •

– Está tudo pronto para nossa chegada? – Sasuke perguntou enquanto Naruto fazia o check-out deles no hotel.

– Sim irmãozinho tolo, minha linda Izumi preparou tudo – Itachi respondeu do outro lado da linha.

– Quero que cuide pessoalmente da segurança do aeroporto – Continuou falando já saindo do hotel – Não pode haver falhas.

– Fica tranquilo e traz logo meu sobrinho – Sua voz soava empolgada e Sasuke conseguia visualizar o irmão sorrindo – Ah, e se prepare que o que te espera aqui não é nada bom.

– Não estou preocupado – Retrucou e depois desligou, sem se despedir como já era costume.

Desde que havia revelado para Itach a existência de Sanosuke, o mais velho não conseguia conter sua ansiedade para conhece-lo. Teria se arrependido da decisão se não precisasse da ajuda dele para contar aos pais.

Fora isso, sabia que as coisas em Tóquio não estavam nada bem. Praticamente largou tudo em meio ao inicio de uma guerra na yakuza e ficou desaparecido por uma semana.

Tinha sorte por ter o irmão, que mesmo não tendo muita vocação para a coisa assumiu tudo em seu lugar. Tanto na Sharingan quanto na empresa Itachi o estava representando no momento.

Mas essa era outra coisa que não se arrependia.

Enquanto dirigia até a casa de porta cor de rosa para buscar Sakura e Sanosuke, tinha certeza que faria tudo novamente.

Se estava prestes a levar o filho e a mulher que amava para sua casa – mesmo que temporariamente – era por ter, pela primeira vez na vida, negligenciado seus deveres com Oyabun.

– Ansioso? – Naruto perguntou sorridente ao estacionarem e Sasuke lhe lançou seu pior olhar em resposta, antes de sair do carro. 

“Claro que está”, o loiro concluiu em pensamento saindo também.

Sasuke tentou ajeitar os cabelos e por fim tocou a campainha. 

– Papai! – Quem atendeu a porta foi Sanosuke, que olhava empolgado para o pai.

Vendo o filho tão feliz com a sua chegada, os olhos verdes brilhando em empolgação e o sorriso adorável nos lábios, Sasuke percebeu que sentia saudades do pequeno. Mesmo fazendo apenas dois dias que não o via.

Abaixou ficando na altura de Sanosuke e recebeu o abraço apertado, levantando logo em seguida com ele no colo. O pequeno tagarelava sem parar sobre a viagem e algum desenho. Tudo muito rápido e as vezes embolado, de forma que acabou um pouco confuso.

Já Naruto parecia ter a facilidade que ele não tinha em lidar com crianças. Logo já conversava com Sanosuke como se tivessem a mesma idade, e por um pequeno momento invejou o amigo por isso.

– Já chegaram? – Sakura surgiu descendo as escadas, em cada uma das mãos uma mala.

Naruto foi o primeiro a correr para ajuda-la e Sasuke foi logo atrás pegando a menor com a mão livre, enquanto equilibrava o filho no outro braço. Sanosuke não parecia querer descer dali tão cedo.

– Já estão prontos? – Perguntou para Sakura, reparando nos agasalhos que ela vestia.

– Sim! – Suspirou e depois sorriu – Vamos?

– E as suas amigas? – Naruto perguntou olhando ao redor – Onde estão? – Queria se despedir e aproveitar para ver aquela doçura de olhos claros uma última vez.

– Como elas tinham que sair para o trabalho já nos despedimos – Respondeu antes de iniciar uma contagem mental sobre tudo que estava levando. Não podia esquecer nada.

– Que pena – O Uzumaki murmurou um pouco chateado.

– Vamos então – Sasuke disse depois de conferir o horário no seu relógio rolex.

Não é como se tivessem um horário certo para embarcar, mas queria chegar em Tóquio o quanto antes. 

Alguns minutos antes havia recebido uma mensagem de Itachi a respeito dos problemas com a Akatsuki. O clã precisava de seu Oyabun imediatamente.

– Bem, acho que está tudo aqui – Sakura comentou e, depois de se despedir de um chateado Fluffykins, saiu pela porta.

•  •  •  •  •  •  • 

– Sasuke? – Sakura chamou preocupada, sem tirar os olhos de Sano que corria a frente deles empolgado com tudo o que via – Por que não estamos indo para a sala de embarque? 

O aeroporto de Konoha estava lotado pela proximidade com as festas de final de ano. Por um momento a Haruno achou que não conseguiriam andar por ali, mas ao pisarem no saguão quatro seguranças surgiram do nada para escolta-los para algum lugar que ela desconhecia, afinal a área de embarque havia ficado para trás.

– Não é necessário – Ele respondeu, também sem tirar os olhos do filho. 

Todo cuidado era pouco com uma criança pequena em um lugar grande e cheio como aquele.

Ainda mais um herdeiro Uchiha.

Sakura revirou os olhos resmungando incomodada com a falta de diálogo dele, e Naruto que vinha logo atrás riu. Seu dever ali era proteger Sasuke, mas agora com Sakura e Sano, teria que estender sua proteção a eles também. Os dois agora, mesmo que ainda não oficialmente, eram uma extensão de Sasuke aos olhos da yakuza.

Daria sua vida por qualquer um dos três.

– Mamãaae, Papaaai! – Sano voltou correndo na direção deles. O dinossauro de pelúcia balançando para todos os lados em sua mão pequena – Olha o avião! Olha! – Apontava eufórico para a parede de vidro que tinha vista para a pista.

– Daqui a pouco você vai entrar em um! – Sakura disse amorosa, pegando o filho pela mãozinha livre.

Era a primeira viagem da vida de Sano, nunca nem havia chegado perto de um avião. Por isso não era de se estranhar toda essa animação.

– Quando chegar lá no alto vou comer as nuvens! – Declarou todo sorridente.

Sakura e Naruto riram, achando graça da ideia que apenas uma criança poderia ter.

– Não tem como comer nuvens querido – Sakura corrigiu.

– Mas não é de algodão-doce? – Perguntou claramente indignado.

– Não – Respondeu de forma carinhosa.

– Não quero mais – Sano então parou de repente cruzando os bracinhos e inflando as bochechas.

Sakura suspirou voltando até onde o pequeno estava.

Obviamente a viagem não estaria completa sem uma birra básica.

– Igualzinho você Teme – Naruto comentou divertido parando ao lado do amigo.

– Hn – Resmungou sem desviar os olhos de Sakura e Sanosuke, que estavam conversando. Ela parecia argumentar com ele sobre a viagem, até que por fim conseguiu convence-lo a prosseguir.

O grupo então voltou a andar, agora com um manhoso Sano no colo da mãe.

– Sasuke, que lugar é esse? – Sakura perguntou confusa quando entraram em uma sala sofisticada, com algumas poltronas.

– Bem-vindo senhor Uchiha – Um homem de meia idade trajando um uniforme azul, fez uma mesura respeitosa – Já estamos prontos.

Sem dizer nada em resposta o Uchiha liderou o grupo por um corredor, fazendo com que o funcionário tivesse que se apressar para andar a frente e abrir a porta.

A boca de Sakura se abriu em choque ao ver um avião com a logo da Uchiha Corp. estampada na lateral. Era menor do que os que já viu, mas não muito pequeno.

Alguns seguranças circulavam por ali, vestindo ternos pretos e óculos escuros. A medida que passavam podia reparar como eles falavam, provavelmente, no ponto eletrônico.

– Olha lá Sano – Naruto chamou a atenção do pequeno, que desencostou o rosto do ombro de Sakura – Aquele avião é do seu pai.

A reação de Sano foi um espelho da de Sakura. A boca abriu chocada e os olhinhos verdes até brilharam.

– É mesmo? – Perguntou mais alto para Sasuke, que andava a frente do grupo, escutasse.

– Sim – Respondeu vendo o filho soltar uma exclamação e começar a se contorcer até conseguir descer do colo da mãe.

Foi tudo muito rápido.

Só teve tempo de dar dois passos para o lado e agarra-lo antes que Sanosuke disparasse pista a fora.

– Meu Deus, Sanosuke! – Sakura logo se aproximou – Não faça isso! – Repreendeu séria – É perigoso!

O moreninho se encolheu entre os braços do pai e lhe direcionou um olhar, querendo algum consolo. Mas Sasuke o olhava igualmente sério em repreensão. 

Não sabia o que faria caso seu filho se ferisse correndo entre os aviões.

– Não faça mais isso – disse rígido. 

Os olhos do pequeno se encheram de lágrimas, mas ele esfregou com as mãozinhas não deixando nenhuma cair. Não era uma criança que chorava atoa apesar das manhas.

Decidido a não deixa-lo andar mais, Sasuke continuou o caminho até o avião com Sanosuke no colo. 

Um homem e uma mulher, ambos com um uniforme azul escuro e com um broche com o simbolo Uchiha preso a ele, aguardavam ao pé da escada.

– Bem-vindo senhor Uchiha – Os dois fizeram uma mesura ao mesmo tempo, praticamente sincronizados.

Sasuke passou por eles subindo as escadas sendo seguido por Sakura e por último Naruto. Sai havia ido mais cedo para ajudar a preparar tudo para a chegada deles.

– Caramba! – Sakura deixou escapar em tom de admiração.

Era diferente de tudo que já havia visto na vida. Luxuoso e cheio de detalhes, mais incrível por dentro do que por fora.

O carpete azul e os detalhes em madeira envernizada contrastavam de maneira elegante com o branco.

Parecia estar em qualquer lugar, menos em um avião!

Sem saber muito como agir e se sentindo completamente deslocada, resolveu sentar em uma poltrona, que mais parecia um sofá. Em frente uma televisão exibia o símbolo da Uchiha Corp.

Uma comissária de bordo se aproximou e entregou um copo de água, que ela bebeu enquanto assistia o filho correr para todos os lados do avião, sendo seguido de perto por Sasuke.

Parecia um falcão protegendo sua cria.

– Legal, não é? – Naruto perguntou ao se jogar no espaço vazio ao lado.

– Oh, sim! – Respondeu sem saber como colocar em palavras – Isso... Isso tudo é totalmente fora da minha realidade – Desabafou gesticulando com a mão pelo ar, mostrando o ambiente.

– Mas agora faz parte dela – Pontuou tranquilo – O pai do seu filho tem dinheiro e não se importa de gastar – Comentou apontando para a porta aberta da suite, onde Sasuke vigiava o filho que rolava feliz pela cama de casal.

– Me assusta pensar que Sano vai conviver com tudo isso – Disse deixando o copo na bandeja estendida em sua direção pela funcionária e agradecendo rapidamente  – Até poucos minutos atrás ele nunca tinha visto um avião, e agora vai voar em um jato particular!

– Assim que ele for oficialmente um Uchiha, coisas desse tipo vão se tornar comuns para ele – Explicou fazendo um carinho na cabeça daquela que considerava uma irmã – Mas não pense muito sobre isso agora! – Pediu em tom descontraído – Sasuke vai acatar todas as suas vontades em relação ao Sano, e isso é uma certeza.

– Será? – Sakura perguntou mais para si do que para o loiro.

Tinha dúvidas sobre como seria o desenvolvimento de Sano daquele momento em diante. Teria que conversar sobre isso com Sasuke mais tarde.

Suspirou enquanto via Pai e filho voltando da exploração. O pequeno completamente extasiado com tudo.

– Mamãe! Aqui é o lugar mais legal do mundo! – Sano foi falando ao subir no lugar antes ocupado por Naruto, que se retirou para a cabine do piloto – Papai me deixou pular na cama!

Sasuke arqueou a sobrancelha diante do olhar repreensivo de Sakura. Pelo visto pais não deveriam deixar os filhos pular na cama. Um detalhe que tratou de anotar em pensamento.

A decolagem foi tranquila e excepcionalmente excitante para Sanosuke, que ficou encantado com as nuvens passando pela janela. As mãozinhas espalmadas no vidro e os olhinhos brilhando em admiração.

Como toda mãe preocupada Sakura havia abastecido a bolsa com um lanchinho e, mesmo se sentindo envergonhada por fazer isso em um ambiente tão sofisticado, tirou a garrafa de suco e uma caixinha com os biscoitos preferidos do filho de lá.

Sano estava esparramado entre Sakura e Sasuke, agora concentrado na televisão onde Meu Vizinho Totoro era exibido. Filme esse que era um dos preferidos dele.

O Uchiha parecia muito ocupado mexendo em seu tablet, só tirando a atenção do aparelho quando o filho reagia de forma mais empolgada com o filme.

– Cuidado para não deixar cair – Sakura alertou ao entregar a caixinha de biscoitos para Sano, que foi logo colocando um punhado na boca.

Sasuke estava ocupado lendo alguns dos vários emails que negligenciou durante sua estadia em Konoha. Teria tanto trabalho para fazer quando chegasse em Tóquio, que já sentia uma dor de cabeça chegando.

– Toma papai! – Olhou para o lado vendo uma mãozinha estendida em sua direção cheia de biscoitinhos em formato de coala. Os dedinhos estavam babados e cheios de farelos, e ao olhar para o rostinho do filho viu que esse também estava sujo.

Mas o sorriso que estava lá foi capaz de fazer com que Sasuke, mesmo odiando doces, pegasse alguns e levasse a boca. 

Se impressionou por não se importar com o quão babados eles poderiam estar, ou então com o gosto desagradável do chocolate que compunha o recheio.

E quando o sorriso do pequeno aumentou, percebeu que comeria todos os biscoitos que ele lhe estendesse sem pestanejar.

Já Sakura olhava chocada o momento dos dois. Conhecia muito bem a aversão que Sasuke tinha para doces, mas sentiu o coração se aquecer ao ver como ele foi paciente com o filho.

Não esperava isso nem em um milhão de anos!

Quando chegaram em Tóquio, Sano já dormia com a cabeça no colo da mãe e os pézinhos no do pai. 

Sakura e Sasuke não conversaram durante a viagem, ele parecia muito ocupado e ela respeitou isso. Já ele, mesmo atarefado, olhava vez ou outra para a mulher de cabelos rosados, como se quisesse se certificar que ela estava realmente ali, ao lado dele.

Estava dando um espaço para ela, pois sabia que seria rejeitado caso tentasse uma aproximação no momento. Entendia perfeitamente que por hora teriam que concentrar em Sano e aproveitaria esse tempo para pensar no que fazer para reconquista-la.

Ao descerem do avião, um rolls-royce preto os esperava já na pista. O motorista fez uma mesura assim que Sasuke entrou no carro com Sano adormecido no colo. Sakura e Naruto vieram logo atrás, tendo as bagagens transportadas por funcionários. 

Sakura estava cada vez mais impressionada com todo o luxo que rodeava a vida de Sasuke. Quando namoraram ele não mostrou toda aquela ostentação, inclusive sempre a visitava com um carro diferente, que apesar de aparentar um valor alto não se comparava aquele em que estavam.

E o transporte não era nem o inicio de todo o luxo.

Os olhos verdes se arregalaram quando desceram em frente a um prédio alto e de aparência luxuosa. Haviam seguranças por todo o lugar e mesmo lá dentro percebeu como a segurança era reforçada.

O porteiro os saudou respeitosamente quando passaram pelo hall de entrada e dentro do elevador viu quando Sasuke apertou o botão da cobertura com a mão livre.

Ela sabia que Sano estaria completamente encantado se estivesse acordado. Até ela mesma se sentia assim ao se deparar com cada detalhe do lugar.

Mas nada a preparou para o apartamento de Sasuke.

Sua casa provavelmente cabia inteira naquela sala espaçosa. Decorada de uma forma sofisticada combinando tons sóbrios, poderia estampar tranquilamente a capa de uma revista de decoração. O sofá espaçoso logo a frente da maior televisão que já havia visto na vida, ocupava um lado da sala, enquanto do outro uma mesa de sinuca larga tomava todo o espaço.

Uma porta dupla estava aberta exibindo a elegante sala de jantar e por todos os lados as largas janelas exibiam uma vista de tirar o fôlego. 

A cada novo detalhe luxuoso Sakura se encolhia mais, completamente atordoada.

“No que foi que me meti?”, se perguntou levando a mão a cabeça.

Tão distraída com todo o luxo que nem percebeu Sano acordando e descendo do colo do pai, que estava ocupado dando instruções para os empregados que vinham trazendo as malas.

– GATINHO! – O grito infantil atraiu a atenção de todos ao mesmo tempo que o pequeno correu em direção ao felino.

Não teve o que o pobre animal fazer. Ao piscar de olhos já estava espremido entre os bracinhos de Sano, que esfregava a bochecha no rosto horrorizado do animal.

– Olha mamãe, igual o Fluffykins! – Se aproximou trazendo o gato. Sakura sorriu sem graça e pegou o gato do agarre amoroso em excesso do filho. 

Era um animal bonito com os pelos pretos e os olhos astutos amarelados. Estranhamente combinava com o Uchiha.

Sasuke se sentiu aliviado por Aoda ser tranquilo, se não Sanosuke já estaria seriamente arranhado.

– Bem vindo menino Sasuke – Chiyo veio da cozinha sorrindo. Sentiu saudades do patrão mau humorado – Quer que prepare algum... OH MEU DEUS! – A senhorinha até se apoiou na parede tamanho foi o susto ao ver Sanosuke.

Sakura se assustou também, deixando Aoda cair e Sano deu um pulinho para trás se agarrando na perna do pai.

– Menino Sasuke! – Exclamou pálida apontando para o pequeno – O que... Quem é ele?

– Meu filho – Disse simplesmente sem dar grande importância.

Chiyo soltou uma exclamação e foi ao chão, desmaiada.

– Como diria nosso amigo Shikamaru, que problemático – Naruto disse já indo ajudar a senhora. Sakura também foi, já recuperada do susto.

Sasuke suspirou sentindo a cabeça latejar. Se Chiyo reagiu daquela maneira, não queria nem pensar como seria com sua mãe.

Seu celular não parava de tocar, Itachi já tinha mandado avisar que marcou de conversar com os pais sobre Sakura e Sano, Fugaku deixou um recado furioso em sua caixa postal e nem meio dia era ainda. 

O que mais faltava acontecer?

– Papai – Sanosuke puxou o tecido de sua calça social atraindo sua atenção – Xixi!

•  •  •  •  •  •  • 

– Então é por causa dele a reforma menino Sasuke? – Chiyo perguntou ao se recuperar do desmaio.

Enquanto o patrão esteve fora acabou por receber alguns dias de folga e ao voltar só foi informada que uma grande reforma havia sido feita em dois dos quartos de hóspedes. Entretanto ainda não havia tido a oportunidade de ver o que mudou por lá.

– Sim – Respondeu.

– Reforma? – Sakura perguntou curiosa.

Estavam todos sentados no espaçoso sofá da sala, enquanto Sanosuke brincava com Aoda no tapete. Nem deu muita bola para o apartamento impressionante, tudo que queria era brincar com o gato.

– Você acha que esse papai babão não ia mandar fazer um quarto para o filhinho? – Naruto zombou sem se deixar abalar com o olhar que Sasuke lhe direcionou.

Seu novo passatempo seria rir da cara de Sasuke pela falta de habilidades com crianças. O moreno era uma negação nesse assunto e era engraçado ver como ele tentava fazer as coisas com o filho. 

Sakura olhou espantada para Sasuke que retribuiu o olhar sério.

O Uchiha certamente não tinha cara de um pai babão.

– Como você é lindo! – Chiyo exclamou de repente, completamente encantada, apertando as bochechas gordinhas de Sano – Igualzinho o menino Sasuke nessa idade!

O pequeno resmungou um pouco, de uma maneira que fez com que todos ali lembrassem de Sasuke. Definitivamente pai e filho tinham muito em comum.

– Isso eu devo concordar – Uma voz vinda da porta de entrada chamou a atenção de todos – Onde está o meu sobrinho? – Itachi olhava para o grupo sorrindo abertamente.

Por entre os adultos sentados um par de olhinhos verdes emoldurados por cabelos escuros e bagunçados surgiu timidamente. Um pouco escondido pelo sofá provavelmente envergonhado com o desconhecido.

– Porra Sasuke, você fez uma copia sua! – Exclamou se aproximando rapidamente.

– Menino Itachi não fale palavrão perto da criança – Chiyo ralhou apontando o dedo para o Uchiha.

Itachi se fingiu de magoado mas teve a atenção atraída para Sakura.

– Desculpe, mas ele está em uma fase que repete e imita tudo que fazemos – Explicou sem graça – Por isso é bom evitar falar palavrões perto dele – Corou ao perceber que era o centro das atenções – Algumas semana atrás recebi um bilhete da escolinha dele pois Sano disse um palavrão em sala de aula. Ele obviamente não sabe o que significa, apenas repetiu algo que Ino disse.

"Só podia ser", Sasuke pensou irritado lembrando da loira sem noção.

– Peço perdão – Itachi se desculpou – E devo acrescentar que é um prazer conhecer a mulher que bagunçou o coração do meu irmãozinho tolo!

– Itachi! – Sasuke protestou furioso enquanto Sakura ficava da cor de um tomate.

“Como assim eu baguncei o coração dele?”, se perguntou confusa, olhando para Sasuke que parecia profundamente irritado com o irmão.

– Sou Uchiha Itachi – Se apresentou sorrindo – O mais velho, mais bonito e mais legal dos irmãos Uchiha – Se gabou passando a mãos pelos cabelos longos – E agora, oficialmente o tio mais legal do mundo! – Virou na direção de Sano que o observava desconfiado – Também é um prazer conhecer você!

O Uchiha agachou ficando próximo da altura de Sanosuke e bagunçou os cabelos dele.

– É seu tio Itachi  – Sakura explicou para o filho, que ainda parecia meio receoso – Fala oi para ele.

Sano olhou da mãe para Itachi, de Itachi para o pai, do pai para a mãe e por fim voltou a olhar para o Uchiha mais velho.

– Oi Tio Tachi – Abriu um sorriso tímido que atingiu Itachi bem no coração.

– Como é fofo! – Exclamou antes de puxar o pequeno para um abraço apertado – Sasuke seu maldito, você fez um filho quase tão fofo quanto o meu!

Sanosuke saiu do abraço meio desorientado, mas sorriu para o tio. Ele parecia seu papai, mas não tinha cara de malvado.

Não que achasse seu papai malvado. Não mesmo. Ele era o mais legal do universo e tinha até um avião, mas as vezes dava um pouco de medo.

Ele tinha que sorrir mais, como a mamãe.

– Está tudo muito bom aqui, mas Sasuke... – O tom de Itachi se tornou repentinamente sério – Precisamos ir.

– Sim – Suspirou e levantou do sofá – Mas antes vou mostrar onde fica o quarto que mandei separar para vocês – Falou para Sakura e saiu puxando o grupo pelo corredor – Aqui é o banheiro e aqui o escritório – Apontou para a direita e depois esquerda – O quarto de Sanosuke é aqui – Abriu uma porta deixando que Sakura e Sanosuke passassem.

O gritinho infantil ecoou pelo quarto ao mesmo tempo que uma exclamação chocada de Sakura.

O quarto era maior do que o que dividiam em Konoha. A decoração toda em preto, cinza e branco, combinando com os tons do resto da casa. Mas nem por isso parecia menos infantil. Os mais variados tipos de brinquedos estavam espalhados por todos os lados, dividindo espaço com os móveis. A cama não era muito alta, perfeita para que Sano subisse sozinho sem o perigo de cair. Uma prateleira com vários dinossauros ocupava toda uma parede e bem no centro uma mesa com um trilho de trem e outros brinquedos.

Era o paraíso para qualquer criança e Sanosuke já estava correndo para todos os lados.

– Olha mamãe! – Ele gritava a todo momento, apontando ou então levando até ela algum brinquedo – Olha! Olha!

Sem saber o que exatamente estava sentindo a respeito de tudo aquilo, apenas sentou na cama encostada a parede. 

A realidade de que nunca poderia proporcionar algo como aquilo para o filho a atingiu em cheio.

– Pedi que minha cunhada cuidasse disso por mim – Sasuke começou a falar ao sentar ao lado dela – Eu não dei um limite de preço, então acho que ela não se conteve – Comentou reparando na quantidade exagerada de brinquedos.

Não tinha ideia de quantos uma criança daquela idade precisava, mas pareceu coisa demais até mesmo para ele.

Sakura ficou um tempo em silêncio e os outros voltaram para a sala, não querendo atrapalhar o momento em família. 

– Isso é demais – Sakura murmurou – Não precisava de tanto.

– Não vou poupar despesas com meu filho – Retrucou sem tirar os olhos do pequeno que nem sabia por onde começar a brincar.

A felicidade claramente estampada no rostinho de Sanosuke o fazia ter certeza dessa sentença.

– Já tivemos essa conversa antes – Ela lembrou agora olhando para o homem sentado ao seu lado – Não é do seu dinheiro que ele precisa...

– Eu sei – Interrompeu – Mas não significa que eu não possa proporcionar tudo do que a de melhor para ele também.

– Mas é errado, vai acabar mimando ele – Explicou preocupada – Não quero nosso filho crescendo achando que pode ter tudo o que quer.

Estremecia só de pensar em Sano como uma criança mimada e cheia de caprichos. Seu filho definitivamente não seria assim!

– Entendo – Sasuke suspirou passando as mãos pelos cabelos, ainda tinha muito o que aprender – Não se preocupe que tentarei me conter daqui para frente – Olhou nos olhos dela para passar certeza.

– Obrigada – Agradeceu e sorriu antes de levantar para se juntar a brincadeira do filho.

Sasuke ficou observando os dois por um tempo, enquanto arquivava as informações sobre como ser pai em sua mente. 

Por ele... Por eles se esforçaria.

•  •  •  •  •  •  • 

– Estou falando sério Ino! – Sakura repetiu pela milésima vez – O apartamento dele é absurdo!

Depois de conhecer o quartinho que seria de Sano, Sasuke a mostrou um outro completamente diferente de toda a casa. 

A parede tinha um papel de parede rosado, florido e delicado. Os móveis brancos e a cama de casal confortável onde agora ela estava deitada apenas de roupão. 

Havia acabado de sair de um banho relaxante no banheiro absurdamente luxuoso, com os sais de banho mais cheirosos e uma vista impressionante exibida pela grande janela ao lado da banheira.

– Tira foto! – Exigiu do outro lado da linha – Quero fotos de todos os detalhes!

Depois que Sano caiu exausto de tanto brincar, ela aproveitou para tomar um banho e desfazer sua mala. Escolhia o que vestir quando Ino ligou querendo saber de tudo o que estava acontecendo.

– Vou tentar – Disse olhando para o teto branco – Ino – Chamou nervosa – Ele mandou fazer um quarto para mim!

– Como assim? – Perguntou confusa.

– Naruto me disse que ele escolheu todos os detalhes do quarto – Explicou enquanto percorria o ambiente com os olhos – Disse que ele escolheu tudo pensando em mim!

Não havia uma coisa que Sakura desgostasse naquele cômodo. Ela não poderia ter escolhido melhor.

A linha ficou silencioso por um tempo até a Yamanaka dar um gritinho.

– Ele está tão na sua! – Exclamou chocada – Quem diria!

– Ino! – Chamou nervosa – Eu deixei claro para ele que vim por causa do Sano – Repetiu o que vinha falando para todos que a questionavam sobre Sasuke – Não vai acontecer nada.

– Vai acontecer é você tirando as teias de aranha das suas partes! – Falou sorrindo.

– Não era você que odiava o Sasuke? – Perguntou indignada. A Yamanaka chegou até a colocar o nome do Uchiha no site vodoo online.

– Ainda odeio, aquele mestre das trevas – Respondeu fazendo uma careta – Mas nada impede de você dar uma aproveitada antes de voltar – Opinou maliciosa, conseguindo visualizar direitinho a cara envergonhada da amiga – Afinal, o homem é um monumento.

Falava essas coisas apenas para perturbar Sakura, já que havia percebido o quão nervosa ela estava com a situação toda.

Mas é claro que tinha um fundinho de verdade, afinal o Uchiha era realmente maravilhoso e Sakura estava quase virando virgem novamente de tanto tempo sem.

– Você não presta! – Acusou – E pode esquecer! Não vim aqui para ter qualquer coisa com ele! Estou aqui para decidir o futuro do meu filho, e apenas isso

– Você quem sabe – Revirou os olhos azuis rindo e acariciou Fluffykins que estava carente na ausência da dona – Mas cuidado para não machucar o seu coração novamente – Aconselhou com a voz mais gentil dessa vez. Ao mesmo tempo que gostava de implicar com a amiga – pois sabia que a possibilidade dela ir para cama com Sasuke no momento era quase nula – tinha medo que ela se machucasse novamente. Não queria vê-la de coração partido como cinco anos atrás.

– Acho que o Sano acordou – Comentou ao escutar algumas coisas caindo no quarto ao lado – Vou lá então porquinha, depois a gente se fala!

– Não esquece das minhas fotos! – Lembrou – E quero presentes caros! De preferência celulares!

– Ok, beijos! – Se despediu rindo. Ino não tinha jeito mesmo.

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Todos se surpreenderam ao ver o Oyabun entrando na sede da Sharingan depois de uma semana desaparecido.

A medida que passava os funcionários, seguranças e membros da Sharingan faziam mesuras em respeito a tamanha presença, abrindo espaço para que ele passasse. 

Na sala de reuniões apenas Sai o esperava, sorrindo distraído como sempre. E após passar junto com Naruto e Itachi fechou a porta, garantido o sigilo daquela conversa.

– O que aconteceu de tão grave que vocês não podiam esperar mais um dia? – Perguntou irritado, sentando em seu lugar na cabeceira da mesa – Sanosuke e Sakura estão sozinhos na minha casa!

Foi mais difícil do que pensava deixa-los lá enquanto tinha que sair.

– Preste atenção Sasuke – Itachi deslizou um envelope pardo em direção ao irmão – Enquanto você brincava de casinha muita coisa aconteceu por aqui – Alertou sério como raramente acontecia.

Sem se abalar com a seriedade do mais velho, Sasuke abriu o envelope e o que viu lá dentro fez seu sangue ferver.

Será que nunca teria paz nessa porra?!

Fotos dele saindo da casa de Sakura, junto com ela, Sanosuke e Naruto. Depois algumas fotos deles andando pelo saguão do aeroporto de Konoha.

“Parece que o clã Uchiha finalmente tem seu herdeiro, felicidades!”

Era o que dizia a mensagem que acompanhava as fotografias.

Não precisou se esforçar muito para deduzir quem teria enviado tal ameaça. 

A Akatsuki já sabia da existência de Sanosuke.

E isso foi o suficiente para fazer com que todos os sentidos apitassem em alerta. Seu filho já corria perigo.

NÃO!

Completamente irritado pegou o celular discando furiosamente.

– Reforce a segurança do prédio imediatamente – Ordenou irado.

Do outro lado da linha o chefe da segurança até tremeu amedrontado pelo tom do Oyabun, já correndo para acatar a ordem.

Com força Sasuke bateu o celular na mesa, fazendo ela ranger e a tela do aparelho rachar.

– Agora não tem volta – Naruto disse pesaroso.

– Tenho que encontrar Neji para resolver as papeladas, mas assim que tudo estiver certo vou liberar uma nota para a imprensa – Disse tentando se acalmar. Sentia todos os músculos tensos, e tudo o que queria era correr para casa e cuidar da segurança de sua família pessoalmente.

– E tem mais – Itachi acrescentou atraindo a atenção de Sasuke – A Akatsuki conseguiu o apoio do clã Hachibi de Kumogakure.

– O que?! – Rugiu irritado – Eles estão cientes que isso os tonar inimigos de todos os outros clãs?!

– Tentamos de diplomacia, mas o Oyabun de lá respondeu demonstrando toda a sua insatisfação com a liderança da Sharingan – Itachi explicou.

– Pensei que eles apoiavam a gente – Naruto comentou confuso.

– Apoiavam – Disse sério – Mas aparentemente Orochimaru fez uma boa proposta e bem, não é novidade que o poder que Sasuke possui desperta inveja.

– Malditos – Sasuke bateu na mesa mais uma vez, mas sua mão passou direto quando Sai puxou o móvel.

– Oyabun-sama, peço que não quebre essa também – Pediu humildemente tentando não se mostrar afetado pelo olhar que Sasuke lhe direcionou.

Aquela mesa era mais antiga que a anterior e Sai havia ficado fascinado com os detalhes entalhados na madeira antiga. Não permitiria aquele atentado a um item tão belo.

– Então agora temos a Akatsuki, a Hachibi e o que sobrou da Tríade Chinesa atrás da gente – Itachi tornou a falar antes que Sasuke atacasse Sai.

– E tudo isso enquanto o maior fraqueza que você poderia ter é revelada – Naruto acrescentou e Sasuke suspirou.

A situação estava mais grave do que imaginava.

– Ah, e você também tem que contar para nossos pais e revelar ao resto do clã antes que a noticia se espalhe – Itachi alertou.

– Eu sei – Passou as mãos pelos cabelos de forma nervosa.

– Tomei a liberdade de marcar com eles e já estão no aguardando – Conferiu o horário e levantou – Vamos?

E pensando a respeito percebeu que nunca estaria preparado para essa conversa.

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Era estranho andar sem Naruto fazendo sua segurança como normalmente, mas não conseguiu concentrar no que devia fazer enquanto não tivesse a certeza que Sakura e Sanosuke estariam seguros.

Só aceitou acompanhar Itachi até a casa dos pais quando o Uzumaki voltou para o apartamento.

– Está preparado? – Itachi perguntou assim que o mordomo abriu a grande porta da mansão Uchiha.

Sem responder, Sasuke entrou indo direto para a sala onde sabia ser aguardado pelos pais.

Os encontrou de pé, Fugaku com o rosto contraído em uma expressão rígida e Mikoto com os olhos marejados e o nariz vermelho.

Nem teve como reagir quando a mãe veio em passos rápidos e lhe acertou um tapa no rosto.

– COMO VOCÊ SOME ASSIM UCHIHA SASUKE! – Vociferou angustiada – NÃO FAÇA MAIS ISSO COM SUA MÃE! – Continuou gritando mexendo os braços – Uma semana sem noticia e tudo isso depois de você ter pulado de um avião em movimento! UM AVIÃO!

Sasuke estava momentaneamente surpreso pois não esperava uma reação daquelas de Mikoto, e sim de Fugaku que ainda permanecia parado no mesmo lugar.

Quando pequeno apanhou diversas vezes do pai, mas a mãe nunca havia levantado a mão contra ele.

Sentindo a bochecha arder ele percebeu que tinha feito algo realmente sério daquela vez. E nem sua autoridade seria capaz de livra-lo daquele sermão.

– Uma semana atrás eu assisti o filho que criei para assumir meu lugar surtar e invadir o território de outro clã – Fugaku começou a falar se aproximando.

O tom da voz dele era gélido e Itachi admirava o irmão por não se sentir ameaçado pelo pai.

Sasuke nem se mexia.

– Assisti sem poder fazer nada, o Oyabun que deveria ser o mais correto dentre todos destruir um aeroporto, convocar um clã aliado e juntos iniciar uma guerra de proporções incalculáveis – Continuou aumentando o tom da voz.

Ao chegar na frente de Sasuke acertou seu peito com um jornal que tinha em mãos.

“Atentado terrorista ao Aeroporto Internacional de Otogakure deixa dezenas de mortos e feridos”, era a manchete estampada na primeira página.

– Em poucas horas você colocou a perder tudo o que eu e todos que vieram antes de mim tanto lutaram para conquistar, você tem noção disso?! – Questionou irado gritando agora bem perto do rosto do filho.

Naquela casa Sasuke não era o Oyabun. Na frente daquele homem e daquela mulher ele não tinha poder nenhum.

  – E tudo por qual motivo? Me diz? – Exigiu agora mais nervoso ainda – Uma mulher?! Uma qualquer? ME EXPLICA!

Mikoto chorava baixinho sendo amparada por Itachi. Juntos assistiam pai e filho se encarando mortalmente.

– Não fale que ela é uma qualquer – Sasuke rosnou sem se deixar amedrontar pelo pai.

– Quem ela é? – Perguntou – Você encheu a boca para dizer que é sua mulher, mas de onde saiu? – Perguntou perdendo a paciência – Quem é a mulher que foi capaz de te fazer arriscar tudo o que você tem?

– A mãe do meu filho – Respondeu no mesmo tom, sentindo orgulho em pronunciar cada letra.

Os olhos de Fugaku se arregalaram e Mikoto soltou uma exclamação se agarrando aos braços de Itachi.

O silêncio imperou naquela sala por alguns minutos.

– Como assim Sasuke? – Mikoto perguntou em um fio de voz.

– Filho? QUE FILHO?! – A voz de Fugaku soou como um trovão e Itachi deu um passo a frente vendo o hora que ele avançaria para cima de Sasuke.

– Não me diga que você engravidou uma daquelas mulheres da noite que você levava para a Sharingan – Mikoto deduziu inconformada.

– Não – Respondeu já cansado.

Era a hora de revelar aos pais seu maior pecado.

– Cinco anos atrás eu conheci uma mulher e tive um relacionamento com ela – Continuou e Mikoto levou as mãos a boca em choque. Fugaku se afastou claramente decepcionado – Ela não sabia quem eu era e acabei por me aproveitar da ingenuidade dela, iniciando um relacionamento – Lembrar como enganou Sakura o fez sentir um amargo na boca – Ela não sabia que eu era o CEO da Uchiha Corp., que eu era o Oyabun ou muito menos que eu era casado... Durou um ano, no qual passei indo na casa dela quase todas as noites – Se revelar tudo para Itachi havia sido difícil, para os pais estava sendo algo sufocante – Quando ela descobriu sobre Karin, me deixou e foi embora da cidade. Eu só não imaginava que ela estava gravida.

– Meu Deus – Mikoto sussurrou.

– Recentemente, na viagem que fiz para Konoha a respeito da nova filial da empresa eu a encontrei – Continuou – E assim conheci meu filho, Sanosuke. Ele tem cinco anos e é um bom garoto – Se odiou por não conseguir descrever o pequeno tão bem quanto Sakura fazia – Eu os trouxe comigo, estão em meu apartamento.

Fugaku encarava a parede com as mãos na cintura e Mikoto chorava baixinho.

– Eu tenho um netinho? – Perguntou entre os soluços – Sanosuke o nome dele? Como é? Quero vê-lo! – Pediu se aproximando do filho.

Sasuke não tinha nenhuma foto do filho e quando ia falar isso para a mãe foi interrompido por Itachi.

– Esse é seu novo netinho – Itachi estendeu o celular na direção da mãe.

O Oyabun olhou curioso a foto que desconhecia a existência. 

Nela estava com Sanosuke no colo, ao lado de Sakura e juntos jantando no dia que conheceu o filho. O pequeno tinha o sorriso aberto e a boca suja de comida, enquanto a Haruno tentava limpar com um guardanapo. Mas o que mais chamava atenção na cena era seu olhar, intenso na direção da mulher de cabelos rosados.

– Oh meu Deus, como ele é maravilhoso! – Exclamou encantada – Igualzinho você querido, olha essas bochechas! – Passou os dedos na tela do celular como se fizesse um carinho do rostinho dele – Meu netinho – Abraçou o aparelho sorrindo, deixando as lágrimas rolarem por seu rosto.

Itachi colocou a mão no ombro do irmão, o confortando. 

Por mais que a máscara de indiferença de sempre estivesse lá, Itachi sabia que Sasuke estava devastado por dentro.

Admitir um erro daqueles para o homem que sempre tentou orgulhar era algo que abalava seu irmão mais novo com toda a certeza.

– Fez DNA? – A voz de Fugaku sobrepôs a empolgação de Mikoto – Tem certeza que é seu?

– Não preciso de DNA – Respondeu ríspido – Sanosuke é meu filho.

– Como pode ter tanta certeza? Cinco anos e essa mulher pode ter passado por muitas camas!

Itachi não teve tempo de impedir o irmão de se aproximar do pai. As testas se tocaram quando o Oyabun peitou o próprio pai completamente tomado pela raiva.

– Não fale dela dessa maneira – Sibilou se contendo para não bater no próprio pai.

– Não seja ingênuo – Retrucou no mesmo tom.

– Fugaku – Mikoto se intrometeu puxando o marido, que relutou um pouco antes de se afastar – Pare com isso e olhe aqui – Estendeu o celular na direção dele – Olha o nosso netinho! Como pode desconfiar que não é de Sasuke? Olha como é parecido!

Os olhos escuros de Fugaku miraram a tela desconfiado, analisando cada traço do rostinho infantil.

– Hn – Resmungou sem dar o braço a torcer – É ela?

– Sim, Haruno Sakura – Respondeu com orgulho da mãe de seu filho.

– Quem sabe? – Perguntou tentando se acalmar.

– Itachi, Naruto, Sai e... – Exitou antes de continuar – ... A Akatsuki.

– Você condenou essa criança a morte! – O ex-Oyabun acusou.

– Vou protege-lo com minha vida se for preciso – Retrucou confiante – Ninguém vai inconstar no meu filho.

– Se o senhor puder ajudar com sua influência com os outros clãs – Itachi se intrometeu complacente – Sasuke vai precisar de ajuda quando os outros clãs descobrirem sobre tudo isso.

– Vai ter sorte se não perder a liderança perante os outros clãs – O mais velho alfinetou o filho – Não vejo necessidade de me intrometer nisso. 

– Sem os outros clãs perderemos a guerra – Itachi argumentou preocupado – A segurança de Sanosuke vai ficar mais ameaçada ainda.

– Isso não é problema meu – Retrucou inflexível – Fez o filho e toda essa merda, você que resolva sozinho!

– Fugaku – Mikoto se intrometeu mais uma vez, levantando a voz e se aproximando do marido – É do nosso filho e do nosso neto que estamos falando – Ergueu o dedo e apontou para o peito dele – Você vai ajudar sim!

A sala mergulhou em um silêncio onde Sasuke e Itachi assistiam o pai recuar diante da fúria de dona Mikoto.

– Que seja! – Praguejou e depois de lançar um olhar decepcionado para o filho saiu da sala como um furacão.

Os três permaneceram no mesmo lugar olhando para a porta.

– Quero conhecer meu neto – Mikoto informou quebrando o silêncio – E também a moça que causou toda essa confusão – Acrescentou – Traga-os para a festa.

Não foi um pedido e o Oyabun percebeu isso.

Suspirou e assentiu se sentindo aliviado por finalmente ter revelado aos pais todo o seu segredo. Com a saída de Fugaku da sala percebeu que o peso que carregou nas costas por tanto tempo sumiu completamente.

Um problema a menos.

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Sanosuke sempre foi tranquilo. 

Quando bebê não chorava com frequência, mas isso não impedia que a mamãe de primeira viagem ficasse acordando de tempos em tempos para checar se estava tudo bem.

Mesmo agora com o filho mais grandinho não conseguiu perder o costume de levantar no meio da noite para dar uma olhada nele e depois beber um copo de água – Que na época ajudava a repor os líquidos que perdia na amamentação.

Havia jantado sozinha com Sano e Naruto, já que Sasuke não voltou para casa. O pequeno protestou um pouco pedindo pelo pai, mas logo se distraiu com as palhaçadas do Uzumaki.

Já passava das duas da manhã quando saiu do quarto e foi em direção ao do filho. A porta entreaberta mostrava o quarto fracamente iluminado pela luz noturna que ficava acoplada a parede, para que o quarto não ficasse de todo escuro e Sano com medo. 

Antes que pudesse entrar percebeu uma presença lá dentro. Silenciosamente se aproximou da porta e viu com espanto a silhueta de Sasuke parcialmente iluminada.

Estava com as mãos nos bolsos da calça social parado próximo a cama onde Sano dormia profundamente, todo esparramado como era de costume. Os bracinhos para cima, as perninhas abertas e a coberta já embolada nos pés da cama.

Ficou um tempo ali, parada observando o Uchiha velar o sono do filho até que ele tirou as mãos do bolso e, com uma delicadeza que não sabia que ele possuía, puxou a coberta estendendo sobre o pequeno.

Os dedos passaram levemente pelo cabelo bagunçado de Sano, e então Sakura resolveu sair antes que fosse descoberta espionando.

Chegou na cozinha bonita e bem equipada com o coração aquecido pela cena que havia acabado de presenciar.

Pegou um copo no armário e encheu com água gelada tirada da geladeira.

Mais cedo naquele dia Chiyo a fez ficar a vontade e até ajudou na preparação do jantar. 

Uma cozinha daquelas era o seu sonho de consumo, pensou encantada com os detalhes que podia enxergar com ajuda da luz da lua.

– Pensei que já estivesse dormindo – A voz rouca de Sasuke soou próxima e ela quase deixou o copo cair tamanho o susto.

– Meu Deus, que susto Sasuke! – Falou depositando o copo na bancada e levando a mão ao peito enquanto tentava regular a respiração.

Para um homem daquele tamanho ele era extremamente silencioso.

– Hn – Resmungou e passou por ela, também pegando um copo mas enchendo com Whisky que já ficava estrategicamente acomodado por ali.

Precisava beber um pouco para relaxar.

– Você não jantou com a gente – Resolveu puxar assunto – Sano sentiu sua ausência.

– Fui ver meus pais – Explicou se sentindo incomodado ao saber que o filho queria sua presença durante a refeição. Mandaria Izumi organizar sua agenda de forma que pudesse estar presente no dia seguinte.

– Oh, como eles estão? – Perguntou começando a lavar o copo, apenas para distrair as mãos inquietas.

Era estranho estar sozinha com ele.

– Estão bem – Respondeu – Minha mãe sempre oferece uma festa de final de ano, e me pediu para convidar você e Sanosuke.

– Uma festa? – Exclamou surpresa deixando o copo limpo de lado e pegando o de Sasuke para lavar também – Não trouxe roupas apropriadas para um evento desse...

– Peço para Izumi te ajudar com isso – Falou sério, observando como ela ficava bem naquela cozinha. Parecia uma cena tão cotidiana, e tão certa que ele sentiu um conforto que só ela proporcionava.

Sonhava com o dia que ela se moveria por ali com familiaridade, como dona daquele apartamento.

– Não quero incomodar – Deixou o copo de lado junto ao outro e finalmente virou na direção dele.

Momentaneamente se sentiu desconfortável com a intensidade do olhar que ele lhe direcionava.

Parecia admira-la.

– Não é incomodo – Retrucou sério – Minha mãe não aceitara um não como resposta.

– Entendo – Suspirou e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha – Sasuke – Chamou agora um pouco insegura – O que vai acontecer quando todos souberem que Sano é seu filho? Todo esse dinheiro, fama... Tenho medo de algo acontecer com ele.

“Vai muito alem disso”, ele pensou com pesar. Ainda não era hora de revelar a verdade.

– Fique tranquila – Se aproximou capturando a mecha de cabelo que havia voltado a cair no rosto dela – Eu prometo que nada vai acontecer com nosso filho – Com um movimento suave colocou os fios rosados atrás da orelha novamente e por fim beijou a testa dela.

Sakura ficou paralisada no meio da cozinha vazia, completamente espantada com o gesto de Sasuke, assistindo ele sumir na escuridão do apartamento.

E só lhe restava confiar naquelas palavras.