História Resiliência - O que desejaram por tanto tempo

Nada acontecia em Tóquio sem que a Sharingan tivesse conhecimento. 

Por ser o maior e mais poderoso clã também tinham poder no resto do país, entretanto era naquela cidade que o Oyabun tinha total e completo controle.

Naquela noite, quando o rolls-royce preto estacionou em uma das principais ruas do distrito de Roppongi, foi para que seu ocupante colocasse ordem naquilo que foi negligenciado por muito tempo.

O motorista abriu a porta e Naruto desceu, os olhos azuis atentos na rua movimentada, mesmo com o frio do inverno. 

Sasuke desceu logo em seguida.

O terno preto coberto por um sobretudo da mesma cor fazia a pele branca destacar em meio a cores tão escuras. Em sua mão direita a tão conhecida katana ainda embainhada.

Quando soube da aliança formada entre a Akatsuki e o clã Hachibi, mandou que fosse fechado qualquer negócio relacionado ao clã de Kumogakure em Tóquio. 

Não eram muitos, em sua maioria casas noturnas localizadas ali mesmo em Roppongi. Alguns telefonemas e misteriosamente os prédios foram interditados e seus proprietários tirados de circulação.

Apenas um permanecia e por esse motivo Sasuke estava naquele lugar, quando na verdade ansiava estar jantando na companhia de seu filho e daquela que queria como sua mulher.

– Oyabun-sama! – Um homem robusto e de pele bronzeada fez questão de saudar com uma leve mesura. Os cabelos descoloridos e os inseparáveis óculos escuros, que eram a marca registrada de Killer B estavam lá como sempre – É um honra recebe-lo em meu humilde estabelecimento!

Sasuke olhou o homem e depois desviou o olhar, analisando a fachada luxuosa do lugar. Os tijolos branco e o grande “B” luminoso chamava atenção entre as várias outras fachadas adornas com neon espalhadas pela rua.

Killer B pareceu ter percebido que o Uchiha não ia falar nada e resolveu guiar o Oyabun até seu escritório. Apenas Naruto acompanhava os dois, enquanto os demais seguranças membros do clã se espalhavam pelo lugar, se misturando com os frequentadores que dançavam de acordo com uma batida de hip hop;

– Me dê um motivo para não te matar e colocar esse lugar abaixo como fiz com todos os outros – Sasuke começou a falar assim que sentou em uma das cadeiras do escritório – Traidor de merda!

Sem perder o bom humor, Killer B sorriu e, dançando de acordo com a música que chegava até eles abafada, andou até um pequeno bar e serviu dois copos de whisky. 

– Sempre fui com a sua cara Oyabun-sama – Falou ao depositar o copo em frente a Sasuke e dar uma grande golada no que tinha em mãos – E com a sua também! – Apontou para Naruto, que permanecia como uma sombra atrás do Uchiha.

– Não enrole – Sasuke rosnou ignorando a bebida.

– Ok! – Riu e bebeu mais um pouco – O que eu estou tentando falar é que não vou com a cara daquele esquisito... O tal Orochimaru! – Falou se acomodando melhor na cadeira – Mas com você, porra, você é foda! – E abriu um sorriso.

Naruto virou o rosto contendo uma risada e Sasuke arqueou a sobrancelha.

– Eu tô contigo e nada mais – Continuou ignorando as formalidades – E como prova das minhas boas intenções – Virou o monitor de computador que tinha acomodado na mesa de vidro – Um presentinho!

Os olhos de Sasuke brilharam ao ver Kabuto, filho de Orochimaru e herdeiro da Akatsuki, confortável em uma das áreas vips da casa noturna.

– A noite em Tóquio continua sendo a melhor do país – Killer B começou a explicar – Kabuto continua frequentando, achando ser seguro já que a Hachibi agora é aliada. Mas ele só não contava que eu não estivesse tão de acordo com essa aliança!

O Uchiha encarava a tela pensativo.

– Se isso for uma armadilha... – Começou a ameaça.

– Eu não seria louco de fazer algo assim justo por aqui – Sorriu tranquilo.

Mil pensamentos passavam pela cabeça do Oyabun naquele momento. Muitas possibilidades e uma única vontade. Matar qualquer um que fosse da Akatsuki e que tivesse ousado ameaçar seu filho.

– Você não pode matar ele – Alertou Naruto em tom preocupado. Sabia exatamente o que se passava na cabeça de Sasuke naquele momento.

– Não posso – Virou a cadeira e levantou – Mas posso fazer quase isso – Disse antes de sair da sala em direção a área vip.

Killer B gargalhou, definitivamente adorava aquele cara.

– Isso vai dar muita merda! – Naruto choramingou indo atrás.

•  •  •  •  •  •  •

Kabuto curtia a balada na companhia de uns conhecidos. Estava tranquilo apesar do território inimigo. A casa noturna de um de seus mais novos aliados o fazia ter uma sensação de estar dentro de uma zona segura.

Seu pai nem desconfiava que está por ali, mas não tinha culpa. Se o velho investisse na noite de Otogakure ele não seria obrigado a procurar por diversão em outros lugares.

Tão concentrado na bebida que tinha em mãos e na bela mulher em seu colo, que não percebeu os vários homens armados entrando na área vip que ocupava.

Enquanto escutava a mulher sussurrar obscenidades em seu ouvido, levava o copo de conteúdo alcoólico a boca.

– Mas o que... ?! – Parou o movimento no ar quando o copo simplesmente se partiu ao meio e o liquido caiu todo em seu colo.

Sua acompanhante gritou alto e se afastou rapidamente, ao mesmo tempo que Kabuto se dava conta que o Oyabun estava parado em sua frente com a katana apontada para sua cabeça.

Sasuke se manteve sério enquanto via o homem se desesperar, olhando para os lados, provavelmente procurando por ajuda dos homens de Killer B.

Mas para a infelicidade dele, os seguranças permaneciam nos mesmos lugares como se nada estivesse acontecendo.

– Então quer dizer que a Akatsuki gosta de ameaçar crianças – Sasuke comentou enquanto encostava a lamina no pescoço de Kabuto.

– É verdade então, o bastardo é mesmo seu filho! – Mesmo naquelas condições não deixou de provocar – Tomara que morra de forma bem dolorosa, junto com a vadia da mãe dele!

Naruto xingou alto e fechou os olhos sabendo que não havia mais volta.

Já Kabuto soube na mesma hora que não devia ter atiçado a fera.

Cego pela fúria causada pelas palavras impensadas, Sasuke fincou a kusanagi na perna de Kabuto, enquanto com a outra mão acertava um soco forte no rosto dele. 

Sangue e dentes voaram longe com a pancada violenta. E sem perder tempo O Uchiha começou uma serie de socos no rosto já machucado do homem.

Kabuto tentava se defender como podia, mas a lamina havia atravessado sua perna, o prendendo no assento acolchoado e causando muita dor. Com uma mão Sasuke o segurava pelo pescoço no lugar, enquanto a outra descia sem piedade na direção do infeliz. 

Os socos que recebia do Oyabun eram tão fortes e tão carregados de raiva que em pouco tempo já estava quase perdendo a consciência.

– Você vai mata-lo! – Alertou Naruto ao segurar o braço de Sasuke.

O Uchiha piscou atordoado e só então percebeu o estrago que havia feito em Kabuto. O rosto praticamente desfigurado e sangue pingando de seu punho fechado, pronto para mais socos. Se afastou vendo o homem respirar com dificuldade, seus dedos marcados no pescoço dele.

Não satisfeito puxou a katana de uma vez, fazendo Kabuto gritar pela dor. O corte profundo na perna deixava grandes quantidades de sangue sair.

Nem um pouco incomodado com a cena, Sasuke olhou para um de seus homens que estava próximo. Ele rapidamente se aproximou já sabendo o que o Oyabun queria.

Com muita dificuldade conseguiu estender a mão de Kabuto, dobrando todos os dedos e deixando apenas um.

Em um movimento rápido Sasuke desceu a katana de uma vez separando facilmente o dedo mindinho.

Uma vergonha que Kabuto carregaria de agora em diante e que provavelmente Orochimaru ficaria possesso ao descobrir.

– Mande uma mensagem para o seu pai e todos os inúteis da Hachibi – Sasuke começou a falar ignorando os gritos de dor de Kabuto – Não tolero traidores.

Killer B que assistiu toda a cena em um canto, levantou o polegar, fazendo um “joinha” para o Oyabun.

– Joguem esse lixo de volta para a Akatsuki – Sasuke ordenou para seus homens – Ah, e a proposito – Virou a cabeça, visualizando a figura deprimente de Kabuto por cima do ombro – Avise Orochimaru que se ele ousar chegar perto da minha mulher e do meu filho eu o mato, nem que para isso eu tenha que colocar a cidadezinha dele abaixo. 

•  •  •  •  •  •  • 

– Você não pode perder a cabeça desse jeito! – Naruto ralhou assim que entraram no carro – Você acabou de complicar mais ainda as coisas! Porra! – Exclamou jogando os braços para o alto – Desde quando eu sou o mais sensato?!

Sasuke olhou as mãos cobertas de sangue e mesmo não admitindo em voz alta sabia que havia feito merda.

Estavam em meio a uma guerra e ele havia acabado de jogar lenha na fogueira.

Naquela noite havia percebido que quando o assunto era Sanosuke e Sakura, não conseguia se controlar. 

E essa falta de controle lhe traria graves consequências.

O carro parou em frente a grande mansão da Sharingan. Os dois entraram, passando rapidamente pelos corredores e Sasuke sendo reverenciado por todos que encontravam.

– Oh meu Deus! – Mikoto exclamou chocada ao ver o filho surgir no final do corredor – O que aconteceu com você? Esse sangue todo é seu?!

– Não – Respondeu impaciente. Queria se limpar e ir logo para a maldita reunião.

Sakura e Sanosuke o esperavam em casa, e depois das palavras ditas por Kabuto tudo o que queria era vê-los.

Deixou a mãe para trás junto de Naruto, que ficou para explicar o que havia acontecido. A presença da matriarca Uchiha na sede, aquela hora da noite, significava que algo grande estava para acontecer.

E de fato estava.

Enquanto deixava a água do chuveiro lavar todo o sangue que estava em sua pele, tentava se manter calmo em relação ao que enfrentaria na reunião daquela noite.

Não apenas sua posição perante todos os clãs como também a segurança de sua nova família estava em risco.

Querendo acabar logo com isso, saiu do chuveiro sem se importar de molhar tudo no processo. Se enxugou e colocou um dos vários ternos que já deixava em sua suíte da sede.

– Já estão todos lá! – Naruto informou quando saiu do quarto. O loiro estava encostado ao lado da porta apenas esperando por ele.

Sem dizer nada começou a andar pelos corredores da mansão, a porta de correr onde eram realizadas as reuniões nunca esteve tão bem guardada. Vários seguranças, não apenas da Sharingan, estavam por todo o corredor.

Um a um foram abaixando a cabeça a medida que o Oyabun passava.

Naruto abriu a porta e Sasuke entrou, fazendo com que a sala lotada, antes preenchida pelo sons de conversas, ficasse silenciosa.

Sem olhar para os que estavam na mesa, o Oyabun sentou em seu lugar de direito. Com a postura imponente de quem sabia que mandava em tudo e em todos.

– Oyabun-sama! – Itachi foi o primeiro a saudar, fazendo uma mesura e sendo acompanhado por todos os outros.

Sasuke viu, não apenas todos os membros relevantes da Sharingan como também os Oyabuns dos outros clãs aliados.

Era a primeira vez em muitos anos que uma reunião daquelas proporções acontecia. 

– Oyabun-sama, poderia nos informar do que se trata toda essa comoção? – Hyuuga Hiashi perguntou. 

Era o Oyabun do clã Byakugan, localizado em Osaka. Atrás dele como Kobun e sucessor estava Neji.

Hanabi, filha de Hiashi, também estava ajudando na segurança. O Oyabun de Osaka teve apenas filhas mulheres, sendo uma delas desconhecida por ter sido concebida fora do casamento. Mãe e filha nunca tiveram suas identidades reveladas e as histórias dizem que foi por Hiashi não querer arriscar a segurança da filha.

O clã Byakugan era um dos mais tradicionais do Japão, e uma mulher assumir não era algo que poderia acontecer. Então Neji, mesmo sendo sobrinho do Oyabun, era o próximo no comando.

– Creio que viemos tratar das consequências do que fizemos em Otogakure – Gaara falou em seu tom calmo de sempre. 

Sasuke sabia que teria uma divida eterna com o clã de Suna pela ajuda no resgate de Sakura.

Gaara era o Oyabun do clã Shukaku. Junto de Sasuke era um dos Oyabun mais novos do Japão. Mas a pouca idade não interferia no ótimo trabalho que ele vinha fazendo no comando.

Como Kobun vinha Nara Shikamaru, o homem conhecido como o mais inteligente de toda yakuza. Amigo pessoal de Sasuke e casado com a irmã de Gaara, Sabaku no Temari, que também estava presente na reunião para garantir a segurança do irmão mais novo.

– Gaara só fez o que fez porque Oyabun-sama autorizou! – Temari informou com medo que os outros clãs se voltassem contra seu irmão.

– Você não pode falar ainda! – Alertou Shikamaru – Problemática.

Antes que Temari pudesse retrucar Gaara levantou a mão pedindo silêncio aos dois.

– Vamos deixar o Oyabun-sama falar – Minato pediu e todos voltaram a ficar em silêncio.

Para acompanhar o Oyabun de Konoha, estava seu Kobun Jiraya e seus dois seguranças mais confiáveis, Maito Gai e Rock Lee. Apesar das roupas chamativas eram dos mais habilidosos da yakuza.

  – Pode falar – Fugaku falou pela primeira vez. Estava sentado ao lado direito de Sasuke, enquanto Itachi estava do esquerdo. Ao lado do ex-Oyabun estava Mikoto, que fez questão de sentar perto de sua amiga de longa data Kushina.

Sasuke olhou cada rosto conhecido naquela sala. Todos o viam como alguém impassível, incapaz de cometer erros ou quebrar alguma regra da yakuza.

E então, se deu conta que já castigou membros da Sharingan por muito menos.

O que o diferenciava deles? Era o Oyabun, mas também havia errado.

Também merecia uma punição.

Sem falar nada e tendo certeza do que fazia, puxou a katana da bainha, fazendo todos se surpreenderem.

Como instinto todos os presentes na sala empunharam suas armas, insertos sobre as intenções do Oyabun. Por mais que tivesse a mão tremula dentro do paleto do marido, segurando uma de suas armas, Mikoto era a única a não mirar na direção de Sasuke.

– SASUKE! – Ela exclamou horrorizada quando ele cortou fora o próprio dedo mindinho.

Depois de um tempo sem reação todos começaram a falar ao mesmo tempo, gritando e exigindo respostas. Mikoto, desmaiada, saiu da sala carregada por Itachi. Enquanto isso Naruto já envolvia a mão de Sasuke com um pano, entregue por um dos funcionários.

– Mas que merda você fez?! – Itachi vociferou assim que voltou para a sala. Mikoto já acomodada em um dos vários quartos da mansão.

– Ele fez o certo – Fugaku falou atraindo a atenção de todos. A sala voltou a ficar em silêncio enquanto Oyabun e ex-Oyabun se encaravam com intensidade.

Ignorando a dor que sentia e o funcionário que limpava a bagunça que havia feito, Sasuke resolveu que era hora de finalmente revelar a todos seus pecados.

– O motivo por eu ter convocado o clã Shukaku para atacar Otogakure e assim iniciado essa guerra é que Orochimaru descobriu um segredo meu – Começou a falar, tentando achar as palavras certas.

– Segredo? Todos temos segredos! – Madara zombou e todos concordaram –  Mas não vejo o que de tão grave Oyabun-sama poderia esconder a ponto de justificar tudo isso.

– Cinco anos atrás, fui traído pela sobrinha de Orochimaru e como vingança matei o filho dele – Continuou, ignorando Madara – Traiçoeiro como é, aguardou até que achasse um ponto fraco meu – Respirou fundo – E ele achou.

Ainda tinha pesadelos com o sequestro de Sakura. O momento em que pensou que ia morrer com ela em seus braços estaria marcado para sempre em sua memória.

– Eu tinha uma amante e para mante-la segura deixei que se afastasse de mim – Falou e pode ver as reações de cada um ali diante da revelação – Só voltei a encontra-la recentemente em uma viagem para Konoha e foi quando me descuidei e Orochimaru, em parceria com a Tríade Chinesa, aproveitou para atacar aquela que era meu ponto fraco.

– Era a moça dos cabelos cor de rosa, não é? – Kakashi perguntou, lembrando da última reunião onde Sasuke saiu transtornado ao ver a caixa com os fios rosados dentro.

Sasuke apenas confirmou com um movimento de cabeça. O dedo estava latejando e sabia que precisaria passar no médico assim que saísse daquela reunião.

– Minato, é aquela mocinha do Café, não é? – Kushina perguntou para o marido, que apenas confirmou. Já sabia de tudo, visto que Sasuke havia lhe revelado enquanto esteve em Konoha.

  – Eu sabia que essa história estava mal contada! – Trovejou Madara – Uma guerra iniciada por uma mulher! Isso é ridiculo!

– Se me lembro bem você disse que ela não pertence a nenhum clã – Izuna comentou – Então ela não sabe de nada sobre nós?

– Não – Respondeu sério – Ela acha que o sequestro foi por conta do meu dinheiro.

– Isso é loucura! – Obito exclamou.

– Mas não vejo o motivo de estarmos todos aqui – Hiashi atraiu a atenção de todos. Até o momento não havia se pronunciado a respeito – A guerra, a traição da Akatsuki e da Hachibi... Todos já sabíamos disso! – Falou e todos concordaram – O que o Oyabun-sama esconde a mais?

Os que já sabiam de tudo se ajeitaram em seus assentos apreensivos, enquanto o Oyabun se preparava para revelar aquilo que mudaria tudo na yakuza.

– Eu tive um filho com essa mulher – Falou de uma vez – E a Akatsuki sabe da existência dele.

Se uma agulha caísse no chão daquela sala provavelmente todos escutariam tamanho o silêncio que se fez. Até os seguranças e outros funcionários presentes estavam chocados com a revelação.

– A criança é oficialmente sucessora de Sasuke na Sharingan, e por consequência, de vocês todos – Itachi tomou a palavra vendo que ninguém ia quebrar o silêncio.

– Você está dizendo que o futuro da yakuza está nas mãos de um bastardo?! – Madara perguntou chocado e na mesma hora Sasuke tirou uma de suas armas do paleto apontando para a cabeça do tio.

– Meça suas palavras para falar do meu filho – Rosnou ignorando os outros que assistiam a cena assustados.

– Então você tem um filho com uma mulher que não sabe quem você é de verdade? – Gaara perguntou tranquilo. Não costumava se alterar por qualquer coisa, mas quando o fazia era tão mortal quanto o Uchiha.

– Que problemático – Shikamaru comentou e levou um cutucão de Temari.

– Você precisa registrar a criança! – Shisui opinou.

– Isso será resolvido logo – Neji anunciou.

– Já sabia disso? – Hiashi perguntou indignado. Odiava ser o último a saber das coisas.

– Sim – Respondeu – Oyabun-sama me pediu para cuidar do caso assim que descobriu da existência da criança, mas me pediu sigilo.

– Quantos anos tem? – Izumi perguntou. De certa forma estava aliviada, seu filho não teria mais que assumir a responsabilidade da Sharingan.

– Quatro anos – Respondeu um pouco menos rígido ao falar do filho – Chama Sanosuke.

– Gostei, nome forte... De personalidade! – Comentou Obito bem humorado.

– Uchiha Sanosuke – Shisui testou – É, realmente fica bem!

– É a cópia do Sasuke! – Naruto falou já empolgado – Vocês precisam ver, é um moleque muito esperto!

– É sim! – Itachi concordou sorrindo.

– Ok, a criança é incrível e todos estão encantados... Mas e a mulher? – Madara perguntou irritado – O que pretende fazer com ela?

– Também gostaria de saber – Hiashi acrescentou interessado.

– Seria mais sensato silencia-la de uma vez – Madara continuou antes que alguém o respondesse – Já evitaria mais dor de cabeça e...

– NINGUÉM ENCOSTA NELA – Sasuke ameaçou, já perdendo o controle.

– Como você pode ter certeza que ela não é uma golpista ou alguma espiã de outro clã? – Madara questionou sem se mostrar abalado, mesmo que por dentro estivesse receoso.

– Sasuke – Fugaku alertou. Estavam todos aos poucos perdendo o controle naquela reunião. 

– Você não a conhece, não tem direito de falar! – Respondeu irritado – Por enquanto Sakura não sabe a verdade, mas pretendo contar e assim torna-la minha esposa!

Itachi e Naruto se olharam, sorrindo. Era a primeira vez que Sasuke dizia em voz alta que planejava se casar com Sakura.

– Existem outras mulheres mais adequadas para ocupar a posição de Hime – Madara retrucou – Você quer uma mulher comum ao seu lado?! Isso é absurdo!

– Não me casarei mais se não for com ela – Falou se controlando para não assassinar seu tio – É a mãe do meu filho e... E a única que pode estar ao meu lado!

“Custa falar que você a ama?”, Itachi riu em pensamento. Aquilo seria demais para Sasuke, com toda a certeza.

– Mas não estamos aqui para discutir isso – Minato falou para encerrar a discussão – Oyabun-sama deve ter um motivo para ter revelado tudo isso, não é mesmo?

– Sim – Respondeu tentando se acalmar – Como disse, a Akatsuki já sabe da existência de Sanosuke e... – Respirou fundo. Era difícil deixar o orgulho de lado e pedir ajuda – Espero contar com vocês para manter meu filho seguro.

– Contamos com a ajuda de vocês – Vendo que o irmão não o faria, Itachi abaixou a cabeça em respeito aos outros diante de tal pedido que faziam.

A Sharingan não estava apenas pedindo por proteção para o herdeiro, como convocando todos os clãs para a guerra.

– Como Oyabun-sama já sabe, pode contar com a Kurama – Minato foi o primeiro a se pronunciar. Gai e Rock Lee concordaram energicamente.

– Oyabun-sama é dos meus, apreciando uma boa companhia feminina – Jiraya comentou com Sai, que estava sentado próximo – Devo ter alguns filhos espalhados pelo mundo também.

– Creio que tudo seria melhor resolvido se fosse usado preservativos durante as relações sexuais – Sai opinou sabiamente – Outro dia mesmo utilizei um bem peculiar... Brilha no escuro, o senhor já experimentou?

Jiraya soltou uma sonora gargalhada antes de iniciar um debate acalorado com Sai sobre os melhores tipos de preservativos.

– Nosso Oyabun-sama, como todo homem, apenas aproveitou de seu fogo da juventude! – Gai comentou e Lee concordou – Estamos com o senhor! – Levantaram os polegares em sincronia, sorrindo.

– Tem o apoio da Shukaku também – Gaara falou – Afinal, entramos nessa juntos!

Shikamaru e Temari concordaram com o que Gaara falou. A Sabaku estava especialmente sensibilizada pela causa pela recém descoberta gravidez. 

Por mais que não concordasse com a postura infiel do Oyabun, não poderia deixar uma criança desamparada em meio aquela guerra. Assim que seu filho nascesse se ofereceria para cuidar da segurança da futura esposa do Uchiha.

Faltando apenas um, todos os olhos se desviaram para Hiashi, que permanecia pensativo.

Por ser um dos clãs mais tradicionais, abominava os atos descuidados do Oyabun, mas a realidade é que não tinha como julga-lo. Casou cedo com uma mulher que não amava, sendo obrigado a deixar para trás aquela que verdadeiramente tinha seu coração. Mas mesmo casado não conseguiu se manter longe e foi assim que sua filha Hinata nasceu. Um erro imperdoável que custou sua posição no clã. Só chegou a Oyabun quando o irmão gêmeo faleceu e foi assim que resolveu fazer tudo certo. Faziam anos que não tinha noticia da filha ou daquela que um dia amou. Para a segurança delas cortou qualquer relação ou contato. O destino o fez pagar trazendo Hanabi que não poderia assumir o clã, o fazendo ser obrigado a adotar Neji como sucessor.

Uma sucessão de erros e amarguras que pesavam a consciência do sempre tão correto Hyuuga. 

– Você tem o apoio da Byakugan também – Disse por fim.

– Isso! – Itachi comemorou, sem conseguir se conter.

Oficialmente Sasuke tinha todos os clãs aliados ao seu lado.

– Agradeço a todos – Fugaku tomou a frente e abaixou a cabeça, agradecendo no lugar do filho orgulhoso.

Não concordava com nada daquilo e se envergonhava pelas atitudes do filho, mas como pai não conseguia virar as costas para ele.

– Isso tudo é loucura! – Resmungou Madara, ainda inconformado – Você vai levar esse clã e todos os outros a ruína!

– Mais respeito com o Oyabun-sama! – Naruto alertou.

– Estou pouco me importando com isso agora! – Exclamou exasperado – Esse moleque não sabe o que faz, faltou uma educação mais rígida! 

Todos ficaram sem acreditar na coragem de Madara em mostrar tamanha falta de respeito com Sasuke. Fugaku, mesmo incomodado com a situação, sentiu a irritação lhe subir a cabeça com as palavras proferidas pelo irmão.

Mas antes que qualquer um pudesse fazer alguma coisa, Madara paralisou. O rosto perdendo a cor a medida que tomava consciência da arma apontada para sua cabeça.

– Não admito que critiquem a criação que dei para meus filhos – Mikoto falou séria como nunca, a mão firme segurando a arma que havia tomado de um dos seguranças.

Ninguém havia percebido a volta dela para a sala tamanha era a comoção, e agora encaravam uma autentica Hime impor respeito.

– Peço perdão, Hime-sama – Madara falou, deixando o orgulho de lado. Sabia que por mais que Mikoto fosse sempre doce e amorosa, quando o assunto era os filhos ela virava uma leoa.

A Uchiha então sorriu e relaxou a postura, entregando a arma que pegou emprestada. Pelo visto teria que voltar a andar armada.

– Tudo esclarecido? – Perguntou sorrindo e todos assentiram – Então vejo vocês na festa! 

E saiu da sala deixando para trás os homens mais perigosos do país completamente admirados.

•  •  •  •  •  •  • 

Tudo o que Sasuke mais queria no momento era chegar em casa e jantar com sua família... Mesmo que ainda não fosse oficialmente sua.

O elevador parecia até mais lento naquela noite. Os números passavam devagar a medida que subia para a cobertura. 

As mãos apertavam levemente o pacote de papel pardo que levava em mãos.

O hall de entrada de seu apartamento estava ocupado por dois seguranças de sua confiança. 

A presença deles era a responsável por conseguir se manter longe mesmo com tantas ameaças. Fora eles, na entrada e em todo o perímetro do prédio, mais de seus homens cuidavam da segurança.

Ninguém chegaria perto daqueles que lhe eram importante.

Com ansiedade abriu a grande porta de entrada e foi instantânea a calma que o atingiu. 

O apartamento antes sem vida e sem cor agora tinha uma atmosfera agradável e aconchegante. Nada havia sido modificado em sua decoração, mas a lareira acessa, a música animada tocando, a risada infantil e o cheiro de comida caseira fazia toda a diferença.

Parecia estar dentro de um dos vários sonhos impossíveis que tinha nesses anos que passou longe dela.

Tão acolhedor, tão confortável... Não existia mais preocupações, somente a paz.

– PAPAAAI! – E ele veio, correndo o mais rápido que suas perninhas permitiam – Papai! Papai! – Continuou chamando empolgado quando Sasuke abaixou para pega-lo no colo.

Ao entrar mais no apartamento viu que uma árvore de Natal grande ocupava um grande espaço da sala.

Não era costume comemorar o Natal, visto ser uma tradição ocidental, mas sua mãe havia lhe dado todos aqueles enfeites certa vez, mesmo que soubesse que ele nunca os usaria.

– Bem vindo! – Sakura surgiu na sala atraída pelos gritos do filho – Espero que não se importe, mas Chiyo disse que eu poderia decorar a casa se quisesse – Indicou a árvore um pouco sem graça – Eu gosto do Natal e Sano está acostumado com a decoração – Explicou receosa de ter sido invasiva demais. 

Sakura era uma visão tão certa naquele apartamento, como se tudo pertencesse a ela, que Sasuke estava encantado. 

– Não me importo – Respondeu sério. Não queria que ela percebesse o quão atordoado ele estava com toda a situação.

Tentava focar em qualquer outra coisa que não fosse os pensamentos fantasiosos sobre a vida que teria caso estivesse casado com Sakura.

Chegar todos os dias do trabalho e ser recebido daquela maneira era tudo o que mais desejava, e só havia percebido isso naquele momento.

Como conseguiu viver tanto tempo sem aquilo?

– Papai, o que é? – Sanosuke perguntou apontando para a embalagem na mão de Sasuke.

Sakura também olhou curiosa e mesmo incomodado, Sasuke o estendeu na direção dela, que pegou sem saber ao certo o que fazer.

– Meu Deus, Sasuke, o que houve com sua mão?! – Perguntou vendo a faixa que cobria bem a falta do dedo.

– Sofri um acidente no trabalho – Respondeu sem dar grande importância. Não estava pronto para revelar tudo e muito menos explicar que havia perdido o dedo por ama-la demais.

Mesmo desconfiada Sakura voltou sua atenção para o que tinha em mãos.

– O jantar está quase pronto! – Anunciou enquanto inspecionava a embalagem, sentindo um cheiro bom vindo dela  – Deixei Chiyo ir embora mais cedo, espero que também não se importe com isso.

Sem saber como expressar a satisfação que sentia, Sasuke apenas acenou a cabeça e, depois de colocar o filho sentado no sofá, anunciou que iria tomar um banho antes de jantar.

Por mais que a mente já tivesse mais tranquila, o corpo ainda estava tenso por conta dos últimos acontecimentos.

– Vou também! – Sanosuke desceu do sofá seguindo atrás do pai – Tomar banho! Eu também vou!

Sasuke olhou para o filho e depois para Sakura, sem saber o que fazer.

A Haruno deixou o que tinha em mãos de lado e se aproximou do Uchiha.

– Você se importa? Ele já consegue sozinho, só precisa de atenção na hora de lavar as partes... – Ela começou a falar já imaginando que Sasuke não aceitaria a tarefa.

Mais um dos desafios que a paternidade trazia pelo visto, Sasuke pensou olhando para o filho que já tirava a blusinha com certa dificuldade.

– Certo – Disse e abaixou pegando o pequeno no colo e rumando para o banheiro.

Sakura ficou parada no mesmo lugar, chocada. Não imaginava que Sasuke aceitaria fazer isso. Pelo visto andava subestimando demais a vontade de ser pai do Uchiha.

Queria ser uma mosquinha para presenciar o momento.

Mas ao mesmo tempo que esse pensamento lhe ocorreu, a lembrança do corpo nu de Sasuke também veio e instantaneamente ela corou envergonhada. Não podia ter esse tipo de pensamento!

– Céus, não pense nisso Sakura! – Ralhou consigo mesma e voltou para a cozinha, o jantar estava quase pronto. 

Enquanto mexia nas panelas tentava espantar a imagem nítida de Sasuke sem roupa de sua mente. Se sentia como Ino e isso a assustava.

Lembrou então da embalagem que havia recebido de Sasuke e com curiosidade resolveu abrir.

A surpresa estampou seu rosto ao ver uma porção caprichada de batatas fritas, ainda quentinhas e crocantes. A logo da lanchonete que anunciava ser a dona das melhores fritas do Japão estampada na tampa.

“– Eu gosto de batata frita – Ela disse de repente e ele arqueou a sobrancelha confuso – É minha comida preferida no mundo todo – Ela continuou a falar, sorrindo descontraída e ele inevitavelmente se perguntava se ela não era louca – Se pudesse comeria todos os dias. É realmente muito bom! – Tagarelava mexendo as mãos empolgada – Você não tem cara de que come batata frita – Aproximou o rosto do dele um pouco, como se o estudasse. Ele ficou hipnotizado novamente por aqueles olhos verdes, agora de mais perto conseguia analisar o rosto de boneca um pouco melhor, até mesmo reparar nas delicadas sardas na pele branca. Viu o sorriso sumir a expressão ficar séria e ela se afastar como se fosse falar algo de vital importância – Se não é batata frita, qual a sua comida preferida?”

– Ele lembrou – Sussurrou emocionada. Cinco anos atrás, em uma de suas primeiras conversas, quando revelou a ele sua comida preferida e descobriu também a preferência dele por tomates.

“Droga Sasuke, assim fica difícil”, reclamou sorrindo, enquanto mordia uma, constatando que sim, eram as melhores do Japão.

•  •  •  •  •  •  • 

No banheiro, Sasuke estava indo até bem, levando em conta sua falta de experiência. O filho era realmente bem esperto e apesar de ter se embolado um pouco conseguiu tirar as roupas sozinho. 

Quando percebeu o pequeno já pulava dentro da banheira espalhando água para todo lado. Pensou em repreender, mas ele parecia tão feliz que não teve coragem.

Como toda criança, Sanosuke mais brincou do que tomou banho. Conseguiu derrubar todos as embalagens de shampoo e outros produtos que ficavam na borda da banheira dentro da água e bateu as perninhas como se estivesse nadando em uma piscina.

Custou muito esforço para Sasuke conseguir enxaguar o shampoo dos cabelos do filho, que parecia mais interessado em fingir que a embalagem do condicionador era um barco do que deixar o pai terminar a tarefa.

Tudo complicava um pouco mais por não poder molhar a mão enfaixada, mas não deixou que isso o desanimasse.

Depois de ter alagado todo o banheiro e ter assistido Sanosuke despejar todo o restante do shampoo na água, Sasuke conseguiu finalizar o banho.

Se vestiu enquanto o filho se enxugava e o carregou até o quarto, abrindo o closet atrás de algo para ele vestir. Era a primeira vez que faria tal coisa e não sabia exatamente que roupa colocar.

"Crianças gostam de cores”, pensou vendo a variedade nos cabides.

Por fim agradou de uma blusa e combinou com uma calça qualquer, colocando também um par de meias pois achava que era necessário nesse frio. 

Crianças sempre usavam meias, era o que Sasuke pensava.

– Foi tudo bem? – Sakura perguntou quando os dois entraram na cozinha. Estavam cheirosos e limpinhos, e a Haruno quase gargalhou ao ver a blusa que Sasuke colocou no filho.

“Daddy’s Team”, era o que dizia a estampa. Também havia uma bola de basebol, esporte preferido do Uchiha se ela bem lembrava.

– Sim – Sasuke respondeu sem conter o orgulho. Para sua primeira experiência havia se saído até muito bem. 

Apenas o incomodava pensar que não teve a oportunidade de fazer esse tipo de coisa quando o pequeno era bebê.

Mas compensaria isso nos futuros filhos. 

Mesmo não tendo a certeza de que um dia Sakura o perdoaria, secretamente planejava a vida que teriam e os filhos que viriam.

Queria encher aquele apartamento de crianças, ou então quem sabe comprar uma casa maior.

Interrompeu os pensamentos antes que viajasse demais. No momento não tinha nem a certeza de que conseguiria reconquista-la, quem dirá mais filhos e uma casa.

– Está pronto! – Ela anunciou sorrindo e Sasuke sorriu, mesmo que minimamente, de volta.

Sanosuke comemorou e já correu para a mesa de jantar, subindo desajeitadamente na cadeira. Sakura passou por ele com uma travessa cheirosa e toda a cena parecia perfeita aos seus olhos.

A mesa de jantar posta, seu filho ali, comida caseira preparada pela mulher que amava e até as batatas que havia comprado estavam acomodadas em uma travessa bonita.

Mesmo que almejasse mais, por enquanto aquilo era o suficiente.

•  •  •  •  •  •  • 

– Então, como anda o Uchiha conquistador? – Ino perguntou interessada.

Sakura estava sentada em uma das cadeiras altas da cozinha, o computador aberto no balcão enquanto conversava com a amiga por chamada de vídeo.

– Surpreendentemente paciente – Suspirou apoiando o rosto na mão – Muito respeitoso também.

Havia saído do quarto para conversar com Ino sem incomodar Sano e Sasuke que já dormiam, mas no caminho viu mais uma vez o Uchiha velando o sono do filho. Como na vez anterior ele apenas estava parado próximo a cama, assistindo o pequeno dormir tranquilo.

E mais uma vez o coração da Haruno ficou aquecido com a cena.

– Estou sentindo que o Uchiha está começando a balançar o seu coração novamente! – A Yamanaka acusou. Estava em sua cama, pintando as unhas do pé e usando uma máscara de beleza, sem se importar com a amiga vendo seu rosto coberto com o creme verde.

– Só estou impressionada com o tanto que ele tem se esforçado por nos dois! – Esquivou um pouco embaraçada. Precisava entender ainda tudo o que sentia para falar melhor sobre isso com a amiga – Ele deu banho no Sano hoje!

– Mentira! – Ino exclamou chocada – Ele podia ter te dado banho também, não é?!

– INO! – Repreendeu envergonhada, principalmente por ter secretamente desejado o mesmo. Não por qualquer motivo sentimental, mas pelo homem excepcionalmente bonito que Sasuke era. Os cinco anos que passaram só fizeram bem para ele e ela inevitavelmente se sentia atraída.

– Não sei você mas eu ia querer um banho com o bonitão – Deu de ombros, voltando a se concentrar em suas unhas.

– Ele também comprou batatas para mim – Comentou tentando não dar grande importância para o fato – Não consigo imagina-lo enfrentando uma fila de fast food para consegui-las.

– Pelo visto, por você ele enfrenta! – Ino disse sorrindo – O lorde coração de gelo está ganhando uns pontos comigo! – Admitiu. O Uchiha claramente estava se esforçando e a loira aprovava isso.

Qualquer outro homem já estaria tentando algo mais ousado, mas Sasuke estava respeitando o espaço de Sakura.

“Boa Uchiha!”, aprovou em pensamento.

– Ino, qual o motivo para esse ritual todo de beleza? – Sakura perguntou curiosa, aproveitando para mudar de assunto.

A loira era vaidosa e vivia testando produtos para falar em seus videos no youtube, mas só se arrumava daquela maneira em ocasiões muito especiais.

– Um evento aí...  – Se esquivou, tentando não mostrar muita importância – Agora preciso desligar, está na hora de tirar isso da cara! – Apontou para o rosto coberto pelo creme verde.

– Ok, boa noite porquinha! – Soprou um beijo para tela, sendo retribuída pela amiga.

Fechando a tela do computador, a cozinha ficou iluminada apenas pela lua. O ambiente se tornou tranquilo e silencioso.

– Com quem falava? – Como na noite anterior, se assustou com a aproximação silenciosa de Sasuke.

– Oh, Sasuke! Que susto! – Olhou desconcertada para o homem que vestia as roupas confortáveis de ficar em casa e tinha os óculos de leitura no rosto. Uma visão que poucos tinham a oportunidade de ter – Estava conversando com Ino – Apontou para o computador fechado.

– A essa hora? – Perguntou curioso olhando a hora no relógio do microondas.

– Ino nunca dorme cedo – Respondeu sorrindo. A loira era sua maior companheira nas madrugadas que precisou passar acordada para cuidar de Sano quando era um bebê.

Sasuke foi até a geladeira e pegou alguns tomates. Já fazia algumas boas horas desde o jantar e por isso já estava com fome.

Mesmo tímida, Sakura tomou a liberdade de se aproximar e pegar os tomates das mãos de Sasuke. Lavou e com um faca afiada começou a cortar os tomates em pedaços, tirando as sementes e por fim colocando sal exatamente na medida que o Uchiha gostava.

Enquanto isso Sasuke ficava ali, em silêncio admirando aquela mulher incrível. Cada movimento ou expressão que ela fazia, tudo era gravado com cuidado para que fosse lembrado no futuro.

Por ela e por Sanosuke valia a pena enfrentar qualquer guerra. 

Sakura acomodou os pedaços em um prato e estendeu para ele, que aceitou ansioso por comer algo preparado por ela. Mesmo que fossem apenas tomates cortados, haviam sido preparados por Sakura para ele e isso valia muito.

– Sua mão não está doendo? – Perguntou enquanto assistia ele comer.

– Não – Respondeu sério – Não se preocupe com isso.

Sakura apenas sorriu e começou a lavar o que havia sujado.

– Os papéis já estão encaminhados e os documentos já vieram de Konoha – Sasuke comentou ao terminar de comer – Amanhã Sanosuke se torna Uchiha.

Sakura tentou não mostra o quão apreensiva aquela noticia a deixava. Aquele sobrenome traria grandes responsabilidades para o filho, quem nem desconfiava do que estava para acontecer.

– Izumi pediu para que eu te avisasse também, que mais a noite planeja sair com você para arrumar para a festa – Continuou enquanto Sakura tentava se distrair lavando o prato onde antes estavam os tomates cortados.

– Isso é mesmo necessário? – Perguntou incomodada – Sabe... Eu não a conheço e acho que não vou ficar confortável...

– Se realmente não quiser eu cancelo – Interrompeu sério. Não queria que Sakura se sentisse desconfortável de maneira nenhuma – Mas Izumi está realmente animada com isso, deseja conhece-la logo.

– Entendo – Suspirou se encostando a bancada – Ok então, pode confirmar com ela.

– Ela vai ficar feliz – Comentou lembrando da empolgação da cunhada para o “dia das garotas”, como ela classificou – Você deveria dormir, temos que encontrar Neji logo cedo – Apontou com a cabeça para o relógio do microondas.

– Sim – Concordou só então percebendo o quão cansada estava. Foi involuntário o bocejo que deixou escapar.

– Até amanhã – Sasuke disse antes de, como na noite anterior, beijar a testa dela e se afastar logo em seguida.

– Até amanhã – Sussurrou para a cozinha vazia, sentindo como se os lábios dele ainda estivessem em contato com sua pele.

•  •  •  •  •  •  • 

O dia seguinte foi agitado para a nova família Uchiha.

Sakura e Sasuke logo cedo, acompanhados por Neji, foram resolver as questões legais em relação a paternidade de Sanosuke. Pouco antes do horário de almoço o pequeno já era oficialmente um Uchiha.

“Uchiha Sanosuke”, Sakura olhou mais uma vez os kanjis que agora compunham o nome do filho na nova certidão de nascimento.

O nome de Sasuke também ocupava o lugar anteriormente vazio.

Já Sasuke, completamente satisfeito por ver seu sobrenome na certidão do filho, pensava na nota que teria que liberar para a imprensa sobre tudo isso. 

Mais uma das várias coisas que precisaria lidar naquele dia.

Almoçaram juntos, na companhia de Naruto e Neji, em um restaurante do centro mesmo. Sano estava aos cuidados de Chiyo em casa, com vários seguranças guardando o local.

Na parte da tarde o grupo se separou. Sakura foi praticamente sequestrada por Izumi enquanto Sasuke, Naruto e Neji foram para a Uchiha Corp.

– Não temos limites! – Izumi anunciou feliz para a Haruno assim que entraram no carro que Sasuke deixou disponível para elas.

Havia simpatizado com Sakura assim que colocou os olhos nela. Parecia uma boneca e era uma gracinha!

Totalmente diferente do tipo de mulher que imaginava, que era a responsável por todas as mudanças que viram no Oyabun ao longo dos últimos anos.

– Oh, mas não desejo gastar muito! – Sakura anunciou preocupada.

– Você não vai gastar nada mesmo não – Izumi falou sorrindo – O Sasuke é que vai! – Mostrou o cartão de crédito do cunhado.

E então a Haruno teve certeza que a Uchiha se daria muito bem com Ino.

Quando já era noite, Sasuke chegou em casa irritado com o trânsito. Tinha que se arrumar rápido visto que Mikoto se chatearia caso atrasasse.

Itachi estava jogado no sofá, já devidamente vestido para a festa.

– Está atrasado! – Acusou ao ver o Oyabun passar pela porta.

– Trânsito – Disse e correu para o quarto, estranhando um pouco a falta do filho, mas se acalmando logo em seguida ao escutar vozes e risadas vindas do quarto de Sakura.

Tomou um banho rápido, apenas uma ducha onde aproveitou para lavar os cabelos, e vestiu o smoking separado previamente por Chiyo.

Feito sob medida, vestiu perfeitamente o corpo forte de Sasuke. Os cabelos rebeldes, mesmo molhados, não conseguiram ficar penteados. Mas isso não tirava o charme do homem, que terminou a produção com a gravata borboleta.

– Que aglomeração de homens charmosos! – Izumi comentou assim que ele chegou na sala. Ela já estava pronta, assim como Naruto que estava sentado ao lado de Itachi.

– Olha papai! Estou igualzinho você! – Sanosuke veio correndo em sua direção, empolgado por estar com uma roupa parecida com a do pai.

E de fato, os dois estavam idênticos. 

– Estão lindos! – Sakura comentou encantada, e só então Sasuke percebeu sua presença.

E quem ficou encantado foi ele.

Era a primeira vez que via Sakura tão arrumada daquela forma. 

Se normalmente já era linda, agora completamente produzida para tal ocasião especial, estava maravilhosa.

Vermelho definitivamente era a cor dela. Ressaltava os olhos brilhantes e deixava a pele mais branca, como porcelana.

O vestido longo e rodado era perfeito para a ocasião e combinava com os detalhes em dourado, como a bolsa e a pulseira.

Os cabelos sempre soltos agora estavam presos em um coque com tranças. Discreto mas muito elegante.

Naquele momento Sasuke queria conseguir colocar em palavras o quão linda ela estava para ele.

Não parecia real.

Mas tudo o que conseguiu fazer foi puxar a mão pequena dela e beijar levemente, em uma carinhosa reverência aquela mulher.

“Perfeita”, pensou analisando de perto.

Sakura sorriu, percebendo o que os olhos ônix transmitiam e corou envergonhada, mas extremamente lisonjeada.

– Vamos? – Izumi chamou, já começavam a se atrasar.

Oferecendo o braço para ela e segurando a mão do filho, saíram do apartamento seguidos pelos outros.

•  •  •  •  •  •  • 

Foi quase impossível para Sakura manter a compostura ao sair do carro. 

A mansão Uchiha era impressionante, algo que nunca sonhou em ver.

Inevitavelmente se sentiu deslocada e completamente desconfortável diante de tanto luxo.

Alguns fotógrafos estavam por ali, mas não se aproximavam visto o forte esquema de segurança organizado para o evento.

Agora com todo o clã ciente da existência de Sanosuke, seria comum a segurança redobrada quando o pequeno aparecesse em público.

Os flashes das câmeras dispararam enlouquecidos quando Sasuke saiu do carro com Sanosuke ao lado, a clara semelhança entre eles causando histeria entre os repórteres.

Sentindo que o filho se intimidou com a situação, não se importou de pega-lo no colo. Uma situação daquelas devia ser algo bem assustador para uma criança.

Se com esse gesto a imprensa já foi a loucura, quando Sasuke se aproximou de Sakura depositando a mão na base da coluna dela eles quase avançaram por cima dos seguranças.

Gritavam por Sasuke e questionavam a identidade da criança e da mulher misteriosa.

– Você está indo bem – Tranquilizou em voz baixa ao sentir Sakura tensa.

– Não sei se posso lidar com tudo isso – Confessou assustada, mas tentando não demonstrar.

– Estarei com você o tempo todo – Disse sério e então conduziu ela pela porta da mansão.

E foi como se a festa parasse para recebe-los.

Todos os olhos presentes no local se viraram na direção dos três. Sanosuke escondeu o rosto no pescoço do pai e Sakura subitamente sentiu necessidade de fazer o mesmo.

“Não olhem para mim”, implorou em pensamento, morta de vergonha.

Olhou para baixo e gemeu frustrada ao ver a pequena escada que teriam que descer.

“Que eu não caia, que eu não caia”, repetia a cada degrau que descia.

Seria o cumulo da vergonha cair logo naquele momento, mas não algo inesperado.

Felizmente chegou até o final sem acidentes e quase fez uma dancinha da vitória em comemoração.

Olhou para o lado e viu Izumi praticamente deslizar elegantemente pela escada, acompanhada por Itachi. Invejou toda aquela elegância que claramente não tinha.

– Mamãe, quero ir embora – Sano pediu choramingando, se sentindo incomodado diante de toda aquela atenção.

– Não podemos ir agora querido – Sakura passou a mão pelos cabelos do filho, que abraçava o pescoço de Sasuke como se fosse um bote salva vidas –  Tem algumas pessoas que querem te conhecer, e tenho certeza que você vai gostar! – Tentou animar o pequeno.

Como se tivesse sido ensaiado, Mikoto e Fugaku se aproximaram. A Uchiha tinha os olhos brilhando em emoção focados no pequeno refugiado nos braços do pai.

– Sejam bem vindos! – Mikoto saudou encantada – Você é linda! Oh, meu Deus olha Fugaku, como é linda! – Puxou a manga do paleto do marido empolgada.

O homem apenas resmungou em resposta, mas ela não pareceu menos animada por isso.

– Muito prazer, eu sou a mãe do Sasuke! Uchiha Mikoto – Fez uma mesura, mesmo que na verdade quisesse abraçar a mulher que trouxe tantas mudanças positivas para a personalidade do filho – E esse aqui é meu marido, Uchiha Fugaku.

– É um prazer conhece-los! – Sakura devolveu a mesura um pouco desajeitada pelo vestido – Sinto muito toda a situação – Se referiu ao anos que escondeu a existência de Sano.

– Não se preocupe com isso agora querida – Falou sem conseguir conter a ansiedade – Eu estou ansiosa para conhecer esse mocinho!

Sanosuke continuava com o rosto escondido no pescoço de Sasuke e não parecia disposto a cumprimentar quem quer que fosse.

– Filho, comprimente seu vovô e sua vovó! – Sakura pediu com paciência.

Sano então, curioso, afastou um pouco o rosto olhando desconfiado para os desconhecidos, mas sem soltar da segurança do colo do pai.

– Meu Deus, olha isso Fugaku! – Mikoto exclamou – Ele é lindo! Lindo! – Os olhos se enxeram de lágrimas – Igualzinho o Sasuke! Olha como são iguais! Com essa roupa então!

– Comprimente sua avó – Sasuke falou colocando o filho no chão. 

Sanosuke deu uns passos incertos para trás e agarrou o tecido da calça do pai. Sem saber como agir e com os olhos marejados, olhou para a mãe.

– É vovô e vovó? – Perguntou para Sakura, que assentiu sorrindo.

E então Sasuke assistiu sem reação o filho começar a chorar.

Era a primeira vez que via Sanosuke chorando e seu coração apertou diante da cena.

– Filho! O que houve? – Sakura perguntou preocupada, se abaixando na altura do pequeno, sem se importar com o vestido ou qualquer elegância.

– Eu não tinha... Eu não tinha...  – Tentava falar entre soluços, esfregando os olhos com as mãozinhas.

E foi então que Sakura entendeu. 

– Você não tinha vovô e vovó antes, não é? – Ela perguntou tentando conter as próprias lágrimas.

– Nem papai – Completou sem parar de chorar.

– Como os seus coleguinhas, não é mesmo? – Arriscou e Sano confirmou.

Sabia o quanto o filho se sentia deslocado por ser um dos únicos na escolinha por ter só a mãe.

– Mas agora eu tenho... – Falou fungando o narizinho – Papai, titio, vovô e vovó.

Sakura já chorava junto de Izumi, completamente emocionadas e encantadas com a sensibilidade do pequeno.

– Você tem sim! – Mikoto falou entre as lágrimas que borravam sua maquiagem e se abaixou para abraçar o neto, que retribuiu.

Sasuke virou o rosto para o lado, na intenção de esconder o quão tocado ficou pelas palavras do filho.

E com esse movimento viu a exata emoção que estava sentindo passar pelos olhos sempre rígidos do pai.

E soube naquele momento que Sanosuke havia conquistado Uchiha Fugaku.

•  •  •  •  •  •  • 

– ... E o papai me deu um dinossauro chamado batata! – Sanosuke contava empolgado, enquanto era paparicado por Mikoto, que olhava o neto como se ele fosse a joia mais preciosa do mundo.

– Oh, mas isso é ótimo querido! – Sorriu encantada enquanto limpava a boca suja de comida do pequeno.

Estavam todos acomodados em uma das mesas principais dispostas na sala completamente modificada para receber a festa.

Sakura bebia uma taça de água, não confiando em sua capacidade de se equilibrar em saltos depois de ingerir álcool.

– Uma criança incrível – Kakashi parabenizou – Fez um bom trabalho Senhorita Haruno!

Madara se mantinha afastado, observando todas as ações da mulher e do pequeno. Por mais que fossem ridiculamente adoráveis não deixava de ficar desconfiado.

– Obrigada – Sakura agradeceu sem graça, mas orgulhosa do filho.

– É o que eu sempre digo, ainda bem que puxou a Sakura-chan e não o Teme! – Naruto brincou fazendo todos rirem. 

Mesmo diante do Oyabun estavam em um ambiente descontraído, com pessoas de fora do mundo da yakuza. Portanto se mantinham discretos em relação aos costumes do clã.

– Eu quero! – Sanosuke pediu apontando para a taça de Fugaku.

Todos fizeram silêncio observando o pequeno sorrir para o avô em expectativa.

– É bebida de adulto – Disse por fim – Mikoto, providencie um suco para o garoto – Pediu para a esposa e por fim deixou a taça de lado sem beber seu conteúdo. 

– Eu gosto de suco e você? – Perguntou sem se intimidar com o rosto sério de Fugaku. Talvez já estivesse acostumado dos dias que passou com Sasuke.

– Também gosto – Respondeu e entregou o copo com a bebida de laranja assim que o garçom se aproximou com ela.

– Como fala filho? – Sakura incentivou vendo Sano beber do suco com gosto.

– Obrigada vovô! – E sorriu para Fugaku como se fosse sua pessoa preferida no mundo.

Mikoto se emocionou com a cena e abraçou Itachi, apenas por sentir necessidade de descontar em alguém todo o amor que sentia no momento.

E mesmo não admitindo Fugaku também se sentiu emocionado ao ser chamado de vovô.

– Cadê o Sai? – Naruto perguntou de repente atraindo a atenção de todos – Aposto que também não conseguiu um par para a festa e está fugindo da vergonha!

Todos os anos eles zombavam um do outro quando não conseguiam um par para a festa organizada por Mikoto.

Naquele ano, visto tantos acontecimentos, o Uzumaki não conseguiu tempo para encontrar alguém para acompanha-lo. E agora contava com a falta de habilidade social de Sai para que ele também viesse desacompanhado.

– Quando o encontrei mais cedo ele disse que ia se atrasar um pouco – Shisui comentou.

– Falando de mim? – A voz de Sai fez com que todos virassem em sua direção.

E a surpresa foi geral ao ver a exuberante loira ao lado dele.

– Ino?! – Sakura perguntou surpresa.

– Você pensou que eu não ia rebolar minha bunda hoje, não é? – Perguntou descontraída para Sakura, sem se importar com a platéia.

Sai sorria orgulhoso com a mão firme na cintura da Yamanaka.

Juntos faziam um belo casal.

– Como? Quando? – A Haruno perguntava atordoada – O que diabos você faz aqui?

– Tia Ino! – Sano tratou de correr em direção da loira que não se importou de pega-lo no colo.

– Olha se não é meu príncipe! – Abraçou forte o moreninho que riu – Que saudades!

– Saudades também! – Respondeu feliz.

– Uchiha-sama, seu filho é peculiarmente parecido com o senhor! Estou admirado! – Sai comentou observando o rosto de Sano mais de perto.

– Ele é uma cópia mesmo! Coitada da minha amiga que foi quem carregou na barriga e teve todo o trabalho de colocar para fora! – Ino acrescentou inconformada.

– Ino! – Sakura repreendeu envergonhada, mas Mikoto concordava completamente.

– Fiquei chocada com a semelhança, meu netinho é igualzinho meu filho quando tinha essa idade! – Comentou encantada.

– Pelo visto beleza é de família! – A Yamanaka sussurrou para Sakura, mas Mikoto escutou.

A senhora Uchiha era realmente uma mulher linda, completamente conservada, podendo se passar facilmente por irmã dos próprios filhos.

– Mas vocês duas são belíssimas também! – A matriarca disse admirada – Sasuke e Sai tem muitíssimo bom gosto!

– Tenho mesmo! – Sai sorriu se aproximando da loira.

Sasuke internamente também concordou admirando mais uma vez a beleza da mãe de seu filho.

– Mas agora me explica como você chegou aqui! – Sakura exigiu curiosa.

– Sai apareceu lá no Café alguns dias atrás me convidando para a festa – Explicou sorridente – Não saiu de lá até que Tsunade autorizasse a viagem! – Contou empolgada – Mas é claro que amanhã mesmo eu já tenho que voltar, afinal sem você tem muito mais trabalho para fazer.

– Sinto muito por isso – Sakura lamentou mas a loira deu de ombros, estava empolgada com tudo o que acontecia na vida da Haruno e não se importava de trabalhar a mais se isso ajudasse na felicidade dela e de Sano.

– Sai maldito! – Naruto reclamou emburrado por ser o único sem par – Se eu soubesse que você estava indo para Konoha tinha pedido para convidar aquela morena por mim!

– Morena? – Ino perguntou interessada trocando olhares com Sakura – Hinata? 

– Ela mesma, uma doçura! – Elogiou o Uzumaki.

A loira sorriu e depois de receber o apoio de Sakura, anotou um número no guardanapo mais próximo.

– Aqui está o número dela, fique a vontade para ligar – Entregou para Naruto que sorriu agradecido.

– Vou ligar mesmo! – Garantiu ao guardar com cuidado no bolso.

Passada a comoção da chegada de Sai e Ino, o grupo voltou a sentar na mesa separada para a família Uchiha.

Vez ou outra alguém se aproximava para cumprimentar os anfitriões e olhar o herdeiro mais de perto.

Mesmo sem saber disso, Sanosuke estava sendo a atração principal da festa.

E tendo consciência que no dia seguinte teria que soltar uma nota na imprensa esclarecendo toda a historia, Sasuke permitiu que o fotografo contratado para cobrir a festa fotografasse ele junto a Sakura e Sanosuke.

Desejando futuramente poder falar que eram oficialmente uma família.

•  •  •  •  •  •  • 

No dia seguinte, Sasuke saiu da Uchiha Corp. logo após soltar a nota oficial para a imprensa a respeito do filho e de Sakura.

Preocupado com a segurança dos dois e querendo também estar presente quando a noticia estourasse, voltou para casa mais cedo que o normal.

[On Track:  Howl's Moving Castle Theme]

Sakura mesmo cansada da festa resolveu aliviar um pouco o trabalho de Chiyo varrendo o apartamento na folga da empregada.

Também tentava ocupar a mente que parecia mais cheia de pensamentos e preocupações que normalmente. 

Como de costume resolveu colocar uma música de fundo enquanto realizava a tarefa. Tomou a liberdade ligar o moderno aparelho de som de Sasuke e em pouco tempo já valsava pela sala usando a vassoura como par.

Sanosuke assistia a mãe rodopiar desajeitada, misturando sua risada a dela, principalmente quando ela tropeçava e pedia desculpas para a vassoura como se realmente fosse uma pessoa.

Por um momento tirou os olhos da mãe e viu o pai encostado a parede assistindo em silêncio a cena.

Antes que pudesse gritar, Sasuke levou o dedo aos lábios pedindo silêncio ao filho.

Não queria perder nenhum detalhe.

Era uma bonita cena, a mulher que amava se divertindo tendo como fundo os prédios começando a serem pintados pelo laranja do por do sol.

Sakura continuava a dançar com a vassoura, e quase foi ao chão ao sentir o toque em seu ombro.

Olhou assustada Sasuke encara-la austero como sempre, mas com os olhos tranquilos, como poucas vezes havia visto.

Como se a convidasse para dançar, puxou a mão dela com delicadeza fazendo a vassoura ir ao chão.

– Eu não sei dançar muito bem – Comentou envergonhada, quando ele chegou mais perto, uma mão na cintura e a outra segurando firmemente a sua.

Sem dizer nada e com apenas um movimento, levantou o corpo dela acomodando os pés descalços dela em cima dos seus. 

E acompanhando o ritmo da música, com toda uma habilidade que ela nunca imaginou que ele teria, Sasuke começou a deslizar pela sala.

Era algo bem suave, mas elegante. Cada passo e volta feita com precisão, os olhos sem desviar um do outro.

Tão concentrados um no outro que não percebiam Sanosuke dançando abraçado ao pobre Aoda ou então o sol se pondo, deixando as paredes do apartamento em tons de laranja e rosa.

Um fim de tarde lindo como plano de fundo daquele momento em família.

Mesmo meio desengonçada, Sakura riu encantada quando Sasuke a rodou antes de puxa-la novamente para seus pés.

O vestido simples mas bonito rodando e os cabelos também. 

Uma, duas, três vezes e voltava para os braços dele.

A risada dela fazia Sasuke se sentir bem, completo e realizado.

Nem percebeu que a cada volta que ela dava, mais próximos ficavam.

As mãos pequenas dela já em seu pescoço e seu agarre na cintura tão forte que já estavam praticamente abraçados.

E sem desviar os olhos, pela primeira vez em cinco longos anos, os lábios se encontraram.

O beijo que os dois tão secretamente desejaram.

Era como voltar para casa depois de uma longa viagem.