História Resiliência - A flor em meio a insanidade

O Rolls-Royce estacionou em frente aos grandes portões de entrada da mansão tradicional japonesa onde funcionava a sede da Sharingan. Os grandes muros que rodeavam a construção se erguiam majestosos na rua tranquila e bem vigiada.

Prontos para receber seu Oyabun, vários seguranças já esperavam com suas armas em punho para acompanhar o caminho do Uchiha até a parte de dentro.

Sasuke entrou ostentando sua melhor face inexpressiva e sua pose imponente. Por onde ele passava empregados, seguranças e membros da Yakuza se curvavam em respeito. A presença do Oyabun movimentava a mansão e tudo tinha que estar perfeito para recebe-lo.

Sem parar pelo caminho, Sasuke foi direto para a sala de reuniões onde sabia já ser esperado. Um empregado abriu a porta de correr e ele entrou exalando poder e confiança. Os presentes no local até ofegaram tamanhã presença e intimidação.

Os homens de confiança do Uchiha já estavam acomodados em seus respectivos lugares e sem nem olhar em direção a eles o Oyabun sentou em seu lugar de direito, na cabeceira da mesa. Naruto, como Kobun, se colocou atrás de Sasuke. O rosto sempre descontraído do loiro agora estava sério, mostrando que ali não havia espaço para brincadeiras.

– Oyabun-sama – O homem pálido com longos cabelos fez uma mesura respeitosa como comprimento. Ele estava sentado na outra extremidade da mesa trajado em um quimono cinza e dourado. Atrás dois homens mais jovens faziam sua segurança. Sasuke os conhecia, eram filhos de Orochimaru, Suigetsu e Kabuto, e um dos dois assumiria o clã de Yakuzas em Oto no futuro.

– Orochimaru – Respondeu o comprimento sem retribuir a mesura. Ali Sasuke era a autoridade máxima, então não precisava se curvar a ninguém. Entre a Yakuza o Uchiha era o equivalente a Deus e todos deviam respeita-lo.

– Vamos ao que interessa – Itachi tomou a palavra colocando alguns papéis sob a mesa. Era o administrador do clã e normalmente quem conduzia as reuniões – Sabemos que veio falar sobre a Cosméticos Hebi, então sejamos objetivos pois nosso Oyabun é um homem muito ocupado.

– Imagino que sim – Orochimaru sorriu de uma maneira suspeita e por instinto a mão de Sasuke acariciou uma de suas armas escondidas dentro do paleto do terno que usava. Não confiava nem um pouco no homem à sua frente – Apenas quero entender porque meu prédio foi colocado abaixo.

– Simples – Itachi respondeu sério – Não toleramos práticas cruéis contra qualquer ser vivo sem nosso consentimento, principalmente dentro de nosso território.

– Então quer dizer que tudo bem torturar e matar pessoas – O homem tinha a voz banhada em sarcasmo – mas quando é sobre animaizinhos temos que respeitar?

– Não se trata de animais ou pessoas – Itachi retrucou – Se trata de você indo contra nossas regras! Você não está em Oto, aqui nos mandamos em tudo – Pontuou tranquilo como se falasse sobre o tempo – Aqui tudo acontece como queremos e se queremos. E sua empresa não tinha autorização para fazer o que vinha fazendo. Quando autorizamos a abertura dessa filial nada disso estava nas clausulas do contrato acertado.

– Isso é ridículo! – Exclamou frustrado o Oyabun de Oto – Vocês Uchiha estão acabando com nossas tradições! Daqui a pouco seremos conhecidos como frouxos, quando na verdade precisamos ser temidos! – Se alterou batendo o punho na mesa a fazendo estremecer.

Na mesma hora todos os homens da Sharingan presentes na sala puxaram suas armas apontando para o homem. Os dois atrás de Orochimaru fizeram o mesmo, mirando em todas as direções.

– Mais respeito – Naruto, que de alguma forma havia chego ao lado de Orochimaru sem que ele percebesse, apontava sua arma na testa do homem que tinha os olhos arregalados – Você está em frente ao Oyabun Uchiha – Alertou movendo o dedo levemente sob o gatilho.

Os dois acompanhantes de Orochimaru tinham suas armas agora apontadas para o loiro sem saber ao certo o que fazer. Ninguém se mexia e o clima pesou.

– Se realmente conhecesse nossas tradições – A voz rouca e grossa de Sasuke cortou o silêncio como uma navalha – Saberia que agimos de acordo com elas – O Uchiha levantou colocando as mãos nos bolsos da calça de maneira despreocupada – Sua empresa quebrou algumas regras e foi eliminada, nada mais justo. Então peço que mantenha a compostura ou terei que te deixar com um dedo a menos?

Orochimaru engoliu em seco sentindo a pressão de estar em frente ao Oyabun principal da Yakuza. De fato o Uchiha parecia um ser desprovido de sentimentos. A aura maligna que o cercava causava arrepios a todos presentes naquela sala. Sasuke não estava para brincadeiras.

– Peço desculpas Oyabun-sama – Orochimaru falou o mais respeitoso que conseguiu, sem se mexer por ainda ter o cano da arma de Naruto encostado em sua testa – Peço paciência com um de seus familiares, afinal minha sobrinha Karin ficaria triste caso algo acontecesse comigo.

"Como se eu me preocupasse com isso", Sasuke pensou enfadado.

Observou com curiosidade um dos homens de Orochimaru, o chamado Suigetsu, se mexer no lugar de maneira desconfortável. Fez uma nota mental para investigar sobre os filhos do Oyabun de Oto mais tarde.

– Hn – Resmungou voltando ao seu lugar, e sem levantar o rosto fez apenas um movimento com a mão e todos guardaram suas armas. Em segundos Naruto estava novamente parado atrás de sua cadeira.

– Espero que estejamos claros quanto a suas empresas por aqui – Itachi disse para encerrar o assunto. Aquela reunião desnecessário já havia dado o que tinha que dar.

– Sim – Orochimaru suspirou – De qualquer forma agradeço Oyabun-sama – Fez uma mesura respeitosa e se retirou da sala sendo seguido por seus acompanhantes.

– Odeio esse cara – E o Naruto de sempre estava de volta. O loiro se jogou no chão de forma despreocupada coçando a cabeça assim que a porta se fechou.

– Eu também – Itachi concordou enquanto juntava os papéis que havia espalhado na mesa – Tome cuidado com ele Sasuke – Alertou pousando uma mão no ombro do irmão mais novo, que assentiu pensativo. O Uchiha mais velho então saiu da sala sendo seguido por alguns seguranças e outros membros da família que haviam participado da reunião.

Sasuke apertou a ponte do nariz pressentindo uma dor de cabeça chegando. Definitivamente não voltaria para casa hoje, iria mandar preparar seu quarto na Sharingan mesmo. Não estava com disposição ou paciência para lidar com Karin. Só não iria até Sakura pois desconfiava que Orochimaru estaria de olho em seus movimentos até que saísse da cidade. Ele nunca poderia saber da Haruno. Do jeito que era inescrupuloso poderia usa-la para atingi-lo.

Só a ideia daquela cobra tendo o conhecimento de seu refugio o deixava irado.

•  •  •  •  •  •  •

– Oyabun-sama – Sasuke ouviu a voz preguiçosa de Kakashi o cumprimentar ao entrar na sala de treinamento. O Hatake apesar de não ser muito mais velho treinou praticamente todos os membros atuais da Sharingan e era o antigo Kobun de seu pai. O Uchiha o considerava como um segundo pai e tinha muito respeito pelo homem.

– Kakashi-sensei! – Naruto já correu para abraçar de forma desajeitada o mais velho que retribuiu, rindo do jeito do loiro.

– Como vocês estão? – Perguntou enquanto puxava uma katana dentre as várias expostas na parede já sabendo que tipo de treinamento o moreno queria. Sasuke tinha preferencia por armas brancas.

– Bem – Sasuke respondeu, se posicionando no tatame e recebendo sua Kusanagi de um funcionário. A lamina bem afiada e bonita era uma lenda na Yakuza. O Uchiha sempre a carregava durante as missões e todos a temiam.

– O merda do Orochimaru dando problemas como sempre – Naruto comentou. Já estava sentado em um canto para assistir ao treinamento. Aqueles dois eram muito bons então seria uma luta ótima de presenciar.

– Tome cuidado com ele – Alertou o Hatake antes de fazer uma mesura e iniciar a luta. Não é de agora que o Oyabun da Akatsuki vinha dando problemas para os clãs.

– Você não é o primeiro a me falar isso hoje – Sasuke respondeu quando sua katana interceptou o ataque de Kakashi. O barulho das laminas colidindo ecoou pelo salão e todos que também treinavam por ali pararam para assistir.

Os golpes precisos e fortes eram tão rápidos que quase ninguém conseguia acompanhar. Os dois homens se moviam com agilidade andando com passadas precisas dos pés descalços no tatame. Não era uma luta séria, onde visavam machucar o oponente, mas não deixava de ser um treinamento rigoroso.

Kakashi atacou e mais uma vez a Kusanagi de Sasuke interceptou. O Uchiha fez força com os braços e empurrou a lamina de Kakashi, fazendo o Hatake dar alguns passos para trás e a abaixar, assim soltando a de Sasuke, que em um movimento rápido já estava encostada no pescoço de Kakashi. A parte cortante virada para fora indicando que não pretendia mata-lo.

– Eu não tenho mais chances contra você – Kakashi sorriu orgulhoso daquele que um dia já foi seu aluno. Sasuke havia se tornado o seu melhor aprendiz, com pouca idade já se mostrava um gênio e hoje, como o poderoso Oyabun que era, já o ultrapassou.

– Hn – Sasuke deu um de seus raros sorrisos de canto para um dos homens que mais respeitava no mundo. Devia muito ao Hatake e tinha orgulho de ter sido treinado por ele.

– Agora eu! – Naruto pulou entre os dois já com uma katana em mãos. Sasuke deu um tapa na cabeça do loiro e saiu para beber água.

Os três treinaram por mais um tempo até o Oyabun se retirar para seu quarto. Era a maior suite da mansão e a mais segura também, e ocupada a gerações pelos Oyabuns da família Uchiha enquanto estivessem na sede.

Depois de um banho gelado, Sasuke se deitou na cama para ler um livro até o sono chegar. Estava concentrado nas páginas do romance policial quando ouviu seu celular apitar avisando sobre a chegada de uma mensagem. Abaixou o livro e puxou o aparelho deslizando o dedo pela tela.

"Karin:
Onde você está?!"

Bufou irritado deletando a mensagem, mas antes que colocasse o celular de lado esse apitou mais uma vez anunciando uma nova mensagem. Quase não olhou, mas por fim clicou no ícone abrindo as mensagens. Um minimo sorriso se abriu quando viu de quem era.

"Haruno Sakura:
Espero que esteja aquecido, essa noite está fria! :)
Já estou com saudades!
Boa noite e dorme bem
Te amo"

Era engraçado como Sakura se preocupava com coisas bobas. As vezes o lembrava de sua mãe.

"Irritante, estou bem. Te vejo amanhã no café.", respondeu.

Observou a tela por mais um tempo focando na foto de perfil dela e sentindo vontade de estar deitado na cama de Sakura, sentindo o corpo pequeno junto ao seu. Suspirou colocando o celular no criado junto ao livro. Era melhor dormir.

Naquela noite sonhou com olhos verdes, sorriso doce e um corpo macio.

•  •  •  •  •  •  •

– EU NÃO SEI DE NADA! – O homem gritou desesperado entre o choro sofrido. A dor que sentia nos dedos quebrados e retorcidos de uma forma que não deveriam estar era agonizante. Mal conseguia pensar em meio ao que sentia, preferia morrer a passar por aquilo.

– Não vou perguntar novamente – Naruto tinha o olhar frio. Algo incomum para o sempre sorridente e amoroso loiro.

O Uzumaki estava agachado em frente ao homem ensanguentado sentado em uma cadeira, com as mãos e os pés amarrados de forma firme. Olhava no fundo dos olhos desesperados do infeliz para que esse soubesse que não estava para brincadeiras.

– Eu já disse, pelo amor de Deus – Choramingou se engasgando – Eu não sei!

Naruto bufou e com um movimento rápido quebrou mais um dedo do homem. O grito agoniado ecoou pelo galpão escuro, mas nenhum dos vários homens vestindo impecáveis ternos pretos fez algo a respeito.

– Vamos tentar novamente – Naruto falou em voz baixa e séria. Tirou do bolso uma foto e enfiou no rosto molhado por lágrimas daquele que interrogava. Forçou ali e depois afastou para que o homem pudesse ver – Senhor Utada, aqui está você vendendo drogas sem nossa autorização – Apontou para a foto onde o mesmo estava passando o produto para alguns clientes em uma boate bem conhecida – Sabemos que você é apenas um vendedor, e acredite, não estamos nem aí para o que te acontece – Enfatizou o descaso e o homem estremeceu – O que queremos mesmo é que você informe quem está traficando drogas sem a autorização da Sharingan!

O Uzumaki apertou os dedos lesionados de Utada fazendo o mesmo chorar pela dor. Vendo que não obteria resposta se afastou e pegou um canivete que tinha no bolso. Com agilidade e rapidez fincou a lamina na coxa do homem que gritou mais alto que das outras vezes. Os olhos vermelhos e molhados encaravam o local atingido, por onde sangue já saia em quantidade.

– EU FALO! – Se desesperou quando Naruto fez um movimento para girar o canivete – Eu falo!

– Que bom! – Naruto sorriu quase sincero dessa vez, se afastando e cruzando os braços esperando o depoimento.

– Eu... Eu precisava de dinheiro e ele me ofereceu trabalho – Começou a falar entre grunhidos de dor. Cada respirada que dava parecia piorar a situação – Ele disse que eu tinha que vender os produtos dele para os frequentadores daquela boate. Mandou eu ser discreto e evitar os mafiosos – Ele falou fechando os olhos e balançando a cabeça negativamente – Mas como podem ver não deu certo e agora estou aqui. Sei que se vocês não me matarem ele vai!

– Quem é ele? – Naruto perguntou sério.

– O nome dele é Narak – Respondeu sabendo que havia acabado de assinar sua sentença de morte – Ele está anunciando por aí que vai derrubar a Sharingan e matar o Oyabun. Já tem alguns seguidores e está bem presente no mercado de drogas.

– Maldito – O Uzumaki praguejou irritado – Onde ele está?

– Eu não sei – Murmurou tentando ser convincente. Já havia falado demais, qualquer coisa a mais e ele nunca mais veria sua família novamente.

– Mentira – Retrucou confiante – Precisa de alguma ajuda para lembrar? – Perguntou se aproximando de maneira despreocupada da perna machucada de Utada.

– NÃO! – Se desesperou tentando se afastar de todas as formas balançando o corpo freneticamente tentando mover a cadeira – Hoje ele está na Shikon no Tama! É bem discreto e passa despercebido pelos seus homens que ficam lá!

Naruto nada mais disse, fez um movimento com as mãos sinalizando para que alguns dos homens presentes se livrassem do pobre senhor Utada e andou em direção ao canto mais escuro do galpão. Não podia enxergar, mas sentia os olhos de falcão dele analisando cada movimento seu. Podia ser seu melhor amigo ali, mas quando esse vestia completamente a máscara de Oyabun ele não podia fazer nada a não ser teme-lo.

– O que vai fazer? – Perguntou para a sombra encoberta pela escuridão da noite.

– Mata-lo – A voz grossa e rouca de Sasuke, completamente fria e desprovida de emoção fez Naruto se arrepiar.

•  •  •  •  •  •  •

Os homens da Sharingan cercaram a boate lotada. Posicionados estrategicamente ao redor do prédio estavam atentos a qualquer movimento suspeito. Todos vestindo ternos pretos e com armas em mãos.

Do Rolls-Royce preto, Naruto foi o primeiro a sair. As pessoas que passavam pela rua – que era conhecida pelas casas noturnas e motéis – observavam a movimentação incomum. Foi audível as exclamações e suspiros quando Sasuke saiu do carro. O terno preto impecavelmente acomodado no corpo grande com músculos nos locais certos. Mesmo sendo noite tinha no rosto inexpressivo óculos escuros e na mão levava sua kusanagi, sinalizando que haveria morte naquela noite.

Um dos homens abriu a porta da boate para que Sasuke e Naruto entrassem. Estava lotada, os frequentadores mexiam o corpo no ritmo da batida agitada da música que tocava. O cheiro de álcool, cigarro e drogas pairava como uma nuvem em meio a bagunça que ali se concentrava. Atrás dos dois vários homens entraram se esgueirando pelos cantos escuros da casa noturna para não chamar atenção. Enquanto andavam pela multidão eram protegidos por quatro seguranças que abriam caminho por entre as pessoas que dançavam alheias ao que acontecia.

Um dos homens de Sasuke encontrou o dono do lugar e gentilmente perguntou onde estava o tal Narak. O maldito se encontrava em uma sala privada no segundo andar. Aparentemente o projeto de traficante havia subornado o homem para que o deixasse comercializar suas drogas por ali. O Uchiha depois lidaria com o dono da boate traidor, agora iria encontrar o infeliz que ousava falar que queria seu lugar.

Enquanto subia as escadas apertadas e pouco ventiladas a música alta ficava cada vez mais baixa lá atrás e o barulho de gritos e objetos sendo quebrados mais alto e próximo. Ao final da escada encontraram um corredor onde haviam várias portas que Sasuke sabia serem para onde aqueles que queriam um lugar reservado iam. Seus homens conduziam casais dos mais variados tipos para longe dali. Homens e mulheres semi nus ou até mesmo sem roupa alguma passavam por Sasuke e Naruto, que nem ligavam para o fato.

A ultima porta do corredor estava fechada e dois de seus seguranças parados a frente. Um deles ao ver a aproximação do Oyabun abriu a porta para que entrassem.

Era um quarto pouco iluminado e que no momento se encontrava destruído. Quatro de seus homens estavam posicionados em um canto enquanto outro segurava um homem firmemente sentado em uma cadeira. Seu rosto bonito emoldurado por longos cabelos ondulados estava machucado e de seu nariz, provavelmente quebrado, muito sangue saia. No canto mais atrás uma mulher vestindo apenas uma calcinha vermelha estava encolhida, chorando amedrontada. Na mesa ao lado uma carreira de pó branco e algumas garrafas de whisky vazias.

Naruto cruzou os braços e encostou na parede ao lado da porta enquanto Sasuke retirava o óculos escuro e o paleto. Um de seus homens se aproximou pegando as peças, assim como a camisa social e a gravata. O Uchiha estava de costas para o homem machucado que via em sua frente alguém que merecia ser temido. Os músculos a mostra e nas costas largas a famosa tatuagem de um falcão pousado em um galho, indicava que quem estava ali era o tão poderoso e perigoso Oyabun. O braço forte, adornado com uma tatuagem de uma cobra roxa que se enrolava em volta dele, fez um movimento puxando a famosa kusanagi da bainha, a lamina brilhando na pouca luz.

Na mesma hora Narak soube que morreria.

– Ouvi dizer que você quer o meu lugar – Era tão fria a voz do Uchiha que poderia congelar todo o ambiente. Ele permanecia de costas segurando com a mão direita a katana de uma forma que a lamina encostasse no chão.

Narak nada respondeu. Sempre admirou o mundo da yakuza e o que mais queria era fazer parte de tudo isso. Invejava todo o poder que a família Uchiha tinha e almejava um dia ser Oyabun, coisa que sabia ser impossível por não pertencer ao clã. Por conta disso resolveu criar sua própria máfia e começar os negócios vendendo drogas. Mas claro que a Sharingan não deixaria barato, foi ingenuo em pensar que poderia passar despercebido enquanto não conseguisse poder necessário para ir contra eles.

– Vejo que não gosta de conversar – A voz de Sasuke não mostrava nada, não parecia que aquele homem possuía algum sentimento ou compaixão. Narak agora finalmente entendia todo o respeito e medo que o Oyabun impunha – Antes de te matar, só quero que saiba que será usado como aviso, para os infelizes que acham que podem me derrubar.

– Eu tenho família! – Resolveu tentar comove-lo. Não tinha nada a perder afinal – Uma filha pequena! – Falou suplicante, implorando por sua vida.

Sasuke sorriu sádico mesmo que o homem não pudesse ver e Naruto puxou o celular do bolso virando a tela para Narak. O homem arregalou os olhos em descrença. Sua esposa e filha estavam mortas, com requintes de crueldade.

– Você será executado por ter desafiado a Sharingan – Continuou ignorando o choro sofrido do homem. Nada que ele dissesse faria Sasuke se comover – E depois irei derrubar essa merda que você tentou começar – Ninguém o desafiava e saia por bem. Não era o Oyabun mais temido de todos os tempos a toa.

Antes que Narak pudesse implorar mais uma vez por sua vida Sasuke se virou com velocidade e com um movimento quase imperceptível passou a lamina pelo seu pescoço, separando a cabeça do corpo. Sangue voou manchando a parede de vermelho e atingindo também a mulher semi nua que gritou horrorizada. A cabeça de Narak rolou até encostar em seu pé e ela gritou mais ainda, até que a voz estridente cessou ao mesmo tempo que Sasuke retirava a katana que havia fincado no coração dela. O corpo sem vida tombou para o lado, o sangue escorrendo pelos seios desnudos e formando uma poça no chão sujo do lugar.

Voltando a ficar ereto com a postura impecável de sempre Sasuke movimentou o braço de uma forma que fez o sangue que encharcava a lamina se espalhar pelo chão. Um de seus homens se apressou em entregar um pano que o Uchiha usou para limpar sua kusanagi antes de devolve-la para a bainha. Vestiu novamente as peças de roupa que havia tirado e voltou a colocar o óculos escuro.

– Limpem essa bagunça – Ordenou frio enquanto se retirava da sala sendo seguido por Naruto.

•  •  •  •  •  •  •

Observava o sangue descer ralo abaixo junto à água gelada do chuveiro. Por mais que se ensaboasse e esfregasse seu corpo, a sujeira não saia. Nunca estaria livre de todos os pecados que cometeu. Era um maldito impuro, um monstro sem coração.

Havia de certa forma matado quatro pessoas e apesar de não sentir prazer com isso, não conseguia sentir remoço. A única morte que afetava um pouco sua consciência era a da criança. Não fora ele quem matou a filha de Narak, mas o fato da ordem ter partido de sua boca o fazia sentir como se tivesse cometido o ato com as próprias mãos. Mãos tão sujas de sangue que dificilmente um dia seriam limpas.

Fechou o registro encostando a testa no azulejo frio. Apesar de não deixar transparecer odiava tirar a vida de inocentes. Seu rosto se mantinha frio e inexpressivo mas por dentro mais um pedaço se quebrava. Cada dia mais perto de sucumbir a loucura que o poder proporcionava.

Quando já estava devidamente vestido em um de seus ternos não pensou duas vezes ao acelerar o carro em alta velocidade até seu refugio. Estava atormentado que nem avisou Sakura, mas não tinha problema, sabia que seria recebido como sempre. Precisava dela para faze-lo esquecer. Precisava sentir a pureza que ela emanava.

– Sasuke-kun? – Ela perguntou confusa ao abrir a porta. Sasuke havia saído tão rápido que esqueceu a chave no bolso do outro paleto. Sakura estava de pijamas e pantufas, com o rosto mostrando o sono e os cabelos bagunçados denunciando que estava dormindo, mas ele não se importou. Precisava dela.

[On Track: How Did You Love - Shinedown]

Sem falar nada colou o corpo ao dela puxando as coxas grossas com força para cima as segurando na altura de sua cintura, as mãos delicadas dela foram para seu ombro tentando se equilibrar. Fechou a porta com um chute e prensou o corpo pequeno na parede próxima com brutalidade arrancando um gemido dolorido dela. Sem deixa-la falar tomou os lábios macios com violência fazendo com que Sakura tivesse um pouco de dificuldade para acompanhar. Sentia as mãos grandes dele passando por todo o seu corpo sem pudor ou delicadeza e entendeu que ele precisava dela. E ela estaria para ele, sempre.

Sasuke tinha os olhos nublados e o rosto inexpressivo quando a jogou de forma rude na cama. Tirou o paleto, a gravata, a blusa social e o cinto, abrindo a braguilha da calça antes de se colocar entre as pernas dela e a puxar com violência pela cintura. Sakura gemeu com o movimento e soltou uma exclamação quando ele rasgou o pijama com estampa de estrelinhas com facilidade. Os seios pularam para fora com o movimento e ele apreciou a visão, levando as mãos sem delicadeza até eles, massageando com força. Desceu as mãos pelo ventre plano até alcançar a peça intima que também foi rasgada. A forma violenta com que fez isso deixou a pele macia e branquinha levemente marcada com o elástico da peça.

Sem pudor algum passou as mãos pelo corpo pequeno dela, apreciando a textura da pele e sentindo-se inebriar com os suspiros. Acariciou os seios um pouco menos rude dessa vez e depois levou uma das mãos até os lábios vermelhos e inchados pelo beijo trocado. Contornou a boca de formato tão delicado e a vendo entreabrir os lábios forçou um pouco o dedo indicador para dentro, sentindo o próprio membro latejar quando ela passou a linguá por ali, como se fosse seu pau. Viu ela chupar de forma que o deixou fodidamente excitado e não aguentou mais. Se afastou bruscamente levantando da cama e retirando a calça e a cueca boxer preta que usava. Seu membro ereto, duro e pulsante saltou glorioso em frente aos olhos verdes envergonhados. Levou a própria mão até ele movimentando com firmeza a vendo assistir o ato com as bochechas coradas. Adorável.

Se aproximou da cama e envolveu a cabeça dela com as mãos, emaranhando os dedos nos fios rosados, e a puxou para cima até que se ajoelhasse no colchão. Puxou novamente a fazendo se aproximar mais e com isso roubou aqueles lábios mais uma vez, beijando com vontade. Afastou o rosto vendo com satisfação os lábios mais vermelhos e inchados que anteriormente. Estava linda, nua, envergonhada e excitada para ele.

– Chupa – Ordenou com sua voz grave e rouca. Seu rosto estava inexpressivo e a unica coisa que denunciava sua excitação, alem da ereção, era a respiração desregulada.

Com a mão direita voltou a envolver os cabelos dela e forçou a cabeça de Sakura para baixo. Ela não pensou duas vezes, envolveu o membro avantajado que latejava com as mãos. Passando o dedo pela pele aveludada, acompanhando as veias proeminentes e terminando no topo molhado pela excitação. Sem parar os movimentos das mãos levou a boca de uma forma que ele havia ensinado a ela. Da forma que Sasuke considerava perfeita, o melhor boquete do universo era o dessa mulher inocente e ao mesmo tempo sensual.

O Uchiha sentiu a boca pequena o envolver e manteve os olhos ônix atentos a cena erótica do rostinho corado, os olhos fechados e a boca rosada envolvendo sua extensão com um pouco de dificuldade. Ela era fodidamente pequena e ele grande demais para ela, mas de alguma forma bizarra eram o encaixe perfeito um para o outro. Ela chupava com vontade enquanto massageava seu membro e vez ou outra suas bolas. Sentia a língua dela se movimentar e porra, como era bom!

– Abra os olhos – Sakura escutou aquela voz máscula e não teve como negar a ordem. Abriu seus olhos verdes vendo o homem que sempre tinha uma expressão séria contrair o rosto em excitação. A face prazerosa de Sasuke era tão erótica e viril que ela se sentia mais molhada ainda.

Sasuke segurou a cabeça dela com as duas mãos e sem delicadeza começou a movimenta-la junto ao seu próprio quadril, fodendo a boca de Sakura sem dó. Seus olhos nublados pelo prazer, a mente atormentada o fazia ficar insano em meio ao caos da excitação. Sentia que logo gozaria, mas não queria que fosse na boca dela. Queria enche-la com sua porra e assistir escorrer pela entrada rosada. Aquela mulher era sua e mesmo não podendo te-la oficialmente, Sakura pertencia a ele.

Puxou a cabeça dela para longe de seu membro e empurrando de volta no colchão. Os cabelos rosados se espalharam pelo lençol e ela parecia uma deusa. Perfeita e pura. A pureza que o Uchiha sabia estar corrompendo com sua devassidade. Suas mãos sujas de sangue tocando a pele dela, a puxando para seus pecados.

Cada vez mais insano ele abriu as pernas dela deixando a intimidade depilada e completamente encharcada exposta apenas esperando por ele. Passou as mãos pelas coxas grossas grunhindo em antecipação e depois dedilhando os dedos pelo ponto de prazer dela. Subiu mais as mãos e as deixou na cintura, apertando com força e puxando o corpo de Sakura até que em uma estocada forte entrou de uma vez.

– PORRA – Rugiu excitado quando sentiu-se ser acolhido naquele lugar tão apertado e quente. Jogou a cabeça para trás e iniciou os movimentos brutos e rápidos, batendo o quadril sem dó ouvindo os gemidos manhosos dela. Se manteve de joelhos no colchão, para a ver de cima e observar todos os detalhes. As intimidades se encontrando frenéticas, suas mãos marcando a pele branca da cintura, os seios médios pulando e o rostinho corado que mostrava toda a excitação que sentia.

Os movimentos que já eram intenso se tornaram quase sobre humanos quando ele a virou de barriga para baixo, a colocando de quatro. Uma mão segurando com força na cintura fina e a outra na cabeceira da cama. Movimentava seu quadril com tanta selvageria que a cama batia na parede, rangendo como se fosse quebrar. O som dos gemidos dos dois combinava com o barulho dos corpos se encontrando.

Sem dó descia a mão dando tapas estalados no bumbum farto dela. Apreciava como seu membro entrava e saia dela, era viciante assistir. Conseguia ver as marcas de sua mão na cintura e na nádega branca, mas não conseguia se importar no momento. Xingava enquanto arremetia em estocadas insanas como um animal e puxava os cabelos rosados com a mãos a fazendo arquear e se empinar mais.

– Boceta apertada – Grunhiu fora de sua razão sentindo-a se contrair ao redor de seu membro. Ela estava chegando e ele deixaria, mesmo não tendo acabado ainda – Gostosa! – Estalou mais um tapa na bunda ouvindo um gemido mais alto dela – MINHA! – Rugiu estocando com mais força, fazendo o corpo dela ir para frente quase sem conseguir se segurar. Se não fosse a mão dele a segurando com força pela cintura ela teria ido de encontro a cabeceira.

Ela gozou gemendo alto e chamando por ele. Sasuke fechou os olhos sentindo-se ser apertado, era tão bom. Saiu dela a virando com brutalidade, o corpo pequeno praticamente quicou no colchão e ela parecia meio perdida ainda, por conta do orgasmo. Deitou ao lado dela, entre os travesseiros fofos e levou a mão ao próprio membro bombeando rapidamente.

– Senta no meu pau – Ordenou com a voz mais rouca e sedutora que Sakura já havia escutado. Estava cansada e dolorida, mas ele precisava dela. Enquanto se movimentava para se colocar no colo dele apreciava a visão erótica dele se masturbando. Era tão viril que a deixava sem ar e novamente excitada.

Sasuke retirou a mão de seu pênis quando a viu descer lentamente. Levou as duas mãos até a cintura dela e a fez descer de uma vez, gemendo ao sentir ser envolvido tão perfeitamente apertado. Desceu as mãos para a bunda macia e com força a fez se movimentar em seu colo, subindo e descendo com velocidade. Com a mão direita massageou os seios que pulavam em sua frente. As mãos pequenas dela estavam apoiadas em seu peito arranhando vez ou outra. Ele não se importava em ser arranhado por ela, não fazia questão de dormir com Karin então fugiria da ruiva até que sumissem, como sempre fazia.

Sentia estar mais perto agora. Era tão prazeroso assistir Sakura cavalgando seu pau daquela forma. Era tão linda e o deixava enlouquecido. Voltou a segurar firme na cintura de Sakura e começou a movimentar seu quadril de encontro ao dela com rapidez e brutalidade. A Haruno quase gritava agora e ele não parava, estava tão excitado, tão próximo de chegar lá. Quando sentiu novamente seu membro ser apertado por aquela boceta molhada não resistiu. Sentou na cama e impulsionou o corpo a fazendo deitar novamente estando por cima mais uma vez. Mais quatro estocadas vigorosas foram necessárias até que chegassem ao limite juntos.

– SASUKE – Ela gemeu alto, quase gritando. Sentindo o liquido quente dele invadir seu interior em abundancia.

– PORRA SAKURA – Não fez questão de se impedir de gemer alto dessa vez, fechando os olhos e jogando a cabeça para trás enquanto se despejava dentro dela – Caralho!

Ficaram por um tempo parados, sentindo os últimos espasmos de prazer e escutando a respiração ofegante um do outro.

Sasuke suspirou passando a mão no rosto e depois olhou para baixo, fazendo questão de sair lentamente de dentro dela para assistir seu liquido escorrendo por entre as dobras rosadas da intimidade dela. O sentimento de possessividade que o atingiu fez que um sorriso pequeno nascesse em seu lábios finos.

De joelhos entre as pernas ainda abertas dela conseguiu ver o resultado de seu descontrole. A selvageria com que a tomou deixou marcas na pele macia de porcelana de Sakura, e mesmo sabendo que deveria, não se sentiu arrependido. Havia perdido a cabeça e deixado o Oyabun tomar conta enquanto se enterrava nela e sabia que a tinha machucado. Ela era delicada e frágil, mas mesmo assim se deixou possuir daquela forma insana pois o amava. Ele precisava dela e ela sabia disso. E mesmo nunca falando em voz alta, ele seria eternamente agradecido por ter sempre esse refugio para voltar.

•  •  •  •  •  •  •

O motorista abriu a porta para que ele saísse ao estacionar em frente ao arranha-céu mais alto da cidade. O letreiro grande onde se podia ler "Uchiha Corp." chamava a atenção na fachada do imponente prédio de vidro reluzindo pelo sol que brilhava no céu azul.

Sasuke retirou os óculos escuros assim que entrou no hall. Seu sapato social bem polido fazia barulho a cada passo dado no piso de mármore branco. Passou direto pelas atendentes que suspiraram encantadas com o dono de tudo aquilo.

Dispensou os seguranças e entrou sozinho no elevador panorâmico e silencioso. Havia abolido a maldita músiquinha depois de algumas semanas que assumiu o cargo. Era insuportável!

Enquanto subia observava seu império. Seus empregados trabalhando para produzir os melhores aparelhos celulares da mundo, com tecnologia de ponta. Estavam a um passo de ser finalmente reconhecidos, desbancando a Apple do topo.

Colocou as mãos nos bolsos da calça social fechando os olhos brevemente. A lembrança dos momentos que passou com Sakura vieram à sua mente. Estava tão transtornado e insano, deixando o monstro tomar conta e nublar sua racionalidade. Mas ao estar entre os braços dela, tudo se acalmou. Foi incrível como uma noite de sexo selvagem com Sakura havia tirado de sua cabeça toda a merda que pensava. Ao acordar naquela manhã, estava relaxado, descansado e se sentindo bem, como se nada tivesse acontecido.

"Por que preciso tanto dela?", pensava confuso.

Não devia se apegar tanto à ela. Não poderia manter seu caso com Sakura para sempre, era a droga de um homem casado!

Mas ao mesmo tempo que esse pensamento vinha na sua cabeça, as lembranças dos momentos com ela também vinham e ele sabia ser inútil pensar demais nisso agora. Independente da situação, ele voltaria para seu refugio sempre que precisasse

Saiu do elevador encontrando sua secretária que o informou rapidamente sobre sua agenda do dia. Não estava muito com cabeça para lidar com assuntos do trabalho, mas nada podia fazer. Entrou sozinho em sua sala e sentou de forma confortável na cadeira ligando o computador e já puxando alguns papéis que precisavam ser analisados.

Por volta do horário do almoço Naruto surgiu em sua sala, sem bater como sempre.

– Vamos almoçar? – Perguntou com seu jeito descontraído.

Sasuke as vezes nem tinha tempo para realizar as refeições corretamente, era bem comum passar o dia todo sem comer nada.

Tinha uma quantidade absurda de trabalho pendente, uma reunião com alguns investidores e ainda precisava remanejar alguns funcionários que seriam transferidos para a nova filial de Osaka. Ficava cansado só de pensar nisso e ainda sabia que a noite teria que ir para a Sharingan resolver o que ficou pendente da limpeza que fez na noite anterior.

– Vamos – Disse por fim, resolvendo deixar tudo de lado por algum tempo. Avisou para sua secretária que sairia para o almoço e que desmarcasse qualquer compromisso que tivesse na próxima hora.

Por fim estava sentado com Naruto no restaurante preferido dele, Ichiraku Ramen. Apesar de não ser um viciado no alimento como seu melhor amigo, apreciava bastante o de sabor tomate.

– Que preguiça da reunião de hoje! – Naruto exclamou de repente com a boca cheia de ramen. O loiro se referia a reunião que teriam mais tarde na sede da yakuza.

– Hn – Sasuke concordou. Haviam feito uma boa limpeza, mas ainda precisavam caçar os que faltavam.

– Ontem... – O loiro começou meio incerto. Falar sobre as explosões de personalidade de Sasuke era sempre como andar em um campo minado – Você foi ver a Sakura-chan?

– Sim – Respondeu sem olhar para o amigo. Comia calmamente com todo o refinamento que a criação Uchiha o proporcionou. Seus modos à mesa eram impecáveis e até comendo seu movimentos eram perfeitos.

– Você a machucou? – Tinha medo da resposta. Desde que viu o melhor amigo assumindo a liderança da Sharingan estava acostumado a presenciar os surtos dele apos fazer algo que o incomodava. O Uchiha nunca deixava os outros verem esse seu lado, apenas Naruto e Itachi presenciaram o Oyabun em seu lado mais insano. Naruto tinha medo, naqueles momentos não conseguia enxergar o garoto com quem cresceu e que acostumou a chamar de irmão. Ele e Itachi tinham medo de perder Sasuke para a loucura da vida como Oyabun, e sabiam que o própria também temia isso.

– Sim – Demorou um pouco para responder. Ainda tinha sentimentos controversos sobre sua noite com Sakura – Mas ela está bem. Não foi como fiz com Karin daquela vez... De alguma forma me senti mais calmo quando me deitei com ela.

No dia que ordenou a execução de uma família inteira – incluindo bebês, crianças, mulheres e idosos – pela primeira vez, Sasuke simplesmente surtou. Naruto só soube pois Karin ligou chorando alegando que Sasuke estava fora de si. Ele havia machucado tanto a esposa que ela teve que ir ao hospital particular do clã – se fosse em um de fora chamaria atenção negativa para a família. A ruiva odiava o Uzumaki tanto quanto ele odiava ela, e por isso mesmo sabia que havia sido uma situação extrema. Afinal, ela ligou justamente para ele pedindo ajuda.

Sasuke sabia que havia sido a única vez que Karin pareceu querer se afastar dele – logo depois ela fez uma viagem e demorou para voltar. Tê-la machucado entrou para sua cota de pecados. Não a amava, mas foi ensinado por seus pais a nunca machucar sua esposa de qualquer forma. A esposa de um Oyabun era sagrada. Era uma regra da yakuza.

– Mesmo? – Questionou pesaroso imaginando a pequena, delicada e frágil Sakura perto do monstro que Sasuke se tornava.

– Sim – Suspirou afastando a tigela vazia com os hashis pousados em cima – Foi intenso. Um sexo cru e duro, mas ela sentiu prazer. Não foi como com Karin, eu a machuquei mas não foi insuportável para ela. Ela gostou e me falou isso. Ela apenas ficou preocupada por eu estar daquela forma – Esfregou os cabelos já desalinhados se sentindo incomodado por falar detalhes de sua vida sexual com outra pessoa – Já havia acontecido antes mas acho que dessa vez foi um pouco mais insano... Mas não a machuquei de verdade.

– Cara, larga a Karin – Naruto falou depois de um tempo pensando, jogando os braços para o ar exasperado – Você é um puto de um desgraçado sortudo que tem uma mulher maravilhosa como a Sakura-chan e está com aquela megera! Isso é um absurdo! – A indignação do loiro era palpável – Quando Karin conseguiu te acalmar? Ou te fazer sentir bem?

– Não quero discutir isso – Falou rude. Já estava sinceramente cansado de Naruto insistir nesse assunto – Já disse e repito, não vou deixar Karin. Minha obrigação com o clã e com a empresa vem em primeiro lugar.

– E o seu coração? – Perguntou sério, os olhos azuis cintilando em preocupação com o melhor amigo.

– Eu não tenho coração – Disse por fim se levantando para ir embora.

E Naruto só conseguia pensar no quão errado ele estava. O Uchiha na verdade tinha um coração enorme, só não sabia ainda.

•  •  •  •  •  •  •

Sakura estava em seu intervalo de almoço. Enquanto comia um sanduíche natural lia uma grossa apostila de Fisiologia e hora ou outra anotava em um caderno o que julgava ser mais importante. Estava se dedicando bastante aos estudos para passar na melhor faculdade de medicina do país.

Alem do grande sonho de ser médica, desejava muito passar para que pudesse finalmente voltar a morar em sua cidade natal, Konoha. Morava lá com os pais e era muito feliz, mas apos a morte trágica deles se viu sozinha sendo amparada por sua tia. Tsunade era uma mulher forte e determinada, apesar de as vezes severa tinha muito carinho pela sobrinha. Por isso juntou suas economias e mandou Sakura para Tóquio afim que a garota tivesse melhores oportunidades.

Seria eternamente agradecida à Tsunade e por isso se esforçava no trabalho e nos estudos desde que resolveu que de fato seria uma médica. Queria orgulhar a tia e à todos a sua volta.

A única que sabia dos planos de Sakura era Ino. A Haruno pensava ser melhor não espalhar para que as pessoas não criassem expectativas sobre isso. Por diversas vezes pensou em contar para Sasuke, mas achou melhor não incomodar o já tão ocupado namorado com suas bobagens.

Por falar em Sasuke, havia decidido que faria prova tanto para a faculdade de Konoha quanto para a de Tóquio. Mesmo antes sendo um de seus principais objetivos, agora não tinha certeza se queria voltar para sua cidade natal. Sasuke morava em Tóquio e a cada dia que passava tinha certeza que não poderia ficar longe do Uchiha.

Decidiu por fim que esperaria o resultado sair e dependendo faria sua escolha.

– Nem para almoçar você larga esses livros – Ino se jogou na cadeira do outro lado da mesa, um prato com salada e um suco natural logo a sua frente – Por falar nisso, futura médica, você deveria se alimentar melhor – Apontou para o resto do sanduíche mordido repousado na mesa ao lado da pilha de livros e apostilas.

– Eu sei Porquinha – Suspirou largando a caneta em cima do caderno e se esticando, espreguiçando sentindo os músculos protestarem pelo tempo que ficou na mesma posição – Mas medicina é um curso muito difícil. Se eu não estudar o suficiente não vou conseguir passar.

– Só estou preocupada com você – Sorriu compreensiva para Sakura. Adorava aquela baixinha de cabelos rosados e incomodava vê-la se esforçando tanto – Mas mudando de assunto, já contou para o moreno delicia?

– Ino! – Exclamou quase engasgando com a água que bebia – Não chame ele assim! – Repreendeu com uma careta. Sasuke odiaria o apelido com certeza – E não, ainda não contei.

– Mas deveria – Aconselhou depois de mastigar a salada – Aposto que ele ia te ajudar com os estudos – A rosada já havia comentado várias vezes como o namorado era inteligente.

– Eu sei – Achava Sasuke um homem extremamente inteligente e culto mas duvidava que ele entendesse sobre medicina. O negocio do Uchiha definitivamente eram números e tecnologia – Quando o resultado sair eu conto! Não quero que ele tenha esperanças e no final eu não consiga nada.

Quando Sakura começou a sair com Sasuke contou para Ino, e a loira ficou muito empolgada. Como melhor amiga queria saber tudo sobre o moreno bonito com quem Sakura se encontrava, mas a Haruno resolveu contar apenas o básico. Informou que chamava Sasuke, tinha 23 anos e trabalhava em uma empresa de tecnologia, bem resumido e sem detalhes pois sabia o quão discreto e reservado seu namorado era. Ela mesma pouco sabia sobre ele. Se falasse o sobrenome ou algo assim era capaz de Ino stalkear tanto o rapaz que até o tipo sanguíneo ela conseguisse.

Com o tempo Ino deixou para lá e normalmente só pedia detalhes das noites intimas que tinham, coisa que deixava Sakura morta de vergonha.

– Bem, você quem sabe – Deu de ombros e voltou a se concentrar em seu prato – Eu estou tranquila com o pouco que estudei – A loira comentou. Também faria a prova para o mesmo curso, mas não estava tão preocupada quanto a Haruno.

Sakura atirou uma bolinha de papel na amiga que lhe mostrou a língua em resposta.

Antes de voltar aos estudos pegou o celular desbloqueando e sorrindo ao ver a foto de fundo de tela. Uma das únicas duas que conseguiu tirar com Sasuke. Ele não sorria e parecia bem mau humorado, mas não menos lindo.

Vendo o rosto másculo do homem que amava sentiu suas energias renovadas para voltar aos estudos.

•  •  •  •  •  •  •

– Temos que por abaixo duas casas noturnas afiliadas ao tal Narak – Itachi explicou posicionando um mapa da cidade no centro da mesa de reuniões.

– Deixaremos alguém viver? – Perguntou Madara. Os presentes ali sabiam que isso incluía funcionários, vendedores, clientes mais assíduos, familiares e qualquer um que possa ter ajudado o desgraçado com suas ideias.

Silêncio se fez naquela sala e todos olharam para Sasuke, sentado em seu lugar de direito totalmente inexpressivo. O Oyabun estava novamente estressado com tudo aquilo, mais uma vez cairia em suas mãos o destino de pessoas, inocentes ou não. Era estressante e enfadonho.

– Não – Respondeu por fim sem alterar a expressão do rosto sério. Como se não sentisse remorso ou compaixão por aqueles que seriam mortos. Queria não ter que decidir aquilo no momento, mas como Oyabun era seu dever. E vendo os murmúrios de aprovação de seus familiares sabia ter tomado a decisão correta.

– Vamos decidir quem será mandado para cada uma, certo? – Itachi atraiu a atenção de todos e começou a discutir estrategias.

Quem olhasse de fora poderia achar que Sasuke estava prestando atenção. Seu rosto sério e frio estava intacto, enquanto por dentro tentava pensar em outras coisas. Não fazia questão de escutar os detalhes ou qualquer coisa assim, sabia que Itachi tiraria isso de letra. A única coisa que queria era sair logo, se sentia sufocado.

Tentava não pensar em seus pecados e não olhar para as fotos que Obito espalhava pela mesa. Os rostos estampados nelas eram daqueles que seriam executados por irem contra a Sharingan. Em meio a tantas viu algumas crianças e quando seu olhar cruzou com um rosto infantil, sentiu sua consciência chegar ao limite.

Ainda sem alterar a expressão levou a mão ao bolso do paleto, tateando atrás de um vicio que vinha sendo deixado de lado à algum tempo. Os dedos tatearam o bolso aparentemente vazio atrás da caixa de cigarros, mas o que encontrou foi uma embalagem de plastico, não muito grande. Confuso, puxou do bolso arqueando a sobrancelha e olhando o objeto desconhecido em sua mão. Tinha uma embalagem plastica com estampa de gatinhos cuidadosamente fechada com um lacinho cor de rosa.

Sem chamar a atenção dos demais puxou a fita com cuidado por baixo da mesa fazendo a embalagem se abrir. E assim que visualizou o conteúdo ofegou surpreso.

"Sasuke-kun,
Espero que esteja melhor e que tenha um bom dia de trabalho
Tomara que goste dos biscoitinhos, fiz com carinho :)
Te amo muito
Sakura"

Afastou o papel em que o bilhete foi escrito em uma caprichada caligrafia com caneta cor de rosa e viu quatro biscoitinhos redondos empilhados. Foi automático o movimento de levar um deles a boca, mastigando calmamente, sem dar importância ao seu redor.

Como se tivesse em um transe Sasuke sentiu o sabor maravilhoso do biscoito de queijo feito pela mulher de cabelos rosados. Eram deliciosos e enquanto comia mais um, se sentia em casa, em sua casa cor de rosa. Seu refugio.

Quando terminou de mastigar o último levantou a cabeça finalmente reparando que a sala estava em silêncio. Todos os olhos presentes estavam focados nele, que como se nada tivesse acontecido dobrou a embalagem junto ao bilhete e colocou de volta no paleto. Bateu as mãos uma na outra para retirar os farelos e cruzou os braços encarando seus familiares curiosos.

– Algum problema? – Sua voz grossa pareceu mais alta devido ao silêncio.

– Oyabun-sama, o senhor estava... Estava comendo biscoitos? – Perguntou Itachi confuso. Em frente ao restante do clã ele o chamava de modo respeitoso mesmo que as vezes não conseguisse evitar pronunciar o "irmãozinho".

– Sim – Deu de ombros sem esboçar nada em seu rosto austero – Estava com fome.

Itachi nada mais falou. Definitivamente não fazia o estilo de Sasuke fazer um lanchinho em meio a uma reunião importante da Sharingan. Nunca imaginou seu Otouto guardando biscoitos nos bolsos do terno. Até daria boas risadas se não estivesse tão intrigado.

– Bem, voltando a falar sobre a divisão do pessoal... – Retornou a reunião, mesmo que vez ou outra lançasse olhares curiosos para o irmão que de alguma forma bizarra parecia relaxado e até... Feliz?

Ao fim da reunião todos deixaram a sala e Sasuke ficou por último, ainda sentado em seu lugar com Naruto já jogado ao seu lado.

- O que diabos foram esses biscoitos? – Questionou o loiro assim que o ultimo membro do clã saiu da sala. Quem costumava levar lanches para momentos inoportunos era ele, não o Uchiha.

– Hn – Não queria falar sobre isso. Estava confuso com suas próprias reações pelo presente inesperado de Sakura. Olhou para o lado e viu nos olhos azuis do melhor amigo que ele não desistiria do assunto – Sakura deixou alguns biscoitos de queijo em meu paleto – Tirou do bolso o bilhete e mostrou para Naruto.

– Nem para dividir maldito! – Protestou indignado fuzilando o amigo com os olhos – Sakura-chan cozinha tão bem! – Comentou enquanto lia o bilhete carinhoso que a rosada havia deixado para o Uchiha e sorriu triste – Ela te ama muito cara. Não consigo me conformar com o que você faz com ela.

– Como já cansei de repetir, não é assunto seu – Tomou o bilhete das mãos do Uzumaki, dobrando com mais cuidado que o necessário e devolvendo ao bolso.

Levantou, fechando o botão do paleto e saiu da sala com a cabeça cheia de pensamentos a respeito de Sakura.

– Teme idiota – Naruto xingou antes de correr atrás do Oyabun.

•  •  •  •  •  •  •

Já estava confortável em seu pijama cor de rosa com estampa de coelhinhos, sentada na cama aconchegante e rodeada por livros e apostilas de medicina.

Os ponteiros do relógio acusavam as altas horas mas ela queria estudar o máximo que conseguisse. No dia seguinte teria as provas e estava preocupada de não ter se esforçado o suficiente. Mesmo vez ou outra coçando os olhos verdes cansados pelo sono, não desistia. Queria orgulhar os pais falecidos, sua tia e Sasuke.

Com um marca texto cor de rosa grifou um parágrafo que julgou importante, e estava distraída na tarefa quando o celular apitou anunciando uma mensagem, a assustando um pouco. Fluffykins que dormia entre os livros miou indignado por ser despertado.

– Desculpa Fluffykins – O gato miou baixo como se aceitasse o pedido e ela sorriu deslizando o dedo pela tela do aparelho.

"Achei os biscoitos, estavam bons."

Curto, grosso e de poucas palavras. Mas Sakura sabia e entendia que aquela era a forma dele agradecer a lembrança e dizer que havia gostado. Sorriu como uma adolescente apaixonada batendo os pés na cama e depois rolando o corpo abraçada ao celular quase atropelando o gato que lhe lançou seu pior olhar.

Recuperada do surto ela digitou rapidamente, o sorriso gigante ainda em seus lábios.

"Que bom que gostou!
Farei mais da próxima vez :)
Boa noite e durma bem, 
estou com saudades!
Te amo"

A resposta não demorou para vir e ela quase derrubou o celular quando tentava visualizar a mensagem.

"Já deveria estar dormindo, irritante
Te vejo sábado"

Leu e deu um gritinho empolgado. Estava completamente apaixonada por aquele homem. Conseguia visualizar direitinho ele, com o rosto rígido e másculo de sempre, falando aquelas palavras. Para muitos poderiam parecer grosseiras mas ela já estava mais que acostumada com seu namorado mau humorado. Sakura considerava um charme dele.

Estudou quase até o amanhecer, e passou a manhã toda fazendo as provas junto de Ino.

Ao final, Sakura sentia como se um peso enorme tivesse sido tirado de suas costas e mesmo aliviada estava ansiosa pelo resultado que ainda demoraria um pouco para sair.

Passada toda a adrenalina por conta da prova, agora se sentia cansada e com o corpo dolorido. Não demorou para que percebesse uma gripe chegando, forte o suficiente para derruba-lá.