História Resistance - Festinha Standy

    *Narração por Eric Cartman* 

— E depois? - ela jogou o cotoco de cigarro que estava segurando na grama amassando a parte acesa com seu tênis All Star vermelho- Voces finalmente treparam? 

 — Não. - respondi para a tristeza da vadia - Um velho que provavelmente era o dono da casa chegou bem na hora que ía acontecer alguma coisa, tive que pegar as minhas roupas e sair varado de lá. 

Ela chutou o pequeno pedaço de cigarro para longe impaciente. 

— Só pode estar zoando comigo, gorducho! 

Era terça-feira á tarde e eu não tinha mais nada pra fazer, então aceitei o convite de Shelly por mensagem pedindo para irmos fumar e conversar um pouco em algum lugar. '' Conversar um pouco'' significava que ela estava doida pra saber se tinha chances de sair com Craig Tucker e se meter na minha vida.

Entre ela ir para a minha casa e roubar os biscoitos que eu guardava no armário, achei melhor nos encontrarmos na praça central da cidade, onde tinha um gramado que era permitido o fumo. Não que eu ligasse para  a vaca da minha mãe reclamando toda vez que eu decidisse tragar. Mas infelizmente ela ainda pagava as minhas contas, então o jeito era fazer escondido. 

— Achei que ía ficar feliz em descobrir que o judeu gosta de mim. 

— Disso eu sempre soube, o jeitinho dele nunca me enganou. - Eu ri e ela continuou -Mas a questão aqui é.. e voce?

— Eu o odeio. 

— Aham, sei. 

— Mas tenho vontade de foder com ele, só isso.  - Meu segundo maço de Derby Azul acabou e acendi outro que tirei do bolso da calça dela - Não significa que vou querer casar com ele. 

— Okay, gorducho vamos falar sério agora.. - me fingi de entediado mas ouvi com atenção tudo o que ela disse - Voce só ficou com duas meninas na sua vida inteira. Uma foi a Wendy e a outra alguma louca que te agarrou quando voce estava bêbado na festa de alguém.. E se eu me lembro bem, todas as duas chegaram em voce. 

— Tá, e daí?

— E daí que voce não é tímido pra ter medo de chegar em garotas, e somando o número de sociais que eu já te levei nessa vida e o número de meninas que já te deram mole.. já era pra voce ter se interessado por alguém do sexo oposto.

— E como voce explica esse fenômeno, Sherlock? - debochei

— Sabe, é bem conhecido por alguns pesquisadores como Viadagem Excessiva - entrou na pilha - Vamos lá, Eric! o primeiro passo é aceitar que voce não sente atração por mulheres. 

— Não tem como voce provar isso, vadia.

— Não tem? - ela levantou uma sombracelha - Sabia que todo mundo me pergunta se a gente fica? 

— Então se eu não der em cima da minha ex-babá, significa que eu sou viado? 

— Voce só esqueceu de acrescentar dois detalhes: ex-babá linda e gostosa. - Ela se levantou fazendo uma pose ridícula - E sim, significa que voce é boiolão mesmo.

Ela sacou o celular que estava no bolso de seu casaco e atendeu interrompendo a nossa conversa. A ligação durou uns 3 minutos e eu já estava indo para o quarto masso. 

— Era Stan. - ela comentou voltando - Ele vai dar uma festa de aniversário de namoro com a Wendy hoje á noite. 

— E porque está me contando isso?

Ela sorriu maquiavelicamente e eu entendi que vinha algo por aí. Admito que ás vezes achava que ela poderia ser a minha versão masculina. 

— Ele não quer que voce vá. - sorri também acompanhando ela - E acho que já sabe o motivo. 

                                    * * 

         *Narração por Kyle Broflovski *

Não é que eu desgoste da Wendy.. mas não entendo porque ela quer gastar tanto dinheiro em um simples aniversário de namoro.

A propósito.. aniversários de namoro não são um dia para comemorar só com a pessoa que voce gosta? Então porque caralhos ela chamou quase a escola inteira pra ir comemorar na casa do Stan? 

Mas enfim, meu melhor amigo me convidou e eu não poderia recusar. Ele foi tão atencioso comigo que fez questão de pedir para que ninguém avisasse ao Cartman sobre a festa, ele não queria vê-lo me pertubando logo hoje.

Eu ainda estava me arrumando no meu quarto quando recebi uma mensagem de Kenny.  

 '' 07:28 : Vou passar em frente a tua casa daqui a pouco, bora pra lá juntos? '' 

Respondi um ''ok'' e terminei de me arrumar logo descendo as escadas o mais rápido possível. Não queria mesmo ir sozinho. 

Kenny já estava na esquina e quando me avistou começou a caminhar mais rápido.

— Oi, Kenny.

— Falaí Kyle..

Nós começamos a andar conversando sobre qualquer jogo de basquete que eu achei incrível até que ele encerrou o assunto do nada.

— Posso te fazer uma pergunta? 

— Claro, pode falar cara. - Fiquei um pouco nervoso. Sera que Craig havia contando alguma coisa daquele dia pra ele? ou aquele leitão sedentário? 

— Aconteceu algo entre voce e o Eric? 

 Eu queria cavar um buraco no chão e me jogar lá dentro.

— C-c-co-como assim? 

— É porque outro dia voce jogou comida nele, e hoje ele na hora da saída eu vi ele colocando um monte de camisinhas no seu armário, voce vive encarando ele na aula, ele vive encarando voce no intervalo.. o que tá acontecendo? 

— Voce disse - respirei fundo - Camisinhas? 

— Aham, eu sei reconhecer uma quando vejo. - respondeu se achando.

Assim que eu pus o pé para fora de casa tive um mau pressentimento, contudo resolvi ignorar esse sentimento apenas por aquela noite. Do que adiantaria ficar se preocupando em chegar na escola na manhã seguinte e encontrar meu armário cheio de camisinhas? Era melhor guardar a minha raiva para depois. 

O quintal estava todo decorado com balões orientais iluminados, repleto de pessoas e a maioria delas segurando um copo vermelho na mão que certamente era bebida alcóolica. Tocava All We Know na versão remixada e muitos caras já estavam se animando para começar a flertar com as garotas. 

Típica festinha americana colegial. 

 Stan veio logo nos cumprimentar acompanhado de Wendy e algumas amigas dela que cochichavam entre si apontando disfarçadamente para Kenny do meu lado. Fui procurar refrigerante na geladeira da casa porque sabia que não acharia na mesinha do lado de fora. Sem querer 'atrapalhei' a pegação de um casal em cima da pia. Esse era um dos motivos de eu não gostar de festas. Pornôzão ao vivo. 

 Assim que eles se mandaram dali eu abri a geladeira e enchi um copão de Coca-Cola para evitar ficar voltando toda hora. Assim que me virei para sair achando que continuaria em paz até o fim da noite.. eis que surge o meu pior pesadelo materializado de Cartman. Coloquei a mão no peito de susto. Quando ele chegou ali?

— Poupe suas palavras menino judeu.. já sei que eu não deveria estar aqui. 

Ele deu a volta pela cozinha e foi impossível não reparar no quanto ele estava.. diferente. Não só pelas roupas mais estilosas que de costume, seu cabelo também estava penteado para trás com gel ou talvez um creme de cabelo. Parecia até um adolescente normal e bonito se não fosse pela cara de filha da puta característica dele.

Eu até poderia respondê-lo e iniciar uma discussão. Mas prometi a mim mesmo que não arranjaria tumulto na festa do meu amigo. Não, hoje seria diferente e eu aprenderia a  controlar a minha impulsividade. 

Saí do local sem falar absolutamente nada. 

                   . . 

Ía dar 2 da manhã quando eu adormeci sem querer no sofá da sala de estar. As pessoas agora já não estavam mais tão agitadas quanto antes, mas ainda bêbadas e barulhentas. Olhei para o lado e Kenny estava com uma garota sentada em seu colo. Stan e Wendy trocavam beijos e carícias enquanto riam da minha cara por estar sem companhia.  

Resolvi me levantar para comer qualquer coisa quando Butters chegou um pouco enérgico demais segurando o meu braço para que eu o seguisse até lá fora. Eu perguntei o porquê mas ele apenas explicou que estava acontecendo algum 'jogo' e que eu deveria participar. Eu não queria ir, mas o loiro parecia tão assustado que eu acabei me perguntando se não era algo mais sério. 

Assim que pisei no quintal ví uma enorme roda de pessoas sentadas em volta de um copo. ''Verdade ou Desafio'' - pensei dando de ombros

— Sabe.. voce deveria ir lá.. e.. ficar com alguém.

Butters falava pausadamente e estava estranho. Me perguntei se ele havia usado drogas ou bebido demais.

— Valeu cara, mas não tô afim de beijar desconhecidos e-

 Assim que uma certa pessoa entrou no cenário minha atenção se voltou diretamente para ela. Para ser mais específico ele. 

 O gordo estava apoiado em uma árvore iluminada por balões e parecia procurar alguém com os olhos enquanto segurava seu Iphone. Eu rapidamente me escondi atrás de uma das pilastras para que ele não me visse e foi nesse momento que uma garota se aproximou dele. Será ela quem ele estaria esperando?

 Passei a espiar tentando entender o que eles conversavam até que ela falou algo em seu ouvido e logo em seguida o beijou direto na boca.

Fechei os olhos sentindo uma pontada estranha no peito e me afastei daquela área sentindo um tremendo nojo sem saber direito o por quê.

                                 * * * 

      * Narração por Eric Cartman - pt.2 * 

Stan não percebeu que eu me infiltrei em sua festa com a ajuda de Shalley e se percebesse eu não estaria nem aí. Meu foco não era a festa e sim o Kyle.

Naverdade eu não tinha ideia fixa sobre o que eu iria fazer quando chegasse lá, mas não tinha o menor sentido ficar em casa fazendo vários nada  enquanto poderia estar acabando com os nervos de um certo judeu. 

Dois minutos para duas horas da manhã e nada de divertido acontecera naquele lugar. Eu já estava cansado de esperar alguma ação do judeu que não fosse babar a almofada do sofá da sala de estar. Ele sempre foi meio nerd de não saber interagir em festas mesmo. 

Bebi um último drink e segui para o local onde havia menos barulho. Chegando no quintal da casa de Stan, havia umas pessoas sentadas na grama jogando Verdade ou Desafio e eu decidi ficar perto de uma árvore e mandar uma mensagem para Shelly que havia sumido fazia algum tempo. Devia estar transando com algum maconheiro do jeito que é vadia. 

Foi aí que uma garota se aproximou de mim. Ela era loira e tinha um sorriso idiota no rosto.

— Oii! 

Olhei para os lados pra ver se era realmente comigo. Era.

— O que é? - nem precisei me esforçar para fazer a voz mais entediada do mundo.

E então ela aproxima o rosto perto do meu ouvido e responde:

— Posso te dar um beijo? 

Antes que eu negasse ela foi mais rápida e segurou minha nuca forçando-me a beijá-la.  Estava com hálito de bebida. 

A empurrei bruscamente e ela acabou caindo sentada no chão.

— Vaza daqui, sua vagabunda! - as pessoas que jogavam olharam de boca aberta para mim como se eu tivesse cometido algum crime - Vão se fuder voces também! 

Entrei novamente na casa irritado. Kyle não estava mais dormindo no sofá.

 Sabe quando voce simplesmente age sem pensar no motivo de estar agindo? Eu estava assim enquanto procurava o judeu em todos os cômodos da casa. Eu imaginei que talvez ele tenha visto a cena anterior e isso estava me preocupando. 

Mas por que estava me preocupando? Cacete,  mais tarde com certeza eu voltaria a pensar sobre isso. 

Só havia mais um quarto no segundo andar daquela casa. Andei um pouco ofegante até a última porta daquele corredor amaldiçoando ainda mais o judeu ( se é que isso era possível ) e juro que se ele estiver dentro desse quarto ele vai levar uma surra.

Abri a porta de uma vez e não o encontrei lá. Mas encontrei algo inesperado, muito inesperado. 

Craig Tucker apenas de calças jeans montado em cima de Tweek Tweak que vestia apenas uma cueca de bichinhos. Os dois olharam para a minha cara embascados e Tweek teve um espasmo quebrando o silêncio.

— Oh.. desculpe por atrapalhar os dois.. 

Parece que alguém irá se decepcionar em breve..