História Ressucitada - Uma morte entre muitas outras - parte II

Não fiquei triste por ter matado aquelas garotas.

Não ficarei triste em matar Jenna.

Não ficarei triste em matar mais alguém.

Eu estava tão em paz naquele bosque, mas eu precisava voltar para casa. Então comecei a pensar em Jenna, naquelas garotas que eu matei, em meus pais... 

Minha visão começou a mudar, ficou aterrorizante. O cheiro horrível invadiu minhas narinas

Senti um gosto de sangue. Me concentrei e pulei da árvore, uma luz negra invadiu minha visão e eu estava em minha sala de estar. Meu pai deu um pulo para trás e começou a berrar: BRUXA, BRUXAAA. Minha mãe segurava um crucifixo e jogou em mim, fingi dor. Eu estava gostando disso, mesmo não entendendo.

Meu pai jogou alguma coisa em mim, não sei o que era, o que só me fez rir mais.

- VOCÊ É UM DEMÔNIO! VÁ PARA O INFERNO!

Ouvi a porta de minha casa abrir, me atingiu com tudo, cambaleei para frente. Me amarraram com uma corda, mas ela começou a queimar. Me virei, eram meus vizinhos. Me concentrei, e vi além deles. Havia uma mulher, com um vestido negro. Ela colocou o indicador sobre sua boca e então começou a caminhar em minha direção, parou atrás dos meus vizinhos e eles caíram no chão, os pescoços foram quebrados.

- Seus responsáveis cabe a você. - Ela sussurrou e desapareceu.

Meus pais estavam tentando sair pelas portas do fundo. 

Olhei para eles, levantei minhas mãos e os ergui no ar, eles ficaram apavorados, tentavam lutar contra, mas eu sou mais forte. Não adianta lutar contra... Não adianta...

Senti uma lágrima escorrer de meus olhos, como posso matar meus pais? Ainda que não de sangue, e que atualmente me odeiem, são meus pais. me criaram, me viram crescer. Alias, se eu matar eles, o que farei com os corpos? 

Não vou mata-los, mas vou mante-los longe da população. Assim não podem espalhar meu segredo, e não vão morrer. Puxei eles para nosso porão, prendi eles contra uma viga com meus poderes, apaguei as luzes e subi para o primeiro andar, tranquei a porta e fui me livrar de meus vizinhos.

Joguei eles no meio da rua, sem deixar digitais, obvio, com meus poderes. Percebi que havia uma marca neles, parecia um peixe virado do avesso. Quando fui entrar em casa, vi que essa marca estava em meu pulso. 

Se encontrarem os corpos, verão essa marca. E vão associa-la a mim. Não entendo. Essa mulher, seja lá o que ela for, quer me ver morta? Se sim, por que impediu que os vizinhos e meus pais me matassem? Pensei que ela só tivesse que me proteger até os meus 16 anos... Pelo menos, é isso que eu me lembro.

Sim, eu me lembro de tudo. Minha memória é incrível, deve ter algo a ver por eu ser uma Ressucitada. Não sei, mas é muito legal. Não podem mentir para mim, nem fingir que nunca disseram. 

Fui me deitar no sofá mesmo. Se eu soubesse como seria o dia seguinte naquela época, eu teria matado meus pais.