História Ressucitada - Um mundo além deste - Parte I

- PAREM DE FAZER ESSES GEMIDOS, ESTAO ME DEIXANDO LOUCA!

Gritei para meus pais, que ficaram a noite inteira fazendo barulhos irritantes. Joguei um balde de água na cabeça do meu pai, o balde escorregou e foi junto, ele desmaiou. Minha mãe começou a chorar, tentando gritar, mas estava com um pano na boca, então era apenas um gemido mesmo. Segurei em seu queixo e a fiz olhar em meus olhos.

- Ou voce cala a boca ou eu vou fazer mil coisas priores com ele. Entendeu?

Ela só fez que sim com a cabeça, chorando.

Apaguei a luz e subi as escadas. Deitei no sofá. Decidi que hoje eu não iria para a escola. Ainda estou meio receosa de alguém invadir minha casa e encontrar meus pais amarrados no porão. Não sei porque tenho medo, mas ainda assim, tenho.

Subi ao meu quarto e fechei a porta. Liguei uma música bem alta e me desliguei do mundo.

Ouvi um grito horrível vindo do andar de baixo. Estridente, mais alto que a música, que estava no máximo.

Abri a porta de meu quarto. Estava tudo diferente. Não era minha visão. O mundo estava mudado. Para começar, minha casa. Estava em ruínas. As paredes derrubadas, alguns pedaços da escada faltavam, o céu estava vermelho, pedaços de panos voavam, um vento soprava forte, um cheiro horrível. Cheiro de morte. Desci as escadas, dando alguns pulos pelos pedaços que faltavam. O andar de baixo estava completamente destruído.

Os moveis, inteiramente queimados, rasgados, destruídos. Sangue espalhado, assim como partes de corpos e orgãos. Ouvi o grito de novo. Vinha do porão. Desci correndo, arrombei a porta. Meus pais estavam dilacelerados. Seus orgãos pisoteados, seus corpos abertos, cheios de moscas. O cheiro do local estava horrível, mas não consegui me concentrar em tampar o nariz. 

Aquela cena traumatizante. Não era apenas meus pais ali. Haviam sombras, do meu tamanho mais ou menos, mas apenas vultos negros. Exceto pelos seus olhos. Eram macabros, vermelhos sangue, profundos. Eles possuíam braços, seus dedos eram garras. Suas bocas são cheias de dentes, com uma fumaça laranja saindo. E eles pegavam os orgãos e os comiam. 

Eles comiam os orgãos de meus pais.

Eles se viraram para mim, fizeram um sinal com a cabeça, e então voltaram a se alimentar deles.

Congelei.

Então, ouvi o grito. Vinha do canto do porão. Me aproximei. Havia uma garotinha, de dez anos talvez. Estava imunda, ensanguentada.

- Quem... E voce? - Perguntei.

Ela apenas me abraçou.

- Por favor... Eu não quero mais viver aqui! Eu não aguento mais viver aqui!

- Calma, ei...

- Não me abandone de novo, por favor, Chloe! - Ela chorava.

- Co... Está, está bem. Eu prometo.