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História Resumption - Capítulo Único


Escrita por: sunshine0styles

Notas do Autor


OLÁ TODO MUNDOOOOO

A ideia pra essa One surgiu quando eu assisti à 2ª temporada de Scream e simplesmente me apaixonei pelo Eli. Porém, contudo, entretanto, foi só depois da season finale que eu realmente decidi escrever isso aqui. Por quê? Quem assistiu sabe o que acontece com o Eli nesse episódio, então eu não vou colocar o spoilerzão aqui.

Como eu disse na sinopse, é CRUCIAL que você tenha assistido a 2ª temporada antes de ler. Se não assistiu, você vai entender isso aqui do mesmo jeito. Porém, contudo, entretanto, essa One está RECHEADA DE SPOILERS, Então leia por sua conta e risco.

Basicamente, isso aqui é um catadão de momentos da 2ª temporada, então tem de tudo um pouco.

É só isso hahaha
Beijão!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Resumption - Capítulo Único

As casas passavam diante de seus olhos como um borrão provocado pelo movimento errado de um pincel sobre uma tela já colorida. Sua mente ainda se recusava a aceitar que tudo havia finalmente acabado, que os assassinatos haviam acabado e que Piper Shaw estava morta. Tudo parecia estar bem demais e em Lakewood a calma sempre era a premissa do desespero.

Parou a caminhonete preta em uma vaga do estacionamento da George Washington High School e respirou fundo. Havia resolvido voltar à Lakewood ao invés de ficar em Nova York com a tia, mas naquele momento Saskia se contestava se tinha sido a decisão certa.

Estava determinada a recomeçar, e voltar para o lugar onde quase morreu não era um bom jeito de fazê-lo. No entanto, ela sabia que só voltara por causa dos amigos. Estava ali por eles; para que pudessem, juntos, colocar um ponto final em tudo aquilo quando se formassem no final daquele ano.

Saskia finalmente abriu a porta da caminhonete. No entanto, o que não esperava, era acertá-la em alguém.

― Me desculpa. – Ela disse ao saltar da caminhonete e se aproximar do desconhecido rapaz, que tinha as mãos no nariz e esboçava uma careta de dor. – Eu sou uma desastrada. Deveria ter olhado para frente antes de abrir a porta.

O desconhecido a encarou, e Saskia se pegou vagando pelo mar azul sem fim que eram suas íris.

― Seu nariz... – Saskia tentou perguntar se o desconhecido havia se machucado, mas as palavras pareciam presas em sua garganta, o que era algo incomum de se acontecer a alguém que foi a oradora da turma na formatura do fundamental.

O desconhecido baixou as mãos e mexeu o nariz. Uma careta de dor se formou em seu rosto, mas logo ele estava esboçando um sorriso brando.

― Dolorido, mas não quebrado. – Ele disse e Saskia soltou um suspiro aliviado, soltando uma risada baixa em seguida.

― Eu sinto muito por ter acertado a porta em você. Eu sou realmente um desastre.

― Não se preocupe com isso, e eu também sou um desastre. – O desconhecido soltou uma risada e Saskia sorriu, observando-o verdadeiramente pela primeira vez.

Os cabelos dele eram loiros escuros, ou seriam castanhos claros? – Saskia não soube identificar com clareza; e eram lisos, de modo que alguns fios rebeldes caíssem sobre a testa. Os olhos eram azuis e faziam com que Saskia se sentisse perdida em alto-mar. E ele era alto, talvez uns vinte centímetros maior que ela.

― A propósito, sou Eli. – Saskia percebeu que ele estendia a mão direita na direção dela, e tratou de apertá-la.

― Saskia.

Saskia estava prestes a perguntar se ele era novo em Lakewood, no entanto foi interrompida pelo toque de seu celular. Era uma mensagem de Brooke, onde ela perguntava quem era o cara com quem Saskia estava conversando.

Saskia olhou ao redor e encontrou a amiga parada perto das portas de entrada da escola, a encarando com um sorriso no mínimo malicioso nos lábios. Soltou uma risada baixa e se voltou novamente para Eli, que a encarava.

― Eu preciso ir. – Ela disse e apontou Brooke, fazendo com que o rapaz soltasse uma risada abafada e assentisse. – Mais uma vez, me desculpe pelo seu nariz.

― Sem problemas. – Eli deu de ombros, afundando as mãos nos bolsos da jaqueta de moletom que usava. – Nos vemos depois?

Saskia assentiu e acompanhou o garoto ir em direção da entrada da escola antes de pegar sua bolsa e seguir o mesmo caminho. Foi interceptada por Brooke ao alcançar as portas de entrada do prédio.

― Quem era o gato? – Brooke indagou prontamente, e Saskia riu.

Algumas coisas não haviam mudado, afinal.

 

Olhares curiosos os seguiam por onde andavam. Saskia sabia que seria assim, mas saber não era o mesmo que se estar preparada para ser a atração principal do dia.

Estava junto de parte dos amigos em uma mesa de refeitório, e sentia-se como se, além de ser a atração principal do dia, estivesse segurando um castiçal de velas. Brooke estava com Jake, Emma com Kieran, e Saskia... Bem, estava com o vento.

Antes ela estava com Will Belmont. Foi um pouco depois de Emma firmar namoro com Kieran. Will decidiu também seguir em frente, e Saskia foi a escolhida. Eles eram felizes juntos, mesmo com tudo que estava acontecendo, até que Will foi tirado de Saskia como asas são tiradas de um inseto: por pura diversão.

― Veja só, os Seis de Lakewood reunidos novamente. – Noah cantarolou quando se sentou ao lado de Saskia, tirando-a dos próprios devaneios. Audrey se sentou ao lado dele, e cumprimentou Saskia com um sorriso. – Sabe, Saskia, você e Emma foram as únicas que não falaram em meu podcast ainda...

― Noah, a Saskia acabou de chegar. Ela não precisa de você a fazendo se lembrar de tudo que aconteceu. – Audrey o repreendeu, e Saskia agradeceu mentalmente a amiga.

Tinha certeza de que a barreira que erguera em torno de si cairia se tivesse de tocar no assunto dos assassinatos, principalmente no assassinato de Will. E Saskia não queria aquilo. Ela queria recuperar o controle de sua vida.

― Quem sabe um dia, Noah. – Saskia sorriu para o amigo e deitou a cabeça no ombro do mesmo quando este a abraçou de lado.

Saskia deixou o olhar vagar pelo refeitório, até que seus olhos foram presos pelos mesmos olhos azuis que ela viu de perto mais cedo. Eli a encarava de um ponto mais distante do refeitório, e sorriu quando percebeu que ela o encarava de volta.

Ao voltar o olhar para a mesa, recebeu o sorriso malicioso de Brooke e compreendeu que não havia sido a única a ver Eli.

― Quem diria que teríamos um novo aluno aqui depois de tudo que aconteceu. – Brooke comentou e Saskia revirou os olhos quando todos os olhares se voltaram para Eli.

― Ele é meu primo. – Kieran declarou e Saskia voltou seus olhos para ele, arqueando as sobrancelhas em surpresa. Realmente havia semelhanças, mesmo que poucas. – A mãe dele está com a minha guarda, então eles decidiram se mudar para cá.

Saskia estranhou o tom de voz de Kieran para falar do primo e da tia, mas preferiu deixar para lá. Já tinha problemas demais para lidar, e preferia não ter de adicionar mais na lista.

͌

Uma semana depois as coisas pareciam ter voltado quase ao normal. As pessoas ainda os encaravam, mas aparentemente haviam se tocado que os Seis de Lakewood eram pessoas como quaisquer outras, não atrações de um circo de horrores.

Saskia remexia em seu armário, procurando os livros que usaria para o período seguinte. Tinha certeza de que tinha guardado o livro de Álgebra ali no dia anterior, e ele não poderia ter sumido a menos que tivesse sido sugado por um buraco negro. Quando finalmente o encontrou, fechou o armário. Seu coração deu um salto no momento em que seus olhos se depararam com Eli parado ao seu lado.

― Não me assuste desse jeito. – Saskia falou, levando uma das mãos ao peito e soltando um suspiro aliviado por ser somente Eli, não mais um assassino ou Noah, que não parava de infernizá-la a respeito do podcast.

― Desculpe. – Ele soltou uma risada baixa e fixou seus olhos azuis nos olhos de Saskia, fazendo com que ela, mais uma vez, se visse perdida em um mar sem fim. – O que vai fazer esta noite?

Saskia arqueou as sobrancelhas.

― Nada, eu acho.

― Saia comigo.

― Eli, eu não acho que seja... – Ela tentou negar educadamente. Não sabia se estava preparada para ter um encontro com um garoto depois da morte de seu namorado, que ainda parecia tão recente e viva em suas memórias. Porém, Eli a interrompeu.

― Você me deve uma por abrir a porta de sua caminhonete em meu rosto. – Ele apontou e Saskia soltou uma risada, fazendo-o sorrir. – Eu prometo que será divertido e que você não se arrependerá.

Saskia olhou fixamente nos olhos dele. Talvez já estivesse na hora de seguir em frente, afinal todos já haviam o feito.

Soltou um suspiro em desistência.

― Certo. Eu saio com você. – Declarou por fim, fazendo com que o sorriso de Eli se alargasse.

 ― Eu te pego às sete. – Ele deu as costas a ela, mas quando chegou à metade do corredor, virou-se novamente. – E vista roupas confortáveis.

 Saskia riu e continuou seu percurso em direção à sala de Álgebra, até que uma questão surgiu em sua mente: Eli não sabia onde ela morava, ou será que sabia?

 

Às sete horas em ponto Eli apareceu diante de sua porta. Ele usava jeans e uma camisa xadrez sobre uma camiseta preta. Seus cabelos estavam bagunçados de um jeito que deixava o rapaz ainda mais bonito aos olhos de Saskia.

Saskia notou os olhos dele passeando por seu corpo, e achou graça quando ele sorriu sem jeito.

― Você está... Uau. – Eli falou.

― Obrigada. – Ela sorriu e deu um passo para fora de sua casa, fechando a porta em seguida. – Vamos?

Eles seguiram até um conversível prateado estacionado à beira da calçada da casa, e Saskia se encantou quando Eli abriu a porta do passageiro para que ela entrasse. Seguiram até um ponto mais afastado de Lakewood, e Saskia se surpreendeu quando Eli estacionou o carro em frente a uma cerca de tela e pegou uma lanterna.

― O que estamos fazendo aqui? – Saskia perguntou. A Propriedade Lago Wren era um condomínio abandonado por conta das enchentes do lago. Ninguém ia até lá.

No entanto, ao invés de responder, Eli simplesmente saiu do carro e seguiu até a cerca. Saskia fez o mesmo e se aproximou do rapaz, que estava diante de um buraco na tela.

― Vamos entrar? – Ela indagou e teve sua resposta quando Eli transpassou o buraco e sorriu de maneira divertida. – Sabe, não é sensato ir a lugares abandonados com estranhos. – Saskia provocou.

― Eu não sou um estanho. Sou só estranho. – Eli devolveu e Saskia soltou uma risada abafada, finalmente atravessando o buraco. Agora ela entendia por que ele disse para que viesse com roupas confortáveis.

Andaram por alguns minutos antes de Eli finalmente parar em frente de uma casa. Era branca, de dois andares, e com certeza não possuía o nome do rapaz na escritura.

― Creio que essa casa não seja sua. – Saskia comentou, parando de andar quando Eli fez menção de seguir até a porta de entrada da construção, e o rapaz se voltou para ela. – O que estamos fazendo aqui, Eli?

― Confia em mim? – Ele perguntou e Saskia desviou os olhos para um ponto qualquer ao lado. Aquela não era uma pergunta que deveria ser feita para alguém que já passou por tanta coisa como ela e que percebeu que, na realidade, ninguém é confiável. Saskia voltou os olhos para frente quando percebeu que Eli caminhara até si. – Permita-se viver, Saskia. Saia dessa bolha de segurança que criou ao seu redor.

― Sabe o quão irônico soa isso considerando tudo que eu passei no último ano, certo? – Ela soltou uma risada sem humor e foi surpreendida quando Eli segurou seus ombros e fixou seus olhos azuis nos dela.

― Eu estou aqui, e não vou deixar que nada de ruim te aconteça, Saskia. Acredite em mim, eu vou te proteger. – Ele disse e, surpreendendo até si própria, Saskia assentiu em concordância. – Agora vamos, ou nosso jantar vai esfriar.

Saskia foi tomada pela mão e conduzida até a porta da frente da casa, que estava destrancada. Ao entrar, a luz da lanterna iluminou o corredor principal da casa até a sala de estar que, impressionantemente, estava rodeada por velas.

Saskia sorriu maravilhada pela iluminação e pelo jantar disposto na mesa de centro enquanto Eli a puxava para se sentar no tapete felpudo disposto no chão sob a mesa.

― Eu não sei cozinhar, então espero que não se importe de nosso jantar ser frango assado do mercado. – Ele comentou um pouco sem jeito e Saskia riu.

Antes de servir o frango nos dois pratos dispostos sobre a mesa, Eli serviu duas taças de vinho e entregou uma a Saskia, que arqueou as sobrancelhas em surpresa.

― Vinho? Que romântico. – Ela comentou com ar de gozação, fazendo com que ele risse.

 

Estavam sentados lado a lado no tapete da sala de estar, com as costas recostadas no sofá branco que se erguia acima deles. A mesa de centro havia sido afastada após o jantar, e agora ambos tinham as taças de vinho em mãos.

― Posso te contar uma coisa? – Eli indagou e Saskia desviou os olhos para ele e assentiu. – Prometa que não vai rir.

― Eu prometo. – Ela disse, mas a vontade de rir automaticamente surgiu e ela soltou uma risada divertida, fazendo com que Eli também risse. – Sério, eu não vou rir.

― Não sei se sabe, mas minha mãe é meio conturbada, então eu sou o único adulto entre nós dois. – Ele começou. Seus olhos estavam focados no vinho que se movimentava em sua taça. – Às vezes, quando eu estou farto de tudo, eu me imagino em outras vidas. Vidas que eu poderia ter se as coisas fossem melhores. – Um sorriso fraco se formou nos lábios dele, e os olhos se fixaram nos olhos de Saskia. – Uma delas é assim. Tendo uma boa casa, uma garota que eu ame e que me ame ao meu lado. Jantares românticos à luz de velas, passeios ao entardecer...

― Eu sei como é isso. – Saskia disse com a voz baixa e desviou os olhos para uma vela próxima, passando a acompanhar o movimento da chama. – Eu costumava imaginar a vida que eu teria com meu... antigo namorado. E tudo isso piorou depois que ele morreu. Eu ficava imaginando a vida que poderíamos ter tido se não vivêssemos aqui. – Uma risada sem som saiu dos lábios dela. – Mas, sabe, eu aprendi que não adianta ficarmos só imaginando. Se quisermos mesmo algo, temos de correr atrás. Só temos uma vida, por isso temos de aproveitá-la ao máximo.

Quando Saskia voltou seus olhos para Eli, percebeu que os dele estavam presos em sua boca. E, em um singelo momento, não havia nada além deles naquele espaço. Não havia o fato de estarem invadindo uma casa, nem a perturbação causada pelo passado. Só havia eles.

Saskia fechou os olhos quando sentiu os lábios de Eli sobre os seus. E ela soube que Eli era o que faltava para que conseguisse seguir em frente. Ele era a peça que faltava em seu quebra-cabeça. E naquele momento, nada lhe parecia mais certo do que beijá-lo.

Suas línguas se envolviam com sintonia, e foi natural quando Eli deitou Saskia no tapete e deixou que a paixão os levasse.

͌

O mundo parecia sorrir para Saskia naquela manhã de quinta-feira, e nem mesmo o mau humor de Brooke por seu pai, o prefeito, tê-la obrigado a participar do concurso de Miss Lakewood e por Jake não retornar suas ligações e mensagens poderia estragar aquilo.

― Está sorridente hoje. – Brooke comentou quando Saskia estacionou a caminhonete em uma vaga no estacionamento da George Washington High School e elas seguiram em direção à entrada. – Aposto que tem algo a ver com Eli e a noite passada.

― A noite passada foi... – Saskia deixou a frase no ar e suspirou, fazendo com que Brooke risse e lhe mandasse um sorriso malicioso ao entrarem no prédio da escola. Saskia percebeu que a amiga olhava ao redor, procurando pelo namorado. – Nenhuma notícia de Jake ainda?

Fazia uma semana que Jake Fitzgerald não comparecia às aulas, mas ninguém realmente se preocupava, afinal já era costumeiro que ele as cabulasse por dias e depois aparecesse com um atestado falso ou uma desculpa esfarrapada. Além do que, não havia mais como usar a desculpa estava me escondendo de um assassino, afinal Piper Shaw havia morrido.

― Nada. – Ela suspirou. – Já faz uma semana. Acho que já passou da hora de ele parar de graça e me pedir desculpas por agir como um babaca.

― Mais cedo ou mais tarde ele vai aparecer implorando para que você o perdoe. – Saskia empurrou de leve o ombro de Brooke e ambas riram.

           

Saíam da última aula do primeiro período quando Saskia avistou Eli. Ele a encarava e sorria como se esperasse que ela fosse até ele. E foi isso que a garota fez após se despedir de Brooke e avisar que a encontrava no auditório.

― Olá estranho. – Saskia cumprimentou o garoto, usando um termo que ele mesmo havia usado na noite anterior e fazendo com que ele risse de leve.

― Deveríamos falar sobre a noite passada. – Eli comentou, fazendo com que Saskia semicerrasse os olhos.

― O que há para falar? – Ela se aproximou um pouco mais e recostou o ombro na parede ao lado, tombando levemente a cabeça para o lado e observando o garoto à sua frente com atenção.

― Você se arrepende? Do que fizemos, eu digo. – Eli perguntou e Saskia percebeu que ele ansiava por uma resposta, tanto que não conseguia fazer com as mãos parassem de se mexer.

Saskia sorriu e levou uma das mãos à nuca do garoto, puxando-o levemente e colando seus lábios nos dele.

― Não, eu não me arrependo. Nem um pouco. – Ela sussurrou sobre os lábios de Eli e viu quando covinhas ganharam destaque no rosto dele por conta do sorriso que seu abriu nos lábios.

Saskia sentiu como se finalmente tivesse conseguido seguir em frente, e um sentimento de libertação e pura felicidade voltou a inundá-la.

― Vamos. – Ela se afastou e entrelaçou seus dedos com os de Eli, começando a puxá-lo em direção ao local que todos os alunos seguiam.

― Para onde? – O garoto indagou e Saskia o fitou de soslaio.

― Vão realizar uma assembléia para revelar as competidoras do Miss Lakewood. – A expressão de dúvida de Eli fez com que a garota risse. – É um concurso para eleger a Dama do Lago, a rainha do festival anual de Lakewood.

― Por que não está participando?

― Não é muito meu estilo. – A careta de Saskia fez com que Eli risse. Em seguida ele a puxou para si e passou um dos braços pelos ombros dela, mantendo-a contra seu peito enquanto entravam no auditório cheio de alunos.

Sentaram-se lado a lado em uma das fileiras de poltronas acolchoadas do auditório e Saskia se surpreendeu quando Eli tomou uma de suas mãos nas dele e passou a brincar com os anéis que decoravam seus dedos.

Saskia já havia, sim, participado da competição para Miss Lakewood no passado, e havia ganhado, no entanto naquele ano não quisera se inscrever porque até mesmo aquele concurso a fazia se lembrar dos eventos do último ano. E ela não queria se lembrar, e sim esquecer.

Saskia voltou a prestar atenção na assembléia quando a diretora já terminava de anunciar as cinco finalistas para Dama do Lago. Zoe Vaughn, uma garota que estudava com Saskia, havia sido anunciada como finalista assim como Brooke, e ambas estavam no palco junto das três outras finalistas.

A diretora falou algo, mas Saskia deixou de prestar atenção quando sentiu o hálito quente de Eli contra seu rosto e virou-se para encarar o garoto e ter os lábios tomados por ele em um beijo breve. Quando se separaram, gritos e exclamações perplexas percorriam o auditório.

Saskia voltou os olhos para o palco e sentiu o coração parar de bater dentro do peito ao se deparar com Brooke ensopada de sangue, com os olhos pregados no que estava caído à sua frente: o corpo de Jake.

 

Os alunos haviam sido reunidos na biblioteca quando a polícia chegou e tomou conta da situação. Não poderiam deixar o local até segunda ordem, já que todos seriam chamados para prestar depoimento sobre o ocorrido.

Saskia estava sentada em um canto afastado da biblioteca junto de Eli. Tinha os braços do garoto ao redor de seu corpo e o rosto afundado no ombro dele, e tentava ao máximo recuperar o controle da situação e se acalmar. No entanto, aquela era uma tarefa quase impossível. Jake estava morto, possivelmente havia sido assassinado, e isso significava que o Ghostface estava de volta e que mais assassinatos estavam por vir assim como da última vez.

― Vai começar tudo de novo. – Saskia sussurrou e percebeu que tremia e que sua voz estava embargada. Estava entrando em estado de choque e se não se acalmasse logo teria um ataque nervoso.

― Não se preocupe com isso agora. – Eli disse e Saskia foi apertada ainda mais contra o corpo dele, como se com aquilo ele formasse um escudo que a protegeria do mundo. Logo ela sentiu os dedos do garoto passeando vagarosamente por seus cabelos, e percebeu que ele estava tentando passar conforto e segurança com aqueles gestos.

Em determinado momento, Saskia conseguiu acalmar sua respiração e parar de tremer, então sua mente rumou para um ponto crucial em toda aquela situação: Brooke.

Saskia se desvencilhou dos braços de Eli e respirou fundo, tentando fazer com que seu coração voltasse ao normal.

― Eu preciso ver como a Brooke está. – Ela disse e se levantou do chão, apoiando-se na parede e fazendo com que Eli também se levantasse. Saskia tentou andar, no entanto suas pernas estavam paralisadas e se recusavam a se mover.

― Saskia... – Eli chamou e Saskia levantou os olhos, percebendo que ele a encarava com preocupação. No momento seguinte, ela estava novamente nos braços do garoto, sendo inebriada pelo perfume natural da pele dele e sentindo-se em segurança. – Eu prometo que vou te proteger, não importa o que aconteça. – Ele sussurrou e Saskia apertou-se mais contra o peito dele.

Quando se desvencilharam, Saskia estava pronta para procurar a amiga. Ela beijou Eli rapidamente e seguiu em direção às portas da biblioteca.

͌

Saskia havia passado a semana com Brooke, e se surpreendeu com a força que a amiga demonstrara ao ir para a escola um dia após o acontecido. Ela era como Saskia, preferia manter os sentimentos para si e erguer uma barreira para o mundo; e era por isso que as duas se entendiam tão bem.

Era sábado, e naquele dia estaria ocorrendo o festival anual de aniversário de Lakewood e, consequentemente, o concurso para Dama do Lago. Devido a isso, naquela manhã Saskia e Brooke deixaram a segurança de suas casas para irem escolher vestidos para a competição com Zoe.

― É irônico um festival com tudo que está acontecendo. – Brooke comentou para ninguém em especial quando Saskia estacionou sua caminhonete em frente ao Grindhouse Cafe. – Será que as pessoas não percebem que estando juntas em um único lugar fica mais fácil para o assassino as pegar?

― As pessoas querem esquecer que vivem em assassinatolândia e que há mais um assassino a solta, por isso elas vão ao festival. Para se distrair. – Saskia suspirou e fitou a amiga. – Você deveria fazer o mesmo, sabe? Tentar se distrair um pouco.

Brooke ergueu levemente o canto dos lábios e meneou a cabeça em afirmação antes de sair da caminhonete e acompanhar Saskia para dentro da lanchonete. Sentaram-se em uma mesa mais afastada, querendo evitar comentários das pessoas ali presentes.

― Eu quero um cappuccino. – Brooke disse após alguns instantes olhando para o cardápio, e depois levantou os olhos para Saskia. – Você pega pra mim? – Saskia assentiu e se levantou.

A surpresa de Saskia foi genuína quando se aproximou do balcão e viu Eli do outro lado dele, usando a camiseta verde e o avental abóbora do Grindhouse Cafe.

― Não sabia que trabalhava aqui. – Ela disse quando Eli se aproximou sorrindo e enxugando as mãos em um pano de prato.

― Comecei esta semana. – Ele riu e se apoiou no balcão, então seu riso cessou e seus olhos se focaram nos olhos de Saskia. – Como ela está? – A garota fitou por sobre os ombros o local para onde Eli apontava, e encarou brevemente Brooke remexendo nas pulseiras em seu braço antes de se voltar para o garoto.

― Ela finge estar bem, mas ainda está arrasada. – Saskia suspirou. – Brooke já passou por muita coisa. Ano passado descobriu que a mãe está em uma clínica de reabilitação para viciados, e agora perdeu Jake...

Eli meneou a cabeça de maneira afirmativa.

― E você? – Ele indagou e Saskia esboçou um sorriso triste.

― Tirando o fato de não conseguir mais dormir, nem fazer qualquer outra coisa sem pensar que posso ser morta a qualquer instante, estou bem. – Ela soltou uma risada sem humor e depois fitou diretamente os olhos de Eli. – Sinto sua falta.

― Eu também sinto a sua. – Eli disse e Saskia esboçou um sorriso fraco. O garoto então se desapoiou do balcão e jogou o pano de prato sobre o ombro. – O que vai querer?

― Dois cappuccinos.

― Dois cappuccinos saindo. – Ele sorriu e se voltou para a máquina.

Enquanto Eli preparava as bebidas, Saskia se pegou encarando-o e percebendo que adorava cada detalhe de seu corpo. Desde os olhos azuis à pequena cicatriz que ele tinha no abdômen, consequente de um acidente quando ele estava aprendendo a andar de skate durante a infância. E ela percebeu também que não conseguiria aguentar se o perdesse como perdera Will.

­― Hoje é o dia do concurso Miss Lakewood. – Saskia comentou e Eli a fitou de soslaio, revezando a atenção entre ela e a máquina de cappuccino. – Brooke está sendo obrigada pelo pai a participar, então ela quer que eu esteja lá. Então eu estava pensando se você não queria ir... comigo.

― Estarei lá. – Eli disse com um sorriso e colocou os dois cappuccinos sobre o balcão, depois se virou para guardar na caixa registradora o dinheiro que Saskia lhe entregou.

― Eli. – Saskia chamou e o rapaz se virou prontamente. A garota se inclinou sobre o balcão e juntou seus lábios com os de Eli, pegando-o de surpresa. – Obrigada. Por tudo. – Ela sussurrou e o beijou mais uma vez antes de pegar as bebidas e seguir até a mesa onde Brooke a esperava.

 

Depois de ser praticamente enxotada para fora do camarim das competidoras pela organizadora da competição de Miss Lakewood, Saskia andava pelo festival, observando tudo e todos com olhos cautelosos. Qualquer um poderia ser o assassino, e, assim como da primeira vez, ela percebia que estava, novamente, perdendo a confiança nas pessoas.

Passava perto da área dos brinquedos quando enfim avistou Eli, parado próximo à roda-gigante. E, como o pólo de um imã atraído pelo pólo oposto, ela caminhou até ele.

― Hey. – Ela cumprimentou com um sorriso fraco e, para sua surpresa, Eli a puxou pela a cintura e a beijou.

― Não imagina o quanto eu senti falta disso. – Ele sussurrou sobre os lábios de Saskia, e a garota, surpreendendo a si mesma, foi capaz de soltar uma risada baixa.

Saskia foi puxada para a fila da roda-gigante e, mesmo não sendo a maior das fãs de tal brinquedo, deixou-se levar pelo sorriso de Eli e entrou em uma das gaiolas junto dele. Foram levados ao topo e, como se o destino estivesse ao lado deles, foi lá que a gaiola parou quando as luzes do festival inteiro foram apagadas por uma queda na energia.

― Vamos ficar presos aqui pelo festival inteiro. – Saskia comentou enquanto se inclinava na gaiola para tentar ver o que havia acontecido. De repente sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando os dedos de Eli percorreram seu braço lentamente.

― Eu não me importaria. – Eli disse com a voz baixa e Saskia direcionou seus olhos para ele e voltou a apoiar as costas no encosto do banco de metal. O garoto se inclinou na direção dela e a beijou.

Saskia envolveu os braços no pescoço do Eli e deixou que suas línguas dançassem lenta e ritmadamente. Ali, há diversos metros do chão, não havia nada e nem ninguém para atrapalhar aquele momento, nem mesmo um assassino, e a garota se sentiu grata por aquilo.

― Você causa um efeito controverso em mim. – Saskia disse quando separaram seus lábios por conta da necessidade de respirar, e Eli soltou uma risada abafada.

― O que quer dizer?

― Eu não deveria estar me sentindo segura em uma gaiola parada há metros do chão e com um assassino à solta por aí, deveria? – Ela indagou e um sorriso brando se abriu em seus lábios. – Mas eu estou, porque estou com você. Você me faz sentir segura, mesmo com tudo que vem acontecendo.

Saskia viu as covinhas no rosto de Eli tomar realce quando ele sorriu, e percebeu o quanto adorava vê-las surgindo, principalmente por sua causa. Ela percebeu que vê-lo sorrindo lhe dava esperança de que tudo acabaria bem.

O sol começou a se pôr no horizonte, e Saskia deitou a cabeça no peito de Eli para assistir. O céu era, cada vez mais, tomado por tons quentes, e nada parecia mais certo do que estar ali naquele momento. Longe de todos os problemas que os rodeavam.

― Deveríamos sair daqui. – Eli disse de repente e Saskia levantou o rosto para encará-lo, percebendo que ele mantinha os olhos no horizonte. – De Lakewood. Começaríamos uma nova vida em um lugar longe daqui. Não precisaríamos mais nos preocupar com assassinos nos rondando a cada instante ou se um corpo cairá sobre nós quando sairmos de casa.

― E para onde iríamos? – Saskia indagou e Eli baixou os olhos, fixando-os nos olhos dela, e sorriu.

― Para qualquer lugar que quiséssemos. Podíamos rodar o mundo.

― Eu sempre quis conhecer Veneza. – Saskia divagou, um sorriso surgindo em seus lábios, e Eli riu.

― Passearíamos de barco ao entardecer e depois eu te levaria de volta ao hotel que estaríamos hospedados. O quarto estaria repleto de pétalas de rosas vermelhas, e haveria um jantar à luz de velas nos esperando. – Os olhos de Eli brilhavam enquanto ele falava, e Saskia imaginou o quão bom seria aquilo.

― Eu não preciso de nada disso, Eli. – Ela disse por fim e ele franziu as sobrancelhas, fazendo com que ela sorrisse abertamente e levasse uma das mãos ao rosto dele, acariciando uma das bochechas com carinho. – Eu só preciso de você. Porque se eu tiver você, eu tenho tudo.

E então Saskia selou seus lábios com os de Eli e desejou que aquele momento durasse para sempre.

Mas, como se o mundo conspirasse contra eles, a energia elétrica voltou e a roda-gigante recomeçou a girar. E quando voltaram ao chão, descobriram que o Ghostface havia atacado novamente.

͌

Saskia acordou gritando naquela madrugada. A imagem da morte de Will ainda a assombrava em seus sonhos, e havia piorado ainda mais com a nova ameaça que rondava Lakewood. E ainda havia o fato de que Seth Branson, seu antigo professor de Inglês, havia sido a mais nova vítima do assassino, o que só servia para deixá-la ainda mais assustada.

Tateou o criado-mudo ao lado de sua cama de casal até encontrar seu celular. A tela mostrava que eram quase três da manhã e que havia mensagens em sua postal. Ignorou prontamente as mensagens e discou o número de Eli.

Saskia? – Ele atendeu após o quarto toque, e, por sua voz sonolenta e grogue, Saskia percebeu que havia o acordado. – Aconteceu alguma coisa?

― Você pode vir aqui? – Saskia perguntou e sentiu um bolo crescer em sua garganta, então trouxe as pernas contra o peito e as abraçou. – Por favor.

Eli chegou à casa de Saskia dez minutos depois, e primeira coisa que a garota fez foi buscar o conforto dos braços dele. O aroma natural da pele do garoto e os braços dele ao seu redor fizeram com que ela se acalmasse, como sempre faziam.

― O que aconteceu? – Eli perguntou quando já se encontrava ao lado de Saskia na cama dela. Estavam sentados lado a lado, e a garota tinha as pernas contra o peito, como se quisesse se encolher até ficar invisível.

― Eu revivo todas as mortes quando fecho os olhos. – Ela murmurou com a voz baixa, como se a simples menção a assustasse. – Principalmente e morte de Will. E é tão vívido. Eu consigo sentir o sangue escorrendo por meus dedos e... – A voz dela sumiu enquanto ela fitava as próprias mãos.

Saskia sentiu os braços de Eli rodeando-a e logo estava contra o peito dele, envolvida em um abraço protetor enquanto os dedos dele percorriam seu cabelo em uma tentativa de acalmá-la.

― Está tudo bem. Eu estou aqui. – Eli disse e Saskia sentiu que ele depositou um beijo em sua cabeça. – Saskia, como seu antigo namorado morreu?

A pergunta pegou Saskia de surpresa, mas então ela se lembrou que seus pais e os pais de Will haviam feito todo o possível para manter a causa da morte do rapaz em sigilo para que a própria Saskia não fosse alvo da mídia.

Ela se desvencilhou dos braços de Eli e fitou um ponto qualquer na cômoda à frente da cama. Respirando fundo, começou:

― O assassino o prendeu a uma máquina de triturar grama. – As palavras doíam em seu peito, e a simples lembrança a fazia querer chorar. – A alavanca que acionava a máquina estava presa a um fio colocado no chão. E quando eu vi Will lá, eu só pensei que precisava tirá-lo o mais rápido possível. Então eu não vi o fio e tropecei nele...

Saskia sentiu os dedos de uma de suas mãos serem entrelaçados com os de Eli e voltou seus olhos para ele.

― Eu sinto muito. – Ele disse e ela assentiu, esboçando um sorriso triste. – Quer que eu fique com você? – Saskia assentiu.

Saskia assistiu Eli tirar a blusa de moletom e a camiseta antes dele se deitar ao seu lado na cama, e mais uma vez pegou-se admirando todos os atributos e todas as feições do garoto. Ela se deitou sobre o peito dele e suspirou quando os dedos dele começaram a acariciar seu cabelo.

― Eli, eu não posso te perder. – Saskia levantou o rosto e fitou o garoto, que a encarava. – Me prometa. Me prometa que eu não vou te perder também.

― Eu prometo. – Eli disse e beijou a testa de Saskia, aninhando-a mais em seu peito. – Eu não vou a lugar nenhum.

E naquela noite, Saskia finalmente conseguiu ter um sono tranquilo. Ela sabia que Eli estaria ali, e isso a fez sonhar com a vida que poderiam ter dali para frente.

͌

Saskia não sabia onde estava. Era tudo escuro e a única luz no lugar provinha das mínimas frestas entre as tábuas que tampavam as janelas.

Sua cabeça latejava, como se ela tivesse levado uma pancada, e ela não conseguia mexer os braços, nem as pernas. Estava amarrada a uma cadeira.

Saskia tentou se lembrar de como viera parar naquele lugar. Lembrava-se de acompanhar Brooke até o hospital, e depois de ir se encontrar com Kieran no estacionamento. E então nada.

Ouviu um barulho soando ao lado e virou o rosto, no entanto encontrou somente a escuridão.

 ― Olá? – Ela chamou. Sabia que aquela era uma péssima ideia, mas, se havia um assassino ali, não seria um olá que iria mudar sua ideia de matá-la. No entanto não houve resposta.

De repente, sons de tiros soaram perto, o que fez com que Saskia tivesse um sobressalto e sentisse o desespero a consumindo por completo.

Passos soaram por detrás das paredes, e logo uma porta foi aberta e as luzes do cômodo se acenderam, cegando Saskia e a fazendo fechar os olhos. Quando os abriu, Emma estava à sua frente e começava a desamarrá-la.

― Emma? O que está fazendo aqui? – Saskia indagou.

― Eu vim salvar você.

― Não deveria ter vindo! – Saskia negou. – É o que ele quer. Você!

Com as mãos e pés livres, Saskia se levantou e enfim pôde ver que Audrey estava amarrada a outra cadeira, bem ao seu lado. Ela foi até a amiga, entretanto, diferente dela própria, a garota estava com as mãos presas por algemas acorrentadas a um aquecedor de tubulação e não havia como libertá-la.

― Emma! – Uma voz masculina soou acima, e Saskia instintivamente se colocou de pé. Incrivelmente, era Kieran.

― O que está fazendo aqui? – Emma perguntou.

― Noah rastreou seu celular. – Ele se justificou e tentou ajudá-la a soltar Audrey. – Não podia deixar que enfrentasse um assassino sozinha.

De repente, Emma se levantou e apontou a arma que carregava para a porta por onde havia entrado. Saskia direcionou os olhos para aquela direção, e sentiu o coração bater em falso quando seu olhar decaiu sobre Eli. E o pior, sobre o ferimento que ele carregava no abdômen e pressionava com uma das mãos.

― Eli? – Saskia exclamou dando um passo na direção dele, no entanto foi barrada por Kieran.

― O que aconteceu? – Emma perguntou, ainda mantendo a arma levantada por conta da faca que o garoto carregava na mão livre.

― Eu segui o Kieran do hospital até aqui, e assim que entrei nesse prédio ele me esfaqueou. – Eli disse, e os olhos dele estavam presos em Saskia. – Então eu me fingi de morto, e disse à polícia que ele é o assassino.

― O quê? Eu não te esfaqueei. – Kieran tentou se defender, mas Saskia não deu atenção no que ele dizia, ou no que qualquer outra pessoa dizia. Ela só queria ir até Eli e o abraçar, certificar-se de que ele ficaria bem.

Eli tentou se mover até Saskia, no entanto Kieran empurrou a garota para trás e Emma colocou-se entre eles, ainda com a arma apontada para o rapaz.

― Parado. Fique aí!

― Eu só quero a Saskia. – Eli disse, e Saskia sentiu as lágrimas escorrerem por suas bochechas.

― Não o ouça, Saskia! – Kieran interveio. – Ele mesmo deve ter se esfaqueado!

― O que você acha que eu sou? Eu só te segui porque o Noah me contou que o assassino estava com a Saskia! Eu sabia que você viria até aqui pela Emma, então eu te segui, porque assim você me levaria até a Saskia. – Eli tentou argumentar.

― Ele está mentindo! – Kieran gritou. – No momento em que ele colocar as mãos na Saskia, com certeza irá matá-la. Ele é o assassino!

Saskia assistiu Eli tentar esfaquear Kieran em um ataque de raiva, e no momento seguinte assistiu também Emma apertando o gatilho da arma e a bala acertando o peito de Eli.

― Não! – Saskia gritou e desviou de Kieran, correndo até Eli, que havia caído no chão. Ela puxou o corpo do garoto para si e pressionou o local do tiro com uma das mãos fortemente enquanto apoiava a cabeça de Eli no outro braço.

― Saskia. – Eli murmurou e um sorriso fraco se abriu nos lábios dele, o que só fez com que ainda mais lágrimas escorressem dos olhos de Saskia. – Eu precisava te achar. Eu prometi que iria te proteger.

― Você me achou. – Saskia afirmou e depositou um beijo na testa do garoto. – Eu estou aqui, e estou bem.

― Eu te amo tanto. – A voz dele ia se tornando cada vez mais baixa, e Saskia sentia o desespero consumindo-a cada vez mais. – Eu não podia deixar que alguém te machucasse.

― Você não deixou. – Ela meneou a cabeça de forma afirmativa e sorriu tristemente. – Você não deixou que ninguém me machucasse, meu amor. Eu estou bem, e agora eu preciso que você também fique. Você me prometeu que não iria me deixar, então fique comigo. Eli, por favor, fique comigo.

Os olhos dele iam se fechando aos poucos, e Saskia sentia o mundo ruir mais uma vez sob seus pés.

― Não me deixe. Eli, por favor. – Saskia aproximou seu rosto do rosto do garoto e encostou suas testas. – Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. – Ela sussurrou inúmeras vezes e viu o sorriso nos lábios de Eli se alargar. – Você prometeu...

Saskia não ouvia nem via nada do que acontecia ao redor. Nem ao menos se importava. Mas ela viu e ouviu o momento em que Kieran confessou ser o assassino e disse que iria matar a todos e sair como herói. No entanto, deixou de prestar atenção quando ouviu Eli tossir, e se voltou para ele.

― Você vai ficar bem. – Saskia afirmou, e então uma chance surgiu em sua mente.

Saskia vasculhou os bolsos do moletom de Eli e, como se o destino jogasse a seu favor naquele momento, encontrou o celular do garoto. Ao desbloqueá-lo, sentiu seu coração se apertar ao ver a foto de capa do celular era uma foto sua. Olhou mais uma vez para Eli e discou o número da emergência.

― Alô. – Saskia disse assim que uma mulher atendeu a ligação. – Eu preciso de uma ambulância. Meu namorado foi baleado.

͌

Saskia havia passado a noite em claro, somente observando o peito de Eli subir e descer e se certificando que essa ação se repetiria.

Diferente da maioria das pessoas, ela não achava o bip bip da máquina que mostrava os batimentos cardíacos irritante, pois aquele barulho significava que Eli estava vivo; que ainda estava com ela.

Ela só havia saído do lado de Eli quando o levaram para a cirurgia logo após terem chegado ao hospital na ambulância, então, enquanto o rapaz era operado, Audrey forçou Saskia a ir para casa e se trocar, afinal suas roupas estavam manchadas de sangue.

A amiga também lhe deixara a par de tudo que havia acontecido. Kieran era, na verdade, amante de Piper e havia a ajudado em todos os assassinatos inclusive no do próprio pai do rapaz. E, depois de toda confusão no Orfanato Irmãs Abençoadas, ele havia sido pego pela polícia e preso.

Naquele momento, Saskia estava encolhida na poltrona do quarto de hospital. Havia uma manta a cobrindo, já que a madrugada estivera fria e o clima continuava até àquela hora da manhã.

Seus olhos continuavam presos em Eli, esperando que ele acordasse. Seu celular de repente tocou em sinal de mensagem. Era Audrey, perguntando se Eli já havia acordado. Saskia estava prestes a responder, quando a voz que ela tanto conhecia e amava soou no quarto:

― Saskia?

Saskia automaticamente levantou os olhos e sorriu abertamente. Eli estava acordado e a encarava. A garota jogou a manta para o lado e se levantou, caminhando até a cama.

― Oi estranho. – Ela disse e uma risada baixa saiu dos lábios de Eli. – Eu pensei que ia te perder.

― Eu prometi que não ia te deixar. – Eli disse com a voz baixa e Saskia teve uma das mãos segurada por uma das dele.

Saskia sorriu e se inclinou sobre Eli, beijando-o levemente.

― Eu amo você. – Ele sussurrou contra os lábios dela, fazendo com que Saskia sorrisse.

― Eu também amo você. – Saskia voltou a deixar as costas retas e mordeu o lábio inferior, suprimindo um sorriso. – E eu tenho uma surpresa.

Eli arqueou as sobrancelhas e Saskia riu, caminhando até sua bolsa abandonada em um canto qualquer do quarto e depois voltando até a cama após ter pegado algo.

― Audrey me fez ir para casa enquanto você estava em cirurgia, então eu aproveitei e fiz uma coisa que eu já deveria ter feito antes. – Saskia disse e tirou detrás das costas duas passagens de avião. – Veneza. – Ela confirmou quando os olhos dele se arregalaram e buscaram os dela em uma pergunta silenciosa. – Nós partimos assim que você receber alta.

― Saskia, eu... – Eli tentou formar uma frase, mas Saskia o silenciou, colocando o dedo indicador em seus lábios. Ela então se sentou na beirada da cama e sorriu.

― Vamos ter a vida que você sempre imaginou, meu amor. Bem longe daqui.

Saskia esperou por alguma fala de Eli, no entanto, para sua surpresa, ele se sentou na cama e tomou seu rosto em mãos. Eli sorriu antes de sussurrar:

― Eu consegui ter a vida que sempre imaginei no momento em que conheci você. Você transformou minha vida completamente, Saskia. E eu parei de imaginar outras vidas, porque a única vida que quero é com você.

Saskia sorriu, sentindo as lágrimas queimando seus olhos, e selou seus lábios com os de Eli.

Eli era o que faltava em sua vida. Eli era seu recomeço



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