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História Revenge Girl - Felicia Carter


Escrita por: MandsChan

Capítulo 31 - Felicia Carter


E ele chegou ao fim. O melhor ensaio fotográfico de minha breve carreira de modelo acabou. Mulan era realmente incrível. Não sei se por ser a primeira fotógrafa, mulher, que trabalha comigo, mas ela guiou o ensaio com perfeição, sem torná-lo cansativo. Juro que até fiquei triste quando a última foto foi tirada. Despedi-me dela com um forte abraço, era seu último dia na empresa, e apesar de tê-la conhecido hoje, sentirei falta de seus ensaios fotográficos fora de série.

Já estava tirando o carro da garagem da agência. Eram mais de nove da noite, e Tomy por incrível que pareça tinha sido dispensada antes de mim. Provavelmente eu já estava atrasada para o jantar “natureba” que minha melhor amiga sempre preparava às quartas-feiras. Contornei a esquina da agência para entrar novamente na avenida principal. Parei no farol em frente a um ponto de ônibus, onde percebi que solitária, uma certa morena de cabelos longos encarava a tela de seu celular, com o semblante entediado. Abri o vidro.

- Hey, está sem carro? – perguntei chamando a atenção da morena que tirou os fones de ouvido.

- Digamos que no momento ele está fora de combate. – ela disse esbanjando um sorriso divertido.

- Então entre no carro Mulan, te levo em casa. – sorri prestativa. Ela hesitou.

- Não quero te incomodar Sakura, nem te tirar do caminho...

- Onde você mora?

- Há algumas quadras daqui, perto do Central Park, conhece? – apenas ri sozinha.

- Se conheço? Também moro lá. – ela sorriu. O farol abriu. – Entre no carro, antes que o farol feche. – sugeri. Ela andou a passos largos até entrar no banco do passageiro de meu carro. Ao fechar a porta acelerei, já ouvia buzinas por estar parada no farol aberto.

- E então, mora em que lugar do Central Park? – perguntei puxando assunto. Ela terminava de fechar o cinto de segurança.

- No prédio de nome mais ridículo. – ela sorriu sozinha. Sorri cúmplice.

- Sweet Grass? – sugeri. Ela sorriu surpresa.

- Não vai me dizer que...

- Sim, eu moro lá. – disse rindo. Ela começou a rir também. – Que mundo pequeno...

- Mas mora há muito tempo? Confesso que nunca te vi por lá.

- Moro há três anos na verdade, mas sempre saio muito cedo e chego muito tarde...

- Eu moro desde os dezessete. – fiquei surpresa. – Cresci em Dallas, no Texas. E apesar de ser uma cidade enorme, não era pra mim. Meus pais moravam num típico rancho Texano, com cavalos e vacas. – ela riu arrancando-me uma risada também. – Eu não queria passar o resto de minha vida andando a cavalo, ou me aventurando na cidade á procura de algo que sabia que não ia encontrar por lá. Por isso que assim que terminei o ensino médio, comprei minhas passagens e aluguei meu apartamento aqui em New York. – apenas abri os lábios levemente, demonstrando minha surpresa.

- Você saiu de casa aos dezessete anos? – confirmei e ela assentiu com a cabeça. - Que coragem. – se bem que comigo não foi muito diferente.

- Não vejo isso como coragem, e sim como uma iniciativa. Se não estaria até hoje tirando o leite da doce Betty Jane. – ela sorriu.

- E você, mora sozinha?

- Sim. Desde sempre. Eu tinha poucas amizades no Texas e aqui, bem, digamos que amigo, amigo mesmo, só tenho um. – ela sorriu como se estivesse no meio de uma lembrança. – E além do mais, meu trabalho nunca me permitiu aprofundar amizades, e namorados então... São muito raros na minha lista.

- Você sempre quis ser fotógrafa?

- Sempre. Desde que ganhei a primeira câmera de brinquedo, sempre soube que era isso que queria para minha vida. Por isso “fugi” do Texas e fiz faculdade de fotografia aqui. Logo após me formar fiz diversos trabalhos em jornais da região, até que fui parar na TGZ, há uns quatro anos atrás...

- Por que está saindo da TGZ depois de tantos anos? – perguntei curiosa. Ela encarava a janela.

- Não sei, acho que cansei da correria, da vida sem tempo de viver... – sorri da frase sem nexo que acabara de usar. – Eu quero parar um pouco, olhar em volta, caminhar no Central Park, comer em restaurantes e parar de engolir fast foods, conhecer alguém, se é que me entende... – ela piscou maliciosa.

E o papo fluiu, naturalmente. Estacionei na garagem de meu prédio e fomos para o elevador. Ela apertou o botão do quinto andar e eu do sétimo. Refleti por alguns segundos.

- Não gostaria de jantar em casa? Tomy vai fazer o jantar hoje... – disse simpática.

- Tomoyo Daidouji? – ela confirmou, apenas assenti. – E ela cozinha?

- Pois é. Se você considerar um prato cheio de derivados de grama... Digamos que ela é uma chef nata. – disse sarcástica. Ela riu, seu andar chegou. Nós simplesmente esperamos que as portas fechassem outra vez, para seguirmos para minha casa.

- Tomy, cheguei! – berrei ao entrar e jogar as chaves do carro na mesinha do corredor.

- Na cozinha! – ouvi seu grito abafado. Um cheiro de grama molhada estava empesteando o lugar.

- Mas o que é isto? – disse ao chegar na cozinha e deparar-me com Tomy segurando uma travessa de vidro que continha várias coisas verde.

- Escondidinho Verde! – ela dizia feliz pelo conteúdo da travessa. Revirei os olhos. Ela então notou a presença de outra pessoa no local. – Mulan! - pelo jeito as apresentações estavam dispensadas. Tomy largou a travessa da coisa verde que tinha cozinhado e foi abraçar a morena.  – Quanto tempo que não fotografo com você! – fui até os armários na intenção de por mais um prato na mesa.

- É. Mas agora vai ser bem difícil repetirmos a dose... Meu último dia foi hoje. – ela disse. Tomy sentou chocada. Bem, depois disso nosso jantar se resumiu numa longa conversa das duas sobre a vida de Mulan, e sobre fotografia. Tomy também era formada em fotografia... Aí foi como se juntassem a fome com a vontade de comer.

- A conversa está tão boa que me esqueci de perguntar. Qual seu nome? Acho que Mulan é apelido, certo? – perguntei sorridente. Tomoyo encarou a morena rapidamente e ela engoliu seco.

- Ah sim, é apelido. – ela então olhou-me apreensiva, como se estivesse se lembrando de algo. – Meu nome é Felicia, Felicia Carter. O pessoal da agência me chama de Mulan pelos meus...-

- Traços orientais. – completei a frase sorrindo. Ela pareceu relaxar. Um silêncio estranho se instalou.

- Sobremesa? – Tomoyo sugeriu quebrando o silêncio. Sorrimos e observamos a morena deixar o cômodo em busca do “doce natural” que ela tinha feito.

...

No dia seguinte, cheguei na redação com um pouco de antecedência, depois da conversa com senhor Macborth de ontem, estava muito atarefada. Estava mergulhada na matéria que estava para escrever, quando lembrei-me da entrevista escrita que estava em minha pasta. Ao abrir a pasta minha mão ficou mole ao tocar um certo caderno de capa negra...

Abri o caderno e comecei a folheá-lo. Quanta bobagem. Cada palavra daquele caderno me fazia sentir pior, como se eu fosse má. E bem, eu estava sendo, afinal quis punir o amor de minha vida que nunca levantou um dedo se quer em minha direção. Burra, mil vezes burra.

Tantos planos, tanto rancor, tudo infundado. Tudo sem propósito. Peguei a chave de minha mesa e abri minha gaveta “especial” em busca de um isqueiro. Aquele monte de mágoas iria ter um fim, aqui e agora. Enquanto embaralhava os objetos da gaveta com a mão, procurando o tal isqueiro, ouvi o barulho da maçaneta da porta. Alguém estava entrando. No pânico do momento a única alternativa que vi foi a de jogar o caderno dentro da gaveta e trancá-la. Ao entrar na sala, Shaoran viu este meu último ato.

- Não bate mais não? – ironizei com um sorriso sem graça. Ele arqueou a sobrancelha.

- O que colocou na gaveta?

- Nada. – disse rápido.  – Só... Só... Algumas pastas... Isso. Algumas pastas especiais. – ele continuou a me encarar desconfiado. – De trabalho, claro. – sorri amarelo.

- Hum, sei. – parabéns Sakura, colocou a pulga atrás da orelha dele. – Eu vim aqui entregar a matéria que me pediu, te liguei, mas você não atendeu, acho que acabou a bateria de seu telefone. – ele sugeriu. Colocou um bolo de papéis em minha mesa e depositou um rápido beijo em meus lábios, debruçando-se sobre a mesa. – Até mais, chefinha. – ele disse num meio sorriso, com o semblante menos carregado. Apenas quase sorri em resposta.

Essa foi por pouco.

Se eu tivesse escutado Tomy nada disso teria acontecido, eu sei. Mas o mundo não pode culpar Sakura Kinomoto de também sentir medo. Eu posso estar “durona” agora, mas ainda sou humana, e sim, tenho medo de perder Shaoran. Tenho medo de contar tudo e ele simplesmente não olhar mais na minha cara. E ainda tem Awly, que simplesmente deu as caras novamente só para me confundir ainda mais, não é possível.

Eu já estava começando a me acostumar a ficar sem me comunicar com ele, sem ver suas lindas mensagens... E então ele aparece, me desestabilizando por completo. O que estava acontecendo comigo? Eu tinha um namorado lindo, que eu amava, que me amava... O que estava faltando? Por que isso não parecia ser o suficiente? Por que Awly mexia tanto comigo? Me sinto péssima por ter tantas perguntas e apenas uma resposta: Eu não sei.

...

Semanas depois

- Sakura, vai demorar? – Hiro me apressava pela milésima vez. Como se ele não demorasse séculos arrumando seu querido cabelinho.

- Hiro, vai apressar a Tomoyo! Aposto que estou na frente dela! – disse terminando de aplicar a máscara sobre os cílios.

- A Tomy já é um caso perdido, eu pensei que você ainda tivesse salvação. – ouvi sua voz abafada vinda de meu quarto. Eu estava trancada no banheiro.

- Vai fazer sala pro Shao! Ele está sozinho. – disse tentando me livrar de meu primo inconveniente.

- Eu não. Da última vez em que nos falamos ele estava com as mãos em meu pescoço, prestes a me esmurrar. – revirei os olhos e destranquei a porta, saindo. – Aleluia! – ele disse erguendo as mãos para cima teatralmente.

- Pare de ser dramático. E ele já te pediu desculpas. – disse pegando minha bolsa que estava em cima da cama e saindo do quarto. Hiro me acompanhou, apagando a luz. Passei pela porta do quarto de Tomy. – Vamos princesinha! – gritei, batendo na porta.

- Mais cinco minutos! – ouvi a morena berrar de dentro do cômodo. Fui para a sala para encontrar Shaoran.

Ele estava lindo, sentado no sofá, admirando a vista de New York, distraidamente. Cheguei por detrás de seu corpo, sorrateiramente, sussurrando em seus ouvidos.

- Estou pronta. – ele virou-se bruscamente com um sorriso malicioso nos lábios. Pude ver os pelos de seu pescoço eriçarem pela minha frase anterior.

- Está linda. – ele disse me observando dos pés a cabeça, parando os olhos estrategicamente no decote de meu vestido vinho e justo.

- Sempre. – disse convencida. Pude ouvir Hiro bufar do fundo da sala.

- Quanto mel... – ele revirou os olhos. Shaoran ergueu a sobrancelha de forma sarcástica.

- Pronto! Cheguei! – Tomy disse adentrando o local, saltitante, usando um cropped preto e uma minissaia de paetê prata.

- Finalmente princesinha! – disse revirando os olhos. – Você que me convenceu a ir numa boate em plena quarta-feira á noite, e ainda se atrasa.

- Em sua defesa Tomy, a Saki pisou na sala há exatos quinze segundos. – Hiro se pronunciou. Mostrei a língua para meu primo e fui em direção á porta.

- Muito obrigada Hiro. – Tomy mandou um beijinho no ar para meu primo. – E Saki, é a festa semestral da TGZ, a gente tinha que ir! E já que meu Eriol vai estar de plantão... – ela bufou melancólica. – Tive que arrastar esse palhaço pra me acompanhar.  – ela disse divertida. Fechamos a porta e entramos no elevador, que milagrosamente, estava em nosso andar.

- Muito obrigada pela parte que me toca Daidouji. – Hiro deu uma de ofendido.

- Vocês são dois sem noção. – eu ri. E Shaoran? Silêncio. Era sempre assim quando estava perto de Hiro. Mantinha-se num silêncio mórbido e completamente irritante.

Fomos todos para meu carro, os tontos no banco de trás e Shaoran no passageiro. Eu dirigindo, óbvio. Dei partida rumo a Gorgeous, a boate onde a TGZ comemorava sua festa semestral. A boate que tiraria meu precioso sono graças aos gritos manhosos e convincentes de Tomoyo. Por que a Fel não estava comigo numa hora dessas? Ela parece ser mais centrada, não parece ser daquelas que se derretem com a vozinha da Daidouji... Onde ela estava mesmo? Ah, claro. Hibernada em algum canto nos confins da terra. Liguei para Felicia o dia todo e nada.

Chegamos á boate, ela estava completamente lotada. Vi vários rostos conhecidos na entrada, e Hiro, bem, Hiro viu um rosto bem conhecido. Ele viu Georgia, mais especificamente.

- Estaciona logo Sakura. – ele me apressava louco para pular do carro em movimento.

- A não ser que tenha um dispositivo de vaga dentro do bolso, acho que vai ter que esperar mais um pouco para atacar as modelinhos, meu caro palhaço. – disse irônica. Ele bufou.

- Nada disso senhor Hiro, não vai ficar correndo atrás das modelos não! Você não vai me deixar de vela, é meu par, vai ficar comigo a festa toda. – Tomy dizia autoritária. Limitei-me a rir e pude ver um sorriso acanhado sair do rosto de Shaoran. Estamos progredindo... Um meio sorriso na presença de Hiro? Ele merece um prêmio.

Estacionei finalmente a quase uma quadra de distância. Odeio andar, principalmente de salto.

O caminho foi longo e tortuoso, cheio de tropeços, até a porta da boate. Tinha uma fila enorme, eu realmente estava desistindo, quando encontramos Todd, prestes a entrar. Corremos até ele.

- Todd! – gritei. Ele se virou e abriu um largo sorriso.

- Sakura! Tomoyo! – ele disse puxando nossas mãos para dentro da fila. – Venham comigo. – ele sugeriu. Os meninos nos seguiram e entraram junto conosco.

Um show de luzes e muitas pessoas podiam ser vistas. A decoração, cheia de lenços pendurados e lustres extravagantes, estava muito bonita. Até o som ensurdecedor da música eletrônica, estava de boa qualidade. Realmente, a TGZ tinha se superado este ano. Era a primeira vez que vinha á festa como modelo, mas já tinha comparecido na mesma muitas vezes, como convidada de Tomy. E posso ressaltar, nenhuma das outras festas estava tão linda como esta.

Fomos ao balcão de bebidas e eu pedi uma batida para o barman. Shaoran pediu um whisky. Virei-me para saber qual seria o pedido dos outros dois, mas não os encontrei por perto. Provavelmente Hiro estava correndo atrás de alguma modelo, e Tomy correndo atrás de Hiro, tentando garantir seu anti-vela da noite. Esbocei um sorriso ao imaginar a cena.

- Finalmente a sós. – Shaoran pronunciou-se depois de muito tempo calado. Aproximou seu corpo do meu, puxando-me pela cintura. Envolvi delicadamente meus braços em seu pescoço, aproximando nossos rostos. Quando estávamos quase nos beijando, senti uma mão em meu ombro, puxando-me levemente para trás.



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