História Reviravoltas do Destino - Snamione - Vigésimo Quinto Capítulo

Semanas depois

Severo já tinha se acostumado com a vida que o destino havia lhe presenteado. Apesar de já estar dando aulas novamente, sempre que podia voltava para casa. Neste final de semana, não seria diferente.

Quando a manhã de sábado chegou, a única coisa que ele queria era deixar Hogwarts. Na noite anterior, ele havia corrigido todos os exames e organizado todos os livros e pergaminhos que utilizaria na semana.

O que ele não queria admitir era que sentia saudade de Hermione e tinha um estranho medo de perdê-la. Ele sempre considerava a hipótese dela enfim abrir os olhos e ver a vida que estava desperdiçando e seguir a vida longe dele, no entanto, guardava tal hipótese para si mesmo.

Ele gostava de chegar em casa. Ela sempre o recebia como se houvesse anos que não o via. Hermione o recebia com um sorriso nos olhos e no olhar, se é que isso era possível.

Era como se ele fosse o único na vida dela.

Flashback on

- Alguém em casa? - Severus disse suavemente enquanto entrava na cozinha.

- Severo, você em casa em tão cedo? - Hermione esfregando os olhos para ter certeza que era realmente ele ou uma alucinação.

- Achei que seria uma boa ideia passar o feriado com vocês! - respondeu Severo, parecendo desconfortável. – Algo está errado?

- Claro que não! - Hermione disse e antes que se desse conta já estava pulando nele para um abraço. – senti sua falta! - ela acrescentou sorridente.

- Eu também. – disse quase num sussurro e deu um beijo em sua testa.

- E esses malditos beijos na testa estão de volta. – sussurrou ela.

- O que disse? – perguntou Snape se fazendo de desentendido.

- Seja bem vindo. – mentiu. Ele epenas olhou para ela com diversão.

- Querido, você chegou na hora certa! Acabei de tirar os pães do forno. Estão crocantes do jeito que você gosta. – Eileen falou mostrando um tabuleiro lotado.

- O cheiro está magnífico, mãe. – ele disse se aproximando e dando a ela um beijo na bochecha. – Está faltando alguém. – disse ele arqueando uma sobrancelha.

- Hermione e Halley acabaram de chegar de uma caminhada.  Ela foi lavar as mãos para provar o pão. – disse sorrindo.

Quando Eileen acabou de falar Halley apareceu na cozinha. No momento em que a menina o viu abriu um enorme sorriso. Snape se moveu lentamente até ela e a levantou em seus braços, mas quem ganhou um beijo na bochecha dessa vez foi ele.

- Não me diga que andou comendo fermento! Você parece maior do que a ultima vez que te vi.

- Não tô não! – disse toda sorridente. – adivinha o que a gente fez hoje quando a gente acordou?

- Deixe-me pensar... Abriram os olhos? – disse Severo parecendo sério.

– Não, bobinho. – disse a menina gargalhando. - A gente foi no parque. Foi muito... muito..muito legal mesmo. Se tivesse chegado mais cedo podia ter ido. Se você quiser a gente te leva lá, tá?

- Promessa? – ele perguntou.

- Sim! Nós vimos uma pássaro muito grande.

- Conte-me. -  disse ele interessadamente.

Sentou-se na cadeira e a colocou em cima na mesa esperando a menina contar seu passeio no parque. Hermione sorriu e sentou-se ao lado dele.

Flashback off

Ele realmente precisava ir para casa.

Snape estava prestes a sair do castelo, porém, foi impedido pela diretora que, aparentemente, não podia esperar para falar com ele.

- Isso é realmente necessário? – falou Snape com desdém.

- É claro que sim, Severo. -  disse a diretora McGonagall novamente. – Você é o único do corpo docente que não a conhece. Nós somos uma equipe, portanto, assim como os outros professores vocês devem ser apresentados. – disse ela bruscamente já cansada daquela conversa.- Por favor, sente-se, Severo Snape!

Severo sentou-se com toda má vontade que conseguiu reunir.

- Certo, Minerva. Você venceu, mas espero que você saiba que eu estou realmente com pressa.

- Bom Deus, HOMEM! Parece até que irá morrer se ficar por apenas alguns minutos a mais. - ele bufou em resposta. - Escute aqui Severo! Eu ficarei muito desapontada com você se você não tratar a nova substituta com o devido respeito.

- Farei um esforço, Minerva. No entanto, saiba que só tentarei porque você pediu com muito zelo. – ele disse calmamente, mas ele tinha um sorriso presunçoso nos lábios.

McGonagall o encarou por um longo momento, sua boca realmente caindo muito ligeiramente aberta. Fazia tempo que ela não o via fazendo uma piada. Mesmo uma tão simples como aquela.

- Você me tira do sério Severo. – disse tentando esconder um sorriso, mas falhou miseravelmente. – Como está, Hermione? – perguntou recostando-se na cadeira.

***

- Esta é a Senhorita Stacy, Severo. Ela será nossa nova professora de aritmância. Senhorita Stacy, esse é nosso mestre de poções, o Professor Snape.

Severo assentiu com a cabeça e olhou para seu relógio de bolso.  

Tinha algo na mulher que não o agradava, porém não sabia o que era. A mulher era pequena e tinha os cabelos louros. Seus olhos eram pretos, mas eram tão intensos que chegavam a incomodar.

- Nós já não nos conhecemos de algum lugar? Eu acredito que...

- Temo que não. – A cortou.  - Foi um prazer conhecê-la, Senhorita Stacy. Infelizmente, devo sair logo. Tenho compromisso nesta manhã e tenho a sensação de que essa reunião demorará algum tempo.  – ele queria dizer que não tinha tempo para papo furado, mas preferiu guardar tal opinião para si mesmo. - Minerva, te vejo na segunda pela manhã. – disse saindo da sala da diretora.

- Oh... Isso deve ter sido um pouco desagradável. Acho que ele não gostou de mim. O que é uma pena já que ouvi coisas maravilhosas sobre ele.

- Você terá que conquistar sua confiança. Tenho certeza que você fará um excelente trabalho, Senhorita. O professor Snape é um ótimo profissional e ele reconhecerá isso.  – disse McGonagall.

- É uma honra estar aqui Diretora McGonagall. - A nova professora sentou-se mais reta. - honestamente, nem sei como lhe agradecer pela oportunidade. Tenho certeza que não vai se arrepender.

***

Assim que se aproximou de sua casa se deparou com a figura de uma mulher que ele pensou que jamais iria ver novamente. Severo não conseguiu entender como isso era possível. Por um momento ele se sentiu doente.

Hermione olhou para ele esperançosamente, no entanto, ao perceber que o marido tinha os olhos para a mulher que estava em sua frente a deixou desanimada. Ele passou por ela sem ao menos olha-la.

- Severo, que bom que chegou. Harry e Ginny acabaram de chegar. Eu acabei de convidá-los a entrar.

Foi só neste momento que ele percebeu que a mulher em sua frente não era Lily, mas sim a senhorita Weasley. Na verdade, senhora Potter como pôde perceber pela aliança em seu dedo. Seus cabelos eram mais longos e mais vermelhos que ele se lembrava. E havia um braço preso à cintura e esse braço pertencia a Harry Potter.

Por um momento ele se perguntou se o menino sabia da semelhança que sua mulher tinha com sua mãe. Menos os olhos é claro. Os olhos de Lily eram verdes profundos e que sempre estavam cheios de emoção. Pensar em Lily o atormentava e não era de um jeito bom.

Quando enfim voltou para sua realidade, ele viu Hermione diante dele, ela parecia estar triste e ferida. Ele sabia que tinha que dizer algo, mas não conseguiu. Ele apenas assentiu para eles.

Sem dizer mais nada eles caminharam para dentro de casa.   Ele não tinha certeza de que ele poderia falar. Sem saber o que fazer ele olhou para Hermione e viu  o calor desaparecer dos olhos dela.

- Severo. -  disse Potter quebrando o gelo que se formou tão rapidamente. – É bom te ver novamente. Eu soube por auto tudo que aconteceu na nossa ausência. Sinto muito por tudo.

Severo gemeu internamente. Ele não queria participar desse papo furado, porém ele não queria sentir a fúria da esposa. 

- Nós realmente sentimos muito! – disse a senhora Potter.

- Eu vejo. -  ele disse. – Mas não há necessidade disso. O importante é que o pior já passou! – tentou dizer o mais cordial possível. – Posso oferecê-los uma bebida?

- Eu aceito um chá, Severo! – Ginny respondeu, Severo assentiu.

- E você, Senhor Potter? Um Firewhisky? - Ele perguntou, cruzando para o gabinete de bebidas.

- Um Firewhisky, por favor.

Severo olhou Harry enquanto derramava suas bebidas e percebeu que ela já não era o moleque que ele havia dado aula.  

- Eu sei que já te disse isso, mas você está linda com essa barriga! – disse Ginny toda sorridente.

- Obrigada, Ginny, mas é uma pena que seja tão desconfortável para dormir. – respondeu um pouco desanimada.

- Sei bem como é isso. No entanto, aproveite enquanto você pode ela vai fazer falta. Quando você vê metade da sua casa foi tomada por brinquedos e você já não tem espaço para guardá-los. Sem contar que quando a gente se dá conta já estamos lavando o cabelo uma vez por semana. Acredite! Não é agradável. – disse a ruiva nada entusiasmada.

- Eu não acho que você esta ajudando, Senhora Potter. – disse Snape com diversão e Harry assentiu.

- Então, Hermione. – falou Harry. – Remus nos falou sobre seus poderes.

- Oh, Claro. Eu estava totalmente esgotada, porém, agora eu consigo fazer alguns feitiços mais simples. Mas ainda assim me incomoda. – ela disse desanimada.

- Eu entendo. Não consigo me imaginar nessa situação. – disse Harry soando melancólico.

- Mas vamos falar de coisas boas. – disse Hermione com um sorriso. – Como foi a viagem?

- Foi maravilhosa! O Harry nos devia isso. Quase cinco anos sem férias. As crianças amaram.

- Nos desculpem por não mandar nenhuma coruja nesses meses, mas os trouxas estavam achando estranho toda a movimentação em nossa janela. – Harry contemplou.

- Estamos esperando vocês para um jantar em nossa casa no final de semana. Não aceitamos um não como resposta. – A senhora Potter advertiu.

- É claro que vamos! – respondeu Hermione. – E as crianças? Com Molly?  

– As crianças estavam com muitas saudades do Teddy, então eles foram para lá ontem mesmo. – Ginny respondeu.

***

Fazia mais de duas horas que os Potter’s haviam ido embora. Severo estava batendo na porta do quarto de Hermione há mais de um minuto. Ele estava à beira de destruir a fechadura quando ela enfim abriu.

- O quê? - ela perguntou.

– Está trancada aqui a mais de uma hora. Você está pálida. – ele contemplou.  - Você está se sentindo bem? -  ele perguntou e se sentou em sua cama.

- Por que não estaria? – disse bruscamente.

- Respondendo uma pergunta com outra? – disse arqueando uma sobrancelha.

Eles ficaram sentados em um estranho silêncio.

Vendo que Hermione não falaria mais nada, Severo olhou para ela e inclinou-se para a frente em seu assento.

- Eu só perguntei, pois notei que você não parece bem!

- Eu não preciso que se preocupe. Eu sou perfeitamente capaz de cuidar de mim mesma. – ela disse de mau humor.

- Se você esta certa disso. Estarei lá em baixo, se precisar de mim basta chamar. - Ele insistiu antes que a porta se fechasse.

Mas antes que Severo pudesse se afastar ele a ouviu praguejar e parecia estar chorando.

***

- Hermione, não me parece que você esteja bem. Vamos, fale o que está te incomodado. – Eileen ordenou. Ela olhava para Hermione preocupada.

- Ele quem te mandou aqui não foi? – ela assentiu. - Eu sei que pode parecer bobo, mas eu não consigo esquecer a forma como ele a olhou.

- Do quem exatamente estamos falando?

- Ginny! Nós sabemos o quanto elas se parecem. Só que vendo sua reação quando chegou me magoou.

 - Ah, sim. - ela disse com conhecimento de causa. – Elas realmente se parecem muito.  - Ela grunhiu e afastou para se aproximar da janela.  

- Eu sabia que o assunto Lily iria surgir, porém só não pensei que tão de repente. - . Ela olhou Hermione diretamente nos olhos. – Hermione, isso já faz anos! Talvez ele só tenha ficado assustado. Afinal, não é todos os dias que você se depara com o passado  na sua porta.

- Eu fiquei tão chocada. Magoada. Eu não queria ter que enfrentar Severo sobre isso, e eu apenas me sinto tão mal com tudo isso. Eu compreendo que já faz anos, mas para a gente. Não pra ele. Ele ainda não recuperou totalmente a memória, então tecnicamente... ele ainda a ama. O que devo fazer? Fingir que eu não notei? Fingir que não me importo?

- Oh minha menina. - ela disse gentilmente. – Eu não acho que você tenha outra alternativa. Você deve falar com ele. Eu não acho que Severo ame a Lily, mas não fará mal conversar com ele sobre isso. Além disso, não acho que sofrer por antecipação seja o melhor remédio.

Eileen saiu da sala e fechou a porta atrás dela. 

A mente de Hermione ainda estava girando. E ainda estava sentindo um enorme desgosto. Mas ela sabia que sua sogra estava certa, ela teria quer ter essa conversa com o marido.

***

Quando ela começou a falar sobre a visita dos Potter’s ele já tinha ideia do que estava por vir. Severo se perguntou se ele poderia adiantar o assunto ou esperar ela chegar até ele.

Não demorou muito para o nome de Lily Evans ser abordado.  

- Eu vi como você a olhou, Severo. Você achou que era ela não é? Achou que Ginny era Lily? - Ela olhou para ele hesitante. 

- Hermione, eu ... -  ele começou. – Eu não gostaria de falar sobre isso com você. Não agora. – disse guardando a carta que acabara de chegar.

Seu rosto estava crescendo de forma cada vez mais vermelho, com os olhos brilhando de raiva.

- Severus Tobias Snape. Eu sou sua esposa e gostaria muito de conversar sobre isso!

- Mas eu não. Até onde eu sei precisam de dois para se ter uma conversa e eu não estou entrando nisso. - disse ele. - Há certas linhas das quais eu me recuso a responder. – completou bruscamente. - E eu realmente preciso resolver uma coisa, portanto, não tenho tempo para isso.

- Oh, então vai ser assim Severo. Não vai nem se defender? O que, você ainda está apaixonado por essa mulher? Ela está morta por mais de 20 anos! - ela gritou. – Por Merlim! Você agora é um homem casado.

- Apaixonado? - Ele sibilou, claramente com raiva. - Você não tem absolutamente nenhuma ideia do que está falando.  

Ele olhou para ela.

- Eu não entendo bem por que você está tão fixada nesse assunto!  Eu já disse. Eu me recuso a falar sobre isso. -  Ele continuou. Inclinando-se mais perto, ele sibilou em seu rosto. 

- Você deveria ter visto seus olhos enquanto olhava para ela. E sua decepção quando me viu. – disse em meio as lágrimas.

Foi quando ele se deu conta que o problema era ciúmes.

 - Não é o que você pensa. – Severo respondeu depois de um longo suspiro. Sua voz estava ligeiramente menos ardente do que era anteriormente.

- Oh, que defesa entusiasmada.

 - Hermione ...-  ele disse suavemente. Ele fechou a distância entre eles, puxando-a para perto, mais perto do que antes, moldando seu corpo com o dele. – ao contrário do que você pensa, eu me recuso de falar sobre Lily pelo mesmo motivo que me recuso em falar sobre quando fui um comensal da morte. Ou, até mesmo, pelo mesmo motivo que me recuso a falar sobre meu pai. É algo doloroso.

- E sobre olhar para senhora Potter, talvez eu tenha feito isso inconscientemente. Confesso que foi assustador por um momento. Sinto muito que isso tenha te ferido.  

Ele pressionou os lábios contra o rosto dela.

- E se por um acaso ainda te resta alguma dúvida, eu espero que saiba que, diferentemente do que você me acusou, eu não a amo. Não mais. Agora por favor, eu realmente não gostaria que o tópico Lily fosse discutido tão cedo novamente. Lily faz parte do meu passado, Hermione. E é lá que eu gostaria que ela ficasse.

Ele beijou-a. E dessa vez foi na boca e com intensidade. Foi o momento mais perfeito que já teve. Mas logo ele se afastou.

- Eu preciso resolver uma coisa. Prometo que não demoro. – disse beijando sua testa, mas antes de sair ele retornou para onde ela estava. – Harmione...

- Sim?

- Você disse algo sobre a Halley dormi na casa da colega da escola, certo?

- Sim, ela queria isso há semanas.

- Você acha que poderia buscá-la?

- Por que?

- Eu..- ele demorou alguns instantes para pensar em um motivo relevante. – gostaria de sair com vocês hoje. Talvez no outro final de semana não poderei sair do castelo.

- Tudo bem. - Respondeu achando um pouco suspeito.

- Até logo. - Disse se virando para sair.