Pov. Marinette
Eu estou mesmo convencida em fazer o Adrien perdoar-me.
Vou preparar-lhe uma prenda para me redimir.
Quando cheguei a casa, já era tarde. Os meus pais começaram a arrumar as suas coisas em malas e caixas e pediram-me para fazer o mesmo com algumas das minhas coisas. Pelo o que eu percebi, a chave de casa e a chave da padaria iam ficar comigo, e eu ia poder vir para aqui sempre que quisesse e sem a autorização do senhor Agreste. Amanhã era o grande dia. Os meus pais iam para a China e eu ia ter de ficar na casa do senhor Agreste a aturar o Félix.
Já no meu quarto, arrumei alguns vestidos, calças, t-shirts, camisolas, pijamas, swets, casacos e legings numa grande mala. Num saco à parte, pus as minhas coisas ìntimas, o meu diário e os meus livros da escola. Ainda usei uma caixa bem grande para guardar as minhas revistas da moda e designe, algumas das minhas criações, a minha máquina de costura, os meus desenhos, os meus tecidos e ainda as minhas lãs.
Logo a seguir, a Tikki veio ter comigo e começámos a falar.
-Vou ter muitas saudades do teu quarto, Marinette.
-Eu também vou ter muitas saudades dele, Tikki. Não achas que parece vazio sem as minhas coisas por aí espalhadas?
-Sim. Nem parece o mesmo. Então e o Chat Noir? Ele não sabe que tu te vais mudar.
-Calma Tikki. Eu só me vou mudar amanhã, hoje ainda durmo no meu precioso quarto.
-Pois, eu sabia.-disse ela- Lembrei-me de uma coisa, Mari.- ela olhou para baixo e voltou a olhar para mim. Através dos seus olhos pude ver a desilusão a chegar. Por momentos cheguei a ficar preocupada com ela.- A partir de amanhã vou deixar de comer os maravilhosos cookies feitos pela tua mãe. É das únicas coisas que eu não gosto nesta mudança.
-Oh Tikki... Pensava que era alguma coisa de maior gravidade. E não te preocupes com isso das cookies. Eu não me importo de vir aqui todos os dias para tas fazer. O que eu gostava era de fazer as pazes com o Adrien rapidamente e que o Félix não estivesse na casa do "pai".
-Mari, vais ter de te habituar a vê-lo todos os dias. Não és obrigada a falar com ele, e podes sempre evitá-lo.
-Eu sei disso Tikki. O único problema é que quando eu namorava com o Breakaleg, se ele queria uma coisa conseguia-la sempre. Ele é mais ou menos como a Chloe, só que mais discreto e um pouco mais violento. Tenho medo que ele tente alguma coisa contra mim.
-Tu tens só de o evitar. Ele não vai fazer nada de mal na casa do seu pai. E lembra-te que a casa deve estar cheia de câmeras escondidas. Se houver um akuma, não te vais poder transformar sem ser na casa de banho. Isto é, acho que a casa de banho não tem câmeras. Sabes como é Mari.-a conversa começou a ficar um pouco constrangedora para mim.- Os ricos fazem de tudo para estarem protegidos, até podem mesmo...
-Chega Tikki. Isso é tudo muito interessante, mas prefiro não falar muito em câmeras na casa de banho e etecetras...
-Tu é que sabes.-disse a Tikki dando umas risadinhas.- Eu vou dormir. Precisas de ajuda para alguma coisa?
-Não obrigada. Quando o Chat aparecer não te esqueças de te esconder.
-Sim. Boa noite, Mari.
-Boa noite Tikki.-ela foi deitar-se entre duas almofadas na minha cama. Assim, ficou escondida de uma possível visita e pode descansar em paz.
Continuei a arrumar as coisas da minha secretária e cómoda e sem querer, deixei cair um papel. Quando me agachei para o apanhar, vi que era uma carta do Chat para mim.
A carta dizia:
" Querida Mari,
Como ainda dormes, decidi que não te acordaria. Desculpa ter adormecido na tua cama, mas o cansaço foi tanto que eu não resisti. Se eu não tivesse dormido, tu terias tido uma noite mais quente e agradável.
Gostei muito de poder desabafar contigo e espero que faças as pazes com o teu amigo Adrien Agreste. Hoje à noite voltarei para te contar como correu a minha declaração.
Se ao pequeno-almoço te faltar queijo, isso é porque eu tive de alimentar o meu kwami. Eu depois explico-te o que é um kwami.
Cumprimentos do teu gatinho."
A carta já tinha uns dias, mas não tinha perdido o seu devido valor. Quando eu recordo esse dia em que tive de rejeitar o Chat, sinto-me pessimamente. Ele é tão atencioso e querido. Ele merece uma pessoa que o trate respeitosamente, ele não é um garoto qualquer que anda por aí, ele é... meu amigo. Sinto-me abalada de o ter rejeitado, mas não lhe podia dar falsas esperanças e mentir-lhe a dizer que gostava dele.
Com todo o cuidado que tinha, coloquei a carta num envelope, que por sua vez depositei na caixa com os meus pertences. Depois continuei a arrumar as coisas.
Uns minutos depois, ouvi umas batidas na janela. Verifiquei que era o Chat antes de abrir. Não queria ser confrontada com o Félix de novo. O Chat entrou e olhou para as minhas coisas com um ar desconfiado.
-Vais viajar princesa? Vais-me levar contigo?
-Não e não. Eu vou mudar-me para a casa do senhor Gabriel Agreste, o pai do Adrien e do... Félix.
-Tens muita sorte por um lado e muito azar pelo outro. Vais morar numa casa grande, mas vais ter de estar com o Adrien e o Félix.
-Para mim o Adrien já não é um problema. Eu decidi-me e vou mesmo pedir-lhe para voltarmos a ser amigos. Também lhe vou pedir desculpas por algumas coisas que disse. Ele pode ter sido muito estúpido, mas isso não me obriga a descer ao seu nível.
-A sério que o vais perdoar mesmo?- os olhos do Chat começaram a brilhar intensamente.
-Sim, e desta vez tenho a certeza absoluta do que estou a fazer.-ele deu um saltinho. Não percebi bem porquê, mas prontos.
Pov. Adrien
Ouvir aquelas palavras da boca da Mari, fizeram-me sentir o rapaz mais sortudo do mundo. E ela ainda me ia pedir desculpas. A Mari é mesmo a pessoa com um grande coração. Eu é que lhe fiz o mal e ela vai pedir me desculpas.
De tão feliz que eu estava, dei um pulinho de alegria. Ela reparou e fez uma cara estranha. Eu coloquei a mão na cabeça e comecei logo a processar numa desculpa.
-Ahm... Eu não gosto de ver bons amigos zangados, por isso, sempre que se resolvem eu dou um pulinho. Eu sei que é estranho, mas... o que se pode fazer? Tiques de super heróis. Ahaahahhahah...ah.
-É mesmo estranho, mas eu respeito o teu tique.-disse ela fazendo aspas com os dedos quando disse "tiques". Depois, soltou uns risinhos. Lembrei-me então dos nossos pensamentos. Mas se eu lhe dissesse que já não estávamos unidos por uma relação de ódio, ela descobriria logo quem eu sou. E isso não pode ser.
-Então, eu vou poder ir visitar-te lá nessa casa gigante?
-Por mim, tudo bem. Só não te quero arranjar problemas.
-Não arranjas. Eu faço tudo para visitar a minha princesa.- ela corou e eu também. O comentário saiu sem fundamento nenhum e eu não estava à espera de o proferir.-Queres ajuda para arrumar alguma coisa?
-Não obrigada. Eu já tenho tudo arrumado. Amanhã de manhã mudo-me para a casa deles.
-Ah... E como correu o teu dia? A primeira sessão de fotos, o akuma, foi cheio de ação hãm?
-Sim. Se tivesse de descrever este dia numa só palavra, a palavra era cansativo. E estou mesmo cansada.
-Eu vou deixar a minha princesa descansar. Amanhã encontro-me contigo às onze e meia no teu quarto. Combinado?
-Sim gatinho. Boa noite. - ela levantou-se da cadeira da secretária e veio até mim. Eu estava à espera de um abraço, mas em vez disso, recebi um beijo na face. Acho que corei dos pés à cabeça. Hoje o meu dia foi só alegria.
-Boa noite princesa. Sonha com gatos.- e saí para a escuridão da noite. Ao contrário do que muitos pensam, eu adoro estar ao escuro. Sinto-me bem e posso andar à vontade. Qualquer uma das minhas faces, de Chat Noir ou de Adrien, chama sempre à atenção, e eu nunca posso estar na rua descansado. Só à noite, quando não há ninguém que me possa chatear. Aproveito sempre para pensar e refletir sobre o que fiz. Enfim, eu sou um gato de qualquer maneira...
Voltei para casa e destransformei-me. Desta vez, a visita tinha sido mais rápida e o Plagg não se tinha queixado através do meu anel. Alimentei-o com o seu tão amado Camembert e fui-me deitar. Com o cansaço, nem troquei de roupa, limitei-me simplesmente a cair que nem uma pedra na cama e adormeci.
QUEBRA DE TEMPO... ( NO DIA SEGUINTE)
Acordei com um barulho de caixas a caírem. Não liguei muito e comecei a pensar que horas seriam. Olhei para o relógio do despertador e já eram nove da manhã. Aquele barulho devia ser da Mari a chegar e a instalar-se no seu quarto aqui ao lado . Aproveitei que já estava vestido e desci as escadas a correr. Cada segundo que passava era menos um segundo para estar com a Mari.
Quando cheguei à sala de visitas, o meu pai estava lá com a Mari e estava a começar a apresentar as divisões da casa. Ela estava um pouco desorientada, mas mantinha o seu sorriso lindo no rosto. O meu pai também aparentava estar feliz. Nunca o tinha visto assim antes. Mas até é um aspeto positivo. Ele também tinha um sorriso no rosto.
Eu cumprimentei-os e comecei a acompanhá-los na visita guiada. Foi então que voltei a ouvir mais um barulho de caixas. Mas desta vez parecia ser alguém a remexer nas coisas da Mari. Pelos vistos mais ninguém ouviu nada. Eu só devo ter ouvido graças à minha audição de gato. Pedi licença ao meu pai e subi de volta ao segundo piso. No quarto onde a Mari iria ficar instalada, estava o Félix a mexer nas suas coisas. Ele tinha um caderno cor de rosa nas mãos. Aproximei-me mais e apercebi-me de que era o diário da Mari.
-Mas onde se terá metido aquela maldita chave?-ouvi o Félix resmungar. Se fosse a ele tinha vergonha. Ler os segredos de alguém para fazer chantagem é um golpe mesmo muito baixo.
Não sei o que fazer. Não sei se lhe vou tentar tirar o diário ou se vou contar à Mari. Se tentar tirar-lho, sou capaz de me meter numa alhada. Se eu for contar à Mari, vou ficar a ser visto como um queixinhas por ela ou até mesmo pelo meu pai.
Só tenho a certeza de uma coisa. Não vou deixar que o Félix lhe faça mal ou tente ler as coisas privadas dela.
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