Pov. Adrien
Não sei o que devo fazer. Estou com altas dúvidas. O meu coração diz para lhe ir tirar o caderno, mas o cérebro diz-me para o denunciar.
Acho que vou seguir o que me diz o meu coração. Denunciá-lo seria um golpe demasiado baixo e estúpido.
Entrei de rompante no quarto e deixei-o de boca aberta.
-A-adrien? O que fazes aqui?-disse ele escondendo o diário atrás das costas, em vão.
-Posso fazer-te a mesma pergunta. O que fazes com o diário da Mari atrás das costas?
-Tu não tens nada haver com isso. Mete-te na tua vida, mazé, oh Adrien.
-E tu começa a pensar em meter-te na tua. Não me parece que estejas a tentar ver a vida privada da Mari, nem nada do género.-disse eu irónico.
-Sai daqui!- gritou-me ele serrando os punhos.
-Nem penses nisso.- disse eu já me preparando para uma luta. Sempre que o Félix serra os punhos, é porque vai haver uma luta.
Ele largou o diário no chão e avançou para mim. Tentou dar-me um tapa na cara, mas eu desviei e dei-lhe eu o tapa na cara. Isto eufureceu-o e ele veio logo de seguida dar-me um soco na barriga, e desta vez acertou. Cambaleei uns passos para trás, mas aproveitei o balanço para lhe fazer um movimento tesoura e derrubá-lo no chão.
Tenho que admitir que apesar dos meus poderes de Chat noir terem aumentado a minha capacidade de luta, foi muito díficil de derrotar o Félix. Eu nem sei bem se o derrotei, só sei que a luta acabou com ele no chão. O meu pai chegou com a Mari atrás dele e espantou-se a ver aquela cena.
-O que aconteceu aqui? Não me digam que andaram às turras.-disse ele com um ar desaprovador.- O Félix levantou-se e pôs-se ao pé de mim a algum custo.-O que aconteceu aqui?-gritou o meu pai.
-Foi o Adrien que estava a mexer nas coisas da Marinette. Felizmente eu apareci, e ia contar-lhe, mas o Adrien começou uma luta comigo antes disso. –olhei incrédulo para ele. Como era capaz de dizer tal mentira? É normal que tive de me defender.
-Que mentiroso! Eu estava lá em baixo convosco e ouvi um barulho, por isso vim cá para cima para saber de onde vinha. Como o barulho vinha do quarto da Mari, e ela não estava lá, eu espreitei pela fechadura e vi o Félix. Ele estava com o diário da Mari na mão e procurava a chave para o abrir. Eu entrei e tentei que dovolvesse as coisas, mas em vez disso, ele quis começar uma luta comigo.- contei eu sendo sincero.
-Eu já nem sei em quem acreditar. Vou ver às câmaras de vigilância, se o Adrien espreitou pela fechadura, e aí vou saber quem tem razão. – apesar de todas as coisas que o meu pai já me fez, não posso deixar de dizer que ele é um génio. Pode não ser lá muito justo comigo, mas é nestas discussões de família.
O pai saiu do quarto e o Félix foi atrás dele, tentando convencê-lo de que eu é que tinha feito as coisas erradas, e que não era preciso ver pelas câmaras para saber isso.
Eu próprio is sair do quarto, quando senti uma pequena mão cutucar-me o ombro.
-Adrien, posso falar contigo por um instante?-eu não acreditei no que estava a ouvir. A minha Marinette queria falar comigo!
-Claro! Achas que fui eu que te tentei tirar o diário não foi?-perguntei eu um pouco desanimado, mas feliz por estar a falar com ela.
-Achas que sim? Eu sei muito bem do que o Félix é capaz. Já o conheço bem.- lembrei-me de que só a minha personalidade de Chat noir é que sabia da história, por isso, tinha de me fazer desentendido.
-Ai já? Ele só entrou à pouco tempo para o colégio.-disse eu fingindo confusão na minha cabeça.
-Eu já o conhecia antes dele ir para essa escola do outro lado do país. Talvez um dia eu te conte a história. Mas agora, eu tenho mesmo de te dizer uma coisa.-o tom de voz dela começou a ficar mais sério, o que não me agradou lá muito.
-Estás a deixar-me preocupado, o que foi?
-Eu estive a pensar muito no que tem acontecido nos últimos tempos. A nossa discussão, o Félix, o Nath, as sessões de fotos, o teu pai, a tentativa de me assassinarem, e a Chloe. Isto é muita coisa para aguentar, mas tenho de conseguir. Voltando ao assunto, acredito que tenhas sido sincero ao pedir-me aquelas vezes todas desculpa, e também não fui lá muito correta. Quero pedir-te desculpas pela maneira como te tratei, e quero que saibas que se tu quiseres perdoar-me podemos voltar a ser amigos.-fiquei a olhar para ela, ainda chocado com as suas palavras.-Então? Não vais dizer nada?
Eu não sei o que me deu, mas agarrei-a e dei-lhe o maior abraço da minha vida.
-É claro que te perdoo Mari. Apesar de não teres feito nada de mal. Eu é que fui o parvalhão, e estava mesmo muito zangado de o meu pai não me deixar ir ao passeio. Aquilo que eu disse foi tudo pura raiva. Foi tudo mentira.
Ao contrário do que eu esperava, ela retribui o abraço e encaixou a cabeça no meu ombro.
-É claro que fiz. Eu estive a ignorar-te e até te dei um tapa. Chamei-te variados nomes e disse coisas que não devia. Eu não sou assim, mas estava dominada pela raiva. Estou mesmo arrependida.
-Eu também estou muito arrependido. Perdoas-me pelo que eu te disse?
-Sim. E podemos voltar a ser como eramos antes? E desta vez sem discussões e gaguejos?- eu por acaso queria que os gaguejos voltassem, pois isso queria dizer que ela gostava de mim, mas se a única maneira de me voltar a aproximar dela é esta, então que se lixem os gaguejos.
-Sem sobra de dúvida que sim!- saímos do abraço, que me estava a saber melhor do que nunca.
- E então... queres ser o meu par na viagem até Barcelona?- eu queria mesmo muito aceitar, mas como iria convencer o meu pai, depois daquilo de que o tinha acusado?
-Eu não sei Mari... O meu pai não me quer deixar ir. Ele diz que é muito perigoso.-disse eu desanimado.
-Talvez eu possa arranjar uma solução.-disse ela pondo a mão no queixo e começando a pensar. Parecia mesmo a Ladybug quando está a pensar em algo para derrotar os Akumas.-Já sei!
-Tiveste alguma ideia que possas partilhar comigo?-perguntei eu curioso.
-Poder partilhar até podia, mas prefiro que seja uma surpresa. Para te recompensar pelo que fiz.- só a Mari para me eixar curioso desta maneira.
-Eu não custumo entrar muito nestas coisas de recompensas e de surpresas, mas desta vez aceito.- disse eu já mais confiante a falar com ela.
-Mas alguém disse que era preciso tu aceitares?- disse ela entrando na brincadeira.
Quando eu ia responder, o meu pai entrou pelo quarto adentro com uma expressão séria no rosto. Quase de certeza que o Félix me conseguiu culpar.
-Adrien, peço imensas desculpas por te ter culpado ainda à pouco. Nas câmaras via-se que tu espreitaste pela fechadura, e que o Félix não entrou depois de ti. Ainda bem que foste sincero. Estou muito orgulhoso de ti.- ele deu-me duas palmadinhas nas costas e saiu do quarto.
Logo de seguida, o Félix entrou no quarto, e começou a pedir desculpas.
-Peço desculpas Mari. Não devia ter mexido nas tuas coisas e ter acusado o Adrien, mas estava muito curioso.-logo de seguida, ele virou-se para mime fez uma carranca. Preparou-se para sair, mas o pai entrou de novo no quarto e cruzou os braços à espera.- Desculpa-me Adrien, não devia ter feito o que fiz, não devia ter iniciado a luta, e não devia ter-te acusado de tudo o que aconteceu.
-Por mim estás desculpado.- disse eu. O meu pai saiu logo de seguida do quarto e seguiu para o seu escritório.
-E tu Mari? Não vais desculpar o teu Breaky?-disse ele armando-se em bom, ou então tentando fazer-me ciúmes.
-Claro...-ele fez uma cara vitoriosa.-...Que não.-eu sorri ao ouvir a sua resposta e por ver a cara de estúpido do Félix se fechar.
Eu não me contive e comecei a rir. Pensava que a Mari não ia gostar muito da minha reação, mas ela também riu um pouquinho. Eu e ela saímos do quarto, e eu continuei com a apresentação da casa, que tinha sido deixada a meio.
Pov. Marinette
Estou muito feliz pelo Adrien me ter perdoado.
Aquele Félix tentou acusá-lo, mas só nos fez ficar mais amigos. Como é que ele se atreve a roubar o meu diário? Ainda bem que o Adrien estava lá para o impedir, senão, o Félix ia descobrir que eu sou a Ladybug e provavelmente chantagear-me como custumava fazer.
Tenho de agradecer isto ao Adrien. Se não fosse ele, o meu maior segredo podia ser revelado. Mas não lhe posso contar porque estou a agradecer.
Ele continuou a apresentar-me a casa e guardou o seu quarto para último. Eu já tinha estado lá várias vezes como Ladybug, mas tive de fingir surpresa, apesar de a ter sempre que lá entrava.
O quarto dele era quase tão grande como a minha casa. Na parede esquerda, tinha uma pista de skate. Por todo o quarto tinha estantes com variados livros, tanto de ficção, como de aventura ou romance. Não conhecia este lado mais romântico dele, não ao ponto dele ler livros sobre isso. Na parede direita, estava uma porta, que dava a uma casa de banho, e ao lado uma arena de treino. Provavelmente, a arena devia servir para ele treinar esgrima sozinho. No quarto, havia ainda sofás, consolas, e variadas coisas que um adolescente sonhava ter. Apesar das coisas muito fixes que havia, a minha coisa favorita naquele quarto era a grande janela.
Através da janela, podia ver Paris de uma ponta à outra. Era magnífica aquela vista. Eu perdia-me nela sempre que olhava.
-Então? O que achas do meu quarto?-perguntou ele enquanto ajeitava a gola da sua camisa.
-É muito grande e espaçoso. É o maior quarto que já vi na minha vida. Mesmo assim, gosto mais do meu. Não leves isto a peito, ouviste?
-Muitas das vezes o problema deste quarto é eu estar sempre nele sozinho. O facto de ser mais pequeno como o teu é bem bom. Sentimo-nos mais... aconchegados.-disse ele baixando a cabeça.- Antes da minha mãe se ir embora, nada era assim. Ela vinha todas as tardes brincar comigo e com o Félix. Às vezes, ela trazia o meu pai. Muitas das vezes, ela convidava a Chloe, já que a mãe dela era a sua melhor amiga. A minha mãe desapareceu um ano depois da mãe da Chloe. Se ela já se agarrava muito a mim, aproveitou essa desculpa para se agarrar ainda mais. O meu pai isolou-se do mundo e praticamente não fala comigo. O Félix foi-se embora para o outro lado do país e fiquei sozinho com a Chloe. Ela convenceu-me de que era a minha única amiga, até eu chegar ao colégio. No início, fui por desobediência ao meu pai, mas quando lhe expliquei as razões ele já aceitou melhor.
Nesse dia, estava muito feliz por fazer amigos novos, apesar da Chloe não querer lá muito isso. Quando vi as maldades que ela fazia às pessoas, tentei afastar-me um pouco. Quando cheguei à sala, vi que ela estava a pôr uma pastilha elástica no teu lugar, por isso tentei tirá-la até tu chegares. A partir daí tu já sabes a história.- eu estava chocada com aquilo que o Adrien me tinha acabado de contar. Eu sabia que a vida dele era complicada, mas não sabia que tinha tantos problemas.
-Sim, eu já sei o resto. Se precisares de desabafar sobre alguma coisa, eu estou ao teu dipor, ok?
-Ok. E muito obrigada por me teres ouvido. Não são tantas as pessoas que têm essas capacidades de audição.- apesar do comentário ser triste deu-me vontade de rir. Eu soltei um risinho, mas consegui disfarçar.- Eiii, estás-te a rir de quê? Isto não tem piada!
- Eu não me ri.-menti eu.
-Ai ai, até já oiço coisas. Ainda no outro dia as vi.- fiquei curiosa.
-Como assim viste? Não me digas que viste um fantasma!-disse eu na brincadeira.
-Por acaso não. Pareceu-me ver uma luz vermelha a entrar na tua mala.- este comentário gelou-me da cabeça aos pés. A luzinha que ele tinha visto devia ser a Tikki. Reparei que dentro da minha bolsa, a Tikki também deixou de se mexer. Tentei disfarçar.
-O quê? Deves mesmo andar doente! Desde quando é que se vê luzes vermelhas a entrar nas malas? Ainda por cima na minha! Tenho a informar-te que eu vejo a minha mala todos os dias e nunca encontrei nada de paranormal.
-Eu sei que estou a dar em doido. Tenho atividades a mais. Não tenho quase tempo nenhum para descansar, e tenho de fazer uma dieta rigorosa, onde não posso comer nada de doces, ou salgadinhos. Antigamente, a minha mãe fazia os melhores rissóis da cidade. Tenho tantas saudades dela.
Naquela altura, eu só conseguia ter pena do Adrien. Por mais que tentasse, não me conseguia surgir outra coisa, senão encontrar uma solução para a encontrar.
Mas foi então que me surgiu uma ideia. Uma ideia que me iria animar tanto a mim, como ao Adrien. Especialmente, ao Adrien.
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