Pov. Adrien
A Marinette é… sonâmbula. Eu mal posso acreditar.
Mas agora estou um pouco preocupado, pois dizem que os sonâmbulos por vezes, como não sabem o que estão a fazer, se atiram da janela ou saem de casa.
Bati à porta, e deixei de ouvir a voz lá dentro. Tentei abrir a porta, mas esta estava trancada. Comecei a entrar em pânico, por isso comecei a sussurrar baixinho pela fechadura da porta.
-Mari, Mari. Estás aí? Já estás a dormir?
Não esperei muito até ouvir uma resposta.
-Adrien, já é hora de dormir. Vai para a cama.
-Mas eu encontrei um botão do teu casaco no meu quarto e gostava de to devolver.
Comecei a ouvir uns passos vindos do corredor. Pelo passo pesado que ouvia, aquele era o meu pai.
-Mari deixa-me entrar. O meu pai vem aí. -ouvi a fechadura a destrancar e a porta abriu-se. Uma mãozinha pequena agarrou-me a manga do pijama e puxou-me para dentro.
Eu não consegui manter o equilíbrio, por isso caí. Quando me levantei, vi que a Mari tinha vários tecidos espalhados pelo quarto. O caixote do lixo ao pé da secretária dela estava cheio. A máquina de costura tinha ares de quem tinha sido usada há algum tempo.
Olhei para a Mari e ela estava com uma cara de desconfiança.
-Onde está o botão? – disse ela esticando a mão para mim.
Procurei o botão pelos bolsos do meu pijama, mas não o encontrei.
-Ahm, deve ter caído. Vou ver debaixo da cama.
-Eu ajudo-te a procurar. -Ela baixou-se e começou a ajudar-me a procurar.
Ao fim de algum tempo, encontrámos o botão. Estava debaixo da cómoda recém-nova da Mari. Como eu tinha os braços maiores, não consegui chegar-lhe, por isso pedi à Mari. Num abrir e fechar de olhos ela já o tinha nas mãos.
Ao levantar-se, ela encarou-me. Eu não sei bem o que aconteceu, mas fui-me inclinando para a frente e quando estava prestes a beijá-la, ela pôs a sua mão na minha boca e afastou-a.
-Adrien Agreste, o que pensavas que ias fazer? – disse ela com um olhar incredulamente incrédulo. Eu corei logo, estava mesmo muito envergonhado
-Desculpa Mari. Eu juro que foi sem querer. Sabes que mais, eu, ahm, vou dormir, já se faz tarde. Adeus! – eu saí rapidamente do quarto dela e fechei a porta.
-Adrien Agreste! Que atrevido! A tentar beijar uma menina tão inocente. Devias ter vergonha! – disse o Plagg entre muitos, muitos risos. – Foi muito divertido ver a tampa que ela te deu. Devias ter visto a tua cara. Hihihihihi.
-Já chega Plagg. Eu não sei o que me deu na cabeça para a tentar beijar…-fui interrompido.
-Pois, tentar. Hahahahahah. – ele começou a rebolar no chão de tanto rir.
-Plagg, por favor. Eu estou mesmo muito envergonhado. – ele não me ligou e continuou a rir, já irritado, eu disse – Tenho a certeza que a Kwami da Ladybug não faz isso ao pedido do seu portador.
O Plagg parou de rir e fez uma cara muito séria. Ele voltou a flutuar no ar e a sua cara não demonstrava qualquer aparição de sorriso ou emoção.
-Desculpa Adrien. – depois de ver como o tinha deixado, arrependi-me.
-Ohh Plagg, eu não te queria deixar assim. Desculpa-me. Eu não deveria ter sido tão severo contigo.
-Não faz mal. E tu até tens muita razão no que dizes. Eu comparado com a Tikki não sou nada. Ela é obediente enquanto eu só um pedaço preto voador com fedor a Camembert. – ele baixou a cabeça e os pequenos bracinhos de Kwami e pude ver uma pequena lágrima a rolar-lhe cara abaixo. Isto fez-me sentir ainda pior do que já estava.
-Não Plagg. Não te desvalorizes. Pelo que eu sei, tu e ela têm igualmente poderes tão fortes. E lá seres um gatinho preto, desde que tu vieste para mim, só me deste alegria na vida. Eu não me imagino sem ti. – ele fez uma carinha mais animada e um pequeno sorrisinho malandro voltou a erguer-se no seu rosto.
-Tu és o meu portador preferido, sabias? – disse ele fixando os meus olhos.
-Claro que sabia. Que Kwami não gostaria de me ter como portador?
-Ai Adrien, já parecias eu a falar. Não sejas tão convencido, pensa só na sorte que tiveste em ficares comigo como teu Kwami. Não ias gostar nada de ser o portador do Wayzz. Ele é chato e um grande marrão.
-Ahm, podemos continuar esta conversa no meu quarto? É que já se faz tarde e eu tenho muito sono.
-Vamos lá. Mas aviso-te já que temos uma grande conversa pela frente.
Eu fui tentando mentalizar-me do compromisso que tinha com o Plagg. Parecia que ia ser uma longa noite bem longa, mas se pudesse saber algumas coisas sobre os outros portadores, isso podia ajudar nas lutas e combates que tenho de fazer e enfrentar todos os dias.
Quando chegámos ao meu quarto, eu sentei-me na minha cama e encostei-me a uma almofada bem fofa. Enquanto o Plagg estava a comer o seu delicioso Camembert, eu fiquei a pensar no beijo, quero dizer, no quase beijo que estava prestes a dar à Mari.
Ela não está apaixonada por mim, e acho que nunca mais se irá apaixonar por mim como Adrien. Talvez tenha uma hipótese como Chat Noir, só não a quero magoar. E aquele Félix… Ai que raiva que se me dá ao pensar nele e no que fez à minha princesa.
Depois de pensar em tudo isto, olhei para o Plagg e ele já estava sentado à minha frente.
-Como vai a vida Adrien? Os filhinhos estão bons.
Distraído como eu estava, respondi:
-Sim e os teus? Espera, o quê?
O Plagg soltou mais umas risadinhas e pôs-se em posição de sábio.
-Está na hora de saberes mais acerca da minha espécie.
-Podes começar. – incentivei-o eu.
-Ao todo somos sete. Eu, a Tikki, o Wayzz, a Foxy (Trixx), o Nooroo, a Duusu e a Bee. A Bee e a Duusu são minhas amigas e têm uma personalidade impecável. O Nooroo é muito controlador sobre os outros, tal como a Foxy, mas lá no fundo eles não são assim tão maus. Apesar do que me fizeram, se me pedirem desculpas eu perdoo-os e voltamos a ser amigos como antes. O Wayzz, por sua vez é um chato e um grande marrão. Quando nós vivíamos todos em harmonia, tu nem imaginas o que ele fazia. Ele elaborava uma lista mental de regras que tínhamos de cumprir. Sempre foi horrível ter de ter tantas regras. Eu gosto de ser livre e de fazer o que eu quiser. Mesmo assim, o Wayzz é altamente confiável e um grande amigo. – ele parou um bocadinho para pensar.
-Se quiseres parar podes parar. – disse-lhe eu sabendo a Kwami que se seguia.
-Não. Está tudo bem, eu estava só a recuperar o fôlego. A Tikki é muito confiável, simpática e gosta de fazer sempre a escolha acertada. Nunca me lembro de ter feito mal a ninguém, nem de ter afetado nenhum portador no passado. Depois do incidente, ela quis isolar-se para ninguém ficar preocupado com ela. Assim, ela não dava preocupações nem se preocupava a si mesma.
-Agora só falta falares de um Kwami.
-Qual? Eu não referi todos? – disse ele pondo uma mão no seu narizinho de forma pensativa.
-Claro. Esqueceste-te de referir o Kwami mais gato de todos.
-Ah, pois foi. O Plagg é um Kwami muito exemplar e come queijo Camembert com muitos modos. Ele é o Kwami mais giro e fofo de todos e não gosta de arranjar confusões na escola do seu portador. – quando ele disse aquilo, não consegui evitar os risos que já estavam encravados na minha garganta à algum tempo. Ele estava a referir-se ao incidente com a pulseira da Chloe. (episódio do Robocop).
- Ahm, Plagg, podes falar-me da personalidade da portadora da Tikki. – lembrei-me de que cada portador tinha de ter uma personalidade.
-Posso. Normalmente as portadoras do miraculous da Ladybug são tímidas, mas muito gentis. Um pouco desastradas, mas com grande arte para usarem aquele ioiô. – lembrei-me de imediato da Marinette. Será que ela é a Ladybug? Não, não pode ser. A Mari é fofa e frágil demais para ter esse trabalho de super-heróina.
Pov. Marinette
Apanhei um susto quando o Adrien pediu para entrar. A Tikki escondeu-se rapidamente e eu puxei-o para dentro sem mesmo ele perceber.
Ele caiu estatelado no chão e disse que me vinha devolver o botão caído do meu casaco. Como ele já não tinha o botão consigo, ficámos à procura dele por algum tempo. Depois de o encontrámos, eu encarei-o estranhamente e logo a seguir, ele inclinou-se para me dar um beijo. Se fosse há um mês atrás, eu teria aceitado o beijo sem hesitações, mas eu e ele tínhamos uma ligação de ser só amigos.
Afastei-o com a minha mão e disse-lhe:
-Adrien Agreste, o que pensavas que ias fazer? -ele corou na hora e ficou totalmente envergonhado.
-Desculpa Mari. Eu juro que foi sem querer. Sabes que mais, eu, ahm, vou dormir, já se faz tarde. Adeus! – ele apressou-se a sair do quarto.
A Tikki saiu do seu esconderijo e veio ter comigo.
-Tu viste o que aconteceu Tikki? – ela confirmou com a cabeça.
-Ele foi muito atrevido. Veio cá para te dar um botão, mas queria mais alguma coisa. Eu corei violentamente.- Ele queria um beijo teu Marinette.
-Achas que fui muito dura com ele?
-Não. Para quem tentou beijar-te, acho que foi merecido. Não te preocupes. Preocupa-te antes com o facto de amanhã teres de acordar cedo para passares na casa dos teus pais. Vai já para a cama! – disse ela num tom autoritário e brincalhão ao mesmo tempo.
-Sim, eu vou já. – pus a minha nova gabardine em cima da secretária, juntamente com a roupa que iria vestir no dia seguinte.
Deitei-me na minha cama nova. Aquela era daqueles modelos que têm comando e levantam quando carregamos num botãozinho de um comando. Há minha frente, havia uma televisão gigante. A minha tentação de ver um pouco era muita, mas o meu cansaço fez-se ouvir mais alto.
Acabei por adormecer a pensar no quase beijo do Adrien e em como seria o dia seguinte.
Se eu o tivesse deixado beijar-me, o que será que se passava neste momento? Tenho de conseguir esquecer este assunto antes que me corrompa toda por dentro.
Para o esquecer, comecei a pensar em como iria ser o dia seguinte. A estreia da minha gabardine nova, a tentativa a sermos detetives, o ter de aturar a Chloe, ter de ser a guia do Félix até ele conhecer a escola por completo… Ahfff, vai ser cansativo.
E acabei por adormecer.
Pov. Félix
Após o jantar, subi para o meu quarto rapidamente. Peguei no meu telemóvel e preparei-me para mandar a mensagem à Chloe.
Quando carreguei no botão para ligar, o telemóvel estava sem bateria. Grunhi de insatisfação. Pus o telemóvel a carregar e mandei uma mensagem por whatsapp à Chloe. Vi que ela não estava online desde há dois meses para cá, por isso tive de tomar outras precauções. Dirigi-me às mensagens e tentei mandar-lhe uma. Infelizmente, estava sem saldo, por isso tive mais uma carga de trabalhos em conseguir fazer passar-me pelo meu pai na internet, para me carregarem o meu telemóvel.
Por fim consegui mandar-lhe uma mensagem de texto.
A mensagem era curta, mas acho que fazia sentido.
“Olá Chloe,
Daqui é o Félix. Deves estar a pensar que eu vou fazer-te algo ou pregar-te uma partida, mas não é para isso que te estou a contactar hoje.
Eu tenho um plano para tu poderes ficar com o Adrien e eu poder ficar com a Marinette. Eles não estão juntos, mas o Adrien gosta dela.
Se quiseres entrar na minha onda, vem ter comigo ao parque amanhã.
Estarei à tua espera.
Até amanhã.
Félix”
Não sei se ela se vai dignar a ler a mensagem toda, mas tenho de ter esperança. Se ela não vir, eu definitivamente vou dizer que foi o destino que está contra mim.
Não é normal eu ficar sem saldo, nem é normal eu ficar sem bateria, nem é normal acontecer-me isto num só dia.
O meu plano também não é normal, e nem mesmo eu sou normal. O que sei é que quando se é anormal, se consegue o que se quer. E eu vou conseguir a Marinette, ou não me chamo Félix Agreste.
Se alguém se tentar pôr no meu caminho, isso logo se vê. A única probabilidade de isso acontecer é de ser o Adrien ou aquele Chat Noir que eu vi com a “sua princesa” ou a partir de hoje, MINHA princesa.
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