Capítulo 21- Reviravoltas amorosas
Pov. Narradora
Marinette acordou bem cedo. Ela queria passar pela sua casa para ver se estava tudo em ordem para se o Adrien aceitasse a proposta, que estava na carta dentro da gabardine, dentro do armário dele.
Depois de alimentar a Tikki, Marinette desceu as escadas silenciosamente e foi apanhada de surpresa pelo senhor Agreste.
-Marinette? Bom dia. O que estás a fazer aqui a estas horas?
-Eu vou passar pela minha casa, por isso vou mais cedo para não chegar atrasada às aulas.
-Já comeste alguma coisa?
-Não.
-Queres fazer-me companhia. Eu prometo que não vamos demorar muito tempo.
-Ahm… Ok.- dito isto, Marinette acompanhou Gabriel até à cozinha.
Depois de um rápido, mas completo pequeno-almoço, Marinette saiu de casa com a sua gabardine preta com detalhes de cor vermelha. Num pequeno saquinho, colocou os chapéus de inspetores que tinha feito para si e para o amigo e levou a sua mala às costas.
Ela continuou a caminhar e só parou quando chegou a sua casa.
Lá dentro, verificou que estava tudo em ordem, apesar de tapado e escuro. Arrumou o seu quarto o mais que podia, pois não tinha tido tempo de o fazer à dias atrás e regou as plantas que a mãe lhe tinha encarregado de regar.
Após este trabalho, deixou os chapéus guardados numa gaveta da sua secretária e desceu as escadas. Verificou que todas as janelas estavam fechadas e saiu outra vez para a rua. Teve o cuidado de trancar a porta, não fosse alguém se lembrar de assaltar a casa.
De seguida, dirigiu-se para a escola, com a Tikki no bolso interno que ela tinha feito de propósito para ela na gabardine.
Pov. Adrien
Acordei de manhã desanimado. A falta e saudades da minha mãe eram extremas e era tudo demasiada dor só para mim. Depois de fazer a minha higiene matinal e de dar o tão desejado queijo camembert ao Plagg, eu dirigi-me ao armário.
Como sou um modelo preguiçoso, nunca escolho a roupa que vou vestir no dia seguinte.
Quando abri o armário, fui chamado à atenção por uma gabardine. A gabardine era preta e tinha detalhes verdes. De algum modo me fazia lembrar a Marinette.
Elevei a gabardine no ar e de lá caiu um envelope todo bonito com uma letra que eu conheço de cor e salteado. A letra da Marinette.
Abri o envelope e deparei-me com uma carta. Apesar de estar triste, a felicidade de receber algo vindo de quem eu gosto apoderou-se do meu corpo.
Comecei a ler a carta e lá dizia o seguinte:
“Meu amigo Adrien,
Fiz-te este pequeno presente porque sei muito que queres encontrar a tua mãe. Não sei se reparaste, mas é uma gabardine de inspetores, com chapéu incluído. Eu fiz um igual para mim.
Provavelmente só vais ver esta carta de manhã, quando eu já devo ter saído de casa para passar pela minha. Na escola, não vamos ter oportunidade de nos falarmos, pois vou ter de ficar com o teu irmão Félix.
Pede ao teu pai para o Gorila não te ir buscar hoje. Diz que vens dar um passeio comigo depois das aulas. Depois, se ele aceitar, vem ter à minha casa à tarde. Eu estarei à tua espera e faremos a nossa primeira reunião de inspetores. Cuidado com o Félix, não o deixes seguir-te.
Até lá,
Marinette.”
A ideia era tentadora e irrecusável. Quem não aceitasse o que lá dizia devia ser louco.
Virei-me de seguida para o armário, pois a Mari tinha escrito sobre um chapéu.
Vasculhei um bocadinho mais atrás e encontrei-o. Era lindo e tinha uma tirinha verde da cor dos pormenores da gabardine.
Sem hesitar, vesti a gabardine. Ela assentava-me que nem uma luva. Meti o chapéu de seguida e tinha a medida exata da minha cabeça. Olhei-me ao espelho e vi um verdadeiro inspetor.
Aquela vestimenta lembrou-me de súbito do Chat Noir e da liberdade que sentia ao tê-lo“ sobre o pelo”.
Não sei se ela já saiu de minha casa, mas tenho de tentar vê-la antes de chegar à escola.
Desci as escadas a correr e tive de travar bruscamente quando o meu pai se meteu à minha frente.
-Bom dia pai. Por acaso não viu a Marinette?-perguntei muito bem-disposto.
-Bom dia filho. Eu vi-a à mais ou menos meia hora. Ela saiu e se bem me lembro foi a sua casa.- o meu sorriso ficou um pouco mais pequeno, mas não desapareceu por completo. Eu nunca desisto.
-Acha que se eu for de carro ainda a apanho?
-Não sei o que ainda estás aqui a fazer. Ela foi a pé, talvez ainda a apanhes.
-Obrigado pai. Até logo!-mal disse isto, corri até à porta e saí de casa. Corri até ao carro e pedi ao gorila para ir o mais rápido possível, mas sem exceder os limites de velocidade até à casa da Mari.
Quando lá cheguei, toquei à campainha mas ninguém veio atender-me. Toquei de novo, pois se a Mari lá estivesse podia não ter ouvido. Mais uma vez, ninguém me veio abrir a porta.
Espreitei pela janela e vi tudo calmo e escuro. Quase tudo estava coberto por panos brancos para não acumular o pó. Não havia sequer um único sinal de vida.
Desanimado, entrei de novo no carro e pedi ao Gorila para me levar até à escola.
Dirigi-me ao portão depois de lhe desejar os bons dias e entrei de seguida.
Muitas pessoas, especialmente as raparigas olharam para mim. Sempre foi assim, infelizmente. Desde que cheguei a esta escola, recebo muitas declarações escritas ou cartas de amor. A Marinette e a Chloe foram as únicas que se declararam de verdade e como deve ser para mim.
A Chloe, estou a recusá-la desde criança. Quando entrei na vida de modelo, ela começou a atirar-se muito e sempre a dizer que me amava. Toda a gente sabe o que ela ama na verdade. O poder e o dinheiro.
A Marinette… Ai a minha princesa… foi o maior erro da minha vida tê-la recusado e humilhado daquela forma. Arrependi-me logo a seguir e apercebi-me que a amava. Pelo menos consegui reconquistar a amizade de novo. Talvez um dia avance para algo mais.
Um toque no meu ombro interrompeu os meus pensamentos. Era o meu melhor amigo Nino.
-E aí mano. Tudo bem contigo?-perguntou ele com os seus fones pendurados e com o boné na mão.
-Sim e contigo? – perguntei eu tentando disfarçar o aborrecimento de não encontrar a Mari com os meus olhos (com a minha visão).
-Também. Estás à procura de alguém?
-Da Marinette. Por acaso não a viste?
-Sim. Ela chegou à bocado e estava a conversar com a Alya.- comecei a andar, mas o Nino puxou-me de volta. – Mas o teu irmão chegou e ela agora está com ele.
-Bolas! Tenho de lhe dizer uma coisa.
-Ai ai ai Adrien. Se queres namorar com a Mari já me podias ter dito antes.
-Por que é que dizes isso?-estranhei eu.
-Ela gosta de ti, ou gostava. Eu já não falo muito com ela. Só com a Alya. Ela contou-me que a Marinette não está muito contente contigo.
-Pois, eu sei. Houve um pequeno mal-entendido e ela ficou zangada comigo. -eu estava a ficar já todo embaraçado de ter de contar ao Nino o que realmente tinha acontecido, por isso tentei desviar o assunto ligeiramente. – E tu e a Alya?
-Ahm… -ele começou a ficar vermelho que nem um pimentão. Com que então ele gosta da Alya.
-Falas de mim, mas no final também gostas da Alya. Hahahaha.
-Não sejas assim Adrien- disse ele super vermelho. Quase que pude jurar que vi fumo a sair pelas suas orelhas. – Tu também gostas da Mari. -foi a minha vez de corar.
-Mas isso é diferente-ele riu-se muito, pois de acordo com as suas afirmações eu parecia uma beringela.
-Bom dia maninho. -ouvi uma voz extremamente reconhecível pelos meus ouvidos atrás de mim.
-Olá Félix. O que te trás a estares aqui? – perguntei irónico.
-Não posso simplesmente querer estar com o meu maninho preferido?- ele fingiu estar triste. – Enfim, o pai mandou-te a tua mala. És tão esquecido que nem a trouxeste.
Por de trás da alta sinueta do meu irmão, pude distinguir uma mais formosa com cabelos azuis. Era a Marinette. Reparei que trazia uma gabardine idêntica à minha. A gabardine dela era preta, só que ao invés de ter os pormenores verdes, tinha-os da cor encarnada. Ela sorriu para mim e eu sorri-lhe de volta. Quando o meu irmão se apercebeu que nos estávamos a encarar, meteu-se à minha frente tirando a Mari do meu campo de vista.
Eu ia dizer-lhe qualquer coisa, mas fui interrompido pelo toque de entrada.
A Mari começou a andar e o Félix foi atrás dela, não me deixando nunca passar à sua frente.
-Lembra-te de que ela é minha. – disse ele antes de me dar com a porta da sala na cara.
-Au!-disse eu levando a mão à cara. Aquilo realmente tinha doído. – Para que é que foi isso?
-Foi sem querer. Vai à enfermeira pôr gelo, senão acho que vou ter de te substituir na sessão de fotos. E não é que a companhia fosse muito má. – ele referiu-se à Mari de uma maneira muito abusada. A ideia de ele estar a tirar fotos no meu lugar apoderou-se da minha cabeça. Despachei-me a tirar tudo o que tinha pensado do meu cérebro e entrei na sala. O Félix tinha dito aquilo das sessões de fotos só para me assustar e gozar, eu encontrava-me em perfeitas condições.
Não bastou muito tempo para ouvir uma voz irritante atrás das minha costas.
-Adrichooou! Estou tão feliz por te ver! Tenho uma ótima notícia para te dar.
-Qual é a ótima notícia? – perguntei aguardando pelo pior. Eu olhava-a com desprezo. Ainda não me tinha esquecido da sua última tentativa de matar a Mari.
-A primeira parte da notícia é que consegui que ficássemos um ao lado do outro aqui. – a primeira parte fez-me estremecer. Tenho a certeza de que a segunda parte ainda vai ser pior. – E a segunda e melhor parte é… consegui que despedissem a professora Bustier.
-O quê? Tu estás doida? A professora Bustier já trabalhava aqui há anos. De que achas que ela vai viver agora?
-Não sei mas também não me interessa. Mas enquanto viver, vai pensar naquilo que me fez e no que recebeu em troca.
-Chloe estou farto disto. Tu não tens o direito de fazer isto à professora. Tu não tens direito de fazer mal a ninguém! – disse eu passando-me dos carretos.
-Adrichou, não sejas tão agressivo. Tu sabes que eu só faço estas coisas para o nosso bem. Para nós ficarmos juntos como devíamos estar há já muito tempo.
-Não Chloe. Tu fazes estas coisas porque és muito mimada e não tens valores nenhuns na vida. E outra coisa. Tu alguma vez me perguntaste se eu queria ficar contigo?
-Não é preciso perguntar uma coisa que já é óbvia. É óbvio que queres ficar comigo, só tens vergonha de o admitir. Deve ser porque as tuas companhias não são as melhores.
-Eu estou com quem eu gosto e com quem eu quero estar. E só quero que saibas mais uma coisa. Eu não gosto de ti e nunca irei gostar. Já nem como amigo gosto de ti. Tu és falsa. Ainda à pouco tempo tentaste matar a Mari e disseste que tinha sido ela a apontar-te a faca.
-Pois, mas isso foi ela que me provocou. Como é possível que andes com uma estúpida como esta? Vocês são de classes diferentes.
-Ela não é nenhuma estúpida. Ela é minha amiga e é sempre simpática com todos. O mesmo não se pode dizer de ti. Agora se me dás licença.
-Como assim ela é simpática? Eu sou muito melhor na simpatia que ela. Até dei um alfinete à Sabrina. Podes perguntar-lhe se quiseres. – olhei para a Sabrina, que como todos os presentes naquela sala, olhava para a nossa discussão.
-Deixa-me da mão Chloe. – disse eu avançando para o meu lugar novo sob o olhar de todas as pessoas da sala.
A Chloe sentou-se ao meu lado e cerrou os punhos. Olhei para trás e a Mari sorriu-me gentilmente. Ah, o que eu não dava por aquele sorriso…
Pov. Félix
A discussão entre a Chloe e o Adrien estava a ficar muito interessante. Decerto vai trazer mais vantagens para o meu plano de os separar. Tenho a certeza que a Chloe vai culpar a Marinette pelo que o Adrien lhe disse.
Durante a aula, não recebi um único olhar da Chloe. Conhecendo-a como eu conheço, se ela tivesse recebido uma mensagem do tipo como eu mandei, estaria eufórica hoje.
Já sem esperanças de ela me olhar, concentrei-me no que a nova professora estava a dizer.
(…) Quebra de tempo (…) Depois das aulas
A aula foi uma seca. Passei o tempo todo à espera da Chloe olhar para mim, mas não recebi uma única troca de olhares. E ainda por cima, enquanto a minha espera, notei que a Mari estava sempre a trocar sorrisos e olhares com o Adrien. Arrrrg, que raiva…
Mas espero acumular muita raiva para o meu plano ser ainda mais infalível.
O meu plano é o seguinte:
Início do plano
Com a ajuda da Chloe, (que muito provavelmente vai aceitar ajudar-me) vou comprar umas lentes de contacto verdes. Depois corto um bocado de cabelo, de maneira a ficar semelhante ao Adrien. A parte mais fácil vai ser tirar umas quantas roupas do quarto do Adrien.
Tenho que ter em mente que durante o plano a Chloe não poderá fazer mal à Marinette.
Enquanto isso, vou escrever um bilhete à Marinette em nome do Adrien. Vou escrever para ela se encontrar comigo (ou neste caso, com o Adrien) num sítio como o parque por exemplo.
A Chloe vai enviar outro bilhete em nome da Marinette ao Adrien, e assim vamos conseguir que eles estejam separados enquanto o plano esteja a decorrer.
Quando a Marinette chegar ao sítio que eu lhe pedi, vai-me ver vestido de Adrien a beijar a Chloe. Ela vai ficar desolada, e eu vou consola-la. Depois é só esperar um pouco e já a tenho no papo. Claro que eu e a Chloe nos vamos ter de nos empenhar no beijo, pois ambos não gostamos um do outro. Além disso, eu sinto asco dela.
Para reconquistar a Mari, vou começar a ser mais simpático e a ter todos os hábitos que tinha enquanto nós namorávamos.
E como eu já tinha dito antes, eu tenho sempre tudo o que quero.
Fim do plano
Já lá fora, avancei até à Chloe e cutuquei-lhe o ombro.
-Preciso de falar contigo sobre um assunto que tenho a certeza que te vai interessar.
-Vindo de ti, não me interessa nada. – disse ela cruzando os braços e empinando o nariz.
-Nem se o assunto tiver haver com o Adrien? – perguntei encostando-me à parede.
-O que tem o Adrien?
-Eu tenho um plano para o separar da Marinette. Vais poder ficar com ele só para ti.
-Qual é o plano? – apressou-se a dizer ela.
Contei-lhe o plano e vi o sorriso a formar-se nos seus lábios.
-O que é que me dizes? Aceitas? – questionei-a eu quase como adivinhando a resposta.
-Claro que aceito. Tudo para acabar com aquela vadia.
-Chloe, o objetivo não é fazer mal à Marinette. O objetivo é separá-la do Adrien.
-É quase a mesma coisa. Quando queres começar a preparar o teu plano?
-Depois do nosso passeio a Barcelona. Tenho a certeza de que vai ser a altura perfeita. – disse eu fulminando com o olhar a rapariga com cabelos azuis e o rapaz com cabelos loiros que saíam pelo portão juntos.
Pov. Marinette
A discussão entre a Chloe e o Adrien não me interessava minimamente, mas não pude deixar de a ouvir.
Adorei a forma como o Adrien me defendeu. Apesar de tudo, eu só queria chegar à minha casa rapidamente para começarmos com as investigações.
Durante as aulas, eu e o Adrien trocámos muitos olhares e sorrisos.
Para mim, a melhor parte do dia foi a de ele ter trazido a gabardine vestida. Vi que o chapéu estava arrumado dentro da sua mala. Quase de certeza que ele leu a carta.
Quando acabaram as aulas, eu fiquei a arrumar as minhas coisas, certificando-me que não me esquecia de nada. Por sorte, o Félix encaminhou-se para a saída da sala sem me pedir ou dizer nada.
O Adrien também tinha ficado na sala a arrumar as suas coisas. Quando acabou veio ter comigo.
-Olá Mari! Eu quero-te agradecer mesmo muito pela gabardine e pelo chapéu. Estão um máximo. Eu adorei. São lindos. E quanto aquilo das investigações, eu adoraria.
-Ainda bem que gostaste. Vamos andando?
-Vamos lá!
Com isto, saímos da sala e por sua vez da escola os dois ao lado um do outro. Senti o olhar do Félix a queimar sobre nós, mas ignorei.
Fomos andando de rua em rua até chegarmos à minha casa. Quando o Adrien entrou, ficou espantado.
-Esta casa/padaria já nem parece a mesma.
-Sim eu sei. Não tem a mesma cor que tinha, e já não se sente o saboroso sabor a pão.
Senti um esticãozinho na gabardine. Ah, a Tikki, esqueci-me de a alimentar!
-Adrien, eu já tenho alguma fome. Vou ali à cozinha buscar algumas cookies. Queres alguma coisa?
Ele abriu a gabardine e pareceu estar a sacudi-la. Logo de seguida, voltou a cara para mim.
-Se tivesses um pouco de camembert, eu aceitaria.
-Tens sorte de eu gostar de camembert. Só é pena o cheiro ser desagradável. – disse eu enquanto me dirigia ao frigorífico.
Quando o Adrien esteve a ver o que mais tinha mudado na minha casa, eu pus seis cookies no bolso interno que tinha feito para a Tikki.
-Desculpa ter demorado tanto tempo Tikki. Estive sempre sobre os olhares do Félix e do Adrien. Desculpa.
-Não faz mal. Agora despacha-te antes que ele desconfie de alguma coisa.
-Sim. – peguei num queijo inteiro de camembert e o resto do pacote das cookies e levei para a sala de atendimento, que agora estava encerrada.
Cortei uma fatia de camembert considerável e estendi-a ao Adrien.
-Vá lá Adrien. Eu não posso esperar o dia inteiro. Queres ou não queres? – questionei-o eu quando percebi que ele nunca mais vinha.
-Quero pois. – ele estendeu a mão e pegou o queijo da minha.
Sem dizer mais nada, eu virei-me de novo para o prato que tinha o camembert e cortei uma fatia também para mim. Quando voltei a centrar o olhar no Adrien, o queijo tinha desaparecido e ele nem estava a mastigar.
-O queijo?
-Ah, eu comi-o.
-Mas nem sequer estás a mastigar.
-Eu tenho uma mania de quase não mastigar. Coisa de modelos.
-Sabes que isso faz mal? Podes morrer engasgado.
-Sim, eu sei. Mas eu vou deixar de o fazer. Não te preocupes.
-Quem te disse que eu estava preocupada? – perguntei na brincadeira.
-Estás a dizer que não te importavas se eu morresse?
-Claro que não me importava. – ele fez uma cara de falsa tristeza. – Claro que me importava. Tu és meu amigo. –esta última palavra fê-lo murchar um pouco.
-É bom saber que somos amigos novamente. – depois de dizer isto, ouvi-o a sussurrar alguma coisa, mas resolvi não me intrometer.
-Também acho. Vamos começar as investigações?
-Vamos lá! – pedi ao Adrien para me seguir até ao meu quarto.
Quando chegámos, fui buscar uma cadeira, que pus ao lado da minha para o Adrien também se poder sentar. Liguei o computador e abri o Word.
-Qual foi o último dia em que a viste?
-Ainda me lembro como se fosse ontem. Foi no dia vinte e seis de novembro há dois anos atrás.
Continuei a fazer este tipo de perguntas e escrevi tudo num relatório. Como já estava a ficar tarde, imprimi o que tínhamos feito duas vezes e dei uma cópia ao Adrien.
-Muito obrigado. – após ele dizer isto, uma expressão de envergonhado surgiu-lhe no rosto. – Mari, ahm, desculpa… foi um… ahm, impulso… desculpa.
-Está tudo bem. Por mim podemos esquecer.
-Sim é melhor. Agora temos de ir para a tua casa. O teu pai deve estar preocupado.
-Vamos lá. – o Adrien parecia um disco riscado. Já tinha dito aquela frase três vezes hoje.
Eu saí de casa seguida do Adrien e fechei a porta a sete chaves. Começámos a andar e chegámos a casa do Adrien enquanto sorríamos das piadas que tínhamos vindo a contar.
Quando entrámos, o “pai” estava sentado nos primeiros quatro degraus das escadas e ficou surpreso ao ver-nos.
-Finalmente! Vocês sabem o quanto eu estava preocupado? Onde é que vocês estavam?
Eu e o Adrien olhámos um para o outro sem saber o que diríamos.
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