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História Rewind - Bêbado


Escrita por: elyxionir

Notas do Autor


err... oi
esquece isso de cronograma pra postagem, nao consigo cumprir msm, vou atualizar de acordo com a minha falta de preguiça, isso vai diminuir as leituras, mas de boa.

Capítulo 4 - Bêbado


Não sei quando comecei a chorar, mas no último acorde de Chanyeol percebi que estava aos prantos.

A música era sobre despedidas, faltas, saudades, memórias, tudo que sentíamos no momento, o garoto me olhava com compaixão, provavelmente já sabia que esse seria o efeito, fixou os olhos no carpete, me deixando mais a vontade para ter meus surtos.

  Queria Sehun de volta, queria abraça-lo e dizer o que sempre planejei, que não vivo sem ele, que todos esses anos fiquei com um vazio insuportável no peito, precisava colocar para fora toda a turbulência que sua falta me causava, e principalmente precisava confortá-lo da falta que eu fazia para ele.

  Eu já chorava de soluçar, encolhi as pernas, abraçando-as, Park olhou para mim e seus olhos se encheram de lágrimas, estava envergonhado pela posição de vulnerabilidade que me encontrava, mas não podem me culpar, tinha perdido meu melhor amigo, era compreensível, o garoto, que naquele momento descobri que era empático o suficiente para tentar me acalmar, aproximou-se devagar, envolvendo seus braços ao redor de mim, encostou o peito na lateral do meu corpo, colocou as mãos nos meus cabelos e começou a fazer cafunés, balançando levemente para um lado e para o outro, enquanto aos poucos os batimentos do meu coração desaceleravam e minha respiração normalizava, até conseguir me controlar e ele se afastar.

  — Melhor?

  — Sim— minha voz soou anasalada.

  — Então— levantou-se e foi até a escada, pegando algo que parecia estar em um degrau— acho que isso é seu.

  Ao ver, senti vontade de chorar de novo, era um livro preto de capa dura, peguei e estava pesado, tinha escrito de caneta branca, na caligrafia perfeita de Sehun "Causas", respirei fundo e abri, dando de cara com a foto que mais portava lembranças, foi tirada quando tudo estava bem, nos íamos um na casa do outro todos os finais de semana, tínhamos acabado de ganhar nossas primeiras câmeras, fazíamos planos para sermos amigos para sempre, éramos infinitos naquele Halloween, o último juntos, ele se fantasiou de mágico e estávamos no meu quarto, o varal de fotografias estava ao fundo para provar, o garotinho ria histericamente com os olhinhos fechados.

  Sorri e segurei o choro, a legenda era "A primeira vez que fui fotografado por um profissional".

  Sehun sempre que eu era um profissional sem me formar e disse que não tinha o mesmo talento, nunca concordei com isso, constantemente batia em sua nuca quando o Oh se inferiorizava, porque para mim ele era Oh Sehun, o garoto mais maravilhoso e incrível do mundo.

  Virei a página e minha mão foi tapar minha boca inconscientemente, era uma foto de nós dois, ele tinha um braço por cima de meus ombros e eu abraçava sua cintura, nossos rostos inchados e vermelhos indicavam que chorávamos, o uniforme da escola sujo e os cabelos de criança bagunçados, nossos sorrisos eram tristes, foi a última foto que tiramos, horas antes de sair de Seul.

  A legenda era "Ele não queria me deixar e eu não queria deixá-lo".

  Senti meu interior tensionar e meu rosto se contorcer, meu coração doía, lembrei do sentimento, odiava despedidas, nunca reagi bem a elas, era de quebrar o coração como se alguém estivesse com a mão em meu peito rasgando-o ao meio, achava que iria morrer, tirei o álbum do colo e voltei a me encolher, apenas queria chorar até a saudade passar.

  Eu sei, pode ser chato Sehun para todo lado, mas ele é realmente uma parte importante da minha vida, não sei se vocês já tiveram a sensação de perder alguém ou de temer perder alguém para sempre, naquele momento era o que sentia, era o que sentia por anos, era como um luto, não superamos o luto, aprendemos a conviver com ele. Se por acaso já perderam alguém, sabem exatamente do que estou falando, o vazio faz parte do seu peito.

  Chorava igual criança e não me importava mais com a presença de Chanyeol, a dor era tanta que apenas queria extravasar, me preocuparia com o vexame depois, por ficar vários minutos naquela situação, quando tudo passou levantei a cabeça e vi o platinado sentado em um dos degraus, ao seu lado tinha uma garrafa de Vodca, pelo rótulo, sabia que era barata e horrível, exatamente o que precisava.

  — Eu também estou nessa foto sabia?—  se aproximou e pegou o álbum, apontando para um monte de crianças no canto, para um garotinho que se destacava por ser o maior ali—  Fico estranho de cabelo escuro?

  —  Se você estudou com a gente, por que eu não lembro?—  limpei meu nariz na manga do moletom, surpreso e confuso.

  — Não tem como se lembrar de um novato quando está se despedindo—  franzi as sobrancelhas e ele percebeu que não entendi—  entrei no dia que você se mudou, no dia seguinte fiz amizade com Sehun, ele estava bem triste, depois disso acho que não nos desgrudamos mais.

   Chanyeol fazia-me questionar as coisas que aconteciam em minha vida e eu não prestava atenção, naquela foto nunca reparei em ninguém, nunca tinha visto além de mim e Sehun.

  Ele se aproximou e não disse mais nada, abriu a garrafa, bebeu um gole e me ofereceu, foi naquela noite que nos afogamos em nosso vazio em comum.

  Enquanto dividíamos, Park pegou o violão e dedilhou notas, cantarolava canções que nunca tinha ouvido e outras que até faziam parte das minhas playlist, cantarolávamos juntos, lembrávamos de algo, ficávamos quietos e depois voltávamos ao violão, foi um ciclo interminável até a ultima gota da bebida, até ele dedilhar uma música de uma das minhas bandas favoritas e eu falar a primeira palavra depois de um bom tempo.

  — Não, essa é muito boa para ser no violão— me levantei cambaleando e peguei o celular, com a vista meio embaçada por causa do álcool e da miopia que piorava a situação, coloquei a música no Youtube, o aparelho na bancada e comecei junto com o vocalista.

  Fechei os olhos e minha voz ecoava por todo o prédio, sempre me empolgava quando bebia, por mais que minha voz fosse mais suave que a do cantor, executava as palavras inteiras pelo menos, Chanyeol se junto a mim no refrão, ficando até o final da música, seu timbre grave encaixava com o da canção e nós fizemos um lindo trio, todos bêbados.

  Enquanto eu girava pelo cômodo, Park deitou no chão, fechou os olhos e ficou ali cantando, não sabia se estava tão bêbado quanto eu, mas não sei o motivo, me aproximei nos últimos versos, deitei ao seu lado, cantamos em harmonia, me apoie no antebraço e fiquei olhando o rosto do platinado, que naquela distância era muito mais nítido, consegui ver suas marcas de espinhas, o contorno de seu nariz redondinho, o formado dos olhos grandes, a boca pequena e grossa mordiscada pela ansiedade, seu cheiro era de amaciante de roupas e seu perfume era suave, o cheiro de seu hálito era apenas álcool, não sei quando, mas senti sua respiração contra meu rosto, e ali, sem pensar em consequência, fechei os olhos e eliminei a distância entre nós.

  Chanyeol colocou uma mão em minha nuca e conduzimos um beijo por breves minutos, até o vocalista dizer seu ultimo "Anyways", Park quebrou o ósculo para pronunciar a palavra a milímetros de meus lábios e eu os observei, seus olhos abriram vagarosamente, como se estivesse entre dormir e ver quem foi o doido que tinha beijado.

  Não pareceu ligar, mas quando seu olhar cruzou o meu, meu corpo saiu da poção da Vodca, me afastei de repente, Chanyeol sentou devagar e me levantei na velocidade da luz, ele parecia confuso e eu estava envergonhado, "não basta ter tido uma crise na frente do estranho, precisava beija-lo também?"

  Sai do lugar correndo, ouvi o maior chamar meu nome, ignorei e fui até o descampado, fechei a porta e encostei minhas costas nela, respirei fundo e senti o cheiro horrível que exalava de mim, bebida era ruim e não cheirava bem, a sorte que o efeito compensava.

  Suspirei, não sabia o que fazer, coloquei as mãos no cabelo, como sempre faço quando fico frustrado, precisava sair da zona de perigo de Park Chanyeol, sai correndo em direção a rua, lembrei da conveniência na rua principal, era ali que precisava chegar.

  Corri um pouco, cansei e fui andando uns quarteirões até chegar, com a cabeça ainda girando um pouco e meio perdido nos meus atos, entrei na loja e fui até o caixa.

  — Tem algum telefone que posso usar? Estou sem crédito— nunca tinha crédito no meu celular.

  A atendente que poderia estar entediada ou chapada, não consegui distinguir, me ofereceu seu celular e disquei com um pouco de dificuldade o número de Kyungsoo.

  — Alô?

  — Tem como vir me buscar?

 — Puta merda Baekhyun— ouvi-o bufar— Aonde você está?

 —Que lugar é esse moça?— a mulher disse que era Kim Corte, 187 e disse ao meu amigo— eu vim com Chanyeol.

 — E por que ele não te traz de volta?— ouvi as chaves e uma porta fechando, Kyung estava irritado provavelmente.

  — Longa historia.

  — Fez merda?

  — Fiz.

  —Não sai dai que já estou chegando.

 

XX

 

  — Aonde você foi se meter, sua anta?— Kyungsoo já me atacava antes mesmo de eu entrar no carro.

  Não respondi e me arrastei para o banco do passageiro, minha cabeça começava a doer e minhas pernas ainda estavam um pouco com se estivessem flutuando, lembrei da sensação de beijar Chanyeol, meu cérebro tinha parado de processar a música, todos os meus sentidos estavam focados em seus lábios contra os meus e sua mão em minha nuca, em minha mente não tinha um único pensamento, meu corpo não tinha nenhuma reação, era como se eu apenas estivessem sentindo aqueles toques e nada mais importava.

  Foi um impulso, era como se o universo tivesse cochichado aquilo no meu ouvido e sem pensar fiz, tive sorte de pelo menos ter sido correspondido, seria um vexame se Park Chanyeol me desse um murro e falasse que eu era um tarado doido ex melhor amigo de Oh Sehun.

  — O que você fez em?

  — Fui em um lugar com seu amigo.

  — Chanyeol...?— arregalou os olhos— Baekhyun, Chanyeol é quase que um encantador de serpentes.

  — O quê?

  — Ele foi bem conhecido no ensino médio por provocar e depois recuar, é muito difícil ao menos beijar ele, poucos conseguiram— franzi a sobrancelha e encarei meu amigo que dirigia.

  — Como você sabe disso?

  — Jongin me contou— deu de ombros, mas sorriu mínimo— ele está melhor alias.

  — Que bom que vocês se aproximaram— sorri e ele me deu um soco de leve no braço.

  A conversa acabou por ai e fiquei olhando pela janela, se o platinado era tão difícil assim, por que consegui tão rápido? Nunca descobri a razão de Park não ter me dado um murro naquele dia.

  Gotas de chuva começaram a cair no vidro, me lembrando o sonho estranho com a tempestade, aquilo me incomodou no momento, um furacão na sexta-feira e naquele momento faltava 4 dias antes daquilo, o que eu poderia fazer para impedir?

  Em nenhum momento me questionei da veracidade daquela visão, alguma coisa em mim dizia que realmente iria acontecer, me dando medo, era aquela mesma sensação que temos quando vai fazer sol ou chover, algum indício me dizia que a catástrofe chegaria, mas não sabia que sinal era.

  Olhei para minhas mãos que estavam descansando em minhas pernas, o que fiz na frente da faculdade era no mínimo sem lógica alguma, não sabia nem como ativar aquilo, não tinha certeza se conseguiria fazer novamente, olhei para Kyungsoo, que dirigia atentamente, já era de noite e o centro da cidade era um pouco longe do local que foi me buscar, fixei meu olhar na rua, na qual pessoas andavam usando guarda-chuvas, outros corriam para se proteger e ainda tinha os que apenas olhavam de um lugar coberto, com todas essas ações achei que seria perfeito para fazer um teste

  Respirei fundo e estendi minha mão para frente, Do perguntou o que eu estava fazendo, ignorei e fechei os olhos, expirando o ar, respirei mais uma vez e foquei no ambiente, no som e nos movimentos, em questão de milésimos tinha parado de sentir os átomos se mexendo, abri os olhos, estava imóvel, respirei novamente e relaxei os músculos, assim vendo pessoas recuar passos, fecharem guarda-chuvas, voltarem para o lado de fora de uma loja, as rodas dos carros virarem em anti-horário, tudo estava voltando, o tempo estava voltando.

  Controlando minha respiração, fechei os olhos pela última vez e senti uma pressão em meus ouvidos, daquelas que sentimos quando estamos em um avião que está decolando, abri os olhos e voltei a ouvir as coisas, sentir o ar frio que estava no carro e tudo ir na sua determinada linha, exata linha feita segundos atrás.

  — ...por provocar e depois recuar, é muito difícil ao menos beijar ele, poucos conseguiram— ouvir Kyungsoo terminar sua frase exatamente igual foi estranho e me fez franzir as sobrancelhas— Jongin me disse— deu de ombros e sorriu do mesmo jeito bobo.

  Senti um frio na barriga, era verdade, eu conseguia voltar no tempo.

  Por impulso, fiz uma pergunta que não fiz na primeira vez, eu realmente não tinha consciência de que cada detalhe poderia construir uma linha temporal diferente, só vários anos depois que eu iria ter essa noção, justamente por isso todos esses 5 dias foram uma tragédia.

  — Soo você acha que alguém já voltou no tempo?— perguntei com estranheza e euforia.

  — Você está bêbado mesmo.

  — É sério— tirei o cinto e virei de lado para encará-lo—será que nenhum cientista descobriu isso ainda?

  — Talvez tenha, mas não seria divulgado, ficaria só nas classes privilegiadas, tenho certeza— respondeu como se não fosse algo importante— mas por que o interesse em viagem no tempo agora?

  Meus instintos diziam que eu devia falar para Kyungsoo, ele era meu melhor amigo, tinha aguentado meus piores dramas da adolescência e ainda aguentava, aliás estava me buscando de um, ele me ajudaria a entender melhor, sempre foi muito inteligente, mas minha consciência dizia para não contar, pois não sabia de qual lugar vinha aquilo ou se iria perder se contasse sobre.

  — Nada— passei a mão nos cabelos e encostei no banco— conversa de bêbado.

  Passamos a viagem toda sem conversar, acabei dormindo a poucos metros do Campus, fazendo meu amigo me levar escorado em seus ombros até meu quarto, deitei na minha cama e olhei o teto, tudo parecia completamente distante e bagunçado, eram muitas coincidências em um único dia, Chanyeol sendo amigo de todos os meus amigos e eu sendo a única pessoa que não sabia da sua existência, ganhar habilidades salvando alguém de ser atropelado, beijando quem eu salvei, coisas que não faziam sentido algum, cai no sono pensando que tudo isso estava conectado de alguma maneira, mas não fazia ideia de qual.


Notas Finais


Esse foi o ultimo capitulo introdutório, no proximo vai começar o inicio dos dramas mais pesados.
E talvez vcs tenham estranhado como o relacionamento dos chanbaek tá sendo desenvolvido, meio precoce, sem sentido e tal, mas é essa a intensão mesmo, ser bem surreal.
Bom até qualquer dia desses, se quiserem falar comigo ou só ver os absurdos q eu posto me siga no tt @strawbaekh


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