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História Rica Dignidade - Surpresa


Escrita por: SWANLIVE

Notas do Autor


Luas!!! Acreditem ou não, eu estou de volta! Aqui está a Bella firme, forte e com um novo capítulo que foi muito difícil de sair, porém, com a ajuda da minha irmã de coração (Rhi) tudo ficou mais leve. Obrigada pela ajuda mana.

Eu sei que querem explicações e as deixarei no final do capítulo, por enquanto apenas aproveitem. Qualquer dúvida o @xjenswanlive foi excluído, ou seja, estarei em @jenswanlive sempre que precisarem.

Mil beijos e obrigada para quem ainda está aqui. Agradeço de coração. Perdoe qualquer erro e aqui vai um resumo rápido do capítulo passado:

Emma estava em Miami com seu pai para acompanhar de perto a construção da loja, quando voltou decidiu que se afastaria de Killian para que quando se separassem de verdade ambos não sentissem tanta falta. Quase no dia de Swan viajar ela abriu o jogo com Jones e contou a ele que não se sentia bem com os segredos que ele escondia. Aconteceu a festa de Ano Novo, onde ela se despediu de todos com um discurso e queimou a carta que havia recebido de Killian imaginando que aquilo simbolizaria um novo começo.

Capítulo 24 - Surpresa


Quebrada, rompida internamente e de coração fatiado. Costumam dizer que o tempo cura tudo e que ele é nosso melhor amigo, mas, eu não sentia isso. Na verdade, vivenciei de uma experiência única, porém, assustadora. Eu sou uma adulta, uma mulher crescida, embora muitas das minhas atitudes mostrem o quanto ainda devo amadurecer. Sou bem ciente das consequências da vida e, estava a par de tudo o que iria acontecer a partir do momento em que deixei Nova York.

Tive um mês para pensar em minhas escolhas e a única certeza que tive foi que eu não sabia o que estava fazendo sentada em uma sala dando ordens. As consequências dessas decisões foram as óbvias, estava melancólica e sentia que permaneceria assim por um bom tempo. Eu estava completamente viciada em uma vida pateticamente parada e acomodada. Eu tinha o que queria na hora que queria, tinha quem queria apoiando meus caminhos e vários ombros amigos para os meus vários choros. Eu tinha tudo, mas por muito tempo senti que não tinha nada, até um misterioso homem de olhos azuis aparecer em minha vida e tudo mudar por completo, até que tudo mudou novamente e os prazeres que tinha ao lado dele, eu já não os gozava mais.

Por mais que eu tentasse esquecer o passado, ele voltava novamente, chegou um momento que decidi parar de querer bloqueá-lo, foi então que melhorei trinta por cento. Eu simplesmente aceitei que o tempo de fato curava tudo, mas eu precisava dar tempo ao tempo. Queria que ele me curasse uma semana depois de chegar em Miami? Percebi que seria impossível, então vi que teria que deixá-lo agir e deixar a minha vida rolar.

Depois de quatro semanas eu estava no mínimo com menos olheiras do que estava nos primeiros dias. As pessoas no trabalho sabiam o que estava passando e tentavam me fazer sentir acolhida, isso me fazia bem enquanto estava por lá, mas, ao voltar para casa meus pensamentos em Nova York voltavam junto, ao qual infelizmente cinquenta por cento eram sobre Killian. Não possuía notícias dele desde o ano novo, o que me preocupava, afinal, ele teria seguido meu conselho e decidido seguir com sua vida?

Eu certamente estava próxima a descobrir algumas verdades secretas e nem mesmo desconfiava que a bagunça de verdade não havia nem começado.

05 de fevereiro de 2016 - 16:00

A incrível arte de viajar nos próprios pensamentos, essa eu domino. Fazem aproximadamente cinco minutos que encaro a tela do meu celular sem nem mesmo piscar ou estar esperando alguma ligação. Se pudesse escolher nesse momento a pessoa exata para me ligar, escolheria minha mãe. Eu sinto falta dela. Sinto falta de todos, mas principalmente dos conselhos da minha amada Mary, afinal, se ela estivesse aqui me aconselharia dizendo para me animar e deixar de lado toda essa nostalgia. Como se fosse fácil assim.

Continuo olhando enquanto o celular acende e o nome "Killlian" se destaca no meio. O toque de ligação se inicia causando um leve eco na sala. Abro um sorriso e imagino o quanto seria bom se de fato isso fosse verdade. Eu atenderia e diria a Jones o quanto sinto sua falta, pediria perdão e desta vez não pouparia palavras para tentar convencê-lo a vir para Miami e ser feliz ao meu lado. Mas é tudo um devaneio. Eu deveria imaginar que depois de tanto sonhar com Jones as coisas ficariam realmente mais reais.

- Senhorita Swan, está atrasada para a reunião que marcou.

Olho para porta e sinto o grande impacto que é voltar para a realidade, onde caio em outro mundo completamente diferente do qual estava imaginando.

Oliver direciona seu olhar para meu celular e sinto a pergunta pairar no ar antes mesmo dele colocá-la para fora: "Me perdoe a intromissão, mas, não vai atender?". Deixo meus olhos percorrerem o mesmo caminho que os dele e pouso na mesma tela que olhava a segundos atrás com o mesmo nome, "Killian".

- Ah meu Deus! – pego meu telefone e no exato momento que levo meus dedos para atendê-lo a chamada é cancelada. Cancelada. Isso é no mínimo possível? Não é o tipo de coisa que acontece em filmes e livros? – Eu não acredito. Não acredito.

- Swan? Algum problema? – Barry indaga se aproximando com cuidado.

- Sim. Não. Sim. Eu só... perdi uma chamada importante.

- Então retorne à ligação.

- Não, eu não posso. Quer dizer, não agora. Sobre a reunião, qual das salas eu marquei? – levo minha mão até minha boca, aflita. Killian Jones me ligou. O próprio Killian me ligou, depois de um mês aguardando qualquer sinal de vida e não recebendo nada, eu tive a oportunidade em minha frente e a deixei passar.

O telefone tocou novamente, o que me fez olhá-lo imediatamente.

"Swan, por favor retorne à ligação assim que possível. Precisamos conversar. - Killian Jones."

- Mesma sala de sempre. A propósito, três canais de televisão ligaram e propuseram produzir um comercial para a inauguração de HANS. Ambos são bastante renomados e possuem grandes influencias em seus telespectadores.

- E qual seu posicionamento sobre o assunto Senhor Barry? - pergunto, embora nem mesmo saiba qual o assunto da conversa.

- Sou a favor das propostas, afinal, tudo o que vai voar precisa de uma corrida antes de decolar e para correr precisam de uma pista, que no caso seriam as divulgações. Quanto mais, melhor.

Divulgações da empresa. Sobre isso que estamos falando. Concentre-se Emma. Se quero ver HANS crescer, eu preciso fazer isso. Eu sou mais que consciente de que um verdadeiro profissional esquece seus problemas pessoais do lado de fora da empresa, o que não estou fazendo ultimamente. Seja lá o que vou fazer em relação a ligação de Jones, eu preciso esquecer durante o resto do dia e pensar nisso somente quando estiver em casa.

- Isso significa que não acredita no potencial da reputação de HANS? - faço um tom de reprovação pois adoro a maneira como Oliver sempre tem uma resposta na ponta da língua. Eu não poderia ter escolhido um chefe imediato melhor que ele.

- Isso significa que as pessoas precisam saber nossa localização.

- Pois bem, averigue para mim sobre esses canais, busque entrar em contato com outras empresas que fizeram o mesmo e busque saber se as formas de retribuição deles estão dentro de nossos padrões.

- Eu já fiz isso e toda a relação está em cima da sua mesa.

- Meu querido Oliver, onde você esteve por todos esses anos?

Uma leve batida na porta e o barulho da maçaneta se virando anuncia a chegada de mais uma pessoa. Olhamos em sua direção ao mesmo tempo e observamos enquanto Eva entra com um sorriso no rosto e várias sacolas de lojas chiques na mão.

- Vejo que alguém estava se endividando - comento e rodeio a mesa na intenção de dar um forte abraço em Eva.

- Posso saber o que a senhorita está fazendo aqui? - Oliver estranha.

- Posso saber o porquê da surpresa? Eu só vim trazer um presente para minha amiga. Posso, papai?

Barry levanta suas mãos e se livra da conversa. Sorrio com o ato e aceito a pequena caixinha branca que Eva colocou em minha mão. Desde que cheguei já é o quarto presente que a jovem me dá. Ela adora me encher de mimos e eu adoro receber sua atenção. Ao lado dos Barry's o clima é totalmente diferente, eles são animados e divertidos, ao lado dos dois eu sempre esqueço os problemas do amor.

Abro a pequena caixa e analiso com cuidado os sapatos brancos de bebê que estão nele. Franzo meu cenho e encaro Eva preocupada. Mesmo não entendendo nada do que está acontecendo sinto sangue se esvair do meu rosto. Por que ela me daria um sapato de bebê se nem mesmo tenho um?

- Eu... - solto um sorriso nervoso e olho para Oliver em busca de respostas, que apenas revira os olhos e fita sua filha com repreensão.

- Eva, esse tipo de brincadeira de novo? Emma, por favor, devolva o sapato. Não leve a sério, minha filha insinua que todas as mulheres estão grávidas. Até mesmo as virgens ficam com medo dessa brincadeira.

Ouço a explosão de gargalhadas que a pequena Barry dispara e tento sorrir junto, embora saiba que não estou conseguindo acompanhá-la.

- Emma, relaxe, foi só uma brincadeira, ou... você vem mesmo sentindo enjoos recentemente?

- Eva, já chega!

- Na verdade... - fecho minha expressão e sorrio por dentro quando os dois fazem o mesmo achando que falo sério. - Puff... vocês dois são péssimos, caem na própria brincadeira. Eva, nos diga o que aconteceu para vir nos presentear com sua ilustre presença.

- Vim deixar o convite do meu próximo desfile. A espero lá Emma, você ainda não conheceu todas as minhas amigas e as que já te conhecem não param de falar da sua beleza.

- Papo de mulher. Swan, se me permitir posso iniciar a reunião para você.

- Claro. Ótima ideia aliás.

Depois que Oliver saiu Eva ficou apenas alguns minutos e se foi, me deixando sozinha com meus pensamentos e, droga, como estou com medo de ficar sozinha com eles. Eu devo ligar de volta para Killian? Se sim, o que devo dizer? O que devo responder? Estou de fato preparada para seja lá o que ele tem a me dizer? Com certeza não, entretanto, eu esperei tanto por isso, por que exatamente quando o meu maior sonho se realiza, eu desejo que ele seja adiado?

Agora que algo aconteceu eu não posso ficar simplesmente esperando que tudo venha de encontro a mim e ficar apenas de braços cruzados. Eu preciso agir e dar algum passo já que pelo menos o primeiro Jones já deu. Era com ele que eu queria falar, pronto, está em minhas mãos. Chega a ser estranho o poder de dramatizar coisas simples que minha mente possui. É difícil encarar a realidade, sim, porém, é a realidade que eu queria estar vivendo, só basta agora eu de fato vivê-la.

O expediente vespertino está chegando ao fim, então organizo minhas coisas e envio um e-mail para Oliver explicando o porquê que terei que deixar a empresa mais cedo, com cautela para não dar muitos detalhes, sendo assim, mantenho apenas um comentário sobre não estar me sentindo muito bem, o que de fato, não estou.

Vou até o carro e penso por alguns segundos no que devo fazer. Percebo que apenas pensar em falar com Killian me dá calafrios, sinto minhas mãos gelarem e meu estômago se revirar como nunca. Pego uma barrinha dentro da minha bolsa e a coloco na boca com o pensamento de que talvez isso resolva meu nervosismo.

Lembro-me do som do carro, então lembro-me de Careless Whispers e de como eu e Killian estávamos nos sentindo na nossa última dança. Aquele foi um bom dia, apesar de meu coração estar apertado, eu estava mais que feliz por estar ao lado de alguém que até então me fazia tão bem. Eu me arrependo. Sei que me arrependo da maneira como tratei Jones naquela noite, sei ainda que não deveria ter feito o que fiz com sua carta. Eu não o dei uma segunda chance. Aliás, não acho que dei nem a primeira, afinal, apesar de querer a verdade eu deveria confiar no meu parceiro e saber que ele deveria confiar em mim também. Não tinha que ter o pressionado da maneira que fiz, ele iria me contar o que quer que seja na hora que achasse correta.

No final das contas eu devo a ele uma ligação, assim como devo uma explicação. Ele merece ouvir meus pedidos de perdão e eu mereço ouvir que estou perdoada.

Disco o número de Jones, que ainda me lembro perfeitamente e aciono a chamada antes que desista. Depois de aproximadamente seis toques a chamada é atendida, só então percebo que seguro a respiração e não tenho a intenção de soltá-la por agora.

- Swan.

Ouço sua voz. Pela primeira vez depois de semanas eu ouço sua voz, algo que na minha cabeça se eu fizesse novamente seria depois de anos. Ela continua a mesma. O mesmo timbre, a mesma rouquidão quando não fala alto o bastante, a mesma velocidade.

- Jones – com muito esforço, consigo respondê-lo.

Silêncio. Tudo faz silêncio por parte de ambos. Apenas os sons de nossas respirações podem ser ouvidos pelo telefone e, o único que posso imaginar é que ambos os lados têm tanto a dizer que nada podem falar.

- Você sabe que sinto sua falta, certo? Sabe que penso em você todos os dias desde que se foi. Você sabe que a minha vida possui um buraco gigante sem a sua presença. Sua ausência foi o pior castigo que você poderia me dar e, hoje eu sei que estava certa, não deveria ter escondido nada de você. Eu falo isso agora porque tenho medo de não ter nenhuma outra oportunidade para dizer o que sinto. Por favor Swan, eu preciso que volte para Nova York, não peço que fique por muito tempo, eu só necessito de uma última chance para fazer o que é certo com a única coisa certa que me aconteceu.

- Killian... eu... eu nunca sei como reagir ou o que responder diante de tantas palavras bonitas. Eu só gostaria que soubesse que eu não estou brava com você, na verdade, a coisa mais estúpida que fiz foi não entender seu lado. Eu quis forçar uma falsa confiança enquanto você só precisava do seu tempo. Me perdoe.

Fico de fato impressionada com a quantidade de palavras que consigo dizer sem travar ou gaguejar, apesar de saber que o que disse não foi nem o início do que ainda quero lhe falar.

- Anjo, você não tem nada para se desculpar. Eu tenho, acredite, tenho inúmeros motivos para desejar seu perdão e, esperar por isso está tirando meu sono. Eu quero consertar as coisas Emma, de verdade – ouço seu longo suspiro e tento imaginar o que o aflige tanto. - Para isso preciso que me faça um último favor, venha para Nova York.

Levo um tempo para associar as palavras de Killian. Último favor? Ele sempre foi bom em falar e eu sempre fui boa em ouvir, exatamente por esse motivo consigo captar a contradição em sua fala. Por que ao mesmo tempo que ele se declara e diz que sente minha falta, ele pede por um "último" favor?

Finjo um sorriso.

- Último favor?

- Quer dizer... só venha Emma. Me prometa que vai vir. Eu preciso falar com você, eu fiz uma escolha e um juramento a mim mesmo que a próxima vez que nos encontrássemos eu contaria tudo a você. Tudo Emma, desde o princípio.

- Killian, você tem certeza que é isso que quer?

- Não, mas é isso que eu vou fazer. Você precisa saber a verdade, por mais que isso vá mudar tudo.

- Jones eu não quero te forçar a...

- Emma, prometa!

- Ok, eu prometo.

Não entendo as razões de Killian, mas também não vou questioná-las, apenas irei ajudá-lo da maneira que ele quiser que eu ajude, foi isso que disse a mim mesma que faria, não foi?

- Eu... verei a passagem para o dia mais próximo.

- Ótimo. Eu mal posso esperar para vê-la novamente Emma.

- Igualmente.

Idem, Killian, idem.

[...]

Passei o resto do dia me alimentando da conversa que tive com o homem dos olhos azuis, ou como gosto de pensar, meu parceiro e amigo. Suas palavras ficam se repetindo em minha cabeça e eu tenho certeza que estou longe de esquecê-las. Quanto mais elas passam em meus pensamentos mais eu percebo que se pudesse voar para Nova York agora, eu iria. Eu não só preciso saber o que Killian tem a me dizer, como necessito vê-lo, tocá-lo e sentir mais uma vez o calor de seus braços. Um mês foi o necessário para perceber que iniciei o ano com decisões erradas.

Respiro fundo ao lado da minha solidão. O silêncio, que antes eu tinha com restrição, agora eu tenho em excesso. Ava se mexe no meu colo e abro um sorriso para seus pequenos olhinhos me encarando. Ela parece feliz, parece gostar da minha caricia e do momento que passamos juntas.

- Estou feliz que esteja aqui comigo pequena.

Ava devolve o carinho com lambidas em minha bochecha, então a aperto com mais força.

- Ah Ava, se você pudesse entender... – suspiro, desejando que uma simples cachorrinha realmente me entendesse. – Vem, você quer comer algo diferente hoje? Que tal aquela ração especial? O que me diz?

Levanto do sofá e sou acompanhada por Ava até o armário onde ficam as rações da pequena. Pego uma lata que contém um tipo de comida louca para cachorros e me aventuro a abri-la com um facão.

- Hmmm, então você está ansiosa para provar dessa gororoba bem... – o aroma da ração sobe ao meu nariz quando enfim consigo abrir a lata, o que me causa náuseas. – Uma gororoba bem fedida devo admitir.

Viro a mistura nojenta no comedouro de Ava, tentando ao máximo mantê-lo longe do meu nariz, embora seja uma tentativa inútil, já que o cheiro forte continua se espalhando ao meu redor.

- Como você consegue comer isso? Aí céus, eu não me sinto nada bem...

Deixo Ava para trás e corro para o banheiro mais próximo, sabendo exatamente o que irá acontecer assim que chegar lá. Com essa, deve ser a terceira vez que isso acontece comigo nesse mês e eu posso já me considerar uma profissional no assunto "estômago sensível".

Assim que chego no lugar tão esperado coloco o suco que havia tomado a poucos minutos, para fora. Quando penso que minha barriga já está vazia, me curvo sobre a privada mais uma vez e termino de fazer o serviço que claramente não havia terminado.

- Merda! – dou descarga e sento no chão, apoiando minhas costas na parede. O que está acontecendo comigo afinal? Quem vomita com o cheiro de uma ração? Alguém deve existir, mas eu? Eu já era acostumada com tais aromas desagradáveis.

Me levanto e ligo a torneira, deixando a água escorrer por alguns segundos enquanto me encaro no espelho. Observo a aparência do meu rosto, logo em seguida a do meu corpo. Lembro-me da pergunta que Eva me fez sobre enjoos. Por algum motivo sinto que deveria estar prestando atenção no meu ciclo menstrual. Deveria? Penso por mais alguns segundos. Eu nem mesmo sei o que comi no café da manhã, como iria ter controle de algo assim? Essas náuseas e vômitos constantes, isso deveria ser apenas consequências da minha gastrite. Não deveria?

Acima de tudo eu devo juntar os fatos, tudo pode passar de um mal-entendido, afinal, a brincadeira de Eva e o fato de ter falado com Jones afetaram minha cabeça. Tudo é apenas uma suposição e nada pode ser confirmado antes que eu faça um real teste, mas, que teste? Eu nem mesmo juntei os fatos ainda.

Bem, nos últimos meses que passei com Killian, nosso relacionamento estava completamente baseado em sexo, porém, a maioria das vezes, com proteção. Posso me lembrar de duas ou três vezes que nos descuidamos, uma delas muito próximo a minha viagem. Me recordo também de não ter sentido cólica esse mês exatamente pelo fato de não ter menstruado, mas, isso pode ser apenas um atrasado comum. Sobre os enjoos, eles se iniciaram do meio para o fim de janeiro.

Isso... isso são fatos.

Ouço o telefone fixo tocar e decido o ignorar. O que penso é algo sério, esse tipo de pensamento não é como aqueles que podemos simplesmente deixar passar.

Se em minha cabeça isso é possível, o que um teste de farmácia teria a me dizer? Eu tenho medo do que possa descobrir, mas, meu medo é muito menor do que minha curiosidade, então, o que ainda faço encarando minha própria e desesperada imagem?

Lavo minha boca e ando o mais rápido possível em busca do meu celular, infelizmente não o encontrando em nenhum dos lugares que sempre o deixo. Jogo as almofadas para cima com esperança de que ele esteja perdido entre elas, sem sucesso. Irritada, vou até o telefone e disco meu próprio número na expectativa de ouvi-lo tocar, o que de fato acontece. Sinto o vibra vindo direto do bolso da minha calça jeans. Ele estava comigo o tempo todo e eu não vi. Onde ando com a cabeça?

Procuro no Google o número da farmácia mais próxima e ligo sem hesitar, balançando os pés impacientemente enquanto a chamada não é atendida.

- Drogari...

- Me poupe do seu bordão, quanto custa um teste de gravidez? – ignoro o fato da maneira como tratei o atendente. Eu não tenho tempo para enrolações, eu preciso matar a minha desconfiança.

- B-boa noite senhora. O teste custa...

- Quer saber? Me mande o melhor que tiver. Pelo amor de Deus, me mande o teste mais confiável que você possui, o endereço é...

- Mas, senhora, algumas etapas devem ser checadas antes de tentar o teste, como por exemplo o atrasado da menstruação.

- Só me mande o teste, por favor... – levo minha mão a testa e cogito dar um tapa para ter certeza de que estou acordada, mas não o faço, em vez disso passo o meu endereço para o atendente.

Dez minutos de pura tortura se passaram. Dez minutos com meus pensamentos. Seria possível eu estar grávida? Grávida de verdade, com um bebê em minha barriga, com uma vida ao qual eu sou a mãe e... alguém é o pai. O mundo, o destino, o futuro só podem estar fazendo algum tipo de brincadeira comigo. Como isso poderia acontecer em uma situação como essa?

Mas... se isso for verdade, por que o desespero afinal, uma mulher como eu deveria ficar feliz em estar grávida, não? Toda mulher sonha em ser mãe, eu não posso ver isso como um pesadelo, afinal, Killian e eu ainda temos esperanças de reatar, eu imagino. Eu tenho uma boa casa, um emprego, uma linda família e um possível pai para meu filho.

Isso precisava mesmo estar acontecendo? Se sim, obrigada aos céus, se não, por que agora?

A campainha toca e me levanto para atendê-la, abrindo a porta com mais pressa do que jamais fiz.

- Oi. Boa noite – estendo a mão e aguardo o produto chegar até elas para fechar a porta.

- Senhora, o pagamento.

- Ah! Como estou distraída, claro! É... qual o valor disso mesmo?

- No total, isso inclui a taxa de entrega, vinte e nove dólares senhora.

Droga, havia me esqueci completamente do pagamento. Minha bolsa está longe o bastante para me dar descrença de pegá-la e o único dinheiro próximo que posso ter é na mesma gaveta onde guardo minhas chaves. Vou até ela fazendo minhas preces para que eu ache qualquer nota que cubra esse valor e logo percebo que minhas preces são atendidas. Pego uma nota de cinquenta e coloco um sorriso no rosto.

- Pode ficar com o troco.

Fecho a porta e corro para o banheiro enquanto abro a caixa. Ava vê minha correria e segue meus passos, pegando em sua boca os papéis que deixo cair ao chão.

Leio algumas informações enquanto vejo, porém não ligo, para algumas complicações e dificuldades para urinar em um copo menor que minha mão. Quando acabo, coloco a ponta do teste dentro do copo e aguardo os minutos indicados. Quando passam três minutos começo a ver a cor vermelha se escurecer. Aproximo meu rosto do teste e o observo com concentração. Quantas tiras indicavam positivo mesmo? Ah sim, duas.

Exatamente duas tiras que se escurecem a cada segundo. Duas tiras.


Notas Finais


Bem, depois de cinco meses apareceu a margarida. Eu poderia poupar vocês das minhas explicações, porém, me sinto na obrigação de explicar a vocês o porquê de sumir por tanto tempo.

Estava começando a ter alguns probleminhas com a série Once Upon a Time e, já havia acontecido isso antes enquanto escrevia “Conquiste-me”, ou seja, eu sabia exatamente o que iria acontecer se não desse um tempo de Rica Dignidade.
Embora os personagens criados nessa fic sejam completamente distintos de OUAT, eles não deixam de estar ligados, ou seja, se não estou animada com a série, não fico animada com os personagens, o que me leva a perder completamente a inspiração. Com a inspiração perdida eu não sinto vontade escrever e se escrevo encaro isso como uma obrigação, o que eu não gosto, afinal, escrever para mim sempre deve ser um momento de calma. Sem a inspiração e sem a vontade de escrever tudo o que eu crio eu não gosto, o que me levaria a fazer o mesmo que tive que fazer com “Conquiste-me”, adiantar um final apenas para não deixar os leitores sem um e, sinceramente, eu não queria fazer isso. Rica Dignidade se tornou importante para mim e acredito que para algumas pessoas também, ou seja, eu não gostaria de fazer um final corrido e mal feito apenas porque não me sentia bem com a série. Com tudo isso resolvi que seria melhor me afastar e esperar até que eu me sentisse confortável para escrever novamente. Foi errado me afastar por tanto tempo? Sim. Mas na minha cabeça seria ainda pior não escrever um final digno depois de ganhar o coração de leitores tão sinceros como o de vocês. Me perdoem.


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