Jonathan P.O.V.
Pandora me enviou uma mensagem mais cedo dizendo que me buscariam para a festa do tal Mike. Era por volta das seis e meia da tarde, e eu já estava arrumado esperando Cooper e seus quatro amigos esquisitos na escada em frente ao prédio onde eles costumavam sentar pelas manhãs.
Meu celular apita. Era Pandora.
Vamos nos atrasar, Floyd esqueceu de colocar a calça hahaha
Tinha que ser um gordo idiota.
Vinte minutos depois, um Dodge Charger antigo em alta velocidade parou subitamente em frente a minha residência.
- Vamos logo, Jonathan! - Cooper pôs um dos braços para fora da janela fazendo um gesto para que eu me apressasse, e me levantei vagarosamente.
- Vocês que se atrasaram - Rebati, olhando para Floyd que estava encolhido com uma cara de culpado no banco de trás - Então tenham calma.
Me aproximei do veículo abrindo a porta do passageiro da frente e deparei-me com Pandora, aquela loirinha gostosa sentada no banco que eu planejava sentar.
- Ótimo, onde é que eu vou sentar? - Perguntei irritado com aquele despreparo deles.
- Floyd, vai para o porta malas, Pandora, senta no lugar do Floyd - Ordenou Cooper.
Floyd, o garoto que só se fode.
- E Jonathan... - Continuou - Fica a vontade cara.
É, parece que eu sou a preferência aqui; gosto disso, e bem que ele podia ter tido a ideia de me fazer sentar no assento dianteiro com Pandora no meu colo, mas não foi dessa vez que eu me intimei com a loirinha.
Cooper arrancou com o carro derrapando os pneus, as pessoas nas ruas olhavam assustadas.
- Estamos atrasados por acaso? - Perguntei pouco me importante se a resposta seria que "sim".
- Se não estivéssemos atrasados eu não estaria quase voando com um carro de mil novecentos e lá vai cacetada - Contestou ele.
- A festa começa às sete horas - Informou Spike.
- São seis e cinquenta e cinco - Avisei olhando em meu relógio Mont Blanc.
- Entendeu agora? - Perguntou Cooper retoricamente.
- Não, pode desenhar pra mim? - Brinquei.
- Calem a boca, e Cooper... acelera isso aí, pelo amor de Deus - Ordenou Spike indignado.
- Cara, estou dirigindo um Dodger Charger, não uma Ferrarei - Cooper explicou ironicamente.
- É isso que dá ser pobre - Falei.
- Então dá próxima vez, empresta um dos seus carros, seu rico de bosta.
Eu ri. Adoro quando as pessoas se irritam quando esfrego algo na cara delas; eu não sou um menino mal, eu juro.
- É longe? - Perguntei.
- Um pouco - Respondeu Spike.
- Aliás - Me virei para trás - Onde está a bochechuda?
- A Francesca não pode vir - Respondeu Anastasia.
Em meia hora, estávamos na frente de um prédio tão alto quanto o meu. Cooper estacionou não tão longe dali, e ao sairmos do carros, vi que havia meninos e meninas bem arrumados indo em direção ao edifício que entraríamos, provavelmente, convidados do dono da festa.
- Quantas pessoas vão? - Perguntei, visualizando as poucas estrelas que apareciam no céu.
- Geralmente, mais de duzentas pessoas - Repondeu Floyd.
Pelo jeito, iria conhecer muita gente babaca e muita gente foda.
- Não quero ser precipitada - Disse Pandora parando ao meu lado - Quer beber comigo? - Perguntou receosamente sexy.
- Com certeza, senhorita - Acenei com a cabeça. Jamais perderia uma chance de me aproximar dela, e hoje seria a minha tentativa de levá-la pra cama.
- Bora - Apressou Cooper.
Ultrapassamos algumas pessoas a nossa frente que esperavam o elevador, e elas reclamaram e nos xingaram. Adentramos no apartamento que já estava enfurnado de gente.
Cooper e Spike se enfiaram no meio da montureira de festeiros, e Anastasia e Floyd ficaram em um canto perto da porta. Pandora e eu fomos pegar bebidas no "balcão" e a música de R.Kelly - Cookie começou a tocar e todos levantaram os copos para o alto comemorando.
- Por que veio para Los Angeles mesmo? - Perguntou ela bebendo logo depois um gole de Vodka.
- Meu pais gostam de se mudar, não tem um motivo específico - Respondi também bebendo um gole de bebida.
- Uau!
Eu estava gostando daquela festa, podia não conhecer ninguém, mas estar com Pandora me fazia não ligar para o resto. Essa menina é muito linda!
- Esqueci de passar batom, eu já volto, querido - Ela se dirigiu para o banheiro passando as mãos nas minhas costas. Que tesão!
Olhei para as pessoas; algumas dançavam, outras bebiam desesperadas, ou apenas conversavam, e uma minoria... se pegava. Aquele lugar era muito agradável, as luzes eram fracas, mais parecia um bar do que uma casa.
Observei as pessoas que estavam no balcão, e eu não deveria ter feito isso, pois o percebimento da presença de certo indivíduo praticamente estragaria minha noite de festança. Virei para olhar as pessoas que se encontravam a minha esquerda, e defrontei-me com Morgan, aquele filho da mãe excêntrico e suicida.
Puta que me pariu, e não, a minha mãe não é puta! Tá certo que me avisaram que ele estaria aqui, mas por que? Por que sempre no mesmo lugar, e por que sempre tão perto?
Como eu sou idiota e sempre ferro comigo mesmo, continuei olhando, ainda bem que ele estava virado para trás - mas logo ele viraria, e nossos olhares se encontrariam. Esse peste é um imã para os meus olhos, eu não consigo desvia-los, ou melhor, controlá-los quando ele está perto - então parei para analisa-lo, e como nas duas vezes que o encontrei, Morgan estava impecavelmente bem vestido. Ele usava um terno moderno preto de camurça bem justo, que cobria as costas de suas mãos; uma calça jeans escura, também justa; e um tênis de coro preto. Era impossível não reparar como ele era chique.
E dito e feito; ele se tornou para mim, e nosso olhos se encontraram. E como esse garoto é um impertinente, ele fez uma "cara de cu" quando me reconheceu.
- Olha só quem é - Disse em um tom irônico - O que faz aqui?
Ele quer brincar? Pois então vamos brincar.
- Eu vim aqui para fazer compras, não tá vendo, não? - Rebati com um pergunta sarcástica.
- Ah, veio para comprar drogas? Entendi - Ele apontou para o corredor - No último quarto, lá tem um pessoal nojento que vende drogas escondido.
- Eu tava zoando, seu animal!
- Eu sei! - Constestou indignado.
- Faz um favor, para de encher o saco com essa cara de quem comeu e não gostou, e se mata!
Eu sei; eu não deveria ter dito aquilo. Foi um erro gravíssimo; eu não sou uma pessoa sem coração, posso parecer, porém, garanto que não sou um ignorante, é que eu tenho um sério problema quando converso com gente que me irrita -principalmente, se essa pessoa me fazer duvidar da minha sexualidade - Porque sempre acabo falando merda, sempre digo algo que alguém não merece ouvir.
- Cara... me desculpa, saiu da boca pra fora - Tentei justificar a cagada.
Ele me olhava incrédulo, mas não havia raiva em seu olhar, e sim mágoa.
- C-Como você... - Morgan gaguejou tentando dizer alguma coisa - Como você pode dizer uma coisa dessas?
- Eu já falei, foi sem querer, eu vivo falando bobagens - Expliquei tentando amenizar à situação - Não liga, tá bom?
- Não... quem tem contou? - Perguntou nem dando ouvidos a meu alego - Quem?!
- Foi Cooper, Anastasia, Floyd, Francesca, Spike e Pandora; conhece eles?
O garoto me fitou, e por um bom tempo ficou com esse olhar que eu não conseguia compreender.
- Morgan? - O chamei tentando lhe tirar do que parecia um transe.
- Eu vou vomitar - Ele colocou as mãos na boca e correu apressadamente para o banheiro esbarrando em quem estava no caminho.
Fui atrás dele, aliás a culpa era minha, e naquele momento, me senti inteiramente responsável pelo que estava acontecendo com ele, como se esse menino pertencesse a mim. Tentei achá-lo em meio a tantas pessoas espalhadas, e consegui visualiza-lo entrando no último quarto; deveria haver uns oito cômodos ali.
Entrei no aposento indo direto ao banheiro, e encontrei Morgan vomitando algo que parecia ser uma bebida leve. Repousei minhas mãos em seus ombros para lhe mostrar que eu estava ali para cuida-lo.
- Não me toque! - Esbravejou.
- Calma, só quero ajudar.
- Vai embora - Estipulou - Vai embora!
- Mas... eu não posso, é minha culpa, preciso concertar - Esclareci; fico facilmente com a consciência pesada.
- E o que você pretende fazer para me impedir de ter uma ataque de pânico?
- Não sei, talvez... te abraçar? - Perguntei cabreiro, era única ideia que me veio à cabeça.
- Seu idiota - Ele bebeu água para limpar a garganta, dobrou um pedaço de papel higiênico e cobriu a boca - Sai do meu caminho.
- Para onde vai? - Eu estava morrendo de medo de deixá-lo sozinho, pois ele poderia tomar alguma atitude precipitada.
- Te interessa? - Morgan arqueou a sobrancelha.
- Sim, você não vai fazer nada de errado, vai? - Perguntei indiretamente.
- Não, Jonathan, eu não vou me matar se quer saber, agora me de licença - Ele me empurrou e eu bati as costas na batente da porta.
Deixei ele ir. Tentei ser legal várias vezes, mas ele não me dá espaço, o problema é dele e não meu, não disse aquilo com a intenção de magoa-lo e ainda tentei ajudá-lo, então que se foda.
Saí do quarto e dei de cara com Pandora.
- Onde você estava? - Perguntou com um tom preocupado.
- Aqui - Apontei para trás.
- Fazendo o que?
- Vamos dizer que mandei um garoto se matar e ele passou mal.
- Quem?
- ... Morgan.
Ela começou a rir freneticamente, e eu sinceramente não sei onde ela tava vendo graça.
- Tá rindo do que? - Franzi o cenho.
- Aí, esse menino é muito escroto. Ele faz isso pra chamar atenção, é falta de sexo.
- Ele se jogou de um prédio - Lembrei.
- Já disse, é pra chamar atenção - Insistiu ela - Nem ligue pra ele.
Não faz sentido uma pessoa querer chamar atenção pulando de um prédio, mas enfim.
E como eu estava planejando há pouco tempo...
- Eu também estou carente - Provoquei, e Pandora entendeu o recado.
- Então deixa que eu cuido disso - Ela me empurrou de volta para o quarto e começamos a nos beijar desesperadamente.
- Você é muito atirada, faz tudo sempre com pressa? - Perguntei enquanto tirava o seu casaco.
- Nem tudo - Ela sorriu de canto e tirou minha jaqueta de couro.
Peguei-a no colo e a joguei na cama, e seguidamente, deitei sobre ela, prendendo suas mãos a cima de sua cabeça, e comecei a beija-la lentamente.
- Quem é você? - Perguntou sei lá quem. Fiquei de joelhos imediatamente olhando em volta na busca do infeliz que havia quebrado o clima.
- Cara, você não estava vendo que... - Fui interrompido por Pandora que gritou o nome do sujeito.
- Mike? - Ela abriu um sorriso - Quanto tempo, não?
Então esse é o Mike, o dono do local; o dono do fuzuê todo.
- É verdade - Afirmou Mike com a cabeça - Mas me fala aí, quem é esse?
- Esse é Jonathan - Ela me apresentou.
- Oi - Acenei.
- É novo aqui, não é? Porque eu nunca te vi.
- É, eu sou - Complementei - Cheguei a pouco tempo.
- Dá onde é? - Perguntou ele ascendendo um cigarro.
- Savannah, Geórgia.
- Interessante... eu sou Mike, e acho que você já sabe.
Ele era o tipo do cara barbudo de vinte anos todo tatuado que mais parece ter quarenta.
- Aceita um? - Ele apontou para o cigarro em sua boca.
- Com certeza - Eu sai de cima da garota, que logo depois se levantou também.
- Ou melhor, aceita uma verdinha?
- Opa, boa.
- Então confere aqui comigo - Mike se levantou dá onde estava sentado e se dirigiu a um quarto próximo que também era um dos últimos.
- Meninos, vou me divertir um pouco - Avisou Pandora.
- A vontade, gata.
Adentramos no quarto e esse era mais escuro que todos os outros cômodos, não que luz não estivesse acesa, mas era definitivamente escuro.
Passei os olhos pelo lugar e vi algumas pessoas desmaiadas no chão, e uma delas era Morgan, que estava despido de seu casado e com marcas roxas por todo o pescoço.
- O que aconteceu com elas? - Perguntei desconfiado.
- Nas minhas festas nós temos o costume de fazer umas brincadeiras de mal gosto com algumas pessoas - Respondeu ele como se aquilo fosse a coisa mais simples e sem problema do mundo.
- Que tipos de brincadeiras?
- Ah, você sabe... - Ele deu de ombros.
- Tipo abusar sexualmente? - Palpitei.
- É, você entendeu, e vou logo te avisando pois quem é amigo fala - Mike se aproximou de mim me encarando, ele tinha mais ou menos a mesma altura que eu - Tudo que acontece aqui não sai daqui, entendeu bem? - Ameaçou dando tapinhas em meu ombro esquerdo.
- Entendido - Afirmei com a cabeça.
- Bom garoto - Ele me deu a maconha, peguei e ascendi, levando o maço aos lábios tragando profundamente.
- Saudades dessa sensação - Aquilo me proporcionava um alívio que nada mais poderia causar o mesmo efeito.
- Bem vindo a família, Jonathan - Mike repousou seus braços tatuados em meus ombros.
Sorri para ele, eu estava me encaixando muito bem naquela cidade, e neste exato momento, estava fazendo uma amizade de interesses em uma festa muito foda, muitos achariam isso errado, porém, cada um tem a sua própria concepção do que é certo e errado, e na minha concepção, isso é mais que certo, é preciso. Tudo esta perfeito, se não fosse o fato de Morgan estar desmaiado no chão com seu pescoço e braços machucados junto com outras onze pessoas, e vendo aquela imagem, parei para pensar se não deveria tomar alguma atitude a respeito, pois não havia só meninos ali, havia garotas e um "kamikaze" por se dizer assim. No entanto, eu estava mais preocupado comigo mesmo; mais afim de relaxar do que acabar me metendo em problemas com um traficantezinho de merda, e o que eu poderia fazer em relação aquilo? Definitivamente nada, então... FODA-SE!
Só que dependendo da pessoa - uma coisa que eu não deixei clara antes - é que eu fico culpado fácil por não socorrer quem precisa. Morgan podia ser chato, mas vê-lo daquele jeito me partia o coração, e como eu já tinha previsto, ele estragou minha festança, pois eu não consegui aproveitar mais nada, nem a maconha, vendo-o naquele estado.
Minha palpitação estava acelerada com aqueles pensamentos. Que merda, o que meu coração tem com esse menino?!
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