Morgan P.O.V.
Despertei aos poucos, dando de cara com o teto branco do quarto que estávamos hospedados.
- Morgan? - Jonathan chamou-me, e ele parecia estar tão longe.
Mesmo com os olhos abertos, minha mente ainda estava adormecida, assim como todo o resto do meu corpo.
- Ei, garoto - Valentim apareceu do meu lado, e me deu tapinhas no rosto.
Isso me fez sentir o meu corpo, e pisquei os olhos várias vezes, e movimentei os dedos das mãos.
- Por que estou assim? - Indaguei, sonolento.
- Você surtou. Os médicos disseram que você teve um ataque de pânico forte, capaz de fazê-lo ficar catatônico, então lhe cedaram - Explicou Jonathan.
Fui sedado como um animal, me sinto um lixo, que vergonha.
- Eu quero chorar - Soltei de repente, e meus olhos aguaram.
- Own, vem aqui - Jonathan ergueu-me e me abraçou, e minha lágrimas molharam seu ombro.
- Eu tô desesperado - Falei abafado.
- Desesperado? - Indagou Valentim, agradando meus cabelos, sentado ao meu lado - O que aconteceu para estar assim?
- Eu vi minha tia... a minha tia Felicity.
- Você quer dizer a sua ex tia por parte de pai? - Valentim expectando que não, perguntou.
- Ela apareceu do nada, acompanhada por um homem gordo. Ela estava completamente bêbada.
- Ela te fez lembrar de tudo, não é? - Adivinhou Virgínia, sentada no baú almofadado frente a cama.
Afirmei com a cabeça, vagarosamente.
- Eu realmente não queria tocar mais no assunto, mas... - Disse ruiva com pesar - O filha da puta está preso?
- Vc quis dizer o meu tio?
- Aham.
- Pelo que meu pai comenta com toda a minha família, a polícia está com um mandado de prisão já faz seis anos.
- O vagabundo tá solto, então... - Valentim soltou um riso nasal de indignação.
- Entendi, ele está foragido. E se o achassem, teriam provas contra ele? - Inquiriu Virgínia, atenciosamente.
- Eu sou a prova. Se o prenderem, e precisarem de provas, na hora do julgamento, é só mandarem os médicos e legistas que farão parte do processo examinarem o meu corpo.
- Isso é um perigo... - Falou Jonathan com temor - Se você é a única prova contra, ele não tentaria destruir essa prova?
- Jonathan! - Gritaram Virgínia e Valentim ao mesmo tempo.
- O que é?! - Exclamou - Eu estou preocupado! Sei que é algo ruim de se falar, mas é completamente lógico.
- Podia ter falado isso quando ele não estivesse perto - Virgínia lhe deu um tapa.
- Tudo bem! Agora, só preciso dormir mais.
- É, acho que está na hora de irmos embora - Disse Valentim, se levantando, e Virgínia fez o mesmo em seguida - Vamos deixá-los em paz.
- Obrigado por me acompanharem até aqui - Agradeci, com um sorriso modesto - O almoço estava uma delícia, pena que eu vomitei ele todo.
- A-Aha, que bom então - Valentim riu e os irmãos saíram pela porta.
Jonathan os acompanhou até a saída. Eles conversaram um pouco - juntamente a minha vó - a meu respeito, que se eu precisasse de ajuda, podíamos chama-los.
- É melhor você descansar mesmo - Jonathan entrou no quarto e trocou de roupa, colocando um pijama moletom.
Ele deitou ao meu lado, bem próximo a mim e agradou meus cabelos, me fitando profundamente.
- O que está acontecendo com você? - Questionou, com uma indignação triste - Diz pra mim que pode sair dessa.
- Eu não sei... - Desviei o olhar para o outro lado do quarto - Preciso dormir.
- É. Faça isso - Ele me deu um beijo na testa, e logo, nós dois apagamos.
(Quebra de tempo)
Acordei num susto. Eu estava um tanto suado. Meus pés pareciam pedras de gelo de tão gelados. Minhas mãos estavam trêmulas e meus olhos ardiam muito.
- Eu já volto, meu amor - Falei ao pé do ouvido de Jonathan, que dormia profundamente - Vou comprar meus remédios.
- Hmmm... - Grunhiu ele - Se cuida.
Levantei, mas voltei para cama. Eu não conseguia fica em pé.
- Nossa... - Resmunguei para mim mesmo.
Tentei de novo, me equilibrando. Fiquei um minuto ali em pé, fixando bem os meus pés.
Fui até minha mala, vesti um moletom e um tênis qualquer. Peguei meu celular, o cartão e a receita, e me dirigi a sala, encontrando tia Claire.
- Aonde vai? - Questionou, tanto suspeita, quanto preocupada.
- Preciso comprar meus remédios. Eles acabaram - Falei, tentando não olhar nos olhos dela.
- Você não está bem. Quer que eu faça isso?
- Não. - Deixei claro - Posso muito bem me cuidar sozinho, se é com isso que está preocupada. Vou só comprar meus remédios.
Fui até o estacionamento e entrei na BMW x4 da minha vó e fui até a farmácia mais próxima.
- Boa noite, posso lhe ajudar? - Perguntou uma mulher, com estranheza.
Olhei para o relógio, eram nove e meia em ponto. É! Por que ia ter um menino de dezesseis anos com cara de quatorze a essa hora da noite numa farmácia?
- Sim! - Lhe entreguei a receita - Me vê esses remédios, por favor.
- Sim, senhor - A atendente foi para trás do balcão e procurou os remédios.
Analisei o local, era super frio e branco. Eu estava me sentindo uma criatura estética nesse lugar.
- Aqui está - Colocou uma sacola com vinte caixas sobre a tampa de vidro do balcão.
- Muito obrigada - Fui para o caixa, e paguei. Entrei no carro e fui rápido para casa.
Ao chegar, encontrei tia Claire dormindo delicadamente no sofá. Mal sai e já pegou no sono, quem dera eu ser assim sempre. Fui ao quarto e Jonathan estava caído no sono. Fui ao de minha vó, ela também estava adormecida. Voltei ao meu quarto e entrei com a sacola de comprimidos no banheiro, fechando a porta com cuidado para não acorda-lo.
Liguei a água fria da banheiro. Tirei minhas roupas, peguei uma cartela de remédio e mergulhei meu corpo naquela água gélida sem dó.
- A-Auhn - Gemi de dor - Que gelo. Uh!
Olhei para o teto e tentei me concentrar nele, e esquecer a dor do frio.
Eu estava completamente fora da realidade. Não sabia exatamente o que estava fazendo, a única coisa que sentia, era os meus músculos rígidos por causa da baixíssima temperatura.
- Ok. Vamos dar um jeito nessa sua aflição, Morgan - Falei, criando uma coragem falsa - Você merece se livrar um pouco desse mundo.
Peguei a cartela de remédios e a encarei destemido, mas na verdade, a insegurança tomava conta de todo o meu corpo, porém, tentava me convencer que não.
Tirei o pequeno comprido e coloquei na boca, e esperai alguns segundos, coloquei outro e, logo em seguida mais outro. Eu já cheguei a tomar cinco remédios por dia, mas nos últimos dois anos, faço o uso de apenas um dois, me desacostumei daquela montoeira de remédios. Tomei o quarto.
Alguns minutos depois, senti minha cabeça ficar agressivamente sonolenta, meu corpo todo amortecido e minha respiração super pesada.
Passei minhas mãos nos lábios, estavam secos e eu já não enxergava mais nada, e então um preto moribundo tomou conta de minha mente.
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