História Rich boys in love I - Romance gay (Yaoi) - O menino dos olhos azuis

Jonathan P.O.V.

Acordei com a minha mãe aos berros com meu irmão. O que deu pra entender foi que ele se recusou a comer banana e tacou a fruta no chão só de pirraça.

Me sentei e parei para analisar meu novo quarto. Definitivamente, era muito grande, do jeito que eu gosto, eu sou muito espaçoso. 

Levantei da cama e fui direto para o banheiro. Liguei o chuveiro na temperatura adequada - que no caso pra mim é morna - e adentrei de baixo daquela água relaxante. Me permiti ficar um bom tempo apenas sentindo a água percorrer pelo meu corpo. 

Lembrei que eu não tinha trazido toalha. 

- Mãe! - Chamei. Se passou um minuto e ela não veio - Oh, mãe!

- Eu estou me arrumando garoto, o que você quer? - Perguntou irritada abrindo a porta bruscamente.

- Ah... esqueci a toalha. 

- Tem vinte e três anos e fica esquecendo a toalha. Ah, mas eu vou te contar, em! - Reclamou, voltando alguns segundos depois com uma toalha branca - Não me enche mais! - Saiu murmurando coisas que eu não entendi.

Fiquei mais alguns minutos e sai enrolando a toalha na cintura. Vesti um moletom cinza, um tênis preto e me dirigi até a sala onde encontrei meu pais prontos para sair.

- Onde vão? - Perguntei.

- Passear por aí, vem junto? - Perguntou minha mãe na torcida que eu afirmasse.

- Não, valeu. Eu mesmo vou sair mais tarde. 

- Que pena, seria divertido - Ela fez biquinho - Mas vocês são dois chatos.

- Ué, você não vai? - Olhei para Jude.

- Vou ficar em casa, jogando os novos jogos que comprei pra Xbox, de qualquer forma. 

- Então tá, viciado - Disse meu pai, revirando os olhos. 

- É, é... - Meu irmão deu de ombros.

- Bom, já que vocês dois preferem ficar morgando aqui dentro, até depois - Acenou meu pai e os dois saíram.

Olhei novamente pra meu irmão e observei-o colocar o jogo no aparelho. 

- Eu também vou sair.

- Então por que não foi com o papai e com a mamãe? - Perguntou sem tirar os olhos do que estava fazendo.

- Não queria sair com eles.

- Que malvado - Reprovou com a cabeça. 

Fui até ele e lhe dei um beijinho na testa.

- Ui, sai daqui - Ele me empurrou enjoado.

- Tchau, seu bostinha, qualquer coisa me ligue, em - Sai e tranquei a porta com o código que vi meu pai digitar e pude ouvir Jude murmurejar um "tá legal, vai logo". 

Entrei no elevador e descansei minha cabeça no espelho, ainda não tinha acordado direito, precisa tomar um café ou algo do tipo.

Saindo do elevador, cumprimentei o porteiro que me devolveu um bom dia com uma reverência acompanha do "Senhor Martinez". 

Abri a porta da entrada e me deparei com cinco jovens sentados na escada. Olhei para os lados procurando outro lugar pra passar, infelizmente, teria que pedir licença. Odeio falar com gente logo de manhã, e outra, pra que diabos sentar na escada de outros prédios? Vai sentar na vó, porra! 

- Com licença, por favor - Pedi fingindo um sorriso para esconder minha cara azeda. 

- Você que é o garoto novo? - Perguntou um menino de cabelos encaracolados cor mel que usava óculos estilo John Lennon.

- Eu mesmo - Afirmei com a cabeça. Como é que ele sabe que eu sou novo por aqui?

- Prazer em conhecê-lo - Disseram os cinco ao mesmo tempo, como um coral - Antes vamos nos apresentar, aí está livre pra ir.

Que saco, eu realmente não queria saber quem eram aqueles doidos varridos, mas ele pareciam ser muito legais, então não tinha motivos para ser grosso, aliás, porque eu adoro fazer amizades, só que eu tinha acabado de acordar.

- Eu sou Cooper - Disse o menino que falou comigo primeiro - Esse é Spike - Apontou para um menino que sorriu com dentes amarelos - Esse é Floyd - Apontou agora para um menino baixinho e gordo que tinha um estilo meio emo - E essas são...

- Nós mesmos nos apresentamos, tá - Interrompeu uma menina loira de cabelos ondulados - Prazer, sou Pandora - A safadinha piscou pra mim. E eu gostei, pegaria ela mais tarde sem sombra de dúvida. 

- Eu sou Anastasia - Acenou a menina de cabelos curtos  castanhos, que parecia ser tímida - E esta é Francesca - Apontou para uma menina baixa e bochechuda que me deu um largo sorriso. 

- E eu sou Jonathan Martinez, prazer em conhecê-los. Vão ter que me perdoar, mas eu estou atrasado, obrigado - Me apresentei, me enfiando no meio deles para passar e me livrar daquela conversa com aquele grupo de esquisitos - Mais tarde eu falo com vocês - De costas para eles, ergui minha mão em sinal de  "tchau" e atravessei para o outro lado da rua. 

Eu gosto mesmo de conhecer gente nova e ser amigo delas, de verdade, só que eu acabei de despertar e nem estava raciocinando direito. Precisava pensar em tudo aquilo que estava acontecendo, não que fosse algo estressante, mas é ruim dar de cara com tantas coisas novas em um lugar diferente.

Entrei na cafeteria mais próxima e sentei na mesa mais distante da porta de entrada. Sem demora a garçonete veio até mim com um pequeno bloquinho.

- Deseja algo senhor? - Perguntou ela ajeitando a caneta no dedo pronta para anotar o pedido.

- Um café puro e um bolo de chocolate, por favor.

- É pra já - Anotou e apressadamente foi para trás do balcão preparar o que pedi.

Não demorou cinco minutos e tudo estava na minha mesa. Não me gabando, mas gabando; é bom ter essa vida. O bolo e o café estavam muitos bons. Apreciei com calma aqueles sabores e o silêncio do lugar. 

Fechei os olhos para relaxar, no entanto, fui interrompido pelo barulho da porta se abrindo. De fora entrou um garoto que usava um moletom fino preto, e dava pra ver que por baixo desse moletom usava uma camiseta de manga cumprida cinza; uma calça justa preta rasgada nos joelhos; um tênis de botinha da Vans também preto e um lenço xadrez Burberry preto e branco no pescoço. Muitos se vestem deste tipo para o trabalho e coisa e tal, nada de mais, só que no corpo magro dele, aquela roupa ficou muito mais elegante. Ele era elegante. 

O menino sentou em uma mesa frente a minha. Por estar bem perto, não consegui deixar de analisá-lo. Sua pele era pálida, parecia até estar doente; seus olhos eram azuis e um tanto grandes. Usava um óculos de grau preto de armação grande e quadrada. O cabelo era tão negro que com a luz refletindo sobre ele, o deixava preto azulado. Utilizava um relógio preto por cima da manga, e junto usava outros acessórios, como uma pulseira também preta e outra com pedras verdes. Na mão, usava um anel de prata no mindinho e na outra, usava um prateado só que no dedo indicador. Com aquelas roupas escuras e aquela pele branca, o deixava parecendo um morto vivo muito sexy. É isso mesmo, um morto vivo sexy.

A garçonete veio atende-lo na mesma pressa que veio para mim. Pude escutar que ele pediu uma bebida achocolatada. Alguns minutinhos depois, a atendente veio com seu pedido e o depositou na mesa. Era um tipo de chocolate quente especial que tinha chantilly nas bordas da caneca de vidro transparente. 

Ele tirou seus óculos, ingeriu vagarosamente o líquido em pequenos goles e descansou o recipiente na mesa de mamadeira escura. 

Eu não entendo porque, mas não conseguia tirar os olhos dele, e isso foi um baita erro que fiz comigo mesmo, pois ele olhou para cima e nossos olhares se encontraram, e nenhum de nós desviou.

Quando dizem que os olhos são a janela da alma; eles estão certos, acreditem. Uma vez que ficamos por alguns segundos nos fitando, pude sentir e constatar que a alma daquele garoto atraente estava morrendo aos poucos. Seu olhar era sério e triste, tive vontade de conversar com ele e não compreendo o porque. Não faz nem vinte minutos que ele chegou, nem sei quem caralhos ele é.

Caralho, o que está acontecendo comigo?! Eu devo ter fumado e não lembro. 

Eu estava ficando louco, o mais estranho é que meu coração estava acelerado. Eu preciso conhecê-lo, aquele garoto precisa ser meu, apenas meu... ele precisa de mim, sinto isso.

O que?! O que foi que eu acabei de dizer pra mim mesmo?! Não... eu estou delirando só pode. Deixa de ser idiota Jonathan... esse garoto...

Puta que pariu, tá na cara que isso vai dar muita merda!