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História Rieseltia - Capítulo 5 - Passados Revelados


Escrita por: Hellfick

Capítulo 6 - Capítulo 5 - Passados Revelados


O novo dia começou como qualquer outro. Ravel se levantou, colocou o uniforme verde claro da escola e foi fazer o café da manhã. Mas esse era o primeiro dia após a criação da facção Cavaleiros Dragões.

O garoto pegou os ingredientes da geladeira e começou a fazer a comida. Olhando pela janela em frente a pia, ele viu Vivian treinando.

Os dois tomaram o café da manhã e o garoto se aprontou para sair.

— Vai continuar treinando? — Perguntou Ravel verificando se tinha pego todo o material.

— Estou suspensa. Não tenho o que fazer, então vou continuar aqui. — Respondeu ela indiferente.

Ravel se despediu e se dirigiu para o prédio principal. Ele encontrou Luca no caminho e os dois foram conversando. Logo que entraram na sala os olhares se voltaram para eles, mas todas voltaram ao normal em alguns segundos.

— Parece que os boatos se espalharam. — Comentou Luca com um sorriso.

— Não faz diferença, eu já atraía atenção antes. — Respondeu Ravel balançando os ombros.

Os dois garotos caminharam para os seus lugares. Sarah, que já estava sentada, falou para Ravel, mostrando um sinal de afirmativo com o polegar e com a voz monótona:

— Parabéns por criar a facção!

— Obrigado. High Five! — Respondeu ele erguendo a mão. Sarah bateu nela. Ravel deu um grande sorriso.

— Agora que eu percebi, Ravel. Você não está mais com as luvas. — Comentou Luca olhando para as mãos do garoto.

— O machucado foi curado pelo poder da enfermeira. — Falou Ravel se sentando.

A porta se abriu e Helen entrou com elegância.

— Bom dia, turma. Vamos começar a aula.

A aula se passou num piscar de olhos e logo Ravel estava retornando para o dormitório. Logo que chegou ele procurou por Vivian e a encontrou sentada na cozinha, mexendo em um caderno.

— Tem um momento? — Perguntou Ravel se sentando na mesa. — Tem algo que eu queria discutir.

— Pode falar. — Respondeu ela fechando o caderno e o encarando.

— Estava querendo recrutar o Luca. Acho que o poder de detecção dele será muito útil para nós. Tudo bem por você? — Ravel perguntou calmamente.

— Você é o líder da facção, não precisa me perguntar uma coisa dessas. — Ela falou virando o rosto.

— Como um membro da minha facção, quero saber a sua opinião. Além do mais, você tem uma grande aversão a homens, não?

Vivian o encarou com olhos afiados. Ela não sabia que ele tinha conhecimento desse fato.

— Foi o Luca que te contou? — Perguntou ela lentamente, e o garoto confirmou com a cabeça. — Eu tenho aversão a homens, mas vou aguentar. Não estou aqui para brincadeira.

— Por que você tem tanto problemas com homens? — Perguntou Ravel curioso. — O que aconteceu com você?

A garota bufou e fez uma cara zangada.

— Não vou te contar o meu passado sem nada em troca... — Ela parou no meio da frase, com uma cara pensativa. — Ou melhor, até posso te contar, mas quero saber algo sobre você. Qual o seu objetivo. Por que você veio para essa escola?

— Troca de informações? — Ravel falou enquanto organizava os pensamentos. — Não é uma ideia ruim. Pode começar.

Ravel deu um sorriso e Vivian olhou pela janela, como se tivesse se lembrando de algo que não gostava.

— A minha mãe tem o poder de controle total. — Começou ela. — É um poder muito forte, que permite controlar todas as ações de outra pessoa. Tinha um homem que ela amava, do fundo do coração, mas esse sentimento não era correspondido.

A garota respirou fundo e continuou.

— Não aguentando mais ficar longe desse homem ela usou o seu poder para controlá-lo. Com ele controlado, eles se casaram e tiveram uma filha, eu. Só que a minha mãe não queria continuar controlando ele para sempre, então ela o liberou do poder...

As suas mãos estavam tremendo e ela parecia a beira de chorar, mas continuou falando.

— Mas mesmo que tivesse uma filha, o sentimento do homem não era de amor, pelo contrário, era de ódio. Ódio por ter sido controlado por tanto tempo. Ele odiava eu e a minha mãe, mas não podia se separar pois isso acabaria com a sua reputação.

Vivian parou, mas Ravel balançou a cabeça, instigando-a a continuar.

— Nós passamos dois anos assim. Mas quando eu tinha seis anos comecei a perceber algo que não tinha notado nos anos anteriores, a minha mãe sempre tinha hematomas por todo o corpo, em lugares que ficavam embaixo da roupa. Foi quando eu descobri que todo o dia aquele homem batia na minha mãe, que não conseguia revidar, pois ainda o amava. Quando eu descobri isso eu perdi o controle.

O silêncio se instalou na casa. Vivian não parecia mais querer falar, então Ravel perguntou:

— Você o matou?

Ela balançou a cabeça negativamente.

— Ele está em coma desde aquele dia.

O silêncio se instalou novamente, mas dessa vez Ravel não o quebrou. O motivo da aversão a homens era um trauma de criança. Seria difícil superar isso. O garoto fingiu não perceber que Vivian secava os olhos com as mangas.

— Agora me conte. — Falou ela depois de um tempo. — Qual o seu objetivo aqui?

Ravel respirou profundamente enquanto pensava no que falar.

— Eu nasci em Mane, um país a oeste daqui. — Começou Ravel. — Desde criança eu sempre brincava com uma menina chamada Nell. Todo dia, no mesmo parque. Ela era uma menina doce e meiga, mas um dia ela explodiu.

Dessa vez foi a vez de Ravel respirar profundamente.

— Ela matou alguém? — Perguntou Vivian curiosa, ainda com os olhos um pouco vermelhos.

— Sim. Não só uma pessoa. Ela destruiu... a cidade inteira. Vocês devem conhecer como o Desastre de Liere.

— O Desastre de Liere!? O incidente em que uma cidade inteira foi varrida do mapa? — Perguntou Vivian arregalando os olhos.

— Sim, eu sou o único sobrevivente...

— O que aconteceu naquele dia? — Perguntou ela exalando curiosidade.

— Eu não lembro direito. Nós estavamos conversando, de repente ela começou a destruir tudo e eu acordei em um lugar cheio de poeira. — Revelou Ravel, ainda omitindo algumas informações. — Meu objetivo nessa escola é reencontrá-la. Vou fazer meu nome crescer até que chegue a ela. Quero saber o motivo dela fazer aquilo.

Vivian ficou em silêncio. Estaria ela simpatizando com o passado dele?

— A sua família também morreu? — Perguntou ela em voz baixa.

— Meu pai sim. Minha mãe... não. Ela não estava em Liere, então ainda está viva. Mas ela não sabe que eu estou vivo. — Ravel respondeu como se quisesse evitar o assunto.

— Você não a procurou!? Ela deve ter ficado muito triste...

A garota começou a falar, mas parou a ver a cara dele. Não tinha um sorriso malandro e nem seriedade, era pura raiva.

— Ter ficado triste? — Perguntou ele com raiva na voz. — Eu a vi apenas uma vez na minha vida. Sempre trabalhando, sem mandar nem sequer uma carta. Você acha que eu me preocupo com como ela se sente?

O assunto morreu. Vivian não ousou perguntar mais nada sobre a mãe dele. Ela já tinha descoberto o que queria. Um sentimento de simpatia invadiu ela.

— Me desculpe pelo jeito que agi antes. Por favor, continue pedindo a minha opinião com relação aos seus planos. — Ela disse sinceramente.

Ravel se acalmou. Não era um assunto que ele queria conversar sobre.

— Tudo bem. Estou querendo ir amanhã desafiar a facção Sussurro do Ceifador. Estou ansioso para saber qual vai ser a prova. — Ravel falou esboçando um sorriso.

Nesse momento, alguém bateu na porta. Ravel se levantou e foi atender. Duas garotas estavam paradas na frente da porta.

— Boa tarde. Meu nome é Rosalyn e eu sou a líder da facção Luz Pura. — Disse ela com um sorriso tranquilo. — Queria conversar com você. Será que eu posso entrar?

Ravel fez um sinal que sim, e as duas garotas entraram. Rosalyn era um pouco menor que ele e tinha cabelos curtos e castanhos. A outra garota era do mesmo tamanho que o garoto e tinha cabelos longos, lisos e negros.

As duas foram até a cozinha e se sentaram na mesa, de frente para Vivian. O garoto se sentou ao lado da companheira. Elas provavelmente tinham vindo para desafiá-los. Era muito antes do que Ravel esperava.

Rosalyn pegou um caderno e o entregou para Ravel, que pegou e olhou interessado.

— Gostaria de propor uma troca de membros. A Vivian por qualquer membro desse caderno. — Disse ela com um sorriso ainda maior.

O garoto suspirou e colocou o caderno de novo na mesa.

— Não quero. — Disse ele sem interesse.

Rosalyn afiou o olhar e falou com uma voz provocativa:

— Você tem que entender como funcionam as coisas aqui, novato. Se não se aliar a ninguém você será destruído.

— Obrigado pela dica, mas não vejo como uma facção de nível baixo como a sua poderá me ajudar. — Ravel retrucou com desprezo na voz.

As duas se levantaram e se prepararam para sair, irritadas.

— Você vai se arrepender por isso. — Rosalyn falou arrogante.

— Não vejo como alguém como você pode fazer eu me arrepender. — Comentou Ravel com uma risada. — Agora, se você quiser me desafiar, podemos conversar. Se bem que você não teria chance contra o meu dragão.

A líder da Luz Pura saiu com uma cara de profunda irritação, enquanto Vivian encarava Ravel confusa.

— Não sabia que você falava de forma tão arrogante. — Disse ela surpresa.

— Em uma negociação confiança é extremamente necessária, você não pode fraquejar em nenhum momento. E não se preocupe, nunca deixarei um aliado de lado.

Falando isso, ele se levantou e abriu a geladeira.

— Vou preparar a nossa janta. — Falou ele sorrindo.

Vivian continuou sentada surpresa. A sua opinião sobre ele tinha melhorado muito. Pode-se dizer que a amizade dos dois começou nesse dia.



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