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História Rieseltia - Capítulo 7 - O Primeiro Desafio


Escrita por: Hellfick

Capítulo 8 - Capítulo 7 - O Primeiro Desafio


Ponto de vista de Helen.

Helen estava parada em frente ao portão já fazia dez minutos. Ela estava a espera de uma antiga amiga, que era conhecida como a melhor estrategista do mundo, Ofelia Laylake.

As duas tinham combinado cerca de dois meses atrás de se encontrarem para conversar.

Uma carroagem chegou na frente do portão, que se abriu com um rangido. De dentro dela uma mulher alta, de cabelos longos e castanhos e roupa social saiu.

— Bom ver você, Helen. — Disse ela com uma voz simpática.

Helen deu um sorriso e ascenou para que ela a acompanhasse.

— O mesmo, Ofelia. Se estou certa você veio direto do conselho para cá, não? Como que foi lá?

— Um monte de mulher arrogante gritando umas com as outras. — Suspirou Ofelia. O conselho era uma reunião mensal entre as governantas de todos os países. — Os atritos estão aumentando a cada mês. As extremistas estão cada vez atraindo mais pessoas.

— Alguma chance de esses atritos se tornarem uma guerra? — Perguntou Helen preocupada.

— Mês passado eu diria que as chances estavam em torno de dez porcento. Atualmente eu creio que estaria perto dos trinta. Nesse ritmo eu não conseguirei segurar elas. — Mais uma vez Ofelia suspirou e fez uma cara de cansada. — Mas não vamos conversar sobre isso. O que vamos fazer?

— Estamos indo para a arena. Tem um desafio que acontecerá em breve e eu acho que você irá gostar de ver.

Ofelia levantou as sombrancelhas, interessada.

As duas continuaram andando rumo a arena. Ao chegarem lá, elas subiram até o topo, onde se localizava a área vip.

A área vip era uma grande cabine de vidro, com cadeiras e mesas. Ela oferecia um ótimo lugar de visualização. Só poderia entrar nela os líderes das facções participantes no desafio e os professores.

Logo que abriu a porta, Helen viu duas pessoas sentadas em lados opostos da sala. A esquerda estava a líder do Sussurro do Ceifador, Marcy. A direita estava a vice-líder dos Cavaleiros Dragões, Vivian, que tinha recebido permissão para entrar pois o líder estava participando do desafio.

As duas entraram e se sentaram no meio da sala, entre as duas garotas.

— Como vai ser o desafio e quem estará participando? — Perguntou Ofelia curiosa.

— A vice-líder da Sussurro do Ceifador, Lynn, cujo poder é super velocidade contra o líder dos Cavaleiros Dragões, Ravel, cujo poder é invocar o dragão negro. A prova vai ser uma corrida de um quilômetro.

Ofelia abriu um grande sorriso e fez uma cara de profundo interesse.

— Não que a prova vá ser muito interessante. — A voz veio do canto esquedo da sala. Era Marcy que tinha falado. — Como a grande estrategista, você não acha que o desafio já acabou antes de começar?

A sua voz esbanjava confiança e até um pouco de arrogância. Vivian esbanjou uma cara de raiva e Ofelia concordou com a cabeça.

— Realmente, o resultado é muito óbvio. É claro que o Ravel irá ganhar. — Afirmou ela com confiança.

Vivian mudou sua expressão para uma de surpresa, enquanto Marcy de confusão.

— Não tem como ele ganhar. — Disse Marcy com um sorriso sarcástico. — Lynn consegue completar um quilômetro em no máximo seis segundos. Ele nunca conseguiria desenhar o símbolo e recitar o encantamento nesse tempo. Essa partida já é minha.

Dessa vez Ofelia mostrou um olhar penetrante.

— Não subestime o meu pupilo, garota. — Falou ela com a voz ameaçadora.

Tanto Marcy quanto Vivian arregalaram os olhos e exclamaram em surpresa:

— Pupilo!?

— Ravel é o único pupilo que Ofelia já teve. — Comentou Helen.

Marcy apertou os dentes. Seu sonho desde criança era se tornar uma estrategista como Ofelia, por isso ela tinha se dedicado muito para conseguir chamar a atenção dela.

— Como ele pode ser o seu pupilo se caiu no meu plano? — Falou Marcy com desprezo.

— Seu plano? Até uma criança conseguiria fazer isso. Você pensou o que? Que uma corrida iria acabar com as chances dele? Se sim, então me responda... — Falou Ofelia apoiando o braço na mesa ao lado. — Qual o tamanho mínimo do símbolo? Ele tem que ser desenhado no chão ou pode ser desenhado em outros lugares? Ravel poderia simplesmente trazê-lo em uma folha de papel. Quanto tempo demora o encantamento? Ele consegue reduzí-lo? Tem que ser feito em um só tom de voz ou pode ser feito rapidamente? Seu plano tem muitos furos. Entenda garota, você não está nem perto de ser uma estrategista.

Marcy mostrou uma cara de irritação no mesmo instante que Ravel e Lynn entravam na arena. Helen observou as pessoas que estavam ali para assistir. Ela conseguia ver representantes até mesmo das facções de nível alto.

Uma outra mulher entrou na arena. Era Melissa, uma professora de Rieseltia. Ela seria a juíza dessa partida. Ela chegou perto dos dois e falou algo.

Helen olhou para a cabine vip. Marcy ainda estava com uma expressão irritada, Ofelia tinha apoiado a cabeça na mão e olhava despreocupada e Vivian observava ansiosa.

Melissa começou a contagem e os dois se prepararam para correr. Quando chegou no três aconteceu algo inesperado. Areia se enrolou no pé direito de Lynn e a derrubou de cara no chão. Ravel falou algo para ela e desapareceu. Helen arregalou os olhos em surpresa, pois ele estava usando o poder de super velocidade da Lynn.

O desafio acabou em segundos. Ravel completou a distância enquanto Lynn olhava estupefata com a perna presa por um bolo de areia.

— O que foi isso!? — Gritou Marcy na sala vip olhando para Vivian. — Você usou o seu poder! Vocês trapacearam!

— Eu não usei o meu poder. — Respondeu Vivian seca, observando Ravel curiosa.

— Sua... — Marcy partiu para cima dela, mas parou ao ouvir uma gargalhada. Ofelia estava rindo.

— Essa garota não fez nada, não adianta você a culpar. Você ainda não percebeu? O poder do Ravel nunca foi invocar o dragão negro. Desde o início, não só você, mas todos dessa escola estavam apenas dançando nas palmas das mãos dele.

— Isso é impossível! Eu vi ele invocar o dragão. Eles trapacearam! — Marcy continuou gritando.

— Se houvesse alguma interferência externa Melissa teria interrompido o desafio. — Comentou Helen séria. — Além do mais, ele usou um poder igual ao da Lynn. Creio que você o subestimou.

A garota rugiu, se levantou e saiu da sala batendo a porta.

— Você sabia que o poder dele não era invocar o dragão, Ofelia? — Perguntou Helen curiosa.

— Claro. Por isso que eu falei que ele iria ganhar. Como eu disse, desde o início todas as pessoas daqui estavam nas palmas das mãos dele. — Respondeu ela com um sorriso. Depois, olhou para o céu já escuro. — Vamos embora, Helen? Quero descansar.

— E não adianta me perguntar. Não vou falar como que o poder dele funciona. — Completou ela ao ver que Helen tinha aberto a boca. A amiga concordou com a cabeça e as duas se levantaram. Nesse instante, Vivian se dirigiu a Ofelia.

— Será que eu poderia te perguntar uma coisa?

— Claro. — Respondeu ela com surpresa.

— Se você é a mestra dele, deve conhecer o passado dele, não? Por que ele não avisa a mãe que está vivo? Qual o problema que ele tem com ela? — Vivian queria muito saber isso, mas não tinha coragem de perguntar para Ravel.

— Então ele te falou sobre o passado dele? — Ofelia deu um sorriso sincero ao saber disso. — A mãe dele era uma pessoa super protetora. Como ela era uma pessoa influente, se fosse para casa as pessoas poderiam descobrir que Ravel tinha poderes e assim quererem usar ele. Por isso ela deixava o marido cuidando do filho e nunca voltava para casa.

— Mas então não foi por um bom motivo? Ainda não entendo por que ele não a avisa que está vivo. — Falou Vivian.

— Foi um bom motivo, mas não é por isso que ele não quer interagir com ela. Ele entende o lado dela, embora sinta raiva de não ter o visitado. Só que se ele a avisar que está vivo ela irá querer prendê-lo de novo, para que não descubram que ele tem poderes, e ele não quer isso. Ravel quer continuar a agir em liberdade.

Helen não tinha entendido direito a conversa, mas Vivian balançava a cabeça como se tivesse entendido algo. Ofelia abriu a porta para sair, mas parou.

— As vezes pode parecer que ele está escondendo coisas de você, mas peço que confie nele. É uma boa pessoa.

Com esse comentário ela saiu da sala e Helen a seguiu.

— Você não vai ver o Ravel? — Perguntou ela.

— Vim aqui para visitar você, não ele. Haverá um dia em que virei aqui para vê-lo, mas por enquanto quero aproveitar para conversarmos.

Ponto de vista de Ravel.

O garoto levantou cedo no dia do desafio, pois ouviu alguém batendo na porta. Quando a abriu viu que Luca estava parado do lado de fora do dormitório

— Você desafiou a minha facção? E a prova é uma corrida! Você está louco? — Gritou ele sem nem cumprimentar o amigo.

— Oh, Luca! Bom dia, dormiu bem? — Falou Ravel com um sorriso, ignorando o que Luca tinha dito.

— Ravel... — Luca começou a falar, mas o amigo o parou.

— Não fale mais nada. Você acha mesmo que eu faria um desafio se não tivesse profunda certeza de que iria ganhar? — Perguntou Ravel com frieza.

Isso jogou um balde de água fria em Luca e o acalmou.

— Não se preocupe, só deixe as malas prontas para se mudar para cá. — Completou Ravel com um grande sorriso.

Luca suspirou e abaixou a cabeça. Depois notou que o amigo estava com um olho roxo.

— O que aconteceu com o seu olho?

— Aconteceram alguns imprevistos e eu acabei com ele assim. Mas deixe-me adivinhar, você não tem permissão para vir aqui, não é? — Perguntou Ravel com um olhar afiado.

O garoto deu uma risada. Era verdade que Marcy havia lhe proibido de vir falar com Ravel, mas ele desobedeceu a ordem sem ela saber. Seria melhor voltar antes que ela descobrisse. Assim, se despediu e saiu.

Ravel se espreguiçou e voltou para o quarto. Durante o resto do dia ele ficou no seu quarto revisando os planos. Embora ele tivesse um plano com grandes chances de dar certo, ele tinha bolado mais quatro, para o caso de ter algum imprevisto.

Desde que começou a morar com Ofelia, a sua mestra, ela o instigava a sempre ter mais de um plano, pois nem sempre tudo corria como o imaginado.

Vivian passou no seu quarto perguntando qual era o seu plano, mas Ravel falou que era segredo, o que a deixou irritada.

O dia se passou assim e o horário do desafio chegou. Ravel saiu do dormitório e foi até a entrada da arena com Vivian. Lá eles pararam. Ela iria assistir o desafio da área vip.

— Tem certeza que está tudo certo? — Perguntou ela um pouco ansiosa.

— Sim, tenho vários planos, não precisa se preocupar. — Respondeu ele ajeitando a roupa.

Ele se despediu dela e foi para a sala de espera. Lynn já estava lá sentada. Assim que ela o viu, soltou uma pequena risada.

— O que você fez no seu olho? — Perguntou ela curiosa.

— Isso foi o presente que você me deu quando me empurrou ontem a noite. — Comentou ele com um sorriso amargo.

— Então foi você que eu empurrei!? — Exclamou ela, sem se desculpar.

— Sim, mas não se preocupe com isso. Graças a você eu vou ganhar esse desafio.

Ela riu com gosto com a fala dele.

— Isso é impossível. Você não vai conseguir invocar o dragão até eu completar o trajeto.

Dessa vez foi Ravel que riu. Ele tinha planejado tudo desde a entrada na escola. Usar o dragão para criar uma facção e fazer todos pensarem que esse era o seu poder. O poder dele era extremamente complexo, mas para todos que perguntavam ele falava um dos fragmentos da habilidade.

Conexão. Era assim que Ravel a chamava. Ele tinha a habilidade de absorver o poder de outras pessoas ao entrar em contato físico. Quanto mais tempo em contato, maior o tempo que ele poderia usar o poder da pessoa. O dragão negro pertencia a sua amiga de infância que ele queria encontrar.

Quando o empurrou na noite passada, Lynn encostou com a mão no seu rosto, assim o garoto absorveu o seu poder. Para ajudá-lo a se levantar, Vivian o deu a mão, assim ele também absorveu o poder dela. O olho roxo era um efeito colateral de absorver várias habilidades.

O principal plano de Ravel era prender Lynn com areia e usar a super velocidade para completar a prova.

Enquanto revisava-o mentalmente, uma professora que Ravel tinha visto apenas uma vez, enquanto caminhava pela escola, entrou na sala.

— Boa tarde, alunos. Meu nome é Melissa e eu serei a juíza do desafio. Vamos entrar na arena.

Os dois competidores entraram na arena, que não estava cheia, mas que tinha bem mais pessoas do que a primeira vez que Ravel tinha estado lá. Algumas meninas vaiaram ele quando o viram.

Nessa hora, Melissa se postou ao lado dos dois e falou:

— Vocês já sabem como será o desafio. Vou começar a contagem e quando chegar em três vocês podem dar a largada.

Lynn se preparou para começar a correr, enquanto Ravel continuou do jeito que estava. Ela deu uma risada ao ver isso, mas não sabia que ele tinha acabado de ativar o seu poder e estava juntando areia perto do pé direito dela. O roxo no seu olho começou a desaparecer.

— Três!

Melissa completou a contagem e na mesma hora Lynn chutou o chão, mas areia tinha se enroscado no seu pé direito, fazendo com que ela caísse de cara no chão.

— Sabe, eu até que sou uma pessoa vingativa. — Disse Ravel com um sorriso.

Após falar isso ele ativou o poder de super velocidade e começou a correr. A corrida acabou em cinco segundos, e Lynn ficou no chão, olhando estupefata.

— Esse é... o meu poder. — Falou com a voz fraca. — O seu dragão...

— Não, esse é o meu poder. — Disse Ravel com um sorriso.

— A corrida acabou. O vencedor é Ravel, da facção Cavaleiros Dragões. — Declarou Melissa em voz alta.

A arena estava silenciosa. Ninguém entendia ao certo o que tinha acontecido. Ravel virou as costas e saiu andando calmamente da arena.

Já no lado de fora dela ele encontrou Luca e Vivian.

— O que foi aquilo!? — Exclamaram os dois em uníssono.

— Aquilo o que? — Perguntou Ravel com um sorriso.

— Aquele era o meu poder... — Falou Vivian em voz alta.

— Não, — Retrucou Ravel tranquilamente. — aquele era o meu poder. Eu nunca falei que invocar um dragão negro era a minha habilidade.

— Mas se invocar o dragão não era o seu poder... — Começou Luca, mas Ravel o interrompeu.

— Sei que vocês querem saber qual o meu poder, mas por favor, não perguntem. Vou falar para vocês na hora certa. — Pediu o garoto.

Vivian se lembrou do que Ofelia tinha lhe falado pouco tempo atrás e suspirou.

— Quais são os nossos planos por agora? — Perguntou ela.

— Bom, temos que ajudar o nosso novo membro com a mudança. — Respondeu Ravel com um sorriso.

Os três caminharam na fresca noite rumo ao dormitório.

Ravel não sabia, mas a partir desse dia ele ficaria muito mais famoso. O fato de que ele era o pupilo da melhor estrategista do mundo se espalhou pela escola rapidamente, o que atraiu a atenção das facções de nível alto para ele. Além disso, o seu poder, que no fim não era o de invocar o dragão negro, voltou a ser assunto por todos os lugares. Surgia ali o melhor estrategista de Rieseltia, aquele que no futuro seria conhecido no mundo inteiro como o Demônio Estrategista.



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