I hurt myself today
To see if I still feel
I focus on the pain
The only thing that's real
The needle tears a hole
The old familiar sting
Try to kill it all away
But I remember everything
Ikki carregava Shaina nos braços, procurando pela saída daquele túnel.
A mente do Cavaleiro de Bronze estava dominada de emoções ruins: angústia, raiva, medo, impotência.
Há muito tempo Ikki não sabia o que era sentir medo. Tudo o que vivera em sua vida difícil fizera com que a Ave Fênix fosse extremamente destemida. Mas agora, embora ele fosse um dos poderosos Cavaleiros de Athena o medo em perder Shaina para a morte o fazia sentir como uma criança assustada.
Seu medo era tão forte que lhe doía a alma.
_MAS QUE DROGA É ESSA? – gritou ele ao encontrar a passagem para a saída do túnel totalmente obstruída por enormes rochas, devido a todos os tremores.
Ikki olhou ao seu redor, analisando a situação. Ele poderia quebrar todas aquelas pedras com seus poderosos punhos mas dúvidas povoavam sua mente. Será que seria rápido o suficiente para salvar Shaina abrindo o caminho a socos? E se ele desse meia volta, será que encontraria outra saída?
Ikki olhou para o corpo de Shaina, que jazia inerte em seus braços.
_O que devo fazer? – disse ele, pensando em voz alta – Não posso deixá-la morrer... Shaina, por favor, agüente firme... MALDITOS DEUSES! – explodiu Ikki, ao se decidir a tentar abrir o caminho a força.
Ikki se inclinava para deitá-la no chão quando foi surpreendido por uma forte luz dourada que preencheu o túnel.
Ele pode sentir o forte cosmo e reconheceu que era de Milo. E então, sem demora, seguiu correndo na maior velocidade que podia alcançar o caminho de encontro a ele.
-------------------------------------
Milo e Sialea-lea finalmente haviam saído de dentro do túnel.
Caminharam até a uma distância segura, que ficava a meio caminho entre o vulcão e a pequena vila destruída.
_Parece que Ikki e Shaina ainda não saíram – disse ele, olhando ao redor, preocupado – vou voltar para procurá-los, estou muito apreensivo... Não consigo sentir o cosmo dela. – e entregou para ela a tenaz de Hefesto.
A jovem índia apenas sinalizou com a cabeça, e depois de olhar o objeto o guardou em sua mochila.
_ Se conseguir, caminhe até o vilarejo e nos espere por lá, ta bem? – concluiu Milo.
Sialea-lea observava as queimaduras nos braços e mãos de Milo, com tristeza. Ela o tocou no ombro, e disse:
_Está bem. Por favor, Milo, tome cuidado.
Milo sorriu e voltou correndo em direção ao Colima.
Quando o Cavaleiro de Ouro se aproximava do monte, o temido aconteceu. O vulcão se rebelou, explodindo-se em lava, cinzas e pedras.
_NÃO!!! - gritou ele, parando e olhando para o terrível espetáculo de fogo a sua frente – Ikki, Shaina, não pode ser!
Milo estava decidido a seguir em frente com sua busca quando viu, saindo do cume juntamente com aquele fogo uma figura conhecida.
Era Ikki, que carregava Shaina nos braços. Ele estava envolto em seu cosmo, que brilhava vermelho e laranja e conseguia ser mais intenso do que a lava ao redor. Seu cosmo os envolvia e os protegia.
_Fênix. – disse ele, surpreendido pela inusitada e bela visão.
A lava, porém, descia impiedosa pelo monte e a qualquer momento, chegaria ao solo.
Sem pestanejar, acendendo seu cosmo e usando de poderosos golpes Milo começou a cravar na terra uma enorme trincheira ao redor de onde a lava passaria. Isso ajudaria a minimizar o impacto da erupção.
Ikki finalmente tocou o solo, e vendo Milo cravando as trincheiras correu com Shaina em direção ao vilarejo.
----------------------------------
Sialea-lea havia alcançado o povoado e se apoiava em uma pedra. Viu que o vulcão havia entrado em atividade. Tremendo, procurou em sua mochila o rádio comunicador e tentava falar com o piloto do helicóptero.
A erupção havia bagunçado com o sinal e ela estava tendo dificuldade.
A índia dava soquinhos e chacoalhava o aparelho, no desespero de conseguir contato. Desesperada, começou a chorar. Fechou seus olhos e pediu a seus ancestrais e aos Espíritos da Natureza que a ajudassem. Temia por si, por Milo e pelos outros.
Continuou tentando quando conseguiu um fraco sinal. Esforçava-se para conseguir comunicar com o helicóptero quando Ikki chegou, com Shaina inerte em seus braços.
Sialea-lea esqueceu-se do rádio por um momento. Levantou-se e foi até eles, tapando sua boca com uma mão. Ela olhava para Shaina com incredulidade e tristeza. Então, se afastou e pegou apressadamente sua mochila e começou a tirar algo de dentro dela.
Ikki estava ajoelhado ao lado da Amazona e chorava de cabeça baixa.
_Precisamos tirá-la daqui – disse ele, com a voz rouca – ela precisa de atendimento médico urgente.
A índia voltou a tentar o rádio, e finalmente conseguiu falar com o piloto. Falava com ele e continuava mexendo com sua mochila.
Milo retornou e vendo a cena, sentiu seu corpo fraquejar.
_Ikki... O que aconteceu? – perguntou.
_Foi Abel. – respondeu ele.
Milo olhou atentamente para o ferimento de Shaina e se virou de costas, pois não podia encará-la daquele modo. Uma das coisas que sempre o admirou na Amazona foi sua vontade de viver e agora ela jazia ali, sem forças e quase morta.
Sialea-lea se aproximou, com algo nas mãos. Era uma pele de lobo cinza, a mesma que estava em sua sala no hotel. Ela colocou o crânio do animal em sua cabeça, deixando a pele cair por suas costas.
_Por favor, Cavaleiro, afaste-se dela. – disse trêmula.
_O quê? O que vai fazer? – perguntou Ikki, ríspido.
_Vou tentar... Eu vou tentar salvá-la – disse – o que vou tentar fazer é um ritual antigo e poderoso, mais antigo do que se possa imaginar, não sei se sou digna de ser ouvida pelos Espíritos ou se tenho o dom suficiente para conseguir, mas eu preciso tentar! Ela está morrendo!
Ikki a atendeu e se afastou, parando ao lado de Milo, que ainda estava de costas.
Sialea-lea começou a passar suas mãos pelo comprimento do tórax de Shaina, tocando o ar logo acima de seu peito. A índia chorava sinceras lágrimas de tristeza. Sua voz falhava, mas ela começou a entoar um cântico em sua língua.
Sialea-lea entoava sua reza, pedindo aos ancestrais e aos Grandes Espíritos que a ajudassem. Repetia o que pareciam ser a mesma seqüência de palavras.
Conforme continuava, sua voz se firmava e seu canto ficava mais firme e mais rítmico.
Ikki olhava a tudo, com a visão embaçada de lágrimas.
Sialea-lea continuava cada vez mais forte e firme e com um ritmo mais intenso. Um vento bateu forte, levantando poeira e fazendo com que Ikki tivesse que limpar seus olhos. Ele os fechou e esfregou e ao abri-los novamente viu algo inacreditável.
Parado a alguns metros de Shaina e encarando a jovem índia estava um grande lobo cinza.
Ikki tocou Milo, que se virando, viu o mesmo que o Cavaleiro de Bronze.
_Mas o que é isso? – disse ele, já fechando o punho e indo de encontro ao animal, quando Ikki o segurou.
_Espere. – disse Fênix.
Sialea-lea continuava sua reza quando o animal se mexeu. O lobo soltou um alto uivo. Em seguida correu de encontro à índia e com um salto, tornando-se translúcido, entrou em seu corpo. Após recebê-lo, Sialea-lea inclinou sua cabeça e olhou para o céu. Seus olhos e seu corpo brilhavam prateados. O brilho era semelhante a um cosmo, porém, mais fraco. Ela novamente começou a passar as mãos sobre Shaina e como milagre, pela primeira vez desde que fora atingida, Shaina começou a reagir ao contorcer seu rosto e lábios.
Milo observava a tudo de boca aberta.
Sialea-lea continuou e depois de um tempo, nenhum sangue novo vertia do ferimento da Amazona e ela abriu os olhos.
Ikki e Milo fizeram expressões surpresas.
Sialea-lea terminou seu canto, olhou Shaina nos olhos e sorriu antes de cair de lado, desmaiada.
Ikki correu de encontro a elas e parou ajoelhado ao lado de Shaina. Milo fez o mesmo e acudiu a índia.
_Shaina! Eu pensei que tinha te perdido... _ disse Ikki, tentando tocá-la com cuidado num misto de riso e lágrimas.
_Ikki... – respondeu fraca.
_Você está bem? – perguntou Milo, ajudando a índia a se sentar.
_O que houve? – perguntou ela, meio confusa.
_Você a salvou – respondeu o Dourado, apontando com a cabeça para a Amazona e sorrindo.
A índia celebrou, jogando-se para cima de Milo em um abraço apertado que foi por ele retribuído.
Depois de alguns minutos em que todos se recuperaram da emoção sofrida, Sialea-lea disse que eles deveriam ir até o local onde haviam sido deixados e que o piloto os encontraria lá pois ele não conseguiria se aproximar muito do vulcão em atividade.
Eles começaram a caminhar. Ikki levava Shaina nos braços e Milo amparava a jovem índia.
Quando estavam quase deixando a vila, Milo sentiu novamente o cosmo fraco que havia sentido antes, naquele mesmo lugar. Pediu que os demais fossem na frente e disse que ele os encontraria em breve. Eles assim fizeram e ele começou a procurar, aguçando seus sentidos para tentar localizar de onde o cosmo vinha.
_Vamos cosmo... Onde você está? – dizia ele, procurando.
O Escorpião finalmente sentiu o cosmo mais perto e acabou localizando-o, vindo de baixo de destroços de uma casa. Começou a remover com cuidado os tijolos e demais detritos quando encontrou uma criança.
A menina de pele morena e cabelos negros não devia ter mais do que oito anos. Estava muito suja e machucada, e de tão fraca mal conseguia se mexer. Ela olhou o Cavaleiro nos olhos e com toda sua força restante disse:
_ Un angelito del cielo...
Milo sorriu e a carregou para o ponto de encontro.
Quando chegou, o helicóptero já estava lá e ele embarcou, deitando a menina no banco com a cabeça em seu colo.
O piloto decolou rumo ao hospital mais próximo.
Pela janela, Milo observou com alegria sua trincheira. Ela conseguia conter quase toda a lava que agora estava mais calma e descia mais lentamente do Colima.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.