But if all these friends and lovers
There is no one
Compares with you
And these memories
Lose their meaning
When I think of love
As something new
Though I know I'll never lose affection
For people and things that went before
I know I'll often stop and think about them
In my life
I love you more
Milo e Sialea-lea estavam deitados na cama, nus. Haviam acabado de se amar, seus corpos ainda se encontravam suados e quentes. Suas pernas se enroscavam enquanto o Cavaleiro passava delicadamente a ponta de seus dedos pelos negros cabelos da jovem. Eles se olhavam intensamente e trocavam alguns beijos carinhosos.
Milo se sentia feliz, mas em seu coração algo o incomodava. Mesmo que entre os dois não houvesse um relacionamento formal, ele se sentia extremamente culpado pelo que havia ocorrido com a serva Ada no dia anterior.
_Só para garantir, você vai ficar por aqui por quanto tempo? – perguntou.
_Não sei, pelo tempo que Athena me quiser no cargo. – disse a jovem, que já havia lhe contado sobre sua nova posição na Fundação.
_Espero que seja por muito, muito tempo e que, mesmo que você saia desse cargo, ainda ache um motivo para ficar. – disse ele.
Sialea-lea sorriu e lhe perguntou, provocativa:
_E que tipo de motivo seria esse?
_Um alguém, talvez. – respondeu.
Milo, que até então estava aparentemente relaxado, adotou um ar mais sério, calando-se após sua última fala. Depois de alguns minutos de silêncio, a jovem índia percebeu que havia uma tensão no ar. Seu sexto sentido feminino lhe alertou e um frio subiu por sua espinha.
_Algo errado, Escorpião? – perguntou ela.
Milo suspirou e se moveu, sentando-se na cama. Sialea-lea também se sentou e o fitou.
_Preciso te falar uma coisa – disse ele, tomando coragem – Por favor, prometa que vai ouvir tudo o que tenho pra dizer, ta bem?
_OK. – respondeu ela, um tanto apreensiva.
_Bom... por onde eu começo? – disse, nervoso e coçando o alto da cabeça – Entenda que estou usando toda a minha sinceridade aqui. – Milo ajeitou-se em cima da cama, pegou em sua mão e começou a acariciá-la – Nunca achei que conseguiria gostar realmente de ninguém. Andei pensando muito sobre isso, desde que você voltou para os Estados Unidos. Não sei se é porque uma pessoa especial ainda não havia aparecido, ou por que eu sempre tive medo de sofrer, devido ao estilo de vida que nós Cavaleiros levamos ou porque sei lá, eu simplesmente nunca quis me amarrar, sabe... se eu for te dar um motivo eu estaria mentindo, porque eu realmente não sei. – Milo riu, nervoso – Mas, desde que começamos a nos envolver alguma coisa mudou aqui dentro – e ele apontou para o próprio peito.
Sialea-lea continuava olhando para ele, sem nada comentar.
_O que quero dizer é... ontem aconteceu uma coisa e.... uma das moças que servem ao Santuário veio aqui e nós.... ela me tocou e eu não consegui evitar, acabamos transando.
A índia retirou a mão do toque de Milo. Engoliu em seco e se levantou.
_Sialea, por favor. – disse ele, levantando-se e indo atrás dela.
_Milo. Eu sei que não tínhamos nada, aliás, talvez tivéssemos... Sei que em nenhum momento você me jurou fidelidade, nunca conversamos sobre isso... mas isso que está me contando .... é exatamente esse o motivo pelo qual eu não sei se algo entre nós daria certo! Como poderíamos ter um relacionamento se você não consegue se controlar? Você diz que a moça te tocou... pois bem, se você realmente não quisesse poderia ter lhe pedido para ela parar, para sair...... – ela começou a se vestir.
_Eu sei, e eu me sinto culpado! Por favor, entenda, isso é novo pra mim eu não sei exatamente como agir, foi tudo tão rápido, eu não pensei... – disse ele, atropelado.
_Ah, pensar você pensou. Só que com a cabeça de baixo! – disse ela, ainda se vestindo.
_Por favor, eu... eu faria qualquer coisa pra poder voltar a trás! Eu me sinto mal pelo que aconteceu e nunca mais quero me sentir assim. Você me ensinou que existe algo muito melhor que pode acontecer entre duas pessoas além de sexo somente... Me de uma chance, eu prometo que não vou te decepcionar. – Milo tentava segurar em seu braço.
_Escorpião, não prometa o que não pode cumprir! – disse a índia, saindo do quarto e indo para a sala rumo à saída.
_Sialea! – gritou ele, correndo e parando de frente para ela. Milo segurou-a por ambos os braços – Estou sendo sincero como acho que nunca fui na minha vida. Eu poderia muito bem nunca mencionar nada sobre o que aconteceu, mas resolvi te contar. E sinceramente, como você mesma disse, não tínhamos nada oficial. Não seja injusta... Mas, agora estou aqui e quero oficializar. Namore comigo. Me deixe te provar que eu posso ser alguém em quem você pode confiar.
_Não sei... eu tenho medo! Já sofri antes com traição e jurei que nunca mais passaria por isso – disse ela.
_Me dê uma chance. Ou é isso ou vou te encher a paciência até você ceder. – Milo sorriu com nervosismo.
O sorriso de Milo, mesmo nervoso, era lindo. Seus cabelos, os olhos azuis, sua voz, tudo nele a encantava. Seu jovem coração não encontrou nenhuma outra saída a não ser ceder ao belo Cavaleiro a sua frente.
_Ah, Escorpião... – ela disse, tocando-lhe a face – Por favor, não me decepcione.
Milo a agarrou e a levantou, segurando-a pela cintura. Rodou com ela, comemorando, e depois a desceu.
_Confie em mim. Prometo que vai valer a pena!
Ele então tomou os grossos lábios da jovem entre os seus e com paixão selou em um beijo, o começo do namoro dos dois.
-------------------------------------------
No dia seguinte, Ikki e Shun saiam da agência de viagens.
_Ai meu irmão estou tão animado por você! – disse o jovem de cabelos verdes.
_Acalme-se, Shun. – respondeu Ikki, guardando os vouchers da passagem em sua carteira – Não sabemos o que vai acontecer quando eu chegar no Santuário.
_Não sei Ikki, mas eu tenho um bom pressentimento, sabia? – continuou Shun com um tom muito alegre.
Sua alegria genuína fez com que Ikki sorrisse e dissesse:
_ Tudo bem. Agora deixe dessas bobagens e vamos fazer alguma coisa, se estou partindo amanhã cedo, quero aproveitar o dia de hoje com você.
Shun consentiu com a cabeça e continuou sorrindo.
Ikki estava nervoso, muito mais do que gostaria de admitir. Não sabia ao certo como ele e Shaina poderiam chegar a um acordo e por isso, tinha medo de ser rejeitado novamente.
------------------
Dois dias depois, o céu sobre o Santuário havia amanhecido nublado.
Shaina havia dado a tarde de folga para Maya, pois iria a Athenas se consultar com o médico obstetra. Devido a todos os esforços físicos que fazia, achava melhor ser extremamente cuidadosa com a saúde de seu bebê. Embora estivesse apenas no primeiro trimestre de sua gravidez, já amava profundamente o pequeno ser que crescia dentro dela.
No meio da tarde, Ikki chegou ao Santuário, carregando nas costas a Armadura de Fênix.
Achou melhor anunciar a Mu sua chegada e foi ao Templo do Grande Mestre.
Mu lhe ofereceu um quarto, que foi recusado por Ikki. Ele havia decidido que ficaria em Rodório, em uma pequena pousada e já havia deixado por lá as suas malas.
Depois, saiu à procura de Shaina. Primeiro foi até sua casa, e não encontrou ninguém. Continuou sua busca e se lembrou que provavelmente ela estaria com sua pupila, e seguiu até o Coliseu.
Não a encontrou e ficou um pouco preocupado. Pensou que talvez ela o tivesse visto e se escondera, e esse pensamento o deixou nervoso. Reparou, porém, em uma menina de rostinho conhecido que estava junto com outros aprendizes.
A menina era Maya que, sentada nas escadarias do coliseu, comia uma pêra enquanto assistia aos treinos de garotos mais velhos.
Os pequenos arregalaram os olhos ao verem o alto homem de cabelos azuis parar ao seu lado. Ikki, mesmo que não quisesse, estava com uma expressão apreensiva, que o deixava com um semblante bravo.
_Maya? – disse ele.
A menina se levantou, em respeito ao Cavaleiro que estava a sua frente.
_Onde está sua Mestra? – perguntou ele.
_Athenas. – respondeu a menina.
_Athenas? O que ela faz em Athenas, você sabe?
Maya estava pensando em uma resposta quando Marin o viu. A Águia se dirigia ao Coliseu juntamente com Aiolia para avaliarem o progresso de alguns dos aspirantes e sentiu um calafrio ao vê-lo conversando com a pupila de sua amiga. A criança não sabia de nada sobre a gravidez de Shaina, mas de qualquer forma, Ikki estava de volta e ela precisava fazer alguma coisa.
_Pelos Deuses, é o Fênix! – disse para seu namorado, antes de sair correndo de encontro a Ikki, deixando para trás um Aiolia com cara de interrogação.
_Ikki! – gritou Marin, fazendo com que ele se virasse para trás.
_Marin. – respondeu ele.
_Voltou para o Santuário... que bom... – Marin não sabia ao certo o que dizer.
_Você sabe onde está Shaina? Estou procurando por ela e a menina disse que ela está em Athenas. Está tudo bem? – perguntou ele, sério.
_Está sim... Ela foi apenas resolver uns assuntos, mas já deve estar voltando. – disse Marin.
Ikki achou a atitude da ruiva um pouco estranha. Dirigiu-lhe um olhar suspeito, e disse, um pouco irritado:
_Mulher, que tipo de assuntos são estes? Tem certeza de que está tudo bem?
Marin iria começar a falar novamente quando Aiolia se aproximou.
_Boa tarde Ikki, que bons ventos o trazem? – disse o Leão, estendendo sua mão para cumprimentar o Cavaleiro de Bronze.
_Olá, Aiolia. – disse ele, ao chacoalhar a mão do Dourado - Estou procurando por Shaina. Mas já sei que ela está em Athenas. Vou esperar por ela na Vila das Amazonas.
Ikki deu meia volta, ainda carregando no rosto o ar da suspeita que rondava seus pensamentos. Marin parecia nervosa, o que será que estava acontecendo?
_O que foi isso, Marin? Eu sei que eles terminaram e que os dois têm o ânimo inflamado, mas se ele esta aqui é porque pretende se entender com ela, não? O que está havendo? – perguntou Aiolia.
_Você nem queira saber... – disse ela, observando os passos de Ikki ao se afastar – Só espero que tudo se resolva e que minha amiga faça a coisa certa.
-------------------
No fim da tarde uma forte chuva castigou o Santuário. Ikki esperava pela volta de Shaina, debaixo da pequena varanda de uma das casas do lado oposto à dela quando ele a viu.
Shaina corria pela rua de pedra da Vila em direção à sua casa. Usava uma saia preta na altura dos joelhos, uma delicada blusinha jeans de alças e uma sandália preta rasteira e carregava nos ombros a alça de uma bolsa de couro marrom. Suas roupas estavam encharcadas e se grudavam ao seu belo corpo.
Ikki sentiu-se arrepiar com a visão de sua amada. Os cabelos verdes molhados que escorriam por seus ombros, os pés ligeiros batendo nas poças de água, o movimento de seus quadris... Por um minuto ele havia se esquecido da dolorida separação pela qual haviam passado. A sensualidade natural dela era tanta que sentiu-se excitar, mas ao vê-la aproximar-se da porta de sua casa, o Cavaleiro voltou à realidade e foi ao seu encontro.
A Amazona buscava por um maço de chaves em sua bolsa quando sentiu que alguém se aproximou e parou atrás dela.
_Shaina.
Ela se assustou ao ouvir e reconhecer de imediato a grave voz masculina. Virou-se e, ao ver Ikki, acabou derrubando suas chaves e sua bolsa no chão, que caiu aberta esparramando alguns dos itens de seu conteúdo.
Ela o encarou por um momento. Ikki a olhava com seus olhos de tempestade.
_O que faz aqui? – perguntou, levando uma das mãos aos cabelos para tirar uma mecha que lhe cobria uma parte do rosto.
_Vim conversar com você. – respondeu ele.
_Pensei que você havia dito quando foi embora que não tínhamos mais nada para conversar. – disse ela, se abaixando para pegar suas coisas.
Ikki se abaixou para ajudá-la. O Cavaleiro pegou um vidro de pílulas e instintivamente, acabou olhando para ele e leu que eram vitaminas. No rótulo, havia um desenho delineado de uma mulher grávida, mas naquele momento ele não deu muita importância para isso. A amazona, percebendo que ele olhava para o vidro, o tirou rapidamente de sua mão e o jogou dentro de sua bolsa.
Shaina se levantou e se virando novamente de costas para ele, voltou a abrir a porta.
Ikki a segurou pelo braço e a girou. O toque firme da mão do Cavaleiro de Fênix lhe deu a sensação de borboletas no estômago.
_Ikki... por favor, me deixe em paz! Você não está disposto a ficar aqui, e eu já lhe disse que não vou embora! – gritou ela, empurrando a mão de Ikki – Eu sofri demais quando você partiu! Eu chorei, eu morri por dentro! – Shaina estava muito nervosa e perdeu o controle. Começou a socar o peito de Ikki com ambas as mãos, fazendo com que ele tivesse que ajeitar a posição de seus pés para se equilibrar – Você não quis nem ao menos me ouvir, entender o meu ponto de vista! Não quis nem ao menos tentar e pensar em uma solução.... você simplesmente se foi, nunca mandou notícias, desapareceu! – Shaina começou a chorar. O reencontro e todos os sentimentos que ele lhe trazia, aliados à sensibilidade causada pelos hormônios da gravidez a desestabilizou.
Ikki deixou que ela lhe socasse no peito, nada disse e nada fez. Porém, quando a viu chorando, seu coração se apertou e ele a segurou pelo braço novamente.
_Você acha que eu também não sofri? Acha que eu não senti a sua falta, todos os dias? Eu fui rejeitado por você! Mas eu voltei, Shaina, eu voltei! Voltei porque precisamos encontrar um modo de seguirmos em frente! – Ikki também gritava.
A Amazona chorava com sentimento e tristeza. Deixou sua cabeça cair. Suas lágrimas se misturavam à chuva que molhava seu rosto.
Ikki queria por um fim em seu pranto e por isso, segurou sua cabeça com uma das mãos e a levantou, delicadamente. Levou o polegar até seu rosto e, como que procurando aliviá-la de suas lágrimas, roçou delicadamente a pele macia.
_Ikki... por favor... – disse ela.
O cavaleiro tocou então toda a extensão de seus lábios com o mesmo dedo.
_Eu amo você, mulher.
Aquela foi a primeira vez que Ikki se declarava para ela.
Shaina , fechando os olhos, sentiu seu peito arder ainda mais forte. Ela também o amava. Amava mais do que jamais amara ninguém em sua vida. Pensou em dizer a ele o que sentia, e que estava grávida, mas temerosa e ainda triste, achou melhor se calar.
_Vamos dar um jeito, eu prometo. – disse ele, que, fechando também os olhos, a tomou em um beijo de amor.
Os lábios de Ikki procuravam, com paixão e urgência os de sua amada Amazona. Sua língua passeava ferozmente pela boca dela, desejosa de reaver todo o tempo perdido em que estiveram longe um do outro. Shaina se doava ao beijo, com igual ardor e vontade.
E eles ficaram assim, por vários minutos, enroscados em um beijo sôfrego.
Ao fazer uma pausa para respirar, ela disse:
_Ikki... eu preciso por minha cabeça no lugar, preciso ficar sozinha hoje.
O Fênix não gostou muito do que ouviu, mas respeitou.
_Volto amanhã para conversarmos. – disse.
Shaina não falou mais nada. Apenas se afastou do corpo de Ikki, terminou de abrir sua porta e entrou.
Ao virar-se para fechar a porta de madeira, olhou para o Cavaleiro de Bronze que ainda parado no mesmo lugar, a encarava.
Ele era ainda mais belo e atraente todo molhado de chuva. Seu olhar penetrante, a cicatriz em sua testa e a sensação que ainda existia em seus lábios vinda daquele beijo ardente que acabara de acontecer. Tudo isso somado lhe deixava confusa e perdida com o que deveria fazer.
Ela fechou a porta e, voltando a chorar, apoiou as costas na madeira. Posicionou a mão esquerda em seu ventre e assim permaneceu por um longo período de tempo.
-------------------------
No dia seguinte, Shaina tomou café em sua casa e saiu bem cedo para o Coliseu. Ficou a espera de sua aluna, sentada nas escadarias. Estava pensativa e se dedicar às atividades de Mestra seria um bom modo de organizar suas idéias.
Marin sabia que poderia encontrá-la ali e, como estava preocupada, foi atrás dela na esperança de conversarem antes do treinamento começar.
_Minha amiga... – falou, ao se aproximar e se sentar ao seu lado.
_Ele voltou, Marin. – disse Shaina.
_Eu sei. Vocês conversaram? – perguntou a Águia.
_Não... vamos conversar hoje. Estou tão confusa! – respondeu Shaina,colocando as mãos sobre o rosto.
_Shaina você tem que contar para ele. Independente de vocês retomarem o relacionamento ou não, ele merece saber. – Marin a abraçou.
Shaina ainda estava extremamente sensível e começou a chorar novamente. Ela continuou:
_Eu não sei... eu não sei se devo!
_Minha amiga, por favor... é a coisa certa a fazer. Ponha a mão na sua consciência, e se não quer fazer isso por Ikki pelo menos pense no bebê. Essa criança tem um pai e não é justo que ela cresça sem saber!
As duas mulheres estavam com toda a sua atenção voltada para o tenso assunto discutido. Alguns aspirantes e mestres já chegavam ao Coliseu e por isso acabaram não percebendo a presença de Ikki, que as vendo, se aproximou e ouviu o trecho final da conversa.
_ Shaina...que é isto que a Marin está dizendo? – Disse Ikki, um pouco atônito pelo que ouvira.
Elas se entreolharam e se levantaram.
Ikki lembrou-se do vidro de vitaminas que ela guardava em sua bolsa e levou uma de suas mãos até a cabeça, nervoso.
_Ikki... – disse a Amazona de Ofiúco.
_EU EXIJO SABER O QUE ESTÁ ACONTECENDO! – gritou ele, chamando a atenção dos demais ocupantes do Coliseu.
_Shaina, Ikki, essa conversa é muito séria, não devem tê-la por aqui. – disse Marin, num esforço de apaziguar os ânimos – Cuidarei do treino de Maya hoje. E vocês, vão para a Vila e se acertem.
Shaina nada disse e começou a caminhar, rapidamente, de volta para sua casa.
Ikki deu meia volta para fazer o mesmo quando Marin o chamou:
_Fênix. Eu te imploro, pelos Deuses... Tente entender o lado dela e mantenha a calma.
Ikki apenas parou, e não olhou para trás. Ele a ouviu, franzindo seu cenho, e continuou a caminhar.
Durante o trajeto, mil coisas passaram pela cabeça do Cavaleiro de Fênix.
Será que ele havia ouvido corretamente? “Essa criança tem um pai e não é justo que ela cresça sem saber”. Shaina realmente esperava um filho seu? Seria isso mesmo? Ikki precisava ouvir a verdade dita com todas as palavras pela boca dela. E se, aquilo realmente estaria acontecendo, desde quando ela sabia dessa gravidez? Por que ela não lhe disse logo?
Ele sentia um misto de raiva, culpa, medo, tensão e adrenalina.
Chegou até a pequena casa praticamente ao mesmo tempo que a Amazona, e mal se lembrava do trajeto que havia percorrido.
Ambos entraram e ela trancou a porta.
Ele parou no meio da sala de braços cruzados e olhou para ela, esperando por respostas.
_Mulher, seja sincera. – disse.
Shaina suspirou. Tocou a barriga com ambas as mãos e disse, trêmula com a antecipação da reação que viria do Cavaleiro:
_ Me perdoe, Ikki, por não ter lhe contado antes. Sei que é seu direito saber a verdade. – ela fez uma pausa, respirou fundo e continuou – Eu... eu estou grávida. Você será pai.
As palavras da Amazona acertaram Fênix diretamente em seu peito, como o mais forte dos golpes.
“Você será pai” ressoou em sua cabeça.
_Ikki... – disse ela que, mesmo estando receosa em tocá-lo, se aproximou mesmo assim.
A mente do Cavaleiro de Fênix se perdeu no tempo e espaço. Ele já não sentia mais o chão sob seus pés, estava completamente desarmado com o que acabara de ouvir.
“Você será pai”.
Como um flash, vários momentos de sua vida passaram por sua cabeça. Lembrou-se de Shun bebê e de quando o carregou nos braços, andando por um caminho tortuoso e machucando seus pés.
“Você será pai”.
Lembrou-se do orfanato, da Mansão Kido, da escolha que fizera em ir para a Ilha da Rainha da Morte. Seu amaldiçoado Mestre. A morte de Esmeralda. A perda de todos os seus sentidos perante Shaka, na casa de Virgem.
“Você será pai”.
Olhou para Shaina, que lhe desferia uma expressão preocupada e tensa e lentamente começou a retornar para a realidade mesmo sentindo-se anestesiado.
Lembrou-se do primeiro beijo trocado entre eles, na piscina. E de quando fizeram sexo pela primeira vez.
Viu novamente, em detalhes, a agonia da Amazona ao sofrer com o Golpe de Abel e como ele se sentiu ao pensar que poderia perdê-la. Todo aquele tempo no hospital. O vôo de volta para a Grécia.
“Você será pai”.
_Ikki... Ikki, por favor, diga alguma coisa! – pedia ela.
Mas Ikki estava mudo.
O Cavaleiro de Bronze caiu de joelhos e começou a chorar. Shaina aproximou-se ainda mais e ele abraçou a sua cintura. Repousou a cabeça no ventre que carregava o fruto do amor dos dois e fechou os olhos.
Lágrimas de alegria e medo, pelo inesperado futuro, rolavam por seu rosto. Shaina então lhe afagou os cabelos, com ternura.
_Eu... serei pai. – foi tudo o que ele conseguiu dizer.
Ficaram assim em silêncio, por vários minutos, sentindo apenas o amor que novamente ali havia.
Quando já estava um pouco recuperado das fortes emoções que sentia, Ikki beijou a barriga de Shaina e se levantou.
_Eu... – dizia ela quando ele, delicadamente, tocou seus lábios com o indicador, pedindo assim que ela nada dissesse.
Escorregou seus dedos então, pela pele de seu rosto e moveu os verdes cabelos, os prendendo atrás de sua orelha. Com a outra mão, o Cavaleiro a trouxe para mais perto, apertando-a contra ele e disse, sussurrando em seu ouvido:
_Senti tanto a sua falta.
Shaina se arrepiou.
Ikki tocou a delicada orelha com os lábios. Mordiscou-lhe e lóbulo e continuou, com pequenos beijos, trilhando um caminho por seu pescoço.
Moveu suas mãos e conseguiu, sem esforço, despi-la da armadura de treinamento. Shaina havia ficado apenas com o colam e a lycra verde.
Ele a girou rápido, a virando de costas e novamente a apertou contra si. Moveu mais uma vez os cabelos, deixando seu pescoço livre para receber o caminho de delicados beijos que ele começou a traçar.
Com uma das mãos, Ikki começou a sentir toda a maciez de um dos peitos de sua amada. Com a outra, ele agarrou-a pela cintura ainda mais forte e a fez sentir, em seu traseiro, o quanto seu corpo a desejava.
_Quero você pra mim. – disse.
Shaina gemeu de leve.
Ikki continuou beijando seu pescoço por um tempo até que decidiu que era a hora de se livrar das peças de roupas que usavam. Ela o ajudou a retirar seu colam e rapidamente, também se despiu, ficando completamente nu. Voltou a abraçá-la por trás e mais uma vez acomodou seu pênis ereto no meio de suas nádegas.
Recomeçou a trilha de beijos pelos ombros. Ergueu um de seus braços e o beijou, até próximo de seu cotovelo. Desencostou-se dela e sem demora retomou com os carinhos, agora beijando o meio de suas costas, onde ela havia a tatuagem de cobra. Desceu pela linha de sua coluna, e se ajoelhou para poder beijar-lhe o bumbum por cima da lycra verde.
Ikki a girou, posicionando o umbigo da Amazona na altura de sua face. Abaixou-se mais para retirar seus sapatos e a última peça de roupa e, quando ela estava finalmente nua, o Cavaleiro de Bronze beijou-lhe um dos pés e ergueu seu tronco novamente. Começou a tocar a barriga de Shaina com a ponta dos dedos e sugou de leve seu umbigo.
Ficou ali, passeando com sua língua a até que se rendeu à suas coxas.
Com as mãos, abriu acesso ao interior da musculosa perna da Amazona.
Mordeu a pele firme, arrancando de Shaina mais um gemido.
Ikki então se ajeitou, ficando semi ajoelhado, com um dos pés no chão. Pegou o tornozelo direito de Shaina e a direcionou, para que pudesse colocar seu pé sobre a perna flexionada dele.
Ela, antecipando o próximo movimento do cavaleiro, apoiou uma de suas mãos sobre a cabeça dele, para se equilibrar.
Ikki beijou novamente o umbigo e desceu, lambendo e sugando, até a desejada anatomia de sua Amazona.
Abriu passagem entre os rosáceos lábios com seus dedos e a acariciou com a língua.
_Mulher, que saudade do teu gosto. – disse, ao sentir a umidade da Amazona.
Ikki começou a explorar toda a área sensível com sua língua. O gosto do mel de Shaina era irresistível para ele, e por isso, perdeu o controle e logo começou com movimentos mais agressivos.
Ele começou a lambê-la com mais intensidade. Chupava e brincava com o pequeno botão, deixando Shaina ainda mais molhada e cheia de prazer.
_Ikki... – gemia ela.
O Cavaleiro sentia seu membro endurecer ainda mais, e a cada gemida da Amazona chamando por seu nome, ele pulsava de tesão e desejo.
Shaina respirava ofegante. Sentia pequenas contrações por todo seu corpo, conforme a língua de Ikki lhe percorria.
Ele se levantou e a puxou, seguindo sentido ao quarto. Deitou-a na cama, e posicionou-se sobre ela, forçando com seu joelho para que ela abrisse as pernas.
Novamente ela via o belo rosto de Ikki molhado com o resultado de seu desejo. Os lábios do Cavaleiro de Fênix estavam totalmente úmidos e um pouco inchados. Ikki ficava ainda mais másculo daquele jeito e isso a enlouquecia.
Ikki acomodou apenas a ponta de seu membro na entrada da deliciosa fenda da Amazona. Ele gemeu rouco pela sensação prazerosa que isto lhe proporcionou. Começou com algumas pequenas estocadas, sem se aprofundar muito, enquanto lambia e sugava, marcando o pescoço de Shaina.
Com uma das mãos, ele brincava com um dos mamilos rijos.
Ficou assim, por um tempo, até que ela o empurrou e subiu, sentando-se sobre ele.
_Também tenho as minhas saudades. – disse ela, com uma cara maliciosa.
_É mesmo? Do que sente falta? – respondeu ele, erguendo o tronco e apoiando-se nos cotovelos para olhar mais de perto para ela.
Shaina se inclinou, beijando a boca de Ikki. Ela mordicava e brincava com sua língua, em um beijo sensual e cheio de calor. Depois, com as mãos, começou a sentir o peitoral do Cavaleiro de Bronze.
Os músculos definidos, as cicatrizes, a barriga forte... Tudo nele lhe dava tesão. Não demorou para que chegasse ao falo ereto que, ao ser tocado de leve pela ponta de seus dedos, pulsou.
Ela sabia muito bem o que lhe agradava.
_Sinto falta de tê-lo em minha boca. – disse.
Ikki arfou com a frase dita por ela.
Shaina então, com sua língua, contornou toda glande, enquanto com uma das mãos acariciava o comprimento, em leves movimentos de vai e vem.
Ikki gemia.
Encontrou a pequena abertura, e, acomodando seus lábios somente na ponta do membro, a sugou. Ela também apreciava sentir o gosto que vinha dele. Depois, a lambeu e terminou de percorrer com a boca todo o corpo grosso que estava em sua mão.
Shaina sem demora então posicionou-o dentro de sua boca e começou com um delicioso sexo oral. Ela conseguia brincar, conforme sugava, com sua língua e isso deixava Ikki louco.
O Cavaleiro se deixou cair para trás, agarrando com ambas as mãos o lençol da cama. A boca de sua amada era extremamente deliciosa e quente.
Quando Shaina percebeu que o membro pulsava com mais intensidade ainda, resolveu parar com a carícia oral para se acomodar, novamente, sobre ele. Ikki a segurou pela cintura e, em um movimento certeiro, a penetrou. Shaina sentou-se sobre seus quadris, tendo dentro de si todo o delicioso volume de Ikki.
Ela começou a rebolar, movendo-se em movimentos circulares. A respiração de Ikki estava cada vez mais alterada e ofegante. Depois, Shaina começou com uma forte cavalgada, que fazia com que seus peitos pulassem devido ao movimento. Ikki segurava a ambos e os apertava. Shaina se deixou guiar pelo prazer e ergueu os braços, apoiando as mãos sobre sua cabeça e erguendo seus cabelos.
_Isso... cavalgue em mim, gostosa! – disse ele, em meio aos gemidos de prazer.
Os dois pareciam estar em um transe erótico. Suas anatomias se conheciam, se desejavam e sabiam como lhes dar prazer.
Não demorou muito para que com um grito, Shaina extravasasse toda a sensação maravilhosa do orgasmo que acabara de ter. Ikki a seguiu e em poucos segundos, também havia gozado.
Enquanto seus corações se acalmavam, Shaina continuou ali, encaixada sobre Ikki.
Eles se olhavam com intensidade.
Ela se levantou e deitou-se ao seu lado. Ambos ficaram de frente, um para o outro.
_Também amo você. – disse ela, finalmente decidida a responder a declaração que ele lhe havia feito no dia anterior.
_Case comigo. – disse Ikki, sério.
A inesperada pergunta fez com que Shaina arregalasse seus olhos, surpresa.
Ikki a encarava com seus olhos azuis vibrantes. Seu olhar, porém, estava diferente. Além de toda a profundidade e sentimento que aqueles olhos sempre expressavam, havia um brilho novo.
Mil coisas passavam pela cabeça da Amazona ao receber aquele olhar. Onde morariam? Ele ficaria no Santuário? E seus planos como Amazona?
_Vamos dar um jeito, juntos. Tenho certeza. – disse ele, como se conseguisse ouvir seus pensamentos.
Uma lágrima caiu dos olhos de Shaina, mas, desta vez, de alegria.
Ikki era o homem de sua vida, e ela sentia ali, naquele momento, que realmente juntos eles poderiam fazer qualquer coisa.
_Sim... – disse ela – eu me caso com você, Ikki de Fênix!
Ikki sorriu e chorou. Eles se abraçaram e se beijaram novamente, com muito calor, amor e felicidade. Não demorou muito para que, se desejando, começassem novamente a serem os protagonistas de uma nova cena de amor.
Quando finalmente decidiram descansar e recuperar as energias, Ikki dormiu, repousando sua cabeça na barriga de sua futura esposa. Ele queria, daquele modo, sentir a energia que vinha de seu filho.
Os dias começaram a passar.
Shaina e Ikki informaram a todos sobre a gravidez da Amazona.
Athena ficou especialmente feliz. A Deusa se alegrava com a vinda de mais uma criança ao mundo, ainda mais sendo fruto de um amor entre duas pessoas tão fortes e determinadas. Permitiu que, caso assim desejassem, eles pudessem se mudar do Santuário, levando Maya para ser treinada em algum outro local onde julgassem apropriado.
Mas Ikki achou melhor que eles ficassem por ali, pelo menos até o bebê nascer. O fato de que agora seria pai acalmara-lhe o coração, e embora ele às vezes quisesse sair e passar um tempo fora, a angústia que vinha ao se sentir preso já não era mais tão relevante. Eles um dia iriam para longe do Santuário, mas deixaria isso para o futuro.
Os meses se passavam e eles se casaram, em uma pequena e íntima cerimônia. Ambos não gostavam de alardes, e por isso somente Shun, Marin, Aiolia, Milo e Sialea-lea estavam presentes.
A barriga da Amazona crescia, e isso em nenhum momento a impediu de treinar sua pupila.
Ikki gostava de observar sua esposa durante o treino. Ela era firme e sábia e guiava com maestria a evolução da futura Amazona.
Sialea-lea teve que se ausentar do Santuário por quase um mês. Novas anomalias, vindas agora do Deserto do Saara, indicavam que um novo artefato estava acordando.
Athena enviou Aldebaran de Touro, juntamente com Jabu de Unicórnio, Ban de Leão Menor e Ichi de Hidra para o local. Os Cavaleiros travaram uma batalha sangrenta e tensa contra os dois Guerreiros da Coroa do Sol, Berengue e Jaô e infelizmente, não tiveram sucesso na recuperação do Artefato. O Martelo de Hefesto acabou parando nas mãos de Abel, quando mesmo muito machucados, seus dois fortes guerreiros conseguiram fugir jurando que voltariam para matar os Cavaleiros de Athena.
Neste meio tempo, Milo permaneceu no Santuário. Acabou recebendo novamente a serva Ada em sua Casa, mas desta vez, mesmo sentindo-se tentado, pediu a ela que não mais o procurasse. A moça apenas sorriu, maliciosamente, e disse que estaria a sua espera quando ele se cansasse de ser um “homem sério”.
Quando a índia voltou, Milo teve uma grande surpresa. Durante a viagem ela havia descoberto que ele também, em breve, seria pai.
Mais alguns meses se passavam e Shaina estava prestes a dar a luz. Eles optaram por não saber de antemão o sexo do bebê, o que deixava o momento ainda mais mágico.
Ikki andava nervoso, de um lado para o outro, no corredor do Hospital Maternidade em Athenas. Shun estava com ele e tentava lhe acalmar. O Cavaleiro de Andrômeda queria estar ao lado do irmão nesta hora tão importante.
Marin, Sialea-lea e Milo chegaram apressados, a seu encontro. Todos se cumprimentaram, com abraços e sorrisos nervosos.
_Ikki meu velho, chegou a hora, heim! – disse Milo, estapeando-lhe as costas.
_Como ela está? – perguntou Marin, preocupada com sua amiga.
_Ela está no quarto, e já está em trabalho de parto. – disse ele, tenso – Acabou de me expulsar de lá.
_IKKI! – gritou Shaina, de dentro de um dos quartos naquele corredor.
_É, irmão, parece que ela mudou de idéia – riu Shun – melhor você ir logo.
Ikki achou melhor não deixá-la esperando e seguiu para o quarto.
_Logo seremos nós com um bebezinho no colo. – disse Sialea-lea, aproximando-se de Milo.
O Cavaleiro a abraçou por trás, posicionando as mãos sobre a barriga já bem saliente dela. Depois disse, sorrindo:
_Sim! E esse meu moleque vai dar um trabalho, tenho certeza!
Todos riram e depois esperaram ansiosos por mais novidades vindas do quarto onde Ikki e Shaina estavam.
A Amazona estava sentada de pernas abertas na cama, com os tornozelos apoiados em aparadores. Ao seu redor estava uma pequena equipe médica. Ela respirava ofegante, estava muito suada, e sentindo dor, gemia.
_IKKI!!! – gritou, novamente.
_Estou aqui, Shaina – respondeu ele, que já havia colocado uma máscara no rosto e um avental higiênico. Ele pegou uma de suas mãos e parou ao seu lado. Shaina apertou-lhe a mão, fortemente, conforme sentia as dores das contrações.
_Maledeto! Isso é culpa sua! - xingava ela, devido a toda a dor que lhe acometia.
Mas ele não conseguiu responder. Estava muito nervoso para isso.
A Amazona continuava com os esforços para dar a luz. Ela gritava alto, o que deixava Ikki cada vez mais tenso e ansioso.
Alguns minutos depois a cabecinha do bebê começou a aparecer.
_Empurre, Shaina – disse o médico – Você está indo muito bem.
Ikki sentia-se extremamente impaciente e suava. De todos os momentos de sua vida, de todas as batalhas tensas que travara, aquele era de longe o mais apreensivo.
Shaina continuava a gritar.
_Empurre, isso, está indo muito bem! – dizia o médico.
Depois de alguns minutos desta agonia, finalmente, a nova vida veio ao mundo. Shaina estava exausta. Ikki afagou-lhe os cabelos, beijou-lhe a testa e disse, emocionado:
_Nosso bebê nasceu.
Eles choravam de alegria. Ikki tentava olhar, curioso, para o bebezinho que era cuidado pelo médico e enfermeiros em uma pequena mesinha no quarto e que chorava a plenos pulmões.
O choro foi ouvido pelos amigos que aguardavam ansiosos do lado de fora. Marin precisou amparar Shun, que chorava intensamente, com a emoção de ser tio.
Após poucos minutos, uma das enfermeiras trouxe a criança para ser conhecida pelos pais. Ela estava embrulhada em um paninho e se encontrava ainda um pouco suja.
_É uma menina – disse ela – e é perfeita.
_Uma menina...– disse Shaina, recebendo em seu colo o corpinho quente de sua filha.
_Ela é linda....é minha filha! – gritou Ikki, inclinando-se para beijar a pequenina cabeça que continha algumas penugens de seu cabelinho ciano.
_Vai se chamar Milana – disse Shaina, inebriada de amor – que significa graça.
_Milana. – disse Ikki. Ele olhava para elas, com todo o amor que conseguia sentir. Seu coração pulava de alegria pelas duas mulheres que a partir daquele momento, eram a sua razão de viver.
Os médicos pegaram Milana de volta para continuar com os procedimentos pós parto e exames de rotina. Depois de algum tempo decorrido, Shaina dormia, cansada pelo esforço. Ikki permaneceu ao seu lado por alguns minutos, e depois de se certificar que ela ficaria bem, saiu do quarto.
Foi cumprimentado e parabenizado por todos, especialmente por Shun, que ainda muito emocionado, quase matou o irmão com um abraço apertado. Eles foram informados que Milana já estava na enfermaria da maternidade, aguardando o descanso da mãe, e foram até o grande vidro que dava vista para os pequenos bercinhos de acrílico onde os recém nascidos ficavam.
_Ela é linda, meu irmão! – disse Shun, todo bobo observando a sobrinha.
_Parabéns Ikki, que ela cresça com muita saúde! – disse Marin, sorrindo.
_Parabéns, Fênix – disse Milo – ela é mesmo uma belezinha. Quero só ver quando ela e Shiye crescerem, ele não vai perdoar! – o Cavaleiro de Escorpião riu quando Ikki o encarou, franzindo sua testa.
_Seu filho que não se atreva a bancar o besta com ela. – respondeu, arrancando mais risadas ainda de Milo.
Sialea-lea deu um tapa leve no Escorpião, pedindo que ele se calasse.
Todos estavam felizes.
O tempo passou.
O filho de Milo e da jovem índia também chegou ao mundo. O lindo menino de cabelos e olhos azuis e pele levemente morena recebeu o nome de Shiye, que em Navajo, significa primeiro filho.
Quando o bebê já estava com meses suficientes para viajar, o casal o levou para os Estados Unidos, para conhecer o avô e o bisavô. Milo e ela se casaram em uma bela cerimônia Navajo, realizada entre os membros da tribo da jovem.
Shaina havia ficado afastada de suas obrigações como Amazona nos primeiros meses de vida de Milana, dedicando-se integralmente a ela. Durante este período, Ikki ficou responsável pelo treinamento de Maya.
Ela gostava de vê-lo cuidar da pequena Milana, todas as noites quando ele chegava em casa. Por várias vezes encontrou-o cochilando sentado na poltrona que haviam colocado no quarto da bebê, segurando a filha que dormia, apoiada em seu peito. E não importava quantas vezes acontecesse, aquela visão sempre lhe fazia sorrir. Ikki era um pai carinhoso e responsável.
Após dois anos de treinamentos no Santuário, eles partiram. Ficaram um tempo na Ilha Kanon, onde Maya pode aprender melhor a controlar seu Cosmo e se preparar para a conquista da Armadura que pertenceu a Geist.
Durante este tempo, não houveram novas notícias ou alardes sobre Abel e o terceiro Artefato, o que deixava Athena em estado de alerta e intimamente, apreensiva. Ela havia conseguido recuperar algumas memórias de seu irmão e sentia-se temerosa com o que ele poderia vir a fazer.
Alguns anos depois...
_Maya, confie em você mesma! Você vai conseguir, lembre-se de quem você é e do universo que carrega ai dentro. – Dizia Shaina para a bela moça de longos cabelos negros, parada a sua frente, que nervosa, começava a se aquecer para a luta que viria a seguir.
_Obrigada, Mestra. – disse ela, fazendo pequenos movimentos com os braços para acordar os músculos.
_Você vai conseguir – disse Ikki – lembre-se de tudo que treinamos. E parta para cima dela com toda a sua força.
Maya sorriu e acenou com a cabeça, olhando para os dois Mestres a sua frente.
Mu anunciou a luta que viria a seguir, na cerimônia de entrega de Armaduras. Duas aspirantes entrariam em combate pela Armadura de Serpente Real.
A jovem mexicana cumprimentou com uma reverência todos que ali estavam assistindo e se posicionou no meio do coliseu. Olhou rapidamente para Shaina, que parada na lateral da arena, acenou para ela.
Ikki se retirou da arena, sentando-se na escadaria. Ao seu lado estava Shun que conversava animadamente com sua sobrinha e com o pequeno Escorpião.
A oponente era uma jovem muito alta, de cabelos vermelhos. E com o aceno de mão do Patriarca, o embate começou.
As duas moças avançaram. Maya deu um salto, tentando atingir a ruiva com um chute na altura do peito. Ela, porém, foi mais ágil e segurando a pupila de Shaina pelo tornozelo, a girou e a jogou longe.
Maya conseguiu cair de joelhos e se levantou rapidamente, partindo novamente para o ataque.
Shaina assistia apreensiva a luta. Estava focada, observando cada movimento de sua pupila e por isso mal ouvia o alvoroço dos ocupantes do Coliseu.
As moças continuaram a lutar.
Passado algum tempo, Maya estava em desvantagem e um fio de sangue escorria de sua testa.
_Lembre-se de quem você é! Seja forte! – gritava Shaina
Maya olhou ao seu redor e viu sua amada Mestra. Continuou a percorrer o local com os olhos e encontrou Ikki, que lhe desferia um olhar de determinação. Respirou fundo e pensou:
_Agora é tudo ou nada!
Sua oponente estava correndo, mirando um de seus ombros de encontro a ela, para lhe ferir novamente.
Então, com um salto no ar, a jovem morena posicionou suas mãos de uma maneira muito parecida com o golpe de sua Mestra. Uma luz violeta com nuances vermelhas se acendeu ao seu redor e ela caiu sobre a jovem ruiva, gritando e invocando aquela que seria sua Constelação Guia:
_ Me ajude, Serpente Real.... GARRAS DE FOGO!
O coliseu se calou.
Quando os pés de Maya tocaram o chão ela percebeu que sua adversária estava caída, desacordada e ferida.
_A vencedora do combate é Maya – disse Mu – e a ela garanto, em nome de Athena, a armadura de Serpente Real.
Todos comemoraram.
Ikki correu ao encontro de Shaina, que lhe abraçou e lhe beijou. Eles então se dirigiram até o centro da Arena, e levantaram Maya para o alto, em comemoração.
Shaina vibrava de emoção. Olhou para sua pupila, que agora, era uma Amazona. Olhou também para as escadarias e viu sua amada filha, que ao lado de Shun e Shiye acenava feliz para ela.
Ikki a abraçou novamente.
_Você conseguiu, meu amor. Missão cumprida. – disse ele em seu ouvido.
Shaina deixou escorrer de seus olhos uma lágrima de alegria. Pensou em Cássius e lhe agradeceu, mentalmente, por tudo.
A Amazona de Ofiúco finalmente se sentia completa.
FIM
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.