História Ring of Fire - I Guess Things Happen That Way

God gave me that girl to lean on,
Deus me deu aquela garota para me acompanhar

then he put me on my own.
Depois me deixou sozinho

Heaven help me be a man
Céus, me ajudem a ser um homem

and have the strength to stand alone.
Que tem a força de seguir sozinho

I don't like it but I guess things happen that way.
Não gosto disso mas acho que é assim que as coisas são.

O taxi havia estacionado em frente ao hotel. Ikki e Shaina pegaram ao mesmo tempo suas carteiras para pagar a corrida.
_Estou usando o cartão da fundação, não precisa se preocupar – disse Ikki, secamente.
_Eu também. – respondeu ela. Será que ele pensava que ela também não teria um cartão para usar, sendo ela tão importante quanto ele naquela missão? Shaina, que já estava irritada com tudo, achou nisso mais um motivo para desgostar de Ikki àquela altura.
O Cavaleiro acabou entregando o cartão ao motorista que o passou na maquininha o mais rápido possível que conseguiu (ele nao podia esperar para se livrar logo daqueles dois malucos) enquanto Shaina saiu do veículo. Ela se dirigiu até a recepção, e dando seu nome, fez o check-in, preecheu uma ficha e ganhou a chave-cartão de seu quarto.
Acabou encontrando com ele na porta do elevador, e subiram juntos, em silêncio. Ambos estavam irritados e não faziam questão de conversar um com o outro. Seguiram juntos pelo corredor, e para sua surpresa eram vizinhos de quarto.
_Preciso dormir, até mais Ikki. – disse ela, sem nem ao menos olhar para ele. “Homem irritante” pensava, enquanto batia a porta.
o Fênix deu de ombros e entrou em seu quarto.
Shaina se jogou na cama, caindo de barriga e cara no colchão. Como ela se sentia exausta! Tudo que queria era um banho, comer algo e dormir, mas não sabia o que fazer primeiro. Decidiu pensar no que faria deitada naquela enorme e macia cama e então acabou cochilando, daquele jeito mesmo, caída por cima de todos os leçóis e colcha, de roupa e sapatos.
Ikki pediu algo pelo serviço de quarto e ligou a TV.
Ele comeu um grande sanduíche de peru e batata fritas enquanto assistia um desses programas de jogos onde as pessoas rolam uma roleta e tem que responder a perguntas. Era meio idiota mas pelo menos estava se distraindo daquela irritação toda.
Depois de algum tempo assistindo TV, ele começou a lembrar da corrida de taxi. Porque será que ela havia se sentido tão desrespeitada daquele jeito, apenas por ter sido chamada de Mulher-Cavaleiro? Fênix não entendia muito bem o motivo de toda aquela comoção. Mas, embora fosse um homem rígido e facilmente irritável, não gostava de desrespeitar ninguém sem motivos, então se sentiu levemente mal por ter feito aquilo com ela, final de contas ele não era um boçal e eles estavam alí para trabalhar. Entretanto também não era de seu perfil pedir desculpas, e ele encontraria um modo de compensá-la e sentir-se melhor, ou seja, o modo Ikki de se desculpar sem se desculpar realmente.
Uma hora depois, enquanto ele mudava de canal, escutou Shaina gritando algo em seu quarto.
Ouviu o som do chuveiro sendo ligado e depois desligado, e palavras em italiano, que pela entonação não eram nada bonitas. Ele deixou a televisão no mudo para ouvir melhor.
E então, começou a ouvir a seguinte sequência feita por ela:
Liga o chuveiro.
Desliga o chuveiro.
Xinga.
Liga de novo.
Desliga novamente.
Xinga.
Liga o chuveiro mais uma vez.
Xinga, mas xinga muito.
Passa um tempo...
Xinga de novo.
Desliga o chuveiro.
Xinga mais ainda.
_Mas o que essa maluca dessa mulher está fazendo agora? - disse em voz alta, rolando seus olhos.
Ikki nem se deu conta que já havia abrido a porta de seu quarto e estava batendo na porta dela.
_O que quer, Fênix? - Shaina estava vestindo um roupão branco com a marca do hotel e com seus cabelos soltos e molhados quando abriu a porta.
_Quero saber o que está acontecendo. Ouvi você xingando. Está tendo algum problema? - perguntou ele, olhando para dentro do quarto dela.
_O problema é que esse maldito chuveiro não tem água quente!
Ikki percebeu que ela parecia com frio, pois tremia um pouco e deveria ter tomado um banho gelado.
_Mas claro que tem Shaina, você quer que te mostre como se faz? - o modo Ikki de se desculpar estava em ação.
_Por favor. Eu odeio água gelada. – respondeu a Amazona, dando passagem para ele entrar e apontando sua mão para o banheiro.
O japonês foi até o banheiro, e encarou por uns segundos as torneiras na parede do box. Acabou reparando em uma pequena calcinha preta molhada, que estava pendurada em uma delas. Ikki podia ser um dos Sagrados Cavaleiros de Athena e uma pessoa muito séria mas, era homem. E inconscientemente teve sua atenção fisgada por aquela peça do vestuário feminino e tentou disfarçar, fazendo um barulho ao limpar sua garganta.
Shaina percebeu e rapidamente tirou a calcinha de vista, colocando-a no bolso de seu roupão.
_Bom, Shaina, é mais fácil do que parece. Está vendo esta torneira maior? - disse ele, apontando.
Ela acentiu com a cabeça.
_Você tem que girar ela para a direita, e levantar. Depois você aperta esta outra torneirinha, e aqui você regula a temperatura da água quente com a água fria. - continuou, ligando as torneiras para ela ver como era.
_ Não entendo porque tem que ser tão complicado! Tudo bem que o hotel é meio chique, mas poderiam ter colocado um chuveiro elétrico, odeio chuveiros a gás!
_Shaina você está nos Estados Unidos. Aqui não existe chuveiros elétricos – disse – Você já descansou um pouco?
_Eu tirei um cochilo, porém vou esperar para dormir a noite, assim me acostumo com o fuso horário. Mas ainda não comi nada e estou morrendo de fome.
_Vou até meu quarto buscar o cheque da empresa áerea, assim você pode ir comprar roupas – e dizendo isso, Ikki saiu do quarto.
Ela aproveitou para tirar a calcinha de seu bolso e a pendurou novamente, encostando logo em seguida a porta do banheiro.
Logo ele voltou e lhe deu o cheque.
_ Obrigada Ikki. Mas eu só vou amanhã, ainda estou muito cansada e sem paciência nenhuma pra lojas... e quero tentar rever mais um pouco sobre nossa missão antes de dormir. Você se importaria de me ajudar a fazer o pedido do serviço de quarto? Eu sei que é um incômodo, mas não quero mais confusões com inglês, só quero comer algo...
Ikki conscentiu com a cabeça. Ele entrou então novamente no quarto e ambos sentaram-se na cama. A Amazona segurava o menú do serviço de quarto e o lia. Então apontando para um item disse, feliz:
_ Pasta Pomodoro.... é a mesma coisa em italiano. Finalmente alguma coisa eu entendi!
_É isso que quer? - perguntou o Cavaleiro, pegando o telefone que estava no criado mudo ao lado da cama.
_Sim.
O Fênix fez o pedido, e Shaina foi até o banheiro secar seu cabelo. Ele ficou ali, sentado na cama, embora já tivesse terminado com a ajuda que ela havia solicitado.
_O que você acha dessa história do artefato? Os relatórios apenas comentam que é algo foi feito por Hefésto, mas não dizem exatamente o que é. - perguntou ela, do banheiro.
_Acho que a tal arqueóloga vai nos dar mais informações. Mas, pelo visto, está causando muitos problemas e piorando ainda mais a região do Anel de Fogo, que já é bem crítica. – respondeu, olhando para a porta do banheiro.
_Você já foi até lá alguma vez? Athena me disse que a ilha onde você treinou era por ali, mais ou menos... - continuou Shaina.
Ikki se incomodou com a menção à Ilha da Rainha da Morte. Isto o fez se lembrar de algo desagradável, algo que já estava em sua cabeça há alguns dias, e tentava não se focar no fato de que a missão seria em um local parecido com aquela maldita ilha.
Embora estivesse animado em ser convocado, aquele detalhe o incomodava. Então ele ficou mudo.
Shaina não percebeu a reação de Ikki, já que estava dentro do banheiro, e continuou a falar:
_Você acha que tem algum Deus envolvido por trás disso? Porque pelo que li esse artefato estava sumido desde as eras mitológicas e agora apareceu...
Mas ele não respondeu, o que fez com que ela colocasse sua cabeça pra fora do banheiro e lhe chamasse a atenção após alguns minutos:
_Ikki?! Ikki?! Estou falando com você!
_Ah, o que foi? Não sei Amazona, vamos esperar para conversar com a Arqueóloga pra saber mais. – o Bronzeado estava meio desconcertado.
_Ora mas que bom, vejo que aprendeu como me chamar corretamente! – disse ela, sorrindo.
_Francamente, Shaina... - rebateu, fechando seu semblante novamente.
O serviço de quarto chegou. Ele o recebeu e colocou a bandeja com o prato de macarrão em cima de uma pequena mesa que havia no quarto dela.
A esverdeada saiu do banheiro, encostando a porta novamente e foi até a mesinha, esfregando sua mãos uma na outra, animada com o jantar. Levantou a tampa que cobria o prato e aspirou o aroma do macarrão.
_Hum... parece delicioso, você já comeu?
_Já comi sim... escute, Shaina, você sabe que pode pedir para o hotel lavar suas roupas, não sabe? - perguntou ele vendo que ela ainda estava de roupão.
_Nossa, verdade, eu nem me lembrei. Será que você poderia.... - dizia ela, enfiando uma garfada de macarrão na boca.
Então Ikki não a esperou terminar sua frase e ligou para que a lavanderia fosse buscar as roupas para lavar.
Com a boca cheia de macarrão, ela rapidamente colocou as calças, meias, camiseta e jaqueta que havia usado na viagem em um saquinho próprio para este fim e o jogou pra fora do quarto, voltando então a comer o seu jantar.
Após a refeição recomeçaram a falar da missão, pegaram alguns dos papéis e mapas para analisar, discutindo quais seriam as melhores abordagens, e por onde começariam. Segundo os arqueólogos o artefato poderia estar em qualquer lugar da costa entre o México e o Panamá, o que era uma área de tamanho considerável. Claro que eles tinham diferentes pontos de vista, o que fez com que discutissem mais acaloradamente uma ou duas vezes, mas finalmente haviam chegado a um acordo.
Shaina estava mais relaxada ao lado de Ikki, parecia que finalmente as coisas tinham se acalmado e eles poderiam fazer aquela missão com mais harmonia. Ele estava se comportando melhor e mais educadamente, o que a deixava feliz. Fora a ajuda que estava lhe dando com o inglês, o que era um alívio enorme para ela.
Ikki pensava que ela era uma mulher muito determinada, e que estava levando a missão tão a sério quanto ele, o que o agradava muito e poderia fazer com que o fato de ter um parceiro fosse menos pior. Ela era diferente de outras mulheres que conhecia, pois como ele, era parte dos Defensores de Athena e não uma menina frágil, e ele teria que saber lidar com isso. Mas se Shaina continuasse se comportando daquela maneira, sem escânda-los, as coisas ficariam mais fáceis.
A Amazona havia se sentado em um dos lados da cama, encostada na cabeceira e Ikki estava sentado do outro lado. Entre eles estava a pilha de papéis. Analisavam algumas coisas em silêncio quando o Fênix percebeu que ela havia caído no sono, e deu um rizinho ao ver que ela dormia de boca aberta. A italiana parecia uma pessoa totalmente diferente quando dormia, ainda mais com aquela postura tão relaxada e entregue ao cansaço.
“Gosto mais de você quando está assim, sem causar problemas” – pensou ele.
O Cavaleiro retirou os papéis da cama, os colocou em cima da mesa, formando uma pilha. Depois pegou o mapa que ela segurava nas mãos, e a cobriu com um pequeno cobertor que estava no closet do quarto (mais uma vez ela havia dormido por cima da colcha e lençois).
Ikki considerou que já havia se desculpado com ela o suficiente, e se sentiu melhor em relação a tê-la ofendido no taxi. Saiu do quarto, fechou a porta delicadamente para não acorda-la e entrou no seu.
Escovou os dentes, colocou uma calça listrada de pijamas e se deitou. Ele respirou fundo ao se lembrar novamente que no dia seguinte seria o aniversário de quando ganhou sua Armadura, ou seja, o aniversário de morte de Esmeralda.
Continua....