História Ring of Fire - I Walk The Line

I keep a close watch on this heart of mine

Eu mantenho uma vigilância estreita sobre este meu coração

I keep my eyes wide open all the time

Eu mantenho meus olhos bem abertos o tempo todo

I keep the ends out for the tie that binds

Deixo as pontas abertas para os laços que nos unem

Because you're mine, I walk the line

Porque você é minha, eu ando na linha

_Milo! O que faz aqui? - perguntou uma atônita Shaina, que encarava o cavaleiro de ouro ainda incrédula de sua presença.

_Nossa, pensei que eu ia ganhar pelo menos um beijo seu! – disse ele, dando uma piscada para ela e logo em seguida assumindo um tom mais sério – Athena me enviou. Parece que estão prevendo uma grande erupção do vulcão em Colima, junto com um novo terremoto. Mu me trouxe até aqui.

Shaina não sabia o que responder. Estava apenas pensando que com tantos outros cavaleiros, que infeliz idéia de Athena enviar justo o de Escorpião.

A conversa dos dois foi interrompida por Sialea-lea, que se aproximou deles e disse simpática, olhando para Shaina:

_ Bom dia, Amazona Shaina. Descansou bem?

_ Muito bem, obrigada – respondeu ela, repassando em um flash em sua mente a noite quente que havia tido com Fênix, o que fez seu estômago arder.

_ Que bom. Você deve ser o Senhor Milo, certo? Athena me informou sobre sua chegada. Sou a Dra. Sialea-lea, seja bem vindo – continuou a índia, olhando para o Dourado e extendendo sua mão para cumprimentá-lo.

Milo sorriu, observando rapidamente a jovem índia, de cima a baixo. Depois deu lhe um pequeno beijo de cumprimento nas costas de sua mão, dizendo:

_Encantado. Pode me chamar apenas de Milo.

A índia também sorriu, timidamente, com o gesto do Cavaleiro de Ouro. Depois continuou:

_ As coisas não estão nada boas para nós. A Fundação está enviando um jato para nos buscar no aeroporto doméstico de Tucson, vamos voar até Colima durante esta noite. Se preparem pois teremos que sair daqui no meio da tarde. Amazona, por favor, avise a Ikki. Agora com licensa, preciso começar a me preparar - se virou, caminhando até o elevador e entrando nele.

Milo seguiu-a com os olhos. Depois virou-se para Shaina:

_ E então, minha Cobrinha favorita, tem se dado bem com o Fênix? Ele é muito difícil de lidar, pelo que dizem...

A italiana apenas revirou os olhos.

_ Ah, que isso, Shaina, ainda está brava? Venha, já que vamos sair daqui hoje, quero conhecer o hotel – disse ele, puxando-a e saindo do lobby em direção aos jardins.

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Ikki acordou feliz. Estendeu seu braço, tocando o travesseiro vazio onde Shaina havia dormido, depois o puxou e o cheirou.

Os cabelos da Amazona haviam deixado um delicado perfume na fronha branca.

Se sentou na beirada da cama, colocando os pés no tapete que ali havia e mexeu os dedos dos mesmos, como se estivesse os espreguiçando. Olhou ao redor do quarto, sorriu e se levantou.

Ikki, mesmo estando nú, foi até a janela, e abriu as cortinas um pouco. Observou por alguns minutos o dia bonito e ensolarado que fazia lá fora, e então foi até o banheiro e se preparou para descer.

Passou pelo lobby, olhando ao redor para ver se encontrava Shaina. “Provavelmente, aquela comilona já está no café”, pensava ele.

Caminhou pelo jardim e acabou encontrando Shaina. Ela estava conversando com alguém, sentada em uma das mesas que ali havia. Depois de poucos segundos, Fênix reconheceu que esse alguém era Milo.

Ikki fechou seu semblante. Não sabia exatamente como agir, o que ele estaria fazendo ali? Respirou fundo, e seguiu até a mesa. Parando atrás de Shaina e olhando para Milo, disse secamente:

_ Bom dia.

Shaina se revirou disfarçadamente em sua cadeira ao ouvir a voz de Ikki atrás dela, arregalando os belos olhos verdes.

Milo se levantou, e disse:

_ Bom dia, Ikki de Fênix. Há quanto tempo.... andou sumido, como sempre.

Ikki continuou olhando sério para Milo. Depois respondeu:

_ Não gosto de ficar enfiado no Santuário, recebendo ordens imbecís. Ajudo quando é preciso, e isso já basta.

_ Ora ora, realmente você continua irritadinho, deve ser para não perder o costume e a fama de rebelde – Milo se sentiu particularmente ofendido pelo comentário do outro.

O japonês abria a boca para falar alguma coisa quando Shaina, percebendo que deveria interferir, se levantou e falou:

_ Ikki... vamos sair hoje a tarde. A arqueóloga veio nos dizer que as coisas lá no México estão piorando muito. Por esse motivo, Milo foi enviado pelo Santuário até aqui. Vamos voar até lá durante esta noite.

Ikki a encarou. Ele demonstrava em seu olhar que não havia gostado de vê-la conversando com o Escorpião.

_ Até que enfim vamos partir para esse maldito lugar e terminar com isso de uma vez! – disse, dando meia volta, voltando em direção ao lobby.

Shaina ficou parada, observando Ikki se afastar. Milo aproveitou e comentou:

_ Esquentadinho demais, esse aí. Tudo bem que ele é um forte Cavaleiro, mas parece que se esqueceu de que estava falando com um Cavaleiro de Ouro.

_ Mas cale a boca, Milo! – repreendeu a italiana, que decidiu ir atrás de Ikki de Fênix.

O grego não gostou da reação dela e por isso apertou seus olhos ao acompanhar seu afastamento. Não era apenas pelo término recente que eles dois tiveram, havia alguma outra coisa esquisita naquela situação.

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Ikki entrou em seu quarto e foi surpreendido poucos minutos depois com uma batida em sua porta.

_ Posso entrar? - perguntou a Amazona.

_ Está aberta – disse ele, sentado em sua cama.

Shaina entrou, fechou a porta e se encostou nela. Ficou olhando Ikki, que lhe retribuiu o olhar. Ficaram assim, mudos por um momento, até que ela disse:

_ Olha, Ikki, eu gostaria de ser muito sincera com você. O que tive com Milo acabou. E eu não... eu não faria nada que pudesse te magoar. Por favor, acredite em mim. Eu não desconfiava que ele seria mandado até aqui, do mesmo modo que você também não... fui pega com as calças curtas – sorriu, como se tentasse acalmar a situação e dar uma aliviada na tensão do momento.

Ikki abaixou a cabeça por uns segundos, e a reergueu logo em seguida, voltando a olhar Shaina.

_ Me desculpe, Shaina – O Fênix no fundo queria lhe dizer que ela era sua e de mais ninguém, que agora que ele havia provado de seu corpo e de seu delicioso mel, sentia que ao mesmo tempo que ela era como sua posse, ele pertencia à ela. Mas achou melhor não falar nada. Apenas se levantou e a abraçou.

Shaina levantou seu olhar para ele que, segurando o queixo da Amazona com uma das mãos, levou seus lábios até os dela e a beijou com paixão.

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Todos arrumaram as coisas para partir, e pegando uma grande caminhonete foram até a cidade de Tucson, que ficava a menos de 30 min do Desert Diamond. Eles estavam tensos pela missão vindoura.

Milo sentou-se no banco da frente, e conversou com a jovem índia sobre mais alguns assuntos relativos a missão, perguntando interessado sobre seu povo e cultura. Ikki e Shaina seguiram mudos, concentrados.

O avião já os aguardava e sem demora embarcaram. E após todos estarem prontos, o vôo decolou.

Seriam longas 9 horas de vôo, e eles parariam no meio do caminho para abastecer.

O avião possuia duas fileiras de poltronas, uma de frente para a outra, pregadas à fuselagem, como se fosse um avião militarizado.

Após chegarem à altura de cruzeiro, onde já era permitido andar pela cabine, Sialea-lea se levantou e com um mapa nas mãos se virou para eles e começou a relatar o que sabia da localidade:

_ Amigos, temos um local de difícil acesso. Na base do vulcão havia um pequeno vilarejo, que foi praticamente destruido e evacuado durante as primeiras erupções. Algumas pessoas estão desaparecida e as equipes de resgate não tem conseguido chegar até lá devido a atividade, que não cessa.... um helicóptero da Fundação vai nos levar até próximo da montanha, de onde seguiremos a pé. Existem algumas cavernas nessa montanha, e como eu disse, está prevista uma nova grande erupção, que vai castigar não somente esse vilarejo novamente mas também algumas cidades, se acontecer. Para evitar precisamos achar o artefato, retirar de dentro do vulcão ou de onde estiver, e usando de cosmo energia, acalmá-lo.

_ Você vai conosco, Sialea-lea? Não é muito perigoso? - perguntou Shaina.

_ Vou sim, Shaina. Não posso simplesmente deixar que vocês façam tudo sozinhos, não me entenda mal, mas eu me sinto de certa forma responsável por isso, e preciso muito que me deixem ajudá-los. Além do mais, alguns dos manuscritos que achamos na escavação que comentei tem pistas de onde podemos achar e sobre o que fazer, e creio que chegando ao local tudo ficará mais claro.

Shaina concordou com a cabeça.

_Você disse usar de cosmo energia para acalmá-lo, como seria isso? - perguntou Milo.

_ Pelo que entendi, trata-se de uma ferramenta usada por Hefésto para construir as primeiras Armaduras dos Deuses, e está carregada com uma fração da própria energia do Deus, que nela reverbera. Precisamos de um cosmo forte que o contenha, sobrepujando essa reverberação, esse eco do cosmo do próprio Hefesto. Quem conseguir isso vai acabar acalmando o artefato, e poderia até mesmo usá-lo se quisesse. Por isso Athena se preocupa tanto dele cair em mãos erradas.

_ Meu cosmo com certeza é o mais desenvolvido e forte de todos aqui, ficarei responsável por controlar o artefato - respondeu Milo, fazendo Ikki soltar uma bufadinha (embora o grego não estivesse errado, o modo com que entonou sua voz fez Ikki reagir deste modo).

_Ora, Fênix, falei alguma mentira? Alías, não sei porque o Santuário se preocupou em enviar você, já que poderiam ter enviado um de nós desde o começo. Foi apenas perda de tempo.

_ Mas que diabos, o que quer dizer com isso, Escorpião? - reclamou Ikki, irritado.

_ Quero dizer que considero que terem mandado você nesta missão foi um erro. Por acaso essa sua irritaçãozinha está lhe privando de entender o que digo? - respondeu Milo, sarcástico.

Os dois haviam se levantado de suas poltronas, e olhavam feiamente um para o outro. Ikki tinha um dos punhos fechados, e Milo cruzou os braços. Começaram a emitir um pouco de seus cosmos com certa agressividade, o que fez com que o avião se desestabilizasse , como em uma pequena turbulência.

_Ora, parece que você quer brigar comigo, é isso mesmo, Ikki? Sorte sua que estamos em um avião e indo para esse resgate, mas não se preocupe, podemos resolver isso depois, vou adorar lhe colocar em seu devido lugar.

Shaina interferiu, parando seu corpo entre os dois e esticando ambos os braços.

_ Cavaleiros, parem com isso! Que briga mais sem sentido e idiota, francamente. Temos que focar!

Eles acalmaram seus cosmos e se sentaram, descontentes. O voo continuou por um tempo em silêncio depois disso.

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Pararam para abastecer e continuaram a viagem, sem demora. Todos aproveitaram para descansar, e quando faltavam apenas uma hora para o destino, começaram a vestir suas armaduras manualmente, para que seus cosmos não desestabilizassem o avião novamente.

Sialea-lea também se arrumou. Ela colocou botas fortes, até os joelhos, usava roupas de couro crú, bege escuro. Prendeu seu cabelo em um longo rabo de cavalo, colocou uma faixa vermelha com penas em sua testa e pintou seu rosto, braços e mãos, fazendo desenhos indígenas com uma tinta branca.

Milo fitou aquela figura exótica por algum tempo. Ela percebeu e disse:

_ Esta pintura invoca aos sábios Espíritos e aos meus ancestrais por proteção. Minha e de todos nós.

Ele sorriu.

Shaina foi a última a terminar de se aprontar. Havia colocado a caixa de sua armadura no fundo da aeronave, e ao abri-la viu a máscara que ela ainda mantinha ali dentro, como um lembrete de seu passado. A visão do objeto lhe fez pensar em Cássius.

Ikki estava sentado em frente à Milo, em lados opostos. Percebeu que agora a atenção do Cavaleiro de Ouro estava em Shaina.

Embora o Escorpião estivesse focado e levando aquela missão extremamente a sério, não se conteve.

Ela terminava de amarrar em sua cintura a faixa que usava. Milo a encarava, cobiçoso, e quando ela se abaixou e sem perceber virou seu traseiro para ele ao arrumar seus sapatos, o grego fez cara de desejo, e murmurou alguma coisa que parecia um “muito gostosa”.

O rosto de Ikki ferveu. Apertou as mãos, fechando os pulsos.

_ Milo você é mesmo um desgraçado infeliz! - acabou dizendo.

_O quê? - perguntou o Cavaleiro de Ouro, que havia sido pego no flagra – Fênix, qual o seu problema? - disse ele, se irritando, mas ao finalmente perceber qual era o problema de Ikki começou a rir.

_ Ha ha ha, Ikki de Fênix, quem diria... você está afim dela, é isso mesmo? Ha ha ha... olha, ela é mesmo encantadora, não? Então não é uma surpresa que até você tenha se apaixonado, mas não sei se você sabe... enfim, Ikki, me desculpe mas aquele terreno alí, é meu – disse, sarcástico, fazendo uma expressão séria ao terminar sua frase.

_ Como você se atreve? Você pode ser um Cavaleiro de Ouro, mas não passa de um moleque! - gritou o japonês, se levantando da cadeira e partindo para cima de Milo, que com um reflexo mais rápido se levantou e se desviou. Os dois inflamaram seus cosmos novamente, o que teve o mesmo efeito sobre a aeronave.

Shaina, com alguns saltos, se colocou entre os dois mais uma vez, apartando-os. Sialea-lea também foi até la, mas ficou receosa de tocá-los devido a seus cosmos.

_ PAREM COM ISSO! VOCÊS DOIS! JÁ CHEGA! - gritou Shaina.

_Milo, assim que essa missão acabar eu vou ter o maior prazer em lhe partir essa sua cara - disse Ikki, acalmando seu cosmo, e sendo levado até uma das poltronas por Shaina.

_ Tente a sorte, Ikki. Quero ver se você consegue tocar em mim sem a ajuda dos seus amiguinhos de bronze – riu Milo, que agora que havia parado de emitir o cosmo, era segurado no braço pela arqueóloga.

As luzes de apertar os cintos se acenderam. Eles estavam prestes a pousar em Colima. Ikki e Milo se encaravam, bravos. As duas mulheres sentaram-se com eles para continuar tentando apaziguar os ânimos.

Continua...