1. Spirit Fanfics >
  2. Ripped Away >
  3. Alcohol and ex lovers (Gerard)

História Ripped Away - Alcohol and ex lovers (Gerard)


Escrita por: monr0e

Notas do Autor


Saudações, terráquixs! Gente, eu juro que ia atualizar antes, mas vcs sabem, teve enem, ai teve a tristeza pós enem... Enfim né, sem mais delongas, ai está o capítulo :^)
Até lá embaixo.

Capítulo 23 - Alcohol and ex lovers (Gerard)


New Jersey, 2010

Nervoso. Eu estava muito nervoso, nervoso para caralho. Meus dedos tremiam involuntariamente e minhas pernas balançavam como se tivessem vida própria. Eu já havia bebido toda a água da minha garrafa de quase um litro, mas mesmo assim, minha garganta continuava seca. E tudo isso só passaria quando eu falasse com Mikey.

Eu estava torcendo para ninguém perceber meu comportamento estranho, já que era impossível disfarçar. Por sorte, a senhora Keating estava terminando de escrever algumas baboseiras de termoquímica no quadro branco. Eu estava tão eufórico que não consegui prestar atenção em mais nada na aula além do que iríamos estudar hoje. O único motivo para eu olhar para o quadro era que o relógio de parede ficava acima do mesmo, e aqueles malditos ponteiros se mexiam tão vagarosamente! Tudo bem, faltavam apenas cinco minutos. Cinco minutos, Gerard. Relaxe.

Fechei meus olhos e respirei fundo, soltando o ar na mesma velocidade, mas isso não me relaxou. Respirar fundo, contar até dez, não sei quem inventou esse método, mas simplesmente não funciona!

-Bem, é isso. –A professora finalmente pareceu finalizar a cópia. –Na próxima aula nos aprofundaremos mais nesse último tópico. –Olhei para o quadro tomado de anotações que pareciam estar em árabe, eu não entendia nada. –Vocês podem ir para o intervalo. –Finalmente! Era tudo que eu precisava ouvir! Nem liguei para o meu material espalhado pela mesa, já estava me preparando para levantar, até que ela resolveu continuar a falar. –Mas antes, a coordenação pediu para lembrá-los que hoje começam as inscrições para os clubes da escola. –Deus! Tive vontade de dizer: “Ninguém se importa, só nos deixe ir!” mas o que eu menos precisava era de uma longa e tediosa detenção. E também, todos pareciam se importar, já que a sala que antes estava silenciosa, agora era preenchida por cochichos dos alunos entre si. –É só isso, estão dispensados. –Antes que ela pudesse abrir a boca mais uma vez, sai rapidamente da sala, o que era muito estranho, já que eu sempre esperava todos saírem.

Como o sinal havia tocado, os corredores já estavam ficando cheio, apertei levemente meus olhos e fiquei na ponta dos pés para tentar achar meu irmão no meio da multidão que estava se formando, e lá estava ele, provavelmente se preparando para ir ao refeitório. Era por isso que eu tinha que sair o mais rápido possível, Mikey comia como um animal, e para isso, ele sempre tentava ser um dos primeiros na fila da cantina. Corri em sua direção, esbarrando em algumas pessoas que estavam no caminho, mas não me importei e nem me dei o trabalho de me desculpar.

-Precisamos conversar! –Interrompi Mikey, que estava conversando com uma garota que não me parecia estranha, mas isso não era nem um pouco relevante no momento. –Agora. –Falei de uma maneira severa, como meu pai fazia toda vez que nos repreendia. O segurei pelo pulso e, após meu irmão se despedir brevemente da garota, comecei a puxá-lo para um lugar mais reservado, e esse lugar era a biblioteca, afinal, estávamos no ensino médio, e era o horário do intervalo, as pessoas tinham como prioridade se alimentar na cantina, então o lugar ficava quase vazio.  Arrastei Mikey para trás de uma das imensas estantes de livros e o soltei, mantendo minha postura rígida e sem quebrar o contato visual por um segundo sequer.

-Por deus, Gee! Você me machucou. –Começou a acariciar seu próprio braço. –E que ideia foi essa? Eu estava falando com a Megan Paker, a maior gata da minha turma!

-Primeiro, fala baixo! –Ordenei tentando mediar meu próprio tom de voz. –Você pode falar com ela outra hora, mas nós precisamos conversar agora.

-Sobre o que? –Sério isso? Mikey era muito debochado quando queria, ele com certeza estava tirando uma com a minha cara e aproveitaria o máximo dessa situação para se divertir.

-Você sabe muito bem. –Eu pude ver que ele queria rir, mas continuava mantendo a expressão falsa de desentendimento. Esse garoto me dava nos nervos. –Mikey, é sério.

-O que é sério? Quer dizer, além do seu relacionamento com o Frank. –Senti meu rosto queimar. Obviamente, eu não podia ver, mas tinha certeza que estava vermelho agora mesmo. –Ah, então é verdade mesmo? –Finalmente ele pareceu ceder e liberar as risadas.

-Shhh. –Coloquei meu dedo indicador no seu rosto. Mikey era um ano mais novo que eu, mas em níveis de maturidade, era quase 10 anos a menos. Porém, são muitos anos de convivência, conversar não adiantaria muita coisa, eu sabia o que tinha que fazer. –Ta bom, o que você quer para não contar para ninguém?

-Veja só, as coisas acabaram de ficar interessantes. –Cruzou os braços e sorriu.

-Mas você não pode contar para ninguém mesmo! –Enfatizei. –Nem para o Ray, para o Bob e muito menos para os nossos pais. NINGUÉM! –Era óbvio demais que ele não podia contar para os nossos pais, mas como se tratava do um irmão, era preciso ressaltar.

-Já entendi, maninho. –Ajeitou seus óculos de armação grossa. –Muito bem, o que eu quero para não contar para ninguém é... –Tentei calcular mentalmente o quanto de dinheiro eu ainda tinha, caso fosse isso que Mikey quisesse, eu sabia que não seria barato. Provavelmente teria que dar minha mesada para ele por um bom tempo. É, adeus Gibis, adeus action figures, adeus vídeo games, foi um imenso prazer conhecer todos vocês. –Nada. –Bufei auditivamente. Será que ele não percebia que eu não estava para brincadeiras?

-Mikey, eu to falando sério. –Eu estava começando a me irritar. -Será que da para você levar a sério pelo menos...

-É sério. –Cortou minha fala. –Eu não quero nada. –Eu estaria rindo se não fosse uma situação séria para mim.

-Muito bem, eu tenho umas 50 pratas agora, mas eu posso te pagar mensalmente quando receber a minh...

-Gerard, é sério. –Me cortou novamente. –Eu não vou contar, relaxa. –Franzi o cenho. Não era possível, quem era esse garoto e o que havia feito com meu irmão?

-E por que você faria isso? –Ergui as sobrancelhas. –Ou melhor, por que você faria isso de graça?

-Porque você é meu irmão e porque eu sei como algumas pessoas são preconceituosas. Só porque você é o mais velho não quer dizer que eu não deva te proteger também. –Toda aquela minha suspeita havia sumido. Por mais que ainda fosse estranho Mikey falar coisas assim, tive vontade de abraçá-lo. –Eu já suspeitava disso há muito tempo. –De uma risada. –Mas você pretende contar alguma hora? O Ray e o Bob são nossos amigos, eles não vão julgar vocês.

-Eu sei, mas acho que não é a hora, sabe? –Mikey assentiu. –E eu sei que mesmo não julgando, você tirariam sarro o tempo todo.

-Ah, mas isso é inevitável, aconteceria mesmo se você namorasse uma garota. –Soltei um riso nasal. –A propósito, pode se preparar, porque talvez eu solte algumas piadinhas, mas não na frente dos outros, claro. –Não adiantava debater, Mikey era um palhaço e eu já sabia que essa seria uma consequência, mas pelo menos, só eu escutaria.  –Falando nisso, eu tenho umas dúvidas, você é gay mesmo ou também, sei lá, gosta de meninas?

-Ah, é meio confuso, quer dizer, Mikey! Essa não é a questão. –Eu não havia parado para pensar nisso, fazia o máximo para evitar o assunto. Quer dizer, eu também havia ficado com o Bert, ma isso não era realmente importante, eu gostava de Frank, queria ficar com ele e ponto. –Então estamos combinados? –Estiquei minha mão.

-Combinadíssimos. –Apertou a mesma, como uma forma de concretizar a promessa. Eu jamais achei que seria tão fácil, se eu soubesse, teria me poupado de toda a frustração durante a aula de química e quem sabe poderia ter aprendido alguma coisa. Mikey havia me surpreendido de uma forma totalmente positiva. –Mas olha só, se a Megan Paker não quiser mais sair comigo por sua culpa, eu vou contar para a escola intera. –Me encarou sério e eu arregalei os olhos. –Opa, brincadeirinha. –Desfez a falsa expressão e riu, enquanto eu permanecia sério. –Vamos lá, da um sorrisinho, Gee. Não se sente um pouco aliviado por eu saber? Deve ser meio sufocante carregar um segredo desse porte.

-É, claro. –Na verdade, eu só me sentia aliviado pelo fato dele ter prometido não espalhar, mas no fundo, bem no fundo, eu estava feliz pelo meu irmão me aceitar e não ter o pensamento como os dos nossos pais e outras várias pessoas por ai.

-Agora vamos comer e encontrar nossos amigos, eles já devem estar estranhando. –Eu havia me esquecido completamente disso! Sai tão rápido quando fomos liberados, nem olhei para Frank, ele com certeza deveria estar preocupado.

-Tudo bem. –Mikey começou a andar, mas antes de acompanhá-lo, segurei seu braço mais uma vez. –E Mikey, obrigado. –Sorri de lado e ele retribuiu, sem deixar de me abraçar brevemente.

-Não tem o que agradecer. –Deixamos a biblioteca e fomos caminhando até o pátio. –Ah, eu sei que disse que não queria nada, mas... Você pode me emprestar uma grana para o lanche? Essa conversa me deixou com tanta fome que acho que vou precisar comer duas vezes. –Agora era a minha vez de rir. Esse sim era o Mikey que eu conhecia, esse sim era o meu irmão.

New York, 2015

Eu já estava bebendo as gotas finais da minha quarta cerveja e nenhum sinal de Frank. Eu já estava começando a achar que ele não viria, que talvez tivesse esquecido, mas era muito improvável. Estamos em uma cidade grande, é muito normal as pessoas se atrasarem, afinal, tem engarrafamento e essas coisas. Me dirigi até o bar novamente e pedi mais uma cerveja, da mesma marca das outras anteriores, e após o barman me passar a garrafa que chegava a gotejar de tão gelada, voltei para a minha mesa.

Peguei meu celular e, sem nenhuma dificuldade, achei o contato de Frank. Talvez não fosse muito conveniente ligar agora... Nossa, mas quantos malditos “talvez”! Eu ainda não estava bêbado, mas o álcool já estava fazendo efeito o suficiente para me fazer parar de me preocupar tanto com essas mini possibilidades, então por que continuar questionando? Apertei no botão de efetuar chamadas, mas antes que eu apoiasse o aparelho do meu ouvido, vi Frank passando pela porta do bar. Haviam algumas pessoas no local, eu não diria que estava cheio, mas no meio daquela gente, só Frank parecia se destacar. Se eu tivesse um bebido um pouco mais, com certeza conseguiria ver holofotes na direção dele.

Pensei em acenar, mas não pareceu necessário, já que ele estava vindo na minha direção, sem antes cumprimentar algumas poucas pessoas no caminho, parecia que ele frequentava bastante esse bar. Comecei a me sentir ansioso e um pouco nervoso, ele estava tão bonito. Usava uma das inseparáveis calças rasgadas, o tênis all star detonado e a única coisa que parecia intacta de fábrica era o suéter despojado que vestia. Eu simplesmente amava o estilo dele.

Frank se aproximou e puxou uma cadeira, sentando bem na minha frente, me dando uma visão privilegiada da sua beleza. Por mais que eu tivesse bebido, sabia que não era o álcool que estava o enaltecendo tanto. Eu teria a mesma visão se tivesse sóbrio.

-Desculpa a demora. –Esperei que ele dissesse alguma justificativa, mas ficou quieto. Eu não sabia de deveria perguntar, afinal, se ele quisesse falar já teria feito. Analisei seu rosto e ele parecia bem relaxado, diferente das últimas vezes que nos encontramos. Suas olheiras também pareciam ter diminuído bastante, quase que desaparecendo. Fiquei feliz por isso.

-Tudo bem, você nem demorou tanto.

-Sério? –Olhou para as garrafas de cerveja vazias no canto da nossa mesa. Okay, ele havia demorado bastante, mas eu queria ser educado. E também, no momento que ele apareceu, eu conclui que valeu a pena cada segundo esperando.

-É, o importante é que você está aqui agora. –Sorri de lado. Frank se virou e fez um gesto para o barman, que assentiu e pareceu pegar algo. –Mas enfim, como você está?

-Estou bem. –O homem veio até nós e depositou uma bebida na mesa, não era cerveja, parecia alguma espécie de destilado. Frank agradeceu e o barman se retirou. É, ele realmente frequentava aquele bar, o homem nem precisou perguntá-lo o que queria! –E você?

-Estou ótimo. –Sorri. Eu queria muito compartilhar o motivo da minha felicidade e empolgação que causou meu ânimo durante a semana inteira, mas não sabia se era a hora certa, já que eu poderia usar isso para puxar assunto mais futuramente. Ah, pensando bem, que se foda. –Eu larguei a faculdade de engenharia. –Era tão bom falar isso para alguém. Eu havia contado para Dexter, mas ele não demonstrou uma reação muito positiva, ele pareceu meio desapontado com o fato de que não me veria mais. Mesmo assim, desejou boa sorte e me fez prometer que manteria contato. Também não pude deixar de falar para o meu irmão, mas entramos em um acordo de não contar para o nosso pai. Não ainda. Donald era muito imprevisível, eu não sabia como reagiria, então achei que seria melhor contar pessoalmente.

-O que? –Frank ergueu as sobrancelhas de uma forma espantosa. –Sério mesmo?

-Sim. –Respondi ainda sorrindo. Eu não podia evitar, foi uma das melhores decisões que já fiz. –Você estava certo, eu não suporto essas coisas, matemática, números, urgh! –Gruni. –Eu nem sei porque comecei a fazer, acho que foi impulso ou pressão, sei lá. –Depois de me mudar para Phoenix e terminar o ensino médio, eu fiquei um bom tempo fazendo absolutamente nada. Não conseguia ter interesse ou vontade de fazer alguma coisa, mas o meu pai insistia tanto na ideia de engenharia, e mesmo não gostando muito, era uma boa desculpa para sair daquele buraco de cidade e também, agradar um pouco meu pai. Mas eu sabia que não iria suportar, então deixar a faculdade foi como tirar um peso das minhas costas e mente.

-E o que você pretende fazer agora?

-Fiz um teste para entrar na escola de belas artes e passei, eu começo ano que vem. –Disse vitorioso. Eu passei boa parte da minha vida ouvindo as pessoas falarem que eu desenhava bem, mas que era apenas um hobby. Um dos meus piores erros foi acreditar nisso. Não, fazer arte é muito mais do que isso. –Você sabe que eu sempre sonhei em criar histórias em quadrinhos, talvez eu finalmente consiga. Tenho até alguns projetos. –Desde criança, eu sempre amei super-heróis, tanto que criava os meus. Agora eu teria a chance de compartilhá-los com o mundo.

-Nossa, Gerard. –Bebericou sua bebida e deu um pequeno sorriso. –Isso é incrível. –Eu já havia reparado que Frank não usava mais seus piercings, mas um pouco abaixo do seu lábio inferior ainda se localizava uma pequena marquinha que se destacava toda vez que sorria. Era adorável.

-Eu também acho. –Poupei-me de modéstia. Era uma coisa muito foda mesmo. –Deveria ter feito isso faz tempo.

-Bom, é como dizem, não é? Antes tarde do que nunca. –Assenti, dando outro gole na minha bebida.

-Mas e aí, alguma novidade da banda?

-Estamos com algumas ideias para umas músicas novas e, parece que o meu guitarrista ta quase conseguindo uma gravadora. –Disse animado e mais uma vez eu sorri em resposta.

-Uau! –Isso era tão incrível quanto o que eu havia compartilhado. Frank tinha muito talento, ele merecia o sucesso que com certeza ganhará futuramente. –Mal vejo a hora de ouvir. –Falei com a mesma empolgação. Era verdade, desde quando o vi tocar pela primeira vez naquele bar, eu só conseguia pensar em outra oportunidade de ouvir suas canções, e melhor, o vivo. –As músicas que você tocou naquele dia do bar, eram todas de sua autoria?

-Sim. –Terminou sua bebida e fez o mesmo gesto para o barman, para que pudesse repetir a dose.

-São muito boas. –Falei de forma sincera. –Eu lembro da época do My Chemical Romance, que nós escrevemos algumas músicas juntos. –Era uma lembrança gostosa. Frank e eu com um pequeno caderno tentando compor. Entre alguns cigarros e risadas, até que saiam ideias e versos brilhantes. Particularmente, eu sinto que sou mais produtivo quando estou sozinho, mas era bom demais estar com ele. –Tinha aquela, você lembra? Vampires alguma coisa. –Cocei o queixo, tentando me recordar. –Eu adorava tocar essa ao vivo.

-Vampires will never hurt you. –Completou e riu. –Lembro que essa música foi feita inspirada em você. –Tantas pessoas me comparavam com um vampiro que acabou servindo de inspiração para algo produtivo. Antes de ganharmos uma certa popularidade, as pessoas da escola me chamavam assim com o intuito de zombar de mim, lembro que até inventavam lendas e, por incrível que pareça, algumas pessoas acreditavam que eu realmente me alimentava de sangue.  

-Bons tempos. –O barman veio até nós novamente e, após deixar a bebida de Frank, viu minha garrafa vazia e perguntou se eu gostaria de alguma outra coisa. –Uh, acho que vou querer a mesma coisa que ele. –Apontei para o copo de Frank. Já bastava de cerveja, era a hora de pular para algo mais forte. O barman assentiu e nos deixou novamente, mas voltou em um piscar de olhos, com um copo idêntico ao do meu amigo. –Obrigado. –Agradeci e, sem hesitar, bebi. Não pude evitar a careta que se formou no meu rosto ao sentir o líquido descer queimando minha garganta e deixando um gosto horrível na minha boca. –Que diabos é isso?

-Rum misturado suco e um pouco de uma cachaça brasileira. –Riu ao ver minha expressão. –Aqui é conhecido como “Fosse suja”. Delicioso, uh? –Bebeu como se fosse a coisa mais apetitosa do mundo.

-Acho que três copos dessa coisa já são o suficiente para aniquilar um fígado.

-Não exagere. –Riu novamente. –Fica mais gostoso no quarto ou quinto gole.

-Da para ir pro hospital no quarto gole. –Frank parecia estar gostando das minhas piadinhas, e eu tinha vontade de agradecer toda vez que ele sorria.

-Por que não bebe outra coisa então?

-Porque temos que comemorar. Vou para a escola de artes, sua banda está fazendo sucesso... –Apesar de já ter bebido, estendi meu copo para um brinde. –E eu estou muito feliz por você estar aqui. –Frank deu um meio sorriso, e bateu levemente seu copo no meu. Após ouvirmos o barulho do vidro se batendo, viramos o copo, bebendo até a última gota.

Eu já estava começando a ficar bêbado, e ele também. Depois disso, começamos a falar de coisas totalmente aleatórias, assim como fazíamos antigamente. Era bom demais estar com ele novamente, falando de nerdices e Star Wars, de como estávamos ansiosos para o novo filme. Era nostálgico demais. Nem parecia que haviam quase 5 anos que não nos falávamos. Era estranho pensar nisso, já que conversávamos como se nada tivesse acontecido, como se ainda fossemos melhores amigos. Quando tomamos um café juntos no Starbucks, em uma das primeiras vezes que nos esbarramos sem querer, ele estava introvertido e parecia um tanto mal humorado, mas agora tagarelava e ria sem parar, e isso me deixou contente demais. Já fazia um tempo que ele estava me contando de algumas das suas aventuras em Nova Iorque, e era tão engraçado, eu poderia continuar ouvindo pelo resto da noite toda.

-Ano passado eu fui a um show do Smashing Pumpkins e, no dia seguinte, fui a um mercado perto do meu apartamento para fazer compras, daí do nada encontrei o Billy Corgan na fila do caixa.

-Não brinca! –Exclamei desacreditado. Smashing Pumpkins era uma das nossas bandas favoritas na adolescência. Eu não ouvia mais com tanta frequência, mas meu amigo ainda parecia ser obcecado. Isso acabou despertando uma saudade da banda, sem dúvidas eu procuraria algum álbum e escutaria quando chegasse em casa.

-É verdade, eu tenho até fotos. –Retirou um maço de Marlboro do seu bolso e acendeu um cigarro. –Ele é tão adorável pessoalmente. Pedi para ele autografar minha caixa de leite. –Contou entre risadas. –Até hoje não bebi aquele leite, virou um enfeito para minha sala.

-Para mim ele está cada vez mais parecido com o Professor Xavier do X-men. –Frank deu uma risada escandalosa e eu o acompanhei. Já estávamos naquele momento da embriaguez que as coisas se tornam mil vezes mais engraçadas do que elas realmente são. –Nossa, que horas são? –Peguei meu celular e me assustei ao ver que já eram duas da manhã. Não que isso tivesse alguma importância, eu já era bem grandinho, mas mesmo assim, fiquei assustado com a velocidade com que as horas passaram. Exatamente como quando Frank ia a minha casa jogar “uma” partida de vídeo game e acabávamos ficando a tarde inteira grudados na televisão. –Esse lugar não fecha?

-Só quando o último freguês for embora. –Olhei ao redor e as mesmas pessoas continuavam lá. Parecia que ninguém havia deixado o lugar desde o momento em que cheguei. Ou talvez fosse o álcool agindo e distorcendo minha visão. Bom, eu tinha certeza absoluta que Frank estava sentado bem na minha frente, e era somente isso que importava.

-Mas então. –Voltei ao tópico da conversa que estávamos tendo. –Você passou por um bocado aqui.

-Pois é. –Deu uma tragada no seu cigarro e estendeu o maço em minha direção, me oferecendo. –No começo eu passei por uns perrengues, mas quem não passa? –Assenti retirando um cigarro e acendendo-o em seguida. Iria fazer um ano que eu estava morando sozinho e nunca havia passado por algo do tipo. Minha família se certificava de todo mês depositar uma quantia de dinheiro para o aluguel e para minha sobrevivência. Frank não. Ele trabalhava e tinha que pagar as próprias contas. –Eu já até cheguei a trabalhar em um café, como atendente. Mas fui demitido após mandar um cliente mal educado ir a merda.

-Que agressividade, Iero! –Dei uma risada e foi uma bela deixa para a fumaça do cigarro sair da minha boca. –Eu não tinha nada para fazer em Phoenix. Passava o dia inteiro no meu quarto, e a noite eu intercalava, às vezes era em um bar barato e outras vezes eu ficava na varanda da minha casa fumando.

-Que deprimente. –Falou sem humor.

-Você não viu nada. –Eu até que tinha feito alguns colegas, mas ninguém que eu me importava o suficiente para tentar manter uma amizade. A pessoa com quem eu mais conversava era o Senhor Matthews, o orientador da minha escola. Eu não era um mau aluno, muito longe disso, o fato de eu ser bem quieto e aéreo, me mantendo indiferente a qualquer situação que chamou a atenção dele. Ele tentava ser como uma espécie de psicólogo, mas o que eu mais ouvia dos meus pais era que eu não precisava disso, afinal, nas palavras deles, eu não era nenhum “louco”. Não me importei com isso na época, já que eu não tinha vontade de me comunicar com ninguém, apenas com pessoas que eu sabia que não poderia, e Frank... Frank com toda certeza era uma delas. –Mas que se foda, eu estou bem longe daquele lugar e, eu sinto que as coisas vão melhorar. –Olhei intensamente para os olhos verdes de Frank, ou seriam cor de mel? Até hoje eu tinha essa dúvida cruel. –Engano meu, já estão bem melhores. –Frank deu um sorriso amarelo. Aquilo que eu havia acabado de falar era um flerte? Bom, além de tudo, Frank era meu ex namorado. Nós nunca chegamos a romper oficialmente, como nos filmes com aquele papo clichê de: “não é você, sou eu.”, mas na época ficou óbvio para nós dois que havia acabado, e até hoje eu amaldiçôo aquele maldito dia.

Frank parecia um pouco sem graça, então decidi quebrar o contado visual e voltamos a bebericar lentamente nossas respectivas bebidas. Era torturante não poder ficar olhando fixamente para ele, o jeito que ria, que bebia, levava o cigarro até a boca com seus dedos tatuados. Tudo que ele fazia era magnífico aos meus olhos. Depois do nosso término, eu nunca tive outro relacionamento, pelo menos nenhum sério, apenas coisas de uma noite só, com caras que eu encontrava em alguns bares e nem fazia questão de perguntar o nome. Se minha memória não falha, houve apenas uma vez que eu me envolvi com um garoto chamado Nate, mas não durou mais que duas semanas. Eu nunca consegui gostar de alguém da mesma forma que gosto de Frank. Sim, é isso mesmo, gosto! Eu nunca deixei de gosta. E agora, eu estava começando a pensar, se depois de anos ainda podíamos voltar a ser amigos, por que não voltar a ser algo a mais?  


Notas Finais


SÓ DIGO UMA COISA: Os próximos capítulos vão ser bafo.
Será que vcs finalmente vão saber o motivo da briga? Eu não sei, não gosto de spoiler. Será que Frank ta menos carrancudo? Por que será que ele foi tão legal com o Gee? VOCÊ VERÁ HOJE, NO PROFISSÃO REPÓRTER! Mentira, vão ver quando eu atualizar mesmo, MAS EU VOU DAR O MEU MÁXIMO PARA NÃO PASSAR DE SEMANA QUE VEM.
Um beijo do tamanho do mundo nas testas de vcs <33
Até o próximo.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...