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História Ripped Away - What's the worst thing i can say? (Frank)


Escrita por: monr0e

Notas do Autor


E aí, Terráquixs? Eu disse que não ia demorar! (PRA MIM NÃO DEMOROU) Enfim, né, vamos ao capítulo que é importantíssimo e poR FAVOR LEIAM AS NOTAS FINAIS.

Capítulo 25 - What's the worst thing i can say? (Frank)


New Jersey, 2010

Finalmente o grande dia havia chegado. Palavras não pareciam ter o poder de descrever o que eu sentia no momento. Ansiedade? Euforia? Nervosismo? Empolgação? Na verdade, era um grande misto de todas essas emoções, que pareciam estar emboladas no meu corpo, causando-me aquela clássica sensação de borboletas no estômago.

Estiquei meu pescoço ao máximo que consegui para dar uma espiada por trás das cortinas de tom avermelhado, tendo o máximo de cuidado para ninguém perceber. Realmente o lugar lembrava um teatro. O tecido incrivelmente pesado e grosso era o que me separava da grande platéia que estava prestes a nos receber. Por trás das cortinas, tudo já estava pronto. A bateria de Bob estava montada, os amplificadores prontinhos para receberem nossas guitarras, e o microfone principal se encontrava bem centralizado, o que parecia meio desnecessário, já que Gerard nunca ficava parado no palco. Ele se movimentava de um lado para o outro, fazendo suas performances e dancinhas esquisitas que na hora sempre pareciam descoladas. Todos se surpreendiam com a espontânea falta de timidez dele na hora de cantar.  

Senti uma onda de arrepio ao ver que o número de pessoas formando o público só crescia. Nós nunca havíamos tocado para tanta gente assim, o lugar estava praticamente lotado! Logo reparei que muitas das pessoas presentes não eram da nossa escola. Na verdade, alguns até aparentavam não ter contato com uma escola há tempo. Isso me deixou um pouco mais nervoso, porém, como eu disse, as emoções, mesmo que bagunçadas, pareciam se equilibrar. Então porra, eu também queria muito começar a tocar logo e ver a reação do público! Especialmente do nosso convidado de honra.

Larguei a cortina com o mesmo cuidado e fui em passos largos até onde o resto dos meus amigos se encontravam. Abri a porta de madeira com uma estrela pregada no topo, indicando que a sala era um camarim. Coisa que não estávamos acostumados, já que nunca havíamos nos apresentado em uma casa de shows. Claro que também não era grande coisa assim, inclusive, a tal estrela da porta era feita de cartolina dourada. Mas porra! Para nós, que já estávamos habituados a tocar em bares e nos retocar nos banheiros nojentos fedendo a urina, aquele camarim parecia ter saído do estúdio mais caro e sofisticado de, sei lá, Hollywood. Mesmo contendo apenas uma penteadeira, um sofá com aparência antiga, um ar condicionado e um pequeno banheiro embutido. Mas adivinha só? Limpo e com cheiro de produtos de limpeza!

-Tem gente para caralho aqui! –Minha voz saiu um pouco mais alta que o normal, por conta da empolgação. Fechei a porta atrás de mim e observei a reação dos meus amigos.

-Eu sei! –Ray veio até mim com o mesmo entusiasmo. –Cara, eu to tão nervoso! Tem certeza que não quer dar uma última ensaiada? –Apontou para sua guitarra, que já estava pendurada no seu corpo. –Podemos fazer aqui mesmo.

-Ray, relaxa. –Bob parou de brincar com suas baquetas e se levantou do sofá. –Nós ensaiamos a noite toda, estamos preparados. –Era verdade. Ficamos até altas horas repassando as músicas na noite passada. Meu dedos ainda se encontravam com marcas vermelhas causadas pelas cordas da minha guitarra, mas pouco me importava, agora eu não sentia nem um resquício de dor.

-Gente, o Ryan Richards já está aqui. –Mikey, que antes parecia estar concentrado demais encarando o espelho e ajeitando seu cabelo claro com o que parecia ser um fixador, anunciou.

-Eu vi! –Ryan Richard era o tal convidado de honra. Ele simplesmente era o cara com o poder de transformar o My Chemical Romance em algo grande. E ele estava lá, no meio da multidão, só esperando por nós. Ah, o nervosismo de novo! Mesmo com o ar condicionado proporcionando uma temperatura agradável, comecei a sentir calor, e minhas roupas não ajudavam. Além de ensaiar diversas vezes, outro assunto que discutimos era figurino. Gerard mais uma vez assumiu o papel de “estilista” da banda e deu a ideia de todos nós vestirmos camisas sociais e gravatas. Achamos a ideia super legal e aceitamos. Me lembrava de bandas que eu idolatrava e usava como inspiração, assim como Green Day e AC/DC. Por isso não me contentei com o que achei no armário do meu pai, fiz questão de comprar uma gravata escura novinha só para esse dia.

Ray e Bob usavam as mangas de suas camisas dobradas até o cotovelo. Me senti um idiota por não ter tido essa ideia antes e comecei a empurrar o tecido branco para ficar como eles. Também dei uma leve afrouxada na minha gravata, para dar uma aparência mais “desleixada”. Nossas roupas poderiam ser formais na parte de cima, mas da cintura para baixo ainda prevaleciam os jeans rasgados e os tênis encardidos. Claro que eu também estava usando meu mais novo e quase inseparável acessório favorito, a luva de esqueleto que meu namorado havia me dado.

-Se o Ryan Richards gostar do nosso som, eu juro que dou um beijo na boca de cada um de vocês. –Ray apontou para cada um de nós, que levamos na brincadeira e rimos. –Mas afinal, onde diabos o Gerard se enfiou?

-Eu não sei. –Mikey finalizou seu cabelo e se aproximou. Eu também não sabia, e isso estava começando a me preocupar. Gerard era uma das pessoas mais pontuais que eu conhecia, principalmente quando se tratava de compromissos como esse. –Você viu se nossa avó estava na platéia, Frank? –Tentei me recordar dos rostos que passei o olho e não. Elena não parecia estar lá ainda. Eu tive o prazer de ver a avó dos Way poucas vezes, mas ela tinha uma aparência que eu conseguiria reconhecer de longe.

-Eu acho que ela ainda não chegou. –A princípio, eu estranhei o fato de Mikey ter aparecido sem Gerard, afinal, por serem irmãos e morarem juntos, obviamente sempre chegavam juntos para shows e ensaios. Mas o Way mais novo explicou que após a aula foi direto para a casa de Ray, e não viu o irmão desde então.

-Isso é estranho. –Ray olhou para o relógio de teto que ficava acima do sofá. –É bom ele chegar logo, ou nosso looks vão ficar incompletos. –Gerard também se encarregava de fazer a maquiagem, mas não era para nos deixar mais bonitos, e sim dar um ar sombrio. Por isso sombras escuras, pó compacto branco e sangue falso eram uma das nossas marcas registradas. 

-Essa é a menor das nossas preocupações, não podemos atrasar um show que Ryan Richards vai assistir! –Bob estava certo.

-Mas nós temos tempo, não? –Perguntei enquanto analisava os ponteiros do mesmo relógio.

-Temos dez minutos, é bom ele estar aqui em cinco. –A última vez que eu havia visto Gerard também foi na escola. Peguei meu celular rapidamente e comecei a digitar uma mensagem de texto para ele, questionando o atraso.

-É melhor ligarmos. –Ao ver o que eu estava fazendo, Mikey sugeriu pegando seu próprio aparelho. Levou o objeto até o ouvido e nós o encaramos apreensivos, esperando uma resposta o mais rápido possível. –Caixa postal. –Ergueu as sobrancelhas. Okay, eu oficialmente estava prestes a entrar em pânico. –Talvez o vôo da nossa avó tenha atrasado, Gerard pretendia vir com ela e nossa mãe.

-Continue tentando ligar. –Bob pediu e sentou-se no sofá novamente. Agora o ambiente estava tenso. O loiro levou suas unhas até sua boca, tirando o esmalte preto com seus dentes, por conta do nervosismo.

-Gente, relaxem! –Eu estava quase surtando internamente, mas tentei soar o mais calmo possível. –Tenho certeza que eles estão a caminho.

-Bob, cuidado com essa mão! A bateria não vai se tocar sozinha. –Ray advertiu nosso amigo, que parecia estar prestes a arrancar um dos dedos. –Frank, vai lá conferir de novo se eles estão ou não na platéia. –Assenti e deixei o camarim novamente. Antes de obedecer Ray, deixei minhas costas baterem levemente contra a parede e esfreguei meu olhos com força.

-Calma, Frank. Vai dar tudo certo. –Falei comigo mesmo e me dirigi até as cortinas. Realizei o mesmo processo, sendo o mais cauteloso possível. Passei meus olhos por cada cantinho que meu campo de visão oferecia e, novamente, não. Nem Elena nem Donna estavam lá.

-Ei, você é integrante daquela banda, não é? –Um rapaz apareceu atrás de mim. Não o reconheci, mas ele usava uma camisa com as palavras “Bloody House”, o nome da casa de shows, então provavelmente trabalhava na mesma. –A que vai se apresentar agora.

-Sim, eu sou. –Balancei a cabeça positivamente.

-Vocês tem cinco minutos. –Me alertou. –Precisam de mais alguma coisa?

-N-não. –Merda! Gaguejei involuntariamente. –Nós já estamos indo. –Dei um sorriso amarelo e o rapaz apenas respondeu com um “okay”. Voltei correndo para o camarim, assustando meus amigos de novo. –Elas não estão lá.

-Ta bom, eu vou ligar para a minha mãe. –Antes que Mikey pudesse efetuar a ligação, ouvimos alguém se aproximando. Eu esperava que fosse o mesmo homem que me abordou há segundos, mas me surpreendi ao reconhecer Gerard.

-Graças a deus! –Ignorei todos aqueles “termos” que estabelecemos sobre como nos comportar juntos na frente dos outros, para o sigilo do nosso relacionamento, e o abracei fortemente. Além da preocupação com o horário, eu estava preocupado com meu namorado, ele nunca se atrasava, fiquei com medo de algo ruim ter acontecido. Mas agora, tudo que eu sentia era alívio e... um cheiro forte de álcool?

-Aleluia! –Bob e Ray comemoraram em uníssono. Gerard não correspondeu meu abraço, então apenas o soltei o encarei. Ele estava vestido como o combinado, mas o que diferenciava era o terno escuro, que ficava ótimo nele. Por mais bonito que ele estivesse, aquilo estava estranho. –Cara, estávamos começando a ficar preocupados. –Logo reparei que ele segurava um copo com alguma bebida que definitivamente não era suco ou refrigerante. Ele estava sem sua maleta de maquiagem, mas não era só isso que ele parecia ter esquecido, seu rosto tinha expressão alguma. Ele se manteve quieto e sério, parecia um zumbi petrificado. –Por um minuto achamos que você não chegaria a tempo.

-É, mas eu estou aqui. –Gerard abriu a boca para falar e o cheiro de álcool escapou mais potente ainda. –Não é mesmo? –Ninguém parecia perceber o quão esquisito Gerard estava. Porra, ele estava se embolando nas próprias palavras, mas só eu reparava.

-Vamos logo então. –Ray me entregou minha guitarra. Segurei Pansy e passei a correia personalizada com estampa do Frankenstein pelo meu corpo. Mikey abriu a porta, dando espaço para que todos nós saíssemos. Antes que eu pudesse falar alguma coisa para Gerard, perguntar o que havia acontecido, ele passou pela porta, andando de uma forma desajeitada, provavelmente por conta da bebida. Era quase uma tradição nossa tomar uma dose de alguma coisa alcoólica antes das apresentações, para dar aquela animada, mas era só isso! Sem nenhum exagero. Suspirei pesadamente e os segui até o palco.

O rapaz de antes nos guiou e ajudou a nos situarmos. Bob sentou-se atrás da sua bateria e alinhou os pratos. Mikey, Ray e eu conectamos nossos instrumentos nos amplificadores, e nos posicionamos. Após dar um gole, Gerard colocou seu copo de plástico no chão e começou a segurar fortemente o microfone, como se o pedestal fosse uma espécie de bengala. Eu podia ver a dificuldade dele para se manter de pé. Tentei não me preocupar com isso e comecei a olhar fixamente as cortinas, que se abririam a qualquer momento.

-Boa noite, Jersey! –Pude ouvir uma voz grossa vindo do outro lado do palco. –É com um imenso prazer que apresentamos, pela primeira vez aqui na Bloody House, My Chemical Romance! –O dono da voz terminou de anunciar nossa banda e enquanto os tecidos se separavam, revelando a multidão de pessoas, eu ouvia os gritos eufóricos, assobios e aplausos. –Ray me lançou um meio sorriso e ao ouvirmos o som das baquetas de Bob se chocando repetidamente, fazendo o barulho de contagem que já estava acostumados, começamos a tocar a primeira música da nossa setlist: Our Lady Of Sorrows.

Tudo estava indo bem. Para meu alívio, Gerard estava cantando bem, bem para caralho! Reproduzindo perfeitamente a letra e sendo fiel a parte dos driver que essa música exigia. Até mesmo tirou o microfone do pedestal e começou com suas caminhadas pelo palco, se aproximando da platéia e tudo mais. Decidi deixar aquela tranquilidade tomar conta do meu corpo e entrar na mesma vibração e, deus, como era bom!

Encerramos a primeira música com perfeição e os gritos do público só aumentavam. Sorri já sentindo as gotículas de suor escorrerem pela minha testa, molhando meu rosto e principalmente meu cabelo. Gerard voltou para o centro do palco e a sua posição inicial, curvando-se para pegar seu copo e beber mais um pouco.

-Essa próxima música se chama: Honey, this mirror isn’t... Ah, é um nome grande da porra. –Inusitadamente, Gerard pegou o microfone e anunciou a nossa próxima música. Pude ouvir alguns sons de risos vindo das pessoas. –E é basicamente sobre uma rotina de merda, talvez vocês se identifiquem. –Okay, novamente ele não foi levado a sério, mas será que Gerard não poderia apenas usar a boca para cantar?

Ajeitei minha palheta nos meus dedos, que a propósito, foi um presente de Ray, e começamos a tocar. Na minha opinião, estava superando nossos ensaios. Ninguém mais parecia nervoso, só sedento para dar o seu melhor e fazer aquelas pessoas curtirem, especialmente Ryan Richards, que pelo que eu pude observar, estava gostando do nosso som.

 Gerard voltou a cantar e era cada vez mais aliviante ver que ele estava mandando tão bem. Eu gostava de fechar meus olhos enquanto tocava, de uma certa forma, parecia que eu incorporava melhor a música e o que estava fazendo. E assim fiz, enquanto mexia meus dedos, minha cabeça e meu corpo freneticamente, sem deixar de fazer minha pequena participação no backing vocal. Tudo continuava ocorrendo bem até que algo me fez sair do meu estado de paz e concentração. Gerard começou a errar a música. Ele não estava só errando a letra, também estava misturando com partes de Drowing Lessons, que era uma das últimas músicas da setlist

-Merda. –Bufou no microfone, parando de cantar. Ray olhou confuso para mim e logo todos nós paramos de tocar, causando um barulho desajeitado, por conta da falta de sincronia. –Da pra gente recomeçar aqui? –A voz embriagada de Gerard saiu de tal forma que era impossível agora não notarem que ele estava bêbado. Eu não sabia o que fazer, estava morrendo de vergonha. Mikey olhou para mim com a mesma confusão, parecendo esperar alguma resposta. –Vamos de novo, desde o começo. –Assenti positivamente para meus amigos, para que fizéssemos o que Gerard propôs. Era o melhor a se fazer.

Nos preparamos para voltar a tocar e começamos a executar os primeiros acordes e notas, novamente, com perfeição. Ainda sim eu queria enterrar minha cara em algum lugar, aquilo foi vergonhoso demais! Ele poderia ter improvisado alguma coisa ou sei lá! Nunca havíamos nos preparado para enfrentar situações como essas, eu só torcia para não se repetir.

-Porra, eu não consigo lembrar o começo dessa música. –Merda! Lá estava Gerard nos envergonhando de novo! Como caralhos ele não lembrava? Havia cantando há poucos minutos! –Esquece, vamos para a próxima. –Mais uma vez eu e os garotos nos olhamos confusos. Bob arregalou os olhos azuis que pareciam mais formar um ponto de interrogação no momento. Para melhorar mais ainda, pude ouvir um barulho de vaia. Retomei meu olhar para a platéia, tentando avistar o responsável. –O que foi? –Gerard se aproximou do amontoado de pessoas e pareceu achar o dono das vaias mais rápido que eu. Ele conseguia enxergar um menino insignificante bem no fundo da multidão mas não conseguia lembrar da porra da música que havia acabado de cantar! –É muito fácil ficar vaiando ai atrás com os amiguinhos, por que você não vem fazer isso na minha cara, filho da puta?! –Agora era a minha vez de arregalar os olhos. O garoto respondeu com algum palavrão ofensivo e eu pude jurar que as pessoas estavam praticamente abrindo caminho para a aproximação dele.

Quando o menino com cara de dezesseis anos chegou mais perto e pareceu repetir a mesma ofensa, Gerard estava furioso e pronto para avançar. Ele nunca, jamais, em nenhum momento sequer foi uma pessoa violenta! Muito pelo contrário. Mas agora, ele estava fora de si. Isso com certeza não terminaria bem. Ray e eu largamos nossas guitarras quase que em simultaneamente e corremos até Gerard, segurando seus braços com toda a força que tínhamos, enquanto ele se debatia como um peixe, louco para pular em cima do engraçadinho. Começamos a puxá-lo para o fundo do palco, mas antes ele inclinou sua cabeça e deu uma cuspida que aterrissou perfeitamente bem no rosto do garoto. Oficialmente aquele show teria que ser encerrado agora!

Enquanto o tirávamos dali, as cortinas se fechavam e o público agora era dividido entre vaias e gritos como aqueles que se escuta em lutas de UFC na televisão. O homem que anunciou a banda no começo da apresentação nos olhou com uma expressão furiosa, como se só os olhos dele dissessem “controlem seu amigo e dêem o fora daqui!”.  

-O que deu em você?! –Ray soltou Gerard e o encarou fixamente.

-O que deu em mim?! –Gerard se recompôs. –Quem aquele moleque acha que é para nos insultar assim? –Ele parecia ficar estressado de novo.

-Bom, nada disso teria acontecido se você tivesse cantando a porra da música direito! –Bob defendeu Ray, que estava ficando tão exaltado quanto meu namorado há alguns minutos atrás. –Fez um ótimo trabalho se embebedando antes DO SHOW MAIS IMPORTANTE DA NOSSA VIDA! –Eu concordava com Ray, e como concordava! Mas não sabia o que dizer, eu não me sentia irritado como ele, eu estava apenas... Triste. Gerard havia feito merda? Sim. Esse show era importantíssimo para nossa carreira? Sim. Ele merecia todo esse sermão? Com toda certeza! Mas eu odiava ver brigas, principalmente entre as pessoas que eu amo. Eu também odiava ver Gerard naquele estado, me lembrava do dia que o encontrei totalmente embriagado em seu quarto.

-Gerard, qual é a porra do seu problema?! –O Way mais novo se aproximou no mesmo estado que os outros: puto da vida. –Que vergonha você nos fez passar! Essa era a nossa grande chance! –Eu me mantive calado, apenas observava a repreensão dos meus amigos e a indiferença de Gerard diante aos xingamentos, enquanto a simples imaturidade daquele garoto o fez enlouquecer. Algo não estava nada certo. Ele não era assim, nunca foi. Agora, parecia imóvel mais uma vez . Olhava para o nada enquanto Ray gesticulava e gritava mais algumas palavras. Não fazia nenhuma porra de sentido! Por que ele faria isso justamente hoje?! Ontem ele estava tão ansioso, afinal, além de Ryan Richards, teríamos a presença de...

-Nossa avó morreu, Mikey. –Ainda olhando para o além, Gerard não se importou de esperar Ray terminar de falar, atropelando as palavras do nosso amigo com a revelação bombástica. Senti meu coração acelerar e minha garganta secar.

-O-o que? –Mikey olhou desacreditado para o irmão. Um silêncio subitamente se instalou entre todos nós.

-Você ouviu bem. –Disse de forma seca. Eu estava em choque. Agora, infelizmente as coisas começavam a fazer sentido. O atraso de Gerard, sua embriaguez, e claro, o fato de sua avó não estar lá. Eu gostaria de saber exatamente o que aconteceu, mas agora não era o momento para perguntar.

-Gee... –Tentei me aproximar e ele recuou na hora. –Eu sinto muito. –O silêncio se manteve, enquanto ficávamos um olhando para a cara do outro. Deus, eu me sentia péssimo, eu sabia que Gerard estava devastado por dentro. Ray e Bob não se atreveram a pronunciar uma palavra sequer, era como se o que aconteceu no palco tivesse perdido toda a importância. Eu não tirava meu olhos de Gerard. Ele não tinha lágrimas, só neutralidade, distância e um pouco de frieza. Enquanto os olhos de Mikey inundavam aos poucos.

-Você está certo disso? –Reforçou o menor, mas não obteve resposta. Gerard apenas o encarou seriamente. –Como assim? E-eu vou ligar para a nossa mãe.

-Você não vai conseguir falar com ela agora. –Gerard deixou Mikey com seus questionamentos e saiu andando, um pouco tonto, quase tropeçando nos próprios pés e sem dizer mais uma palavra sequer. –E talvez nunca mais. –Suas últimas palavras saíram como um sussurro, mas pude ouvi-las perfeitamente.

-Para onde você vai? –Agradeci internamente por Mikey ter perguntado, porque era exatamente o que eu queria saber.  Mas, outra vez, ele não recebeu uma resposta. Ray envolveu Mikey em um abraço e Bob tentou consolá-lo também.

Eu não sabia o que deveria fazer. Meu corpo não parecia responder minha ações, sem pensar duas vezes, comecei a seguir Gerard, acelerando meus passos e deixando meus amigos para trás. A quantidade de álcool ingerida o impedia de ser a pessoa mais rápida do mundo. Ele se dirigia a porta de saída, mas antes que pudesse abri-la, eu o parei, tocando suavemente seu ombro.

-O que você quer, Frank? –Continuou de costas, tentando abrir a abrir a porta, cuja maçaneta parecia mais um quebra cabeça de mil peças para ele no momento. –Não estou com muita animação para te chupar agora.

-Do que você ta falando? –Tentei ignorar o jeito grosseiro dele e fazer com que olhasse para mim. –Eu sinto muito pelo que aconteceu. –Eu não sabia como lidar com essas situações que envolvem morte, principalmente de pessoas próximas assim, como a avó de Gerard era. Mas falei da forma mais pura e sincera que pude, porque era exatamente o que eu sentia. –Eu imagino o que você deve estar sentindo...

-Eu acho que não. –Me cortou. Mais uma vez, de forma rude.

-Gee, você é meu namorado, sabe que pode contar comigo. –Ignorou minha tentativa falha de transmitir alguma segurança e finalmente conseguiu desvendar o jeito de abrir a porta. –Para onde você vai?

-Me deixa em paz. –Finalmente criou um contato visual comigo. –Só por um instante, por favor. –Seus olhos verdes, antes sem emoção, finalmente ficaram umedecidos, me quebrando por dentro. Passou pela porta e eu, obedecendo seu pedido, continuei parado o observando andar pela calçada, sem deixar de cambalear enquanto se aproximava de uma camionete velha. Mais e mais duvidas começaram a brotar na minha mente. Gerard entrou no veículo e o mesmo de partida. Aquilo me preocupou, quem estava dirigindo?! Tentei enxergar a pessoa, mas a distância e o vidro fumê do carro não colaboravam. Tudo bem, era uma grande perda, ele queria ficar sozinho e eu tinha que respeitar isso. Suspirei pesadamente e decidi voltar para os meus amigos.

-Nós vamos levar o Mikes para casa. –Bob anunciou em voz baixa. Mikey continuava nos braços de Ray, chorando cada vez mais intensamente. Isso partiu meu coração.

-Certo, eu vi alguns táxis lá fora. –Falei no mesmo tom de voz do loiro e nos direcionamos a saída. Ray desfez o abraço e passou seu braço pelas costas de Mikey, fiz o mesmo só que do lado oposto.

Lembrei de como Gerard havia falado e fiquei com medo de tentar consolar o mais novo, afinal, já estava mais que evidente que eu era péssimo com isso. Apenas continuei afagando as costas do meu amigo enquanto tentávamos achar um táxi disponível. Por conta do encerramento do show, algumas pessoas que antes nos assistiam estavam espalhadas pela rua. Uns indo embora e outros eu pude perceber que comentavam sobre o ocorrido. Claro que isso não tinha mais tanta importância, mas mesmo assim, tentei ver se Ryan Richards estava por ali e, felizmente, não.

Selecionamos um dos carros amarelos e demos prioridade para que Mikey entrasse primeiro, depois fizemos o mesmo. Bob ocupou o assento da frente e indicou o endereço da casa dos Way. O motorista assentiu e deu a partida. Os soluços do meu amigo tomavam conta do carro. Tentei me concentrar em como ajudá-lo, mas minha preocupação com Gerard estava em um nível absurdo. Sim, meu amigo deveria estar sofrendo tanto quanto o irmão, mas era inevitável, Gerard era meu namorado! Sacudi minha cabeça tentando afastar qualquer pensamento ruim no momento. Bom, agora eu só esperava que quando chegássemos na casa dos Way, Gerard estivesse lá.


Notas Finais


CALMA GENTE NÃO É COISA RUIM NÃO! Então, eu geralmente misturo o tempo atual com o passado, mas essa treta tem duas partes, então não se assustem! No próximo capítulo vocês vão saber tudinho (ai isso ta tão sessão da tarde) e não vai demorar MESMO, pq agora eu não tenho mais vida mesmo (cof cof FÉRIAS) NÃO DESISTAM DE MIM E ESCOLHAM SE SÃO TEAMGEE OU TEAMFRAN
Mil beijinhos e até o próximo que, como eu disse, NÃO VAI DEMORAR (i promise) Ai preciso parar de ser emo e usar essas referências...


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