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História Rise - Um ombro amigo


Escrita por: LuaaChan

Capítulo 5 - Um ombro amigo


De tanto chorar, adormeci nas raízes expostas da árvore; meus olhos ardiam. Deveriam ser umas 8:30 da noite -o céu estava incrivelmente negro e banhado por estrelas sintilantes. Olhei o meu redor, com medo do padeiro ter decidido me pegar, mas nenhum sinal dele.

Fiquei envergonhado de chegar na casa da minha tia nesse horário e tenho quase certeza que ela descobriu minha falta na escola. Iria me perguntar e eu teria que mentir, como já fizera outras várias vezes. Minha cabeça estava sobrecarregada; a melhor opção era procurar meu refúgio.

Já sabia exatamente para onde ir.

_

Poc! Poc!

Bati na porta, ajeitando meus cabelos e limpando as lágrimas dos meus olhos. Não queria passar uma má impressão. Não queria parecer tão miserável.

-Sim? -Uma mulher não tão velha abriu a porta. Será que não me reconhecia? Eu parecia estranho demais?

-Uh... oi, senhora Jones. -Respondi, meio constrangido -Sou eu, Enoch. -Sorri rapidamente.

-Oh, querido! Eu nem o reconheci, me desculpe! -Riu. Repeti a ação, já sem jeito -Entre, por favor. Eleonor está lá em cima.

-Que ótimo. -Me alegrei, abrindo um sorriso desajeitado no rosto -Precisava mesmo dela.

Pedi licença para o sr. e sra. Jones e corri até o andar de cima, onde fica o quarto da minha melhor amiga.

Bati na sua porta, esperando pela resposta que chegou em pouco tempo.

-Oh, Enoch! -Se espantou, olhando-me de baixo para cima -Você está...

-Diferente? -Sugeri, coçando a nuca -Eu sei. -Ela abriu ainda mais a porta e me deixou entrar.

-Por que você faltou às aulas hoje? Ou melhor... por que sempre está faltando? -Perguntou com uma expressão preocupada e desapontada. Às vezes tentava agir como uma irmã mais velha, apesar de ser mais jovem do que eu.

-Eu estive mal, El. Tive que fugir de casa, eu sequer tenho coragem de voltar pra tia May! -Ergui os braços, em derrota. Queria chorar de novo, mas não me permiti tamanho rebaixamento. Ela pôs a mão em meu braço e levantou o meu queixo à sua altura. Não estávamos muito longe um do outro.

Aproximei meu rosto do seu e colei minha testa à dela. Nossos narizes se tocavam, fazendo-me ter cócegas agradáveis.

Quando percebi o que estava acontecendo, me afastei. Tossi nervosamente e assisti Eleonor pôr uma mecha de cabelo atrás da orelha.

-Sabe que pode falar comigo, quando precisar. -Continuou e sorriu, fazendo meu coração derreter.

-Eu sei. -Finalmente disse. Um silêncio constrangedor invadiu o lar -Bom, eu preciso ir. Acho que vou ter que me obrigar a encarar a minha tia. -Me levantei da cama, prestes a girar a maçaneta, quando ela me parou.

-Espera! -Congelei onde estava -V-você pode dormir aqui, se quiser. -Falou, suas bochechas queimando em vergonha.

-Não quero atrapalhar vocês, El. Não parece justo. -Rebati, sem forças.

-Mas, En. Sabe que já está tarde. -Aquela frase me fez ter uma enorme nostalgia do dia do meu 12° aniversário.

Não resisti ao seu sorriso, ao seu pedido. Ao seu olhar cativante. Voltei para perto dela e segurei suas mãos, beijando cada uma.

_

Passamos a noite conversando, falando sobre como cada um estava. Ainda não tive coragem de revelar minha habilidade para ela. Tinha medo de sair da minha vida e de me odiar para sempre.

Já era tarde e chegada a hora de dormir. Disse que poderia ficar no chão, não teria nenhum problema. Seria até agradável olhar para o teto como eu fazia na minha verdadeira casa (ou quando precisava de um tempo para pensar).

-Boa noite, En. -Sussurrou, apagando a luz de sua lamparina. O frio de repente fez presença no local.

-Boa noite, El. -Respondi de volta -Até amanhã.

Inspirei fundo e retirei um lençol. Olhava sem cessar para o teto, quando eu ouvi a voz delicada da menina.

-En? -Chamou, meio abalada.

-Sim?

-Se quiser... pode vir para cama. -Não podia ver, mas senti seu rosto corar, até mais do que antes. Dei um sorriso torto e atrapalhado.

Me acomodei num pequeno espaço reservado para mim. Ela compartilhou o lençol comigo e fiquei a poucos centímetros do seu rosto, sentindo sua respiração aconchegante.

Sem dúvidas, essa teria sido a noite mais tranquila que eu já tive em anos.

Ao lado da pessoa que me entendia.

Da pessoa que eu secretamente amava.


Notas Finais


Próximo capítulo: tiros.


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