1. Spirit Fanfics >
  2. Rise Up >
  3. Sabedoria

História Rise Up - Sabedoria


Escrita por: Sasciofa

Notas do Autor


Adorei escrever esse capítulo.

Capítulo 10 - Sabedoria


Fanfic / Fanfiction Rise Up - Sabedoria

SABEDORIA 
POV VOVÓ  CELIE
A dor da perda de um filho é  capaz de enlouquecer,  te fazer chegar ao fundo do poço.  Eu passei por essa dor. E sobrevivi. Graças  a minha fé  , ao amor do meu marido e principalmente  à  Alicia, o maior presente que Molly , minha filha poderia ter me dado.
Eu tive que resistir a vontade de desistir , Allie precisava de mim. Lembro – me quando voltamos  para casa  após  o funeral  de seus pais, minha menina tinha doze anos e estava tão  perdida, que não  conseguia nem mesmo chorar. Fui mostrar o quarto que séria dela dali para frente e seu olhar sem vida , sem brilho acabou de estraçalhar  o que restava do meu coração. 
Allie não  se revoltou,  não  demonstrava nenhuma  reação e simplesmente  parou de falar. Ia para escola e não  falava com ninguém  e em casa também  mantinha seu silêncio  obstinadamente. Então  Benjamin  e eu , decidimos  nos mudar , para um bairro  novo, onde pudéssemos  criar novas lembranças  para nós  e principalmente  para Allie.
Mudamos para  a capital  de Michigan,  Lansing,  industrializada e grande produtora de veículos,  portanto, Bem logo conseguiu  um novo emprego na sua área : engenharia. O nosso  bairro era estritamente  residencial,  com casas grandes para famílias numerosas  e de posses. A escola em que matriculamos Allie , ficava apenas a quinze minutos  de casa. Fizemos  uma decoração  especial  no quarto  dela, tentando  envolve- la em todo o processo  , mas não  obtivemos resultados.  Eu já  estava me desesperando  com a situação,  quando  três  dias após  a nossa  mudança,  nossa companhia tocou ( achei estranho , não  estava aguardando  nenhuma  entrega ou visitas e não  conhecíamos  ninguém  no bairro ) pedi a Allie que atendesse, enquanto  vinha da cozinha secando  minhas mãos  em um pano de prato.
À nossa porta estava um casal e dois adolescentes,  a mulher carregava uma travessa com algo que cheirava muito  bem e sorria calorosamente. 
-  Pois não  ? – perguntei  também  sorrindo, contagiado pelo sorriso  dela.
-  Meu nome é  Marina , e esses são  meus filhos  Fábio  e Lucca , nós  somos seus vizinhos  e  viemos  dar as boas  vindas. Eu trouxe essa lasanha ...
Me surpreendi com a gentileza  ( nos tempos atuais  era um gesto raro ).
-  Ora , por favor  entrem. Eu sou Cellie e está é  minha neta Alicia. Sejam bem vindos à  nossa casa.
Eles entraram e percebi que Allie não  conseguia parar de olhar para o garoto de cabelos claros. Os dois eram muito bonitos, mas ela parecia encantada com ele. 
Convidei Marina para ir a cozinha, enquanto  Eu passava  um café  fresco para comermos  com o bolo que eu tinha feito pela manhã e deixamos as crianças  ( para mim sempre serão  crianças ) na sala. Isso forcaria Allie a sair de sua apatia.
Enquanto conversávamos,  Marina  contou que era casada com um arquiteto  italiano, por isso os filhos tinham esses nomes diferentes e que o mais velho Fábio  tinha acabado  de completar dezessete anos e o mais novo quatorze .Que ela trabalhava em casa com artesanato sua paixão  e que se dedicava à  família. Eu contei que havia sido diretora de uma escola durante vinte anos, que meu marido  era engenheiro  e que havíamos  nos mudado por conta  do falecimento  da minha filha e que decidimos  por essa mudança  após  um ano, para tentar  tirar nossa neta da apatia e tristeza em que vivia. A conversa fluía  fácil  agradável, quando ouvimos risadas vindas da sala. Eu corri até  a porta e vi os três  jogando algo e Allie ria, isso  mesmo ria , sentada ao lado do rapaz de cabelos claros que sorria para ela !!!
Voltei para  a cozinha  e estava com lágrimas  escorrendo pelo meu  rosto, abracei Marina, que se surpreendeu.  E eu disse: 
-  Muito  obrigada !!! Você  não  sabe o bem que me fez ...
Ela ficou com uma expressão interrogativa, mas eu disse  a ela que explicaria tudo depois de servir o lanche das crianças.  Levei tudo para a sala de jantar e os chamei para comer. Voltei para a cozinha, servi o nosso café  e bolo e comecei a falar, enquanto  Marina me olhava nos olhos  e parecia ansiosa em compreender  o que estava acontecendo. 
-  Minha filha  e meu genro morreram no inicio do ano passado em um acidente  de carro. Allie tinha doze anos e veio morar conosco.  Acontece  que ela simplesmente  parou de falar ...
-  Meu Deus , eu sinto muito . – falou segurando em minhas mãos. 
- Tentamos  psicólogos, esportes que exigiam interação, mas nada a tirava desse alheamento.  Então  decidimos  nos mudar ... e hoje é  a primeira  vez em um ano e meio que ouço  o riso da minha menina ...- falei secando  as lagrimas. 
-  Eu não  consigo dimensionar  a intensidade  da sua  dor ... mas você  pode contar comigo, para o que precisar.  Eu tenho a sensação  de conhece- la há  muito  tempo ...
- Obrigada . Eu também  ...
E assim se iniciou a amizade entre nossas famílias.  E o fato  das crianças  estudarem na mesma escola e dos nossos maridos terem interesses em comum, nos aproximou ainda mais.
Quanto  a Allie depois do dia da visita, foi aos poucos  voltando a ser a menina amorosa e falante que conhecíamos,  E ela é Lucca não  se desgrudavam, havia um ano de diferença  entre eles e os dois pareciam se entender perfeitamente. Até  o dia que ele contou para ela que estava gostando  de uma menina  da sala dela e pediu que ela o ajudasse a conquistar  a garota. Sei que Allie chegou  em casa,  enfurecida e foi  direto para o seu quarto batendo a porta. Em seguida ouvi soluços.  Fui ver o que havia acontecido  e a encontrei  jogada na cama  aos prantos. Pensei , ah adolescência  ...
-  Allie , o que aconteceu  meu amor ? Por  que você  está chorando ?
-  Vovó  ... Eu... ah ..._ os soluços  não  a deixavam concluir.  Fiquei passando a mão  em seus  cabelos,  ate que ela se acalmou.
-  Então Allie , qual o problema  ? – falei suavemente. 
-  Vovó  o Lucca gosta da Lilly e me pediu para ajudá-lo na conquista  ...
-  E ?
-  E ?! Eu o amo !!! Ele é  Meu príncipe  !!! Como ele pode gostar daquela  loira sem graça  ?! Como ele pôde  fazer isso  comigo ?! – falou, voltando  a chorar.
-  Allie, você  disse que gosta dele ? Ele sabe que você  nutre sentimentos  que vão  além  da amizade  ? Os homens  não  conseguem perceber sutilezas,  meu amor ...
-  Vovó  nós  estamos  sempre juntos, jogamos, vamos ao cinema, saio e me dou bem com todos os amigos dele. O que mais eu preciso fazer ?! – perguntou  indignada. 
-  Fazer com que ele te olhe de maneira diferente ,  não como outro amigo e sim como uma menina atraente, que é  o que você  é.  Precisa falar  o que sente ...
-  Falar ?! Vovó  Eu tenho medo  , nós  somos diferentes  e a Lilly é  linda ... e se ele  me rejeitar  por eu ser ...
-  Diferentes  ?! Negra Alicia ?! Então  meu amor, ele não  é  um príncipe  e sim um sapo !!! Você  é  linda, inteligente, e muito  especial.  Nunca duvide disso  e nem deixe que ninguém  te faça  duvidar. A cor da pele não  faz ninguém  melhor do que o outro, mas caráter  e coração  sim.
- Vovó  eu tenho medo .
- Então  enfrente seu medo, querida. Do contrário  você  irá perder as chances de ser feliz. Pense no que eu disse ...
Saí  do quarto  com o coração  apertado, mas ela tinha  que começar  a caminhar com as próprias pernas. 
Voltei aos preparativos  da festa da Allie de dezesseis  anos , que aconteceria dali a uma semana.  Seriam aproximadamente  cinquenta  pessoas,  incluindo os colegas  que ela havia chamado.  Eu estava ansiosa para que tudo  ficasse perfeito e para que ela gostasse do nosso presente, um jeep  Renegade branco. Ela  tinha tirado sua habilitação  com louvor e eu deixava que usasse meu carro e ela se mostrou muito responsavel , nada mais  justo que presentea-la com seu próprio  carro. 
DUAS SEMANAS DEPOIS
Hoje era o grande  dia !!! Allie acordou cedo e estava ansiosa,  andando pra lá  e para cá  , sempre falando ao celular. Fomos para o salão  nos arrumar e modéstia  à  parte,  minha neta é  uma princesa !!! Vestido dela tinha um decote coração,  com alças  finas, em degrade com as cores do pôr  do Sol , que valorizavam  sua pele negra. Os cachos  estavam presos na lateral com uma  presilha delicada cheia de pedras, as sandálias  eram douradas de tiras finas e de salto. Ela trocaria de vestido após  dançar  com o avô  e com o garoto  de sua preferência  ( Que eu não  tinha  certeza se seria o Lucca , porque depois daquela crise de choro, ela não  falou mais nele e um tal de Henry  começou  a ligar em casa ), seu segundo vestido era curto , rodado e preto, tinha um belo decote  nas costas , o que Benjamin quando  visse não  iria gostar nada.
Eu e Bem também  caprichamos em nossa  produção  e posso dizer, que fazíamos  um belo  par. Nós dirigimos  ao salão  de festas onde a festa seria realizada primeiro  , para receber os convidados e Allie chegaria depois, fazendo uma entrada triunfal.
Após  a chegada dela, os cumprimentos  e a dança  com o avô  ( Que estava  super emocionado ) , Allie se dirigiu ao centro da pista e fez sinal para que o Dj desligasse a música,  ela estava com o microfone em mãos  e o mesmo tremia, percebia – se o seu nervosismo,  quando ela começou  a falar :
-  Quero agradecer aos meus avós  por não  desistirem  de mim, mesmo  quando eu estava sendo insuportável  , quando eu sentia tanta raiva do mundo e de todos, eles sempre estiveram comigo. Quero agradecer  por todos os momentos que vivemos e por hoje, por essa festa maravilhosa  e por fazerem sentir como uma princesa !!!
- E você  é  a nossa  princesa meu amor – vovô  Ben  falou com sua voz grave e os convidados  aplaudiram .  Quando o silêncio retornou, Allie continuou:
- Quero agradecer a todos  que estão  aqui hoje, a presença  de vocês é  muito  importante  e especial  para mim.- mais aplausos – E quero abrir meu coração  ... Quando  eu achei que nada e ninguém  me faria sorrir novamente,  você  chegou. Trouxe a minha vontade de viver, com sua paciência  e bom humor, me fez ter vontade de continuar. Me tirou da escuridão e eu quero te dizer que você  é  o Sol da minha vida ... – fez um sinal para o Dj e ouvimos os acordes de “ You are Sunshine of muito Life “ de Steve  Wonder. Allie se dirigiu ao Lucca e segurou em suas mãos  e para surpresa  geral , os dois se beijarem e começaram  a dançar  no meio da pista.
Ao olhar para cena que se desenrolava na pista, tive um deja vu, em frente aos meus olhos vi Allie e Luccas com roupas de época  e eles valsavam lindamente, pareciam apaixonados. Essa visão  durou uma fração  de segundos e eu tive a certeza  que ali estava acontecendo  um reencontro  de Almas gêmeas. Contudo, ao olhar para o meu  marido, tive outra certeza : que para que Allie e Lucca pudessem ficar juntos,  teriam que enfrentar  alguns obstáculos. Ben  não  disfarçava  seu descontentamento  e apertava  os lábios em uma linha fina. Eu não  entendia o seu desagrado, pois ele sempre apoiou a amizade deles e nós  haviamos nos tornado amigos dos Landucci.  Resolvi conversar com ele para esclarecer  essa situação,  mas só  seria  possível  em casa. Para impedir que alguém notasse a situa reação,  o puxei pela mão e praticamente  o arrastei para a pista  e começamos  a dançar.  Os outros  casais fizeram o mesmo e assim transcorreu  a noite.
Ao chegarmos em casa, levamos Allie à  garagem  e lhe entregamos o seu presente !!! Ela ria e chorava ao mesmo tempo, nos enchendo de abraços  e beijos molhados. Eu estava feliz em ver sua alegria , mas expressão  do Ben  na festa não  saía  da minha mente, me causando um mal pressentimento.  Enfim nos recolhemos,  exaustos  pelas emoções  do dia.
No dia seguinte  após  tomarmos café  e Allie ter saído  para mostrar o carro novo às  amigas, me sentei no colo do meu marido e o beijei, sabia como amansar a fera.
-  Amor, o que aconteceu  ontem, que você  voltou calado da festa ? Algo o aborreceu ?
-  Celie , desde quando  você  sabia sobre esses dois ? – me respondeu  com outra pergunta.
- Eu não  sabia !!!
- Cellie !!!
-  Quer dizer, eu suspeitei ,mas como ela nunca disse nada, acabei descartando  essa possibilidade ...
-  Pois então  , trate de conversar com a sua neta e abrir os olhos dela. Isso não  vai dar certo, eles são  diferentes  e ela vai sofrer. Eu sei ...
-  Benjamim,  o que você  está  dizendo pelo amor de Deus ?! – perguntei chocada.
-  A verdade Cellie , que você  e a Allie insistem em ignorar. Você  sabe o que ela vai ter que enfrentar : os olhares , os cochichos  , comentários de deboche. Eu não  quero que ela passe pelo o que eu passei ...
-  Você  passou,  Benjamim  ?
- Cellie eu não  quero falar sobre isso,  foi muito  antes de você  ...
-Mas você  vai falar !!! Quero saber que história  é  essa ? – falei colocando  as mãos  na cintura e fechando a cara.
-  Olha no meu primeiro  na faculdade,  eu me  encantei   por uma  moça  branca e começamos  a namorar. Eu acreditei que a cor da minha pele ,não  faria diferença  ... Ledo engano, quando  fui conhecer  seus pais, os mesmos deixaram  bem clara a sua contrariedade  e na semana  seguinte a transferiram de faculdade . Eu  não  pude nem me despedir  ...
-  Sinto muito  , meu amor !!! Realmente  sinto por você,  mas os tempos  são  outros  .
-  Os tempos sim , as pessoas  não  !!!
E depois  disso  ele fazia questão  de se retirar quando a Allie e o Lucca vinham em casa. Chegou a cogitar em falar com os pais dele, mas eu não  permiti. E no final os dois acabaram por perceber e quando Allie me questionou, eu fui sincera.
Mas agora o obstáculo  era maior e mais difícil,  minha neta  teria que vencer o próprio  preconceito  e imaturidade, e vencer a si mesmo  é  a batalha  mais árdua e eu esperava  que ela fosse forte e corajosa o suficiente  para lutar por si e pelo amor.

 


Notas Finais


Enjoy !!!
Beijos de luz !!!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...