Between and reason and Heart
CAROLINA
Depois da visita inesperada e desastrosa dos meus pais, Fábio e eu tivemos uma conversa esclarecedora e definitiva.
Contudo , foi justamente essa conversa que me fez começar a duvidar de mim , dele e de nós como um casal ...
Eu comecei a me sentir sufocada pelo ciúme dele. Estava sendo ostensivamente ignorada pelos meus pais.
Jamais havia ficado tanto tempo sem falar com eles ... e sentia uma falta desesperadora !!!
Será que eu seria capaz de romper com meus pais , se eles não cedesse e aceitassem meu relacionamento ? Eu havia assegurado ao Fábio , que passaria por cima da opinião deles se fosse necessário ... mas já não estava tão certa disso .
E ainda havia a minha insegurança. Fábio parecia satisfeito com a nossa relação no ponto em que estava. E eu me questionava se ele não queria mais ? Assumir um compromisso ...
Eu sei que parece loucura ... totalmente incoerente da minha parte . Ao mesmo tempo , em que não sei se terei coragem para enfrentar a oposição dos meus pais , eu queria que ele mostrasse intenções mais sérias ...
E com essa confusão de sentimentos , comecei a me afastar dele inconscientemente.
Talvez como forma de me proteger de uma possível decepção ... E eu sabia que ele estava percebendo algo de estranho, de diferente em meu comportamento.
Flash Back on
Havíamos saído para um jantar romântico , ideia dele , em um restaurante que tinha visão para o lago Michigan . Concorridissimo , com fila de espera para reservas .
Eu havia me arrumado com esmero , decidida a aproveitar a noite. Deixar aquela confusão de sentimentos e vontades para lá.
Ele também estava lindo , em um terno grafite com camisa azul , que destacava seus olhos azuis acinzentados. E estava de bom humor , o que ultimamente era raridade.
Chegamos ao restaurante e a hostess , não disfarçou o assombro ao nos ver. Ela era loira, olhos verdes , parecia uma barbie . Me mediu da cabeça aos pes , sem cerimônia .
Minha vontade , foi de perguntar se havia algo errado. Porém ,mantive um ar de superioridade e lhe lancei um olhar capaz de congelar o fogo do inferno. Confirmada a reserva , o maitre nos conduziu à nossa mesa.
Contudo , meu humor já havia sido minado. E o fato do Fabio não perceber nada , me deixou mais irritada ainda. Ele não havia parado de falar , desde a hora em que nos sentamos. Acho que falava algo sobre Allie e Lucca e parecia entusiasmado. Mas eu não conseguia me concentrar em nada do que ele dizia.
Em minha mente repetia a cena da entrada no restaurante e o olhar daquela idiota. E comecei a relembrar situações que já havíamos passado , que ignorei , mas que voltaram com força total , me deixando atordoada. Com a dúvida : será que valia a pena passar por isso , por esse constrangimento .?
Só me dei conta que ele havia feito uma pergunta e aguardava uma resposta , porque ele segurou minha mão , enquanto me chamava e me olhava com curiosidade.
- Carolina !!! Um doce pelos seus pensamentos ...
Respondi, retirando minha mão das dele :
- Nada demais. Trabalho . – eu sabia que tinha sido fria. Mas não consegui evitar .
- Ah . Mas o que você acha ?
- Sobre o que ? – perguntei confusa e vi a irritação surgir em seu olhar.
- Sobre a Allie e o meu irmão , terem comprado uma casa ? – falou lentamente , como se estivesse falando com uma criança desatenta. Eu odiava quando ele era condescendente comigo.
- Sei lá ... Bom para eles ?! – respondi com desdém. Ele imediatamente fechou a expressão.
Fui salva pela chegada do garçom com o vinho e as entradas. Eu não havia notado em que momento ele havia feito o pedido.
Assim que o garçom se retirou , ele retomou o assunto :
- Posso saber o motivo do seu humor gélido ?
- Eu estou normal. Só estou cansada . Mas fico feliz por eles ... – falei indiferente.
- Carolina você pode me falar o que está acontecendo ?! Você estava animada para virmos aqui e agora , parece que está sendo torturada. Eu não estou te entendendo ... - falava nervoso , passando a mão pelo cabelo.
- Fabio, por favor !!! Não vamos discutir. Eu não disposta ...
- Eu não quero discutir . Só quero saber qual o problema ?
- Ah !!! Nenhum !!! Que saco !!! Você me trouxe aqui para ficar discutindo a relação ? – Eu estava extremamente irritada.
Ele ficou pálido e bebeu o vinho da taça de uma vez.
- Faremos como você preferir .
O resto do jantar , transcorreu em um silêncio opressivo. Nenhum de nós comeu muito , mas acabamos com o vinho.
- Você quer sobremesa ?- ele me perguntou friamente.
- Não. Eu só quero ir embora .
- Ok.
Ele pediu a conta , pagou e enquanto saíamos , a maldita barbie , quase se jogou no colo dele. E ele sorriu para ela.
Como assim ?! Ele não ia me fazer de palhaça !!!
Eu não ia permitir ...
Enquanto aguardávamos que o manobrista trouxesse o carro , eu o ignorei completamente. E percebi seu olhar insistente e perscrutador. Contudo , continuei o ignorando . Eu fervia de raIva.
Melhor permanecer em silêncio , antes de falar alguma besteira ...
No caminho até em casa, ele apertava o volante , me olhando de esguelha.
Ao chegarmos em casa fui direto para o banho e ouvi quando eld se serviu de uma bebida.
Sai do banho , me troquei e deitei.
Ele se aproximou de mim e tentou me beijar ...
- Fábio . Não . Eu não estou afim .
Vi em seu olhar a dor da rejeição. E ele se levantou abruptamente e saiu batendo a porta do quarto.
Eu me virei e deixei que as lágrimas escorressem silenciosamente dos meus olhos ...
FLASH BACK OFF
E desde de entao , estávamos agindo como colegas que dividem um apartamento. Ele nunca mais havia tentado uma aproximação , um contato físico.
Falávamos sobre o trabalho , sobre os amgos , o tempo . Menos sobre elefante no meio da sala.
O bendito almoço de Ação de Graças , estava se aproximando e alem de ter certeza que meus pais não viriam , em um claro sinal de não terem aceitado a nossa relação, nós estávamos nessa guerra fria.
Um de nós teria que ceder ... mas quem ?
DIAS DEPOIS
Eu havia combinado de ir com a Allie ao shopping , para adiantarmos nossas compras de natal e conversarmos . Não haviamos tido tempo de trocar detalhes sobre os últimos acontecimentos , seu noivado , a casa nova.
E eu queria conversar sobre as minhas dúvidas também.
Eu tinha a tarde inteira livre . Fábio havia voltado a jogar basquete aos sábados à tarde e muitas vezes só voltava tarde da noite.
Quando cheguei ao shopping , Allie já me esperava. Nos cumprimentamos e fomos direto para a Starbucks , tomar um café colocar o papo em dia. As compras eram apenas , um pretexto.
- Carol , eu não quero ser intrometida , mas você e o Fábio , estão bem ? – perguntou com delicadeza.
- Por que Allie ?
- É que esses dias ouvi uma conversa , sem querer, entre ele e o Lucca. E ele estava chorando ... E em todos esses anos de convivência , eu só o vi chorar , quando o Lucca sofreu o acidente.
Respirei fundo e me abri ela. Contei tudo , sobre minhas dúvidas , o nosso afastamento . A saudade que sentia dos meus pais ... Eu sabia que ela não me julgaria.
Depois do desabafo me senti mais leve . E Allie me tranquilizou :
- Carol é normal que você se sinta assim . Afinal , sempre foi muito apegada aos seus pais. Mas eu acho que você deveria partilhar o que você está sentindo com ele . É injusto , mante – lo no escuro, sem saber o que está acontecendo. De coisa eu tenho certeza, ele te ama . Agora só você pode responder se isso é suficiente ...
Meu celular tocou , era o número de Sam. Atendi , risonha:
- Oi Sam . Se você , está querendo que eu invente outra desculpa por não ter ido jogar de novo , sinto informar que meu estoque acabou ...
Ele falou serio :
- Não Carolina. É o Fábio , ele se machucou jogando e está no pronto socorro.
Gelei. Pronto Socorro , então era serio !!! Ai , meu Deus !!!
Allie ao perceber minha mudança e meu tremor , pegou o telefone da minha mão. E assumiu a situação.
Quando chegamos ao hospital , Sam nos aguardava nervoso. Nos três nos abraçamos e Allie peguntou :
- Alguma notícia ?
- Ainda não ...
- O que aconteceu ?! – consegui perguntar com voz trêmula.
- Nós estávamos jogando , ele subiu para dar uma enterrada e o jogador adversário o bloqueou . Ele caiu e apagou ...
Nesse instante o médico se aproximou :
- Acompanhante do sr. Fábio Landucci ? - perguntou e eu me aproximei.
- Eu sou a namorada dele . Pode falar doutor.
- Ele teve uma concussão leve , por isso a perda de consciência . E uma torção no tornozelo. Ele está consciente. E a senhorita pode vê – lo.
Assenti e pedi a Allie que avisasse os pais dele.
Entrei no quarto e senti meu coração apertar ao vê - lo pálido e de olhos fechados.
Me aproximei da cama e beijei seus lábios.
- Se eu soubesse que era preciso me arrebentar para conseguir de novo um beijo seu , teria feito isso antes...
Disse sorrindo e abrindo aqueles olhos lindos .
Ai meu Deus ... eu estava em um dilema ...
Entre a razão e o coração , quem triunfará ?!
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