Fera
FÁBIO
Assim que a vi , senti minhas pernas fraquejarem .
Seu olhar tinha tanta decepção e tristeza ...
Mas não era nada disso que ela estava pensando .
Eu sei , bem clichê ... porém , era a mais absoluta verdade .
Barbie , quer dizer Bárbara , apareceu para uma visita surpresa na casa dos pais e como havíamos sido namorados no colégio , resolveu passar em casa .
Eu estava indo para o carro , decidido a voltar para casa e pedir novamente a Carol que se casasse comigo após ter conversado com meu irmão e meu pai , quando a vi saindo do carro.
Nós abraçamos e, começarmos a conversar sobre a vida .
Ela estava noiva , morando definitivamente em Paris . E havia vindo trazer os convites do casamento para a família e acertar os últimos detalhes para que todos viajassem para a França à época da realização do casamento.
Eu contei que estava praticamente noivo , o que provocou nela uma gargalhada . Me fiz de ofendido e rimos juntos. Falei ainda que já estava morando junto com a minha namorada há algum tempo . E depois passamos a falar dos conhecidos em comum.
A convidei para entrar , mas ela recusou. Estava indo para o aeroporto e só tinha arriscado parar por ter visto os carros na garagem.
Estávamos nos despedindo , quando vi Carol e Allie , paradas nos olhando .
Tudo aconteceu tão rápido .
Carolina saiu correndo , entrou no carro e saiu cantando pneus. Eu ainda corri , tentando impedi – la , gritando seu nome. Mas ela não parou.
Barbie sem graça , se despediu e foi embora.
Allie ficou me olhando, sem esboçar reação . E de repente , tonteou e se eu não a segurasse teria ido ao chão .
- Allie , o que foi ?!
- Fábio vá atrás dela ... Eu sinto que vai acontecer algo ruim .
Ela estava gelada e tremia muito.
Gritei por meu pai que estava na sala e conseguiria nos ouvir . Não podia deixar Allie , ali sozinha , naquelas condições .
Ao mesmo tempo em que a segurava com um braço , apertava o botão de discagem do celular ligando para Carolina.
Meu pai saiu e ficou assustado , quando viu aquela cena.
- Filho o que aconteceu ?!
- A Allie ... a Carolina ... pai depois eu explico . Por favor ajude a Allie . Eu preciso ir atrás da Carol !!!
Coloquei uma Allie quase inconsciente em seus braços , deixando - o perplexo e entrei no meu carro , saindo à toda velocidade.
Nesse instante meu celular tocou e o atendi imediatamente , sem olhar de quem era a chamada.
- Carolina , amor não é nada disso que você está pensando ...
- Sr. Fábio Landucci ?!
Ao ouvir aquela voz estranha senti meu coração enregelar .
- Sim . Quem é ?
- Estou ligando do Pronto Socorro do Mercy , o Sr conhece Carolina Braga Smith ?
- Sim . O que aconteceu ?! Ela está bem ?!
Me senti sufocar de medo .
- Ela sofreu um acidente e deu entrada na emergência . Seu número era o último que constava nas ligações e também no contato para emergência . É melhor o Sr vir para cá.
Desliguei pensando , no porquê de eles nunca responderem as perguntas diretamente.
Eu não queria pensar no que aconteceu a Carolina .
Liguei para o meu irmão , que atendeu no segundo toque . Por certo , Allie já devia ter contado o que havia acontecido.
- Fábio tudo bem ?
- Lucca ... a Carol sofreu um acidente , está no Mercy. Estou indo para lá .
- Nós já estamos indo. Tente ficar calmo ...
- Eu não posso perde – la ... – eu chorava.
- Você não vai perde- la. Vai ficar tudo bem .
- É vai ...
Cheguei ao Mercy , estacionei e corri para a emergência.
Carol , ainda estava sendo atendida. E a recepcionista me disse para aguardar , que logo um médico viria falar comigo. Fui para a sala de espera e não consegui ficar parado.
Pouco depois meus pais , Lucca e Allie chegaram. Ao vê – los desmoronei .
Depois que me acalmem , contei a eles o que havia acontecido.
Allie permaneceu quieta , olhando pela janela . Será que ela me culpava pelo acidente ?!
O médico responsável pelo atendimento de Carolina , até que enfim , veio falar conosco.
- Familiares de Carolina Braga ...
O interrompendo , falando em uníssono :
- Sim !!!
- Ela está bem ?! – me adiantei ,
- Ahn . Está. Teve uma leve concussão , mas nenhum ferimento mais grave. Por sorte , ela usava o cinto de segurança e o outro carro envolvido na colisão , estava em baixa velocidade.
- Eu posso vê – la ?! – perguntei , tentando aparentar calma.
- Sim. Eu o acompanho.
Segui o médico e a cada passo , sentia que podia explodir de tanta angústia e temor.
Entrei no quarto e quando a olhei tão frágil e indefesa naquela cama, quase caí no choro novamente. Mas me contive , ela precisava da minha força.
- Oi anjo ... – falei suavemente .
Ela abriu os olhos , mas não havia emoção neles.
- Eu senti tanto medo de te perder ... Como você está se sentindo ?
Ela me olhava , mas parecia não me ver.
- Carol , fala comigo ...
- Falar o que ?! Que eu vi ...
- Não é nada disso que você está pensando ...
- Ora , por favor. Eu vi !!!
- Você me viu conversando com uma amiga.
- Amiga ou ex namorada ?
- Ex namorada dos tempos do Colégio. E amiga há muitos anos . Ela ...
- Não me interessa !!!
- Anjo ...
- Eu não sou seu anjo. Eu te odeio !!!
Não esperava por isso. Mas eu entendia.
Me aproximei da cama e a abracei.
- Mas , eu te amo !!! E sou e sempre serei seu.
- Meu e de quantas mais ?! – disse chorando.
Misturei minhas lágrimas às dela , enquanto a beijava sofregamente.
Ela tentou resistir , mas acabou cedendo e retribuindo meu beijo com ardor.
Quando nos separamos em busca de ar , eu disse :
- Por favor , acredite em mim , eu nunca traí você !!! O que você viu foi uma conversa inocente. Eu não posso viver sem você !!! Eu te amo , anjo. Você é minha vida. Desculpe – me por não conseguir dar o tempo que você precisa , mas por favor , casa comigo ? Eu ...
Não consegui terminar , caindo em um choro copioso.
Chorei por toda angústia , mágoa e temor que havia sentido.
Carolina acariciou meu cabelo e levantou o meu rosto , secando minhas lágrimas com beijos.
- Eu sinto muito pelos meus pais . Por ter saído daquela maneira ... Por não conseguir demonstrar o quanto você é importante para mim ...
- Anjo , nós dois erramos mais uma vez ao não sermos sinceros ... Ao tentarmos esconder um do outro , nossos medos e inseguranças.
- Eu confesso que achei , mais uma vez , que podia lidar com tudo isso sozinha ...
- Mas você não está sozinha . Você tem a mim !!! Aliás a nós todos. Minha família está aí fora , todos preocupados com você.
- Eu só tenho trazido problemas para eles ...
- Nunca diga isso !!! Nós te amamos !!!
Ficamos em silêncio abraçados , até que cobrem a minha resposta . A resposta que iria mudar a minha vida .
- Carolina , você não me respondeu ... Casa comigo ?!
- Sim !!! Anjo , sim !!!
Nós abraçamos , mas alguém bateu a porta .
- Desculpe atrapalhar o casal, mas temos uma família aflita por notícias aqui fora . – disse sorrindo uma enfermeira .
- Por favor , peça a eles que entrem . – Carol respondeu , também sorrindo. Enquanto eu tentava me recompor.
Ficar excitado em um quarto de hospital , com a mulher da sua vida usando um avental verde , seria pouco provável para qualquer um. Menos para mim !!!
Eles entraram e Allie logo a abraçou . Em seguida meus pais e Lucca segurou sua mão com carinho ao aproximar a cadeira de rodas da cama .
Allie e minha mãe choravam. E meu pai foi logo dizendo :
- “ Bambina “ que susto você nos deu !!!
- Ainda bem que não aconteceu nada grave . Mas eu espero que você , aliás que vocês parem de testar nossos corações !!! – disse minha mãe , sorrindo por entre as lágrimas .
- Desculpe ... – Carol estava envergonhada.
- Carol , não os leve a sério . – falou Lucca rindo .
- Os quatro devem me levar a sério . Porque o próximo a aprontar vai levar umas boas palmadas !!!
Rimos . E continuamos conversando , até o médico vir dar alta à Carol.
- Srta . Smith , apesar de ter sofrido apenas uma concussão, deve fazer repouso ,ingerir alimentos leves e ficar atenta a qualquer sinal de tontura , dor de cabeça intensa. Deve vir para cá imediatamente. Se necessário , pode tomar esse analgésico. – disse entregando - lhe a receita.
Depois de uma certa discussão, acatamos a sugestão dos meus pais e Carol e eu fomos ficar com eles.
Minha mãe me considerava incapaz de prestar os cuidados que Carolina precisava . E eu não tinha o essencial : amor de mãe .
Assim que chegamos , a levei no colo para o meu quarto .
- Ai que exagero !!! Eu posso andar !!! Fábio , você está me ouvindo ? – ela reclamava , enquanto eu subia as escadas.
- Não . Estou concentrando minhas forças para não te deixar cair ... você não é nenhuma pluma .
- Ora seu ... você está me chamando de gorda ?!
- Não . De gostosa . Minha gostosa !!! - disse sorrindo e a devorando com o olhar.
Ela riu . E contra todas as recomendações médicas , nos amamos .
Há melhor remédio do que o Amor ?!
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