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História Rising Tide - Esperança


Escrita por: Orbis

Notas do Autor


CHEGOU A ORBIS, UHULLLLLLLLLL ~surgindo das cinzas~ ~não, nem tanto -qq~
Falei pra algumas meninas que iria postar entre sexta e domingo, mas aconteceram uns imprevistos loucos, do tipo: eu fiquei doente. SÉRIO GENTE, EU FIQUEI DOENTE, TIPO ????????. Foi DO NADA, eu tava revisando o capítulo na madrugada de sábado pra domingo, e ia postar de madrugada mesmo para que vocês tivessem o domingo inteiro pra ler, daí do nada comecei a me sentir mal (sintomas: dor de cabeça, vista cansada, subitamente passei a sentir frio – E TAVA CALOR BAGARAI), daí fui dormir pra ver se passava. AMANHECI PIOR, passei o dia inteiro feito uma morta viva (???), dor no corpo, febre, dor na garganta, sensação de olhos e respiração quente, tontura, falei: ODIN, O QUE É ISSO???? SÓ PODE SER VIROSE -QQQ. E teve outro acontecimento louco: um poste aqui perto da minha casa explodiu (FOI LOCO), ficamos sem luz a noite inteira (essa parte eu não gostei, como eu disse, tava muito calor), então, fiquei sem internet, mas agr to aqui, to melhorando, a luz voltou, então...
INHAÍ, CHEIROSAS? COMO ESTÃO? Espero que bem, prq eu to meio nervosinha...
E meio tristinha.
E meio sei lá -qq.
Mas a explicação é que o capítulo de hoje, mesmo que no POV da Meri, não tá lá um exemplo de capítulo alegre – o que, no geral, alegria é comum nos capítulos de Meri. Bom, vou deixar que vocês vejam por si próprias e conversamos nas notas finais...
Capítulo todo no POV da nossa ruiva favorita ^^ (Eu disse que teria POV do Hiccup, mas não se preocupem, explico nas notas finais, agora vamos ler -qq).
PS.: ME AVISEM SE HOUVER ALGUM ERRO, POR FAVORRRR, eu sempre deixo passar algum.
Boa leitura! ^^

Capítulo 27 - Esperança


ESPERANÇA

 

POV Merida

Hoje, depois de muito tempo, eu me sentia um tanto leve.

Não sentia mais o contínuo aperto no coração junto da aflição em manter um sorriso forçado, apesar de que essas sensações só ocorriam a partir do momento em que eu colocava os pés na faculdade.

Mas naquela manhã, eu me sentia animada, diria até alegre.

Mesma sensação que tomava conta de mim na noite da surpresa da Anna, é claro, até Hiccup chegar com Astrid. Depois dali, foi a mesma lenga-lenga, encenação e idas furtivas ao banheiro para uma breve sequência de respirações profundas – um metódico cuidado para evitar deslizes diante de todo mundo.

Não queria ser eu quem agiria estranho, acabando por preocupar Elsa, Punzie e Anna – esta, justamente no seu aniversário.

O motivo para tal alegria naquela manhã, compartilhando um casual café da manhã cheio de conversa jogada fora em volta daquela mesinha que já presenciara tanta coisa que nada mais a surpreendia (?), era que estava chegando enfim o dia do tão esperado evento na boate, que descobrimos ser o ansiado show privado da Rihanna que Punzie queria tanto ir.

E iria.

Já que adquirira um par de convites presenteados pelo moreno alto e bonito chefão dos seguranças vulgo Flynn.

- Rapunzel, Flynn te ama, tu sabe, né? – afirmou Anna, super convicta.

Punzie estapeou o vento.

- Oh, por favor, é claro que eu sei. Eu também amo.

- Também ama ele?! – indagamos em uníssono.

- Também me amo, afinal, quem não ama? Difícil não me amar, sou muito amável (?). – e jogou os cabelos pra trás. – Ok, girls. Alerta vermelho. – respirou fundo. – Eu não sei o que vestir para ir ao show. – dizia nervosa, com os olhos arregalados enquanto apertava um pão até que ele se desfizesse em dois.

- Ei! O que o pão tem a ver com isso? – indaguei, indignada. Coitado do pão (?). – Largue essa massa! Já! Agora! – ela largou em um prato e eu suspirei. – Pobre pão. Rezais (??).

- Gente, é sério. Vocês precisam me ajudar.

- Putz, você é a maior detentora de senso de moda que conheço. – afirmou Anna, ao engolir um scone e já pegando outro. – E tá pedindo conselho logo pra gente?

- De fato, vocês são criações minhas. – Punzie dizia, orgulhosa de si mesmo.

- Aprecio seu auto reconhecimento e confiança nível Jackson Frost. – Elsa riu. – Vocês dois parecem a versão feminina e masculina de uma mesma pessoa.

- Hm, falando nele... – começou Anna num tom provocante. Lá vem bosta, quer ver? – Vocês estão cada vez mais próximos, ein?

- Porém, não mais que você e Kristoff. – respondeu Elsa, no mesmo tom. Anna corou com a boca cheia.

- Me lembrem de nunca mais provocar a Elsa. Obrigada, de nada. – e desatamos a rir.

- Mas aquele beijo de vocês, ein...Ui! – Punzie dizia cutucando Anna e se abanando.

- Adorei! – bati palminhas. – Por mais que tenha demorado, mas é como diz aquele ditado né, amiga: água molha pedra dura até que bate, até que enfim. Ai desculpa, não sou boa de memória (????).

- Que beijaço! O barraco balançando! (???) – ainda exclamava Punzie, animadíssima. – Que paixão, que evidente tensão sexual entre vocês, quase achei que se comeriam ali mesmo. Eu aprovaria.

- Me recuso a acreditar que você nos espiou. – Anna dizia, emburrada.

- Ela não foi a única. – Elsa murmurou baixinho com a caneca rente a boca, um sorrisinho nos lábios.

- Vocês são horríveis.

- Minha nossa, só eu que não pensei em ir espiar? Como sou lerda! – indignei-me, agora fiquei triste. – Só chequei na hora do abraço, que foi fofo, aliás. – dei um suspiro, meu olhos brilhando. – Lindos! Shippo tanto!

Quase chorei lembrando do... Ninguém (?).

- Já pensou, Anna e Kristoff? – indaguei pensativa e sonhadora. – Seria genuíno. Tipo DC e Mônica. Agatha e Tedros. Sasuke e Naruto. Eu e comida...

- Que mané Anna e Kristoff o quê. – vociferou Anna, nitidamente atada as manias de Kristoff sem nem perceber. Uma fofa.

O assunto se voltou para Elsa e Jack quando recordamos da noite da surpresa e o fato de ele ter nos ajudado com praticamente tudo.

Era evidente, dada a forma como se olhavam, que havia muita cumplicidade entre os dois.

Elsa era a mais reservada do nosso grupo. É claro que ela mal conversava conosco sobre seu caso com Jack, que ela se negava a chamar de caso ou qualquer coisa. Rotular o que tinham significava que sim, eles tinham algo. E ela preferia continuar acreditando que não havia nada entre eles. 

Estava mais que na cara a situação complicada a qual Elsa havia se metido.

Jackson Frost. Presidente do dinner club mais cafajeste do campus. Proprietário da boate The House. Por acaso, seu chefe e, pior ainda, amor da vida de sua amiga Tooth.

Eu não conseguia imaginar o quanto sua cabeça estava confusa. E conhecendo Elsa... Não quero nem pensar nas futuras decisões que eu tenho quase certeza que ela irá tomar.

Pigarreei. – Sejamos francas, El, Jack anda tão quieto que tem gente acreditando que ele saiu do Phoenix Club. – falei enquanto Anna apontava pra mim euforicamente em concordância.

- E o que isso significa? – ela indagava, evidentemente demonstrando que o que quer que eu falasse, não a convenceria.

- Ele realmente gosta de você.

- Menos, Meri. Tenho a impressão de que não estamos falando da mesma pessoa. – Elsa revirou os olhos e riu sem humor. – E ainda que isso fosse verdade, não significaria nada para o homem que jamais largaria sua vida resumida a sexo, mulheres lindas, grande reputação e muito dinheiro.

Dei de ombros.

- Já tem tanto tempo que não o vejo com nenhuma mulher, que as pessoas estão achando que ele está comprometido.

- Mas ele não está. – Elsa respondeu na mesma hora, sua voz baixa e firme. – Nunca esteve e se depender dele nunca estará.

- Não é o que o olhar dele expressa quando te vê.

- Pare, Merida. Estou em paz com ideia de que a qualquer momento ele se cansará de me encarar como o alvo de seu joguinho de sedução e partirá para a próxima. – ela bebericou de seu café calmamente. – Vamos mudar de assunto.

O olhar de Punzie esfriou e eu me preocupei com sua feição pensativa após as palavras de Elsa. Suspeitei que um certo moreno tomava conta de seus pensamentos.

Eu tive de ponderar. Dado o histórico dos dois, realmente tinha coerência o pensamento das duas. 

- Acredito que isso se dá ao fato de ele nunca ter amado alguém. – Anna dizia num tom tranquilo, sem olhar na cara de nenhuma das duas. – Até aí, que mal tem curtir a vida enquanto não encontra a pessoa certa? Mas não tente se enganar dizendo que a forma como ele se reserva para você não significa nada. – afirmou Anna convicta, olhando Elsa no fundo dos olhos, que não disse nada. – Concorda comigo, Meri?

- Não concordo, nem discordo. Muito pelo contrário (?). – dei de ombros, voltando a comer.

Era desconcertante a forma como aqueles quatro viravam assunto no nosso dia a dia.

Enquanto a conversa fluía e cada qual comentava acerca daqueles que se negavam a sair de seus pensamentos, eu me mantinha em silêncio.

E quando me dou conta, elas olhavam para mim.

De novo esse momento. O momento em que elas me questionam só com o olhar.

Até hoje, eu ainda não havia comentado nada com elas e todas as vezes em que, em nossas conversas, eram mencionados Flynn, Jack ou Kristoff, era automático esperar ouvir-se sobre Hiccup.

No entanto, Hiccup se tornara um tabu.

Afinal, eu falaria o que?

Meu coração está tão cansado. Eu o entreguei pra alguém que não teve o menor cuidado ou ciência disso.

Me sinto uma tremenda idiota a maior parte do tempo.

Eu não aguentaria passar pelo aperto de admitir toda essa situação em voz alta. Aguentaria? Talvez. Vale a tentativa? Isso, eu já não sei.

Acontece que elas esperam que um dia eu volte a comentar sobre ele. Nem que seja para pelo menos explicar o que está havendo.

Respirei fundo, fitando rosto de cada uma. Não consegui disfarçar meu olhar desconfortável.

- Hm, Punzie... – comecei, depois de um breve pigarro. – Já decidiu quem irá te acompanhar no show? – sorri nervosamente, mudando de assunto. – Afinal, você ganhou dois ingressos, né?

Elas se entreolharam por míseros segundos e tornaram a me fitar com sorrisos compreensíveis.

Punzie logo me respondeu.

- Nem sei. Ainda estou decidindo. Eu tenho um ingresso sobrando, porém, três melhores amigas. E agora, como faz?

Sugerimos que ela levasse Flynn, afinal foi ele quem a presenteou com o ingresso. Mas aí, ela falou que o moreno estaria de serviço. Achamos injusto ela ter de escolher entre uma de nós três, uma vez que nem éramos fã da Rihanna. Mas, nem tudo estava perdido. Nós havíamos conhecido um idólatra a altura de Punzie, apesar de eu não me lembrar de quem se tratava. 

- Verdade... – ela disse. – Mas será que ele gostaria de ir comigo? Afinal, eu sou uma desconhecida.

- Nem tanto, né miga. – Elsa afirmou num tom óbvio. – Ele te conhecia.

- Piorou! Não quero ninguém que se lembre da minha carreira abandonada do meu lado.

- Eu acho que ele adoraria ir com você, independente do seu passado. Afinal, é a Riri. Ambos a veneram. Apenas faça a louca e fingi que nunca foi uma supermodelo, tudo não passou de um surto coletivo.

Punzie riu.

- Tem razão. Vou falar com ele essa semana.

- De quem vocês estão falando? – indagou Anna, finalmente.

Já que eu só revezava o olhar de Punzie a Elsa desde que elas começaram a falar nesse tal fulano misterioso que... Quem seria?

Elsa revirou os olhos. – Elas não lembram.

Punzie suspirou, negando com a cabeça. – Típico.

Seguiu-se assim durante as próximas horas. Terminamos o café, nos ajeitamos para a aula e, enfim, dentro do carro, seguimos para a faculdade ao som de risadas, comentários sarcásticos e xingamentos divertidos de Anna.

Ao menos, suas risadas eram sinceras. A minha, era uma camuflagem.

Eu me sentia mais ou menos como na época dos primeiros anos da escola, quando eu sofria bullying da menina mais velha da minha sala. Eu nunca consegui ter raiva dela. No entanto, a insegurança dela me deixava triste e suas palavras me magoavam. Me perguntava se um dia ela iria perceber que não precisava daquilo, não precisava ser uma pessoa assim.

Acontece que eu nunca permiti que as meninas soubessem que algo vinha me afligindo, ou melhor, alguém. Eu sabia que elas iriam se preocupar e com certeza iriam comprar minha briga, principalmente Anna que, naquela época, era extremamente violenta – opa, ela é até hoje (?).

Me reservei no direito de manter-me calada sobre aquilo, também porque não queria me permitir fraquejar. Ninguém precisava saber desse pontinho no meu coração que era facilmente afetado. Era como... se guardar. Num baú ao canto do quarto, numa abertura ao chão embaixo da cama, trancado a quatorze chaves. É aquela necessidade sempre infantil de se enxergar em proteção dentro de alguma coisa, sabe? Uma coisa de louco. Mas sempre eficaz.

Eu ainda sou assim.

Eu estava disfarçando, como eu vinha fazendo há alguns meses. E de repente, me perguntei, por que estou fazendo isso? Elas são minhas amigas. Minhas irmãs. E eu não sei se consigo mais continuar com isso sozinha. Kristoff me concedeu um alívio que há muito eu não sentia e o que foi que ele me disse mesmo?

“Deveria tentar conversar elas.”

Sim, eu deveria mesmo.

E é isso o que farei.

É o que farei.

Mas... Eu não sei nem como começar!

Desculpe o transtorno, preciso falar do Hiccup... (??). Tá parei. Definitivamente não.

Mas realmente preciso admitir que eu não conseguia parar de pensar que era tão linda as nossas conversas. Nem parecia que eu ia tomar no cu (?). E que eu vivia me perguntando e ponderando sobre o que teria sido de nós caso fosse diferente, digo... É muito estranho sentir isso. Eu às vezes deito a cabeça no travesseiro, penso, penso, penso, reflito e depois de raciocinar muito eu concluo que sei lá (??).

Contar que ele foi o meu abraço favorito e ainda é. E hoje, não passamos de dois desconhecidos que se conhecem muito bem.

Explicar que, numa total falta de noção, eu me pus a chorar, lamentar pela perda de algo que nunca foi meu. Por dentro, esperneei, bati o pé e disse a mim mesma: Não abrirei mão dele! Hiccup é muito importante pra mim.

E ao mesmo tempo algo em minha mente gritava: Louca, para que esse auê? Ele nunca foi seu. Não entende? Para quê todo esse gasto de energia? Como você pode não querer abrir mão de algo que, na verdade, nunca lhe pertenceu?

Preciso assumir tudo o que sinto, tudo o que está acontecendo aqui dentro, me abrir, colocar pra fora, me expor para minhas amigas, aquelas que eu depositava minha total confiança para quase tudo...

Agora, não mais quase. Agora, o mais pleno tudo.

Foi o que eu fiz, do nada, dentro do carro já estacionado numa vaga da faculdade.

Eu não sabia qual era a feição delas depois daquilo, pois eu fitava concentrada as pessoas além da janela. Ele estava ali, perto de seu carro. Desviei o olhar.

Elsa me fitava compenetrada, ao meu lado no banco do motorista. Punzie tinha os olhos um tanto arregalados com tamanha confissão vinda de mim e suas sobrancelhas pesavam sobre os olhos. Já Anna, parecia um tanto... Irritada?

Saí do carro, não aguentando mais o encarar de todas elas, e me recostei na mesma janela onde antes eu observava certo alguém do lado de fora.

Elas também saíram depois de uns segundos. Elsa veio para o meu lado. Anna e Punzie, a minha frente.

- É assim que você vem se sentindo todo esse tempo, Meri? – Elsa indagou.

- Por que não nos contou antes? – questionou Anna.

- Há quanto tempo você não começa o dia sorrindo? – perguntou Punzie.

E eu suspirei, dando um sorriso. Eram essas perguntas que eu temia.

- Não se preocupem comigo.

- Como não nos preocuparíamos? Você estava passando por tudo isso... E em silêncio. Por quê? – Punzie estava indignada.

- Justamente porque eu não queria preocupá-las. – Elsa me fitou surpresa e logo seu olhar tornou-se compreensível. – E, como eu já disse, eu tenho muitas dúvidas. Estou muito confusa. Isso nunca aconteceu antes. – terminei num fio de voz, dando um suspiro cansado.

Os segundos se decorreram num silêncio doloroso. Eu sabia que, em suas cabeças, muita coisa acontecia. Eu não queria que elas ficassem assim.

Meu coração apertou... E eu senti que haveriam consequências. Minhas amigas nunca foram do tipo que deixa pra lá. Engoli em seco.

Hiccup tem um coração e ele não pertence a mim. Isso não era culpa dele.

- Tenho de admitir que competir com a garota mais bonita e popular da faculdade é tentador... – dei uma risada nervosa, tentando descontrair o clima pesado e taciturno. – Mas eu passo essa.

- Fora que o que Trid tem de bonita e popular, também tem de competitiva. – falou Elsa, dando uma risada nervosa também.

Tenho quase certeza de que também notou o clima.

- E mais isso! – concordei. – Sei reconhecer uma causa perdida.

- Está desistindo dele, Merida! – exclamou Anna e eu franzi o cenho.

De alguma forma, aquilo me ofendeu... Demais.

- Está fraquejando! Abrindo mão! O que está havendo com você?! – pronto. Agora, ela me desfez.

- Não, Anna. – engoli o choro e ergui o queixo. – Não estou fraquejando. Não estou abrindo mão. Eu posso ser muitas coisas, mas tenho bom-senso. Você lutaria por alguém sabendo que ele ama outra pessoa? Tentaria interferir sabendo que ele está feliz com ela? – Anna franziu o cenho e desviou o olhar. – Eu jamais tive chance. Hiccup sempre foi louco pela Astrid. Eu não quero ser a droga de um obstáculo. Mereço ser mais que isso na vida de alguém. Então, por favor, jamais diga que desisti. Achei que me conhecesse e soubesse que eu não seria covarde a tal ponto.

- Meri... – ergui um dedo, pedindo silêncio.

- Só não me chame de fraca... – pedi, controlando minha voz. – Você não imagina quantas vezes pedi a mim mesma para parar de chorar e tive que sair por aí com um sorriso que não era meu. – engoli em seco, sentindo minha garganta fechar num nó doloroso.

Prendi a respiração, eu cederia a qualquer momento, eu senti...

Por isso mesmo, peguei minha mochila e saí, antes que elas pudessem notar a gotícula persistente que escapava pelo canto de meus olhos.

Chorei, mas não por Hiccup ou pelo fato de estar me sentindo fraca.

Chorei ao perceber que já estava me acostumando com a sensação incômoda de não ser correspondida.

Porém, uma dor mais vívida me invadia naquele momento. Um gosto amargo em minha língua e um tipo diferente de angústia. Não era nada comparado ao que vivi nesses últimos meses.

A princípio, pensei ser desesperança... Mas era desapontamento.

Com as palavras de Anna, eu sentia que havia a decepcionado. Anna esperava algo de mim. Eu decepcionei minha melhor amiga. E essa é a pior das dores...

Parei no meio do corredor vazio, me escorando em um dos armários, segurando a respiração com tamanho esforço... Enquanto tapava a boca com uma das mãos. Concentre-se, Merida. Eu precisava parar de chorar. Meus soluços iriam acabar chamando a atenção de alguém.

Eu mal me lembro da época em que chorei tanto quanto nas últimas semanas... Respire.

- Meri!

Odin misericordioso. Estou com a consciência tão pesada que já consigo ouvir a voz de Anna gritando meu nome.

- Meri... – não, pera (?).

Não era meu subconsciente que gritava, era Anna mesmo, vindo em minha direção ao fim do corredor.

- Me desculpe. Eu sou horrível, eu nem imagino o que você tá passando e tô falando como se soubesse... – ela falava, ainda se aproximando e ofegante, parecia ter corrido uma maratona. – Eu sou uma idiota, não deveria ser tão impulsiva. Mas é que... – ela suspirou, ao parar a minha frente. – Associei as coisas de forma errada, eu sou uma tonta. Só de pensar em você abaixando a cabeça pra Astrid, que tá acostumada a ter o mundo nas mãos, meu sangue ferve! – ela admitiu, meio irritada e eu desviei o olhar, não por não querer fitá-la, mas sim para esconder meus olhos avermelhados. – Hiccup parecia mil vezes mais feliz com você do que com ela agora e as conversas que temos me deixam ainda mais certa disso, então... – me neguei a ouvir essa parte.

Eu não queria acreditar. Eu não queria ter esperança.

Então, a encarei. Por longos segundos.

Ela pareceu surpresa e angustiada, assim que notou minha feição, porém nada disse.

Um certo alívio crescia em meu coração, mas a sensação de ter desapontado alguém querido ainda residia ali. Eu estava minimamente surpresa também, afinal, Anna é quase personificação do orgulho e, no entanto, estava ali, se desculpando.

Dei um longo suspiro entrecortado. A situação parece um tanto gritante... Mas ninguém consegue ficar irritado com Anna por muito tempo.

- Tá tudo bem, Anna. – minha voz saiu mais baixa que habitual. Xinguei-me internamente por isso. – Você... Até que tinha razão em algumas coisas.

- Não. Eu estava completamente errada. – ela sorriu, negando com a cabeça. – Você nunca fraquejou antes, tampouco agora. E isso é o que mais me orgulha em você. – e então, foi minha vez de sorrir. – Só me preocupo com o seu altruísmo, que acaba te magoando.

Anna fitou além de meus ombros com uma feição que indicava certa cisma. Ao me virar para fitar o recém-chegado, este já se manifestava.

- Meri, posso conversar com você um instante? – Astrid parecia apreensiva, porém, seu olhar determinado, comum naquele rosto, ainda fazia parte de sua feição.

Tive de me segurar para não dar um audível suspiro. Eu tinha certeza de que o assunto era o Hiccup.

- Claro, Astrid. Pode falar.

- Vou direto ao ponto, Meri. – ela disse, confiante. – Percebi o afastamento entre você e Hiccup depois que começamos a namorar. Há algum problema?

Quando disse que seria direta, não estava brincando. Pisquei algumas vezes, tentando disfarçar a surpresa.

- É claro que não, Astrid. Por que haveria algum problema? – dei uma risada, descontraída. A melhor que fui capaz de gerar.

Ela suspirou. – Não vou mentir pra você. Hiccup tá... – ela demorou alguns segundos para encontrar a palavra específica. – Péssimo. – falou com um suspiro e eu não pude deixar de arregalar os olhos.

- Eita.

- É, eu sei... Ele tá... Chato. Impaciente. Quase não conversamos... – ela contou a dedos e bufou. – Eu sei que isso muito tem a ver com a situação chata entre ele e Kristoff... – mencionou e eu fiquei um tanto preocupada. – Mas também notei que isso começou depois de um tempo que vocês se afastaram. Eu sei lá! – gesticulou com as mãos. – Também fiquei sabendo de uns boatos que rolaram, sobre ele ter se afastado de você porque eu exigi e achei isso um absurdo. É incrível como uma universidade torna-se uma escolinha de ensino médio na hora de formar boatos. – ela revirou os olhos azuis. – Então, não sei se você acreditou nisso, mas lhe asseguro que é tudo mentira.

- Eu não cheguei a ouvir sobre isso, Astrid... E mesmo que ouvisse, não acreditaria. Creio eu que você não tomaria atitudes tão frustradas. – falei, sincera.

Só então percebi que Punzie e Elsa já haviam se juntado a Anna atrás de mim.

- Exatamente, Meri! Eu jamais seria insegura a tal ponto, isso é ridículo. – ela revirou os olhos novamente. – Mas engoli meu orgulho para vir aqui te pedir ajuda... – eu a fitei hesitante e esperei que continuasse. – Já que não há nenhum mal-entendido, poderiam vocês voltarem a se falar normalmente? Creio eu que o humor de Hic melhoraria bastante. – terminou a última parte num tom brincalhão.

Eu gelei.

Pude sentir o sorriso sumir de meu rosto e a feição divertida no rosto de Astrid ser substituído por preocupação.

Eu sabia que não poderia ajudar. Não se eu ainda quisesse manter as aparências de que estava tudo bem comigo. Se tem sido difícil sem nem nos falarmos direito, quem dirá conversando todo dia, fazendo parte desse namoro, convivendo e assistindo a felicidade dos dois e me esforçando para não ficar triste com isso.

- Algum problema? – o tom preocupado de Astrid me fez voltar a si.

Anna deu uma audível risada irônica.

- Tá falando sério, Astrid? Você ainda pergunta? – Astrid fitou Anna com uma sobrancelha arqueada. – Tenho quase certeza de que você faz faculdade de Artes Cínicas, porque eu nunca vi alguém tão cara de pau na minha vida.

- Anna! – repreendeu Elsa.

- Não menti.

- Santa Rihanna Fenty.

- Que isso, Anna. – Astrid manifestou-se. – O que você está tentando insinuar? 

- Não estou insinuando, estou dizendo que você sempre soube e sempre se sentiu incomodada com a amizade deles dois e agora está fazendo a sonsa!

- Isso... – a compostura de Astrid se desestabilizou por meio segundo. – Isso não é verdade. Não fiz por... mal.

- Seu espírito competitivo te domina e você sequer se dá conta de que faz de tudo um jogo pessoal e faz de todos o seu rival em ascensão, nesse caso agora, incluindo Hic e Meri nessa competição particular que só existe na sua cabeça! – Anna vociferou, visivelmente afetada, o senso de proteção para com os amigos dela se manifestando a cada elevar de seu tom de voz.

Astrid franziu o cenho, parecia irritada. Aparentava não esperar que alguém a peitasse dessa forma.

- Não tente me culpar por não desistir de quem eu amo!

- Você passou a amar o Hiccup magicamente após ter visto que não o tinha mais a sua mercê!

- Você está exagerando, Anna! Eu sempre gostei do Hiccup!

- Sempre gostou dele se rastejando aos seus pés, isso sim! Sua presunção é tão grande que você sequer pensou na felicidade dele quando fez o que fez, que era o mínimo já que você diz amá-lo tanto. Você só pensou em você!

- Quando fiz o quê?! Tomei as rédeas da situação e o pedi em namoro?! Que eu saiba, não estou o forçando a nada. Ele está comigo porque quer!

Era evidente a forma como Anna se revoltava com a maneira a qual Astrid afetara a minha vida e do Hic, dois amigos que ela prezava demais. Era óbvio que Anna iria se estourar.

- Anna... – toquei seu ombro, tentando transpassar-lhe algum teor de calma antes que ela pudesse refutar a loira. – Vocês três, por favor, deixem que eu converse com Astrid a sós. – minhas amiga se entreolharam, menos Anna que ainda encarava Astrid com as sobrancelhas franzidas. – Tá tudo bem.

Elsa me fitou por longos segundos e anuiu, puxando Anna com certo esforço e sumindo de vista. Desviei o olhar e respirei fundo, fitando uma Astrid que ainda parecia incomodada com tudo o que ouvira.

Resolvi que o melhor a se fazer era voltar ao assunto anterior a esse.

- Sinto muito, Astrid. Eu adoraria, mas acho que não poderei ajudar.

Ela pareceu subitamente esquecer o que havia acabado de acontecer. Sua feição desapontada era evidente.

- Por quê? Eu sei que vocês tiveram uma discussão antes disso, sei que pode parecer orgulho da parte dele, mas... – a interrompi.

- Como você... – parei subitamente, percebendo que eu soava um tanto rude e respirei fundo. – Como você soube? – indaguei mais calma.

Ela arqueou uma sobrancelha.

- Hiccup é meu namorado, Meri. – ela parecia ter feito questão de enfatizar a palavra. – Ele me contou.

É claro que sim. Que ideia a minha.

- Foi ele que pediu pra vir falar comigo?

- Não, de maneira alguma! – ela respondeu urgente. – Ele nem faz ideia disso e se souber, é certo que teremos uma briga feia, portanto por favor...

- Eu não contarei, fique tranquila. – assegurei e ela sorriu aliviada. – Mas ainda assim, sinto que não poderei ajudar. – seu olhar tornou-se desapontado novamente. – Sei que não é orgulho da parte dele e nem exigência da sua. Acontece que se hoje estamos afastados foi porque eu quis.

Pela sua feição, percebi tê-la surpreendido. É tão absurda assim a ideia dessa decisão ter sido tomada por mim? Que se acostumem com essa “versão” da Merida, pois ela será recorrente.

Sem querer delongar o assunto e decretando um ponto final aquela conversa, virei-me para a direção que dava para a ala de meu curso, deixando Astrid ali no corredor, ainda estagnada.

Enquanto eu me afastava, pude sentir aquela sensação incômoda retornar violentamente. Eu não aguentava mais esse sufoco em minha garganta. Tornara-se algo tão intenso e contínuo que chegava a doer. E por mais que já fosse uma dor habitual, ainda incomodava.

Suspirando profundamente com a finalidade de acalentar a dor, pus-me a fitar o chão – ato costumeiro para manter a concentração e compostura, também manter as aparências de que estava tudo bem.

No entanto, eu ainda conseguia sentir minhas sobrancelhas pesarem sobre os olhos.

Eu ainda estava incrédula com o que Astrid me pediu. E ainda imaginava como seria se eu tivesse aceitado exercer tal favor. Eu gostaria de ajudá-la, mas, infelizmente, não posso. Pelo meu bem.

E, de repente, me sinto egoísta.

Quase me sinto um Kristoff ao grunhir de raiva (?). Um último suspiro, profundo e longo, e finalmente ergo o olhar.

Ainda andando, só tive tempo de frear minimamente, porém tarde demais. Dou de cara em alguém.

Ele me segura pelos braços antes que eu voe para trás. Olhos verdes inconfundíveis.

Ai, caralho, é o Hiccup. Ai, cacete. Ai, socorro. Alguém me ajude (????????).

Engoli em seco e, ao sentir meus dedos trêmulos, cerrei os punhos. Poderia até ser um fato, mas ele nunca saberia que eu estava nervosa.

- Ah, me desculpe, eu estava...

- Olhando para o chão, é, eu vi. – ele afirmou, curto, porém não grosso (?). – Tá tudo bem. – completou baixinho e eu percebi ter sentido uma puta saudade de sua voz.

Os olhos verdes, mesmo que um tanto opacos, ainda mantinham sua beleza. Apesar de que Hiccup era pura beleza, né? Vamos combinar, gentê, Hiccup é aquele ser humano que você fica olhando e se pega refletindo sobre o sentido da vida, porque tanta beleza só pode ser obra de Odin (???) – os cabelos castanhos dourados e bagunçados sobre a testa, o maxilar bem desenhado, os lábios finos e cerrados, opa, ele engoliu em seco? Eu vi, ein (?).

Eu precisava me afastar, vai que ele escuta meu coração? Tá batendo tão alto e frenético quanto uma escola de samba brasileira (????).

Como se estivesse lendo meus pensamentos, seus dedos se afrouxaram em meus braços, certificando-se de que meus pés estavam firmes ao chão e que eu não iria cair do nada (?), então me soltou.

E só então senti meus olhos marejarem, mas eu não estava chorando. Meus olhos já ardiam por estarem arregalados desde a hora em que foquei o olhar em seu rosto.

Depois de esbarrar de cara em seu tórax.

Tal como na vez em que nos conhecemos, no Parque Hinksey... De repente, fiquei tristinha (?).

Fitei seu rosto mais uma vez. Ele deveria saber que senti saudades? E se eu dissesse... Ele se importaria? Vamos descobrir.

- Hiccup, eu... – sua feição mudou na mesma hora.

Seu olhar, antes um tanto amargo, agora me analisava de forma intrigada, diria até esperançosa...

Olhei rapidamente as minhas costas e lá, ainda no mesmo lugar, estava parada Astrid.

O que eu tô fazendo?

E o dia só estava melhorando...

Olhei uma última vez para o seu rosto e saí de perto dele, sem dizer nada. Com passos rápidos, pesados, precisos... E os dedos ainda trêmulos.

Eu ainda pude ouvir, depois de uns segundos, ele indagar “O que você fez com ela?!” assim que, eu supus, ele chegara em Astrid.

Eles vão brigar por minha causa.

Eu serei motivo de uma briga. Como aquelas destruidoras de lares (?), ai meu santo Thor, que tipo de pessoa eu sou?

Devo voltar? Com certeza! Explicar o que houve. Mas aí ele saberá que Astrid falou contigo, lembra que ela disse pra não contar? Mas ele vai brigar com ela! Eu vou voltar. Não! Continua andando! Você vai acabar piorando as coisas, Merida.

Eu não quero piorar as coisas...

E assim, continuei meu caminho. Seguindo com o árduo ofício que era tentar esquecer o Hiccup. Mas de qualquer forma, tentar esquecer, já é lembrar.

Eu poderia dizer que a partir de agora iria dedicar minha vida a cuidar da Angus, ler livros, assistir filmes e tomar café. Afinal de contas, investir nas pessoas só dá prejuízo, xô.

Mas quisera eu que fosse assim, tão simples.

Eu não os vi no intervalo e nem na saída. Eu estava preocupada e me sentindo profundamente culpada. Ao menos, não permiti que as meninas se preocupassem, disfarcei bem. Elas não precisam saber que eu sinto muito. Sinto tanto. Sinto uma imensidão...

Mas finjo que não sinto nada.

Tem sido assim já tem um tempo e eu não estou sabendo lidar com essa montanha russa de sentimentos.

Mas agora, estava só a descer.

Eu ainda sentia a dor das palavras de Anna, a decepção que ela sentiu, a angústia no olhar de Astrid ao observar eu e Hiccup, o tom áspero e desconfiado dele para com ela e o olhar amargurado para comigo. O mesclar de dó, desapontamento e revolta nas feições de Elsa e Punzie.

Parecia que por onde eu passava, eu deixava um rastro de dor. Eu não posso sair por aí contaminando as pessoas, deixando-as de acordo com o meu estado de espírito. Consegue entender a importância de sorrir e manter isso para si própria?

Parece complicado, eu admito. Às vezes, nem eu mesmo sei como lidar comigo.

Que ninguém nunca saberia, isso eu me esforçaria em manter, mas eu me sentia assustadoramente... Quebrável.

Me sentia derrotada. Acabada. Sentia que se uma brisa, a mais fraca que fosse, batesse contra meu corpo, eu me desfaria num pó fino, de tão fraca e frágil que eu me sentia por dentro.

O esforço em manter esse sorriso no rosto sugava as últimas forças que eu achava que tinha. Eu nunca precisei me esforçar tanto pra isso. Eu deveria estar feliz. Ele está feliz.

Mas não é como retratam nos livros, nos filmes, nos poemas... Dói muito. Ele está feliz e não é ao meu lado. É algo que eu sempre soube, mas isso não ameniza angústia que sinto aqui.

Apoiei uma de minhas mãos em meu peito... Eu não sabia ao certo o que era aquilo, mas me consumia. Os momentos que passo com minhas amigas tornam no mínimo desesperador eu ter de manter esse meu rosto impassível.

Sinto que não me conheço mais... Eu já clamava desesperadamente por uma lufada de esperança, porque é tão novo e tão ruim ao mesmo tempo. Ainda não sei lidar com isso... Ainda.

Eu precisava de... Algo que me faria sorrir sincera depois de... Meses.

Respirei fundo, notando estar à frente da porta com um 802 entalhado a madeira há uns bons minutos.

Como uma tola, havia esperado na faculdade tendo a inocente esperança de que encontraria o casal 10 – apelidinho besta que Punzie lançou – para certificar-me de que estava tudo bem entre eles. No entanto, não apareceram.

Suspirei ao tocar a maçaneta... Que as meninas não soubessem o que houve depois que elas saíram, por favor.

Eu não aguentaria ser motivo de mais preocupação. Pensando nisso, me recompus antes de decidir adentrar o apartamento. Não se esqueça de sorrir, lembrei a mim mesma e então pude ouvir múrmuros e vozes, que com certeza não eram das meninas, vindo de dentro do apartamento.

Um alvoroço, um burburinho agitado. Passos correndo e risadinhas... Infantis. Franzi o cenho confusa e escancarei a porta.

Arquejei boquiaberta ao notar a figura de três curtas cabeleiras cacheadas e ruivas que pulavam animadamente sobre o sofá. Pararam no mesmo instante e fitaram em minha direção.

Os sorrisos divertidos tornaram-se ainda mais plenos ao me ver.

Senti meus joelhos tocarem o chão quando os três pularam cima de mim ao gritar meu nome, varrendo para longe a angústia que me consumia. Harris chorava. Sempre fora o mais emotivo.

Eu não faço ideia de qual era a minha feição, mas senti uma lágrima descer pela minha face. Novamente, naquele dia, eu estava chorando... Só que, pela primeira vez, de felicidade.

Algo morno aquecia meu coração junto daquele abraço. O sentimento foi de alívio, alegria... Era a minha lufada de esperança.

- Que saudade de vocês... – ouvi-me dizer, enquanto os apertava fortemente contra mim e sentia uma de suas mãozinhas acariciar meus cabelos.

Permiti que eles se afastassem depois de longos segundos. Eu sorria em meio as lágrimas. Harris soluçava. Hubert forçava uma cara séria, tentando não chorar e eu sorri com aquilo, ele sempre odiou parecer fraco. Hamish, com um de seus dedinhos, limpava uma de minhas lágrimas.

- Não chora, não. – ele pediu e eu dei uma risadinha plenamente feliz ao ouvir sua voz.

- Vocês cresceram tanto.

- Você também! Wow, você está maior do que eu me lembrava e seu cabelo cresceu junto! – afirmou Hamish, animado.

- Você tá tão bonita, irmã... – soluçou Harris e eu sorri.

- Não chora, Harris. Você também tá um rapazinho. Que saudade que eu estava de você. – limpei seu rosto, ele deu um sorriso e algumas soluçadas.

- Espero que só Harris tenha notado isso ou eu mesmo terei de colocar certos marmanjos pra correr. – Hubert cruzou os braços, fazendo-se irritado. Eu ri, seguida de Harris e Hamish.

Eu não sei quanto tempo fiquei olhando para eles, mas nenhum dos três protestaram. Eles pareciam até compreender. Naquele momento, não havia sequer um resquício de sentimento aflitivo dentro do meu coração. Meus irmãos estavam ali, trazendo a mais sólida evidência de que eu tinha mais que um motivo pra sorrir plenamente e que esse momento “ruim” que eu estava vivendo... Não era nada.

Eu tinha três motivos. Na verdade, cinco. Na verdade, oito... E só aumentava!

Naquele momento, com os olhos vermelhos e o rosto molhado, o sorriso sincero desenhado em meu rosto... Suspirei, me sentindo leve. Que sensação maravilhosa.

- Merida... – reconheci a voz que há muito não ouvia, seguido de um arquejo.

Por um momento, cogitei ter sido só um vislumbre... Minha avó e seus finos cabelos tão alvos quanto nuvens de verão. Seus olhos marejados acompanhavam um sorriso mínimo no rosto. Ela levou uma das mãos ao peito, sobre o coração.

- Querida... Você está linda. – uma lágrima escapou e eu suspirei.

Da mesma forma entrecortada, como acontecia depois da sensação de alívio que é chorar até se sentir limpa por dentro.

Levantei-me, indo em sua direção e a abraçando com tanta força, compensando todas as vezes em que quis fazê-lo, mas não a tinha ao meu lado. Quando a soltei, ela estava ofegante.

- Vovó... – eu queria lhe dizer um monte de coisas... Tantas, que acabei não falando nada.

Ela limpou uma de minhas lágrimas e eu olhei em volta, sentindo falta de uma pessoa.

- Onde está o vovô?

- Chegará ao fim da semana. – ela me lançou um sorriso tranquilizador. – Não se preocupe, logo ele se juntará a nós.

O sorriso dela era como o mais límpido e saudoso sentimento de nostalgia. Tinha o poder de me abraçar, mesmo não tendo um corpo físico. Era algo inexplicável, que suspeitei definir perfeitamente a sensação costumeira daquele que revê alguém depois de tanto tempo de pura saudade.

Eu tinha tanto a lhe dizer... Mas naquele momento, só o que me que preocupava era o fato de eu não estar em casa para recepciona-la devidamente.

- Me desculpe não estar aqui quando chegaram... – falei, sentindo me culpada. – E-eu não sabia que viria hoje, na verdade, eu esperava que me avisasse antes de vir e... – ela me interrompeu.

- Não se preocupe, querida, eu não avisei pois queria fazer surpresa, sim? Elsa me recebeu muito bem, como sempre. – e sorriu, ajeitando seus óculos, ao fitar uma Elsa parada ao pé da escada, observando esse reencontro cheio de chororô (?). No entanto, ela sorria.

Ouvi um grave latido seguidos de um galopar de patas pesadas. Mal percebi os ruídos e já me senti ser lançada ao chão pelo peso de Angus.

Eu tinha mais motivos para sorrir do que eu mesma supunha.

O retorno de minha família só me mostrou que... Tudo iria ficar bem.

Sim.

Vai ficar tudo bem.

*


Notas Finais


Curiosidade: O ditado que a Meri diz errado eu peguei de um comentário que, quando li, fiquei rindo o resto do dia e falei “Gente, essa moça pensa que nem a Meri” HEUHEUEHUEH’ tá aqui o link pra vocês entenderem o que eu tô falando: https://pbs.twimg.com/media/CM8trJlUYAA2yAM.png:large
Gente, eu achei que esse capítulo ficou na mesma pegada que o final de Divertida Mente (quando a Alegria e a Tristeza fazem aquela esferazinha azul e amarela, lembra?) (acho que cheguei a dizer isso para alguma leitora nos comentários passados), ficou uma coisa meio felizinha e tristinha ao mesmo tempo -qq. Pois bem, quis fazer esse capítulo pra retratar como Meri vinha se sentindo com o que lhe aconteceu, com a decisão que ela tomara, consequências vieram. Tb fiz para retratar o que se passava na cabeça dela enquanto que seu rosto era uma contínua indiferença. Bom, vimos o que Meri sentiu...
O que Hic sente, está meio que óbvio (ele não é do tipo que sai por aí tentando esconder o que tá sentindo, um dos muitos motivos pelo qual o admiro tanto). Ele tá magoado... Diria até frustrado.
Eu pensei muuuuuito antes de postar esse capítulo, mas no final achei que seria necessário postar pra vocês, porque essa Meri que vemos aqui não é a Meri que estamos acostumados a ler, não é mesmo? Um POV da Meri triste é bem fora do comum (eu tava pensando em só guardar esse cap aqui e só, sério). Quem acompanha o Tumblr da fic, deve ter visto que lá postei um aesthetic da Meri que dizia algo como “Good Bye, Innocence” e antes disso já tinha dito por aí que “veríamos Meri crescer”. Pois então, aconteceram coisas nesse capítulo que a fizera abrir os olhos. Não é como se Meri do nada fosse mudar da água pro vinho, virando a Rebel Girl da historia – sei que muita gente sente falta dessa essência na Meri, mas eu não posso fazer uma mudança drástica assim do nada –, DEFITIVAMENTE NÃO! -qq Podemos apenas dizer... Que algo se firmou em sua cabecinha confusa. Coisas irão mudar...
Vimos uma Astrid... Que de boba, não tem nada -qq. Não esperem que ela tenha deixado aquela troca de olhares passar despercebido. E EU TO PASSADA ATÉ AGORA COM A ANNA AFRONTOSA PRA CIMA DA ASTRID, SCRR -QQQ.
E vimos como Hic ainda deixa Meri nervosa – opa, cadê a novidade? -qqqq.
Ô CASALZINHO COMPLICADO ESSE MEU MERICCUP, EIN? VOU TE CONTAR, TO SOFRENDO -QQQ, mas não desisto deles por nada na minha vida.
O POV do Hic tá no próximo capítulo, e -------------- VAI VIM COM MAIS UM POV DA MERI, terá interações entre eles, umas tretas, umas discussões locas –qq E UMA DECISÃO SERÁ TOMADA!
AGUARDEMMMMMMMMMMMMMMMM, espero que tenham gostado desse capítulo mais do que eu gostei (prq eu nem gostei muito desse capítulo prq odeio ver a Meri triste :C)
AMEEEEEEEEEEI os comentários do capítulo passado, esperando ansiosamente para revê-las e colocar o papo em dia (??), então, é aquilo, comentem, manas! Adoro conversar com vocês <3
Nos vemos no próximo, sim? <3 Ainda faltam umas coisas, a metade, pra ser específica, mas continuem torcendo pela minha inspiração prq tá dando certo, UHUL!
Então, inté manas! <3

[REVISADO: 05/02/2020]


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