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História Rising Tide - Descontrole


Escrita por: Orbis

Notas do Autor


SOCORRO CHEIROSASSSSSSSSSSSSSSSS! Trago um capítulo tão cheiroso quanto vocês...
Sabe prq??? Prq esse capítulo cheira a treta. MUITA TRETA! E quem não gosta de treta? Pois eu, amo.
Admito, tô com um pé meio atrás com esse capítulo, tá? É prq tem umas coisas aqui... Umas cenas... Eu não sei, vlh. Não sei mesmo, tô super insegura aqui, tô com o cu na mão (???).
Mas antes das minhas lamúrias, vamos a um recado importantíssimo, mas que vocês já estão carecas de saber:
AMEI OS COMENTÁRIOS DO CAPÍTULO PASSADO, SUAS MARAVILHOSAS! Vocês são incríveis, nossa, viado <3 Não terminei de responde-las ainda e vocês já devem ter se acostumado com isso, né? Já tá na hora de eu me explicar? -qqq. O que acontece é que sempre que reservo um tempo pra responde-las, no meio do processo, SEMPRE ACONTECE, de eu me inspirar – isso é normal pois costumamos, bem dizer, conversar nos comentários. Então, com isso, minha mente acaba borbulhando de tantas ideias! Aí acabo me deslocando para o Word para escrever, por isso atraso nas respostas. Mas se tem uma coisa que cês podem ter certeza é: Eu nunca deixarei de responde-las. Vocês já estão carecas de saber que a melhor parte disso tudo, pra mim, é o contato com vocês. ENTÃO É NÓS, MANAS, MESMO ESQUEMA: Estarei respondendo assim que postar esse capítulo ^^
JÁ ENROLEI DEMAIS! Então vamos ler? Vamos!
Não pulem as notas finais, pois tem coisa importantíssima lá, viu?
Manas, vocês são minhas betas, cês sabem né? -QQQQ me alertem sobre qualquer erro, pois revisei beeem rápido!
Sem mais delongas...
Boa leitura! ^^

Capítulo 28 - Descontrole


DESCONTROLE

 

POV Merida

- Punzie, me desculpe... – pedi, fazendo um biquinho. – Mas sabe que estou pedindo isso pelo bem do Pascal.

Ela suspirou, aturdida. – Eu entendo, Meri, mas o problema não é esse... – segurou os cabelos. – Eu não sei onde ele está! – ela estava bem nervosa, mas não pelo fato de Pascal estar sumido pelo apartamento, pois ele some por dias, mas sempre aparece do nada. – Se Angus o achar antes de mim... Vai fazê-lo de brinquedo de novo! – de repente, fiquei nervosa também. – Você se lembra como ele ficou da última vez que Angus resolveu brincar com ele? – indagou aflita e anuí lentamente.

- É por isso que estou pedindo para mantê-lo no terrário.

- Mas ele não apareceu mais o resto da semana. – ela exprimiu, preocupada. – Está escondido, provavelmente com medo dela. É o jeito dele se proteger, assim como o Olaf vive por cima das bancadas para fugir dessa... predadora sinistra!

Punzie apontou para o corredor, onde nos observava com a cabeça inclinadinha uma Angus confusa. Mas logo que notou ambas a olhando, correu para cima de nós achando que estávamos brincando ou algo do tipo.

- Merida, segura a fera! (???).

- Ah, poxa, não chama ela assim... – fiz biquinho.

Punzie respirou fundo, se acalmando. – Tudo bem, só... Não deixe que ela o machuque de novo. – pediu quase como uma súplica. – Eu sei que ela não faz por mal, mas a Angus não consegue evitar ser bruta, ela é um cão de porte grande, cê sabe.

- Eu sei, você tem razão... – pensei por uns segundos até ter uma ideia brilhante. – Façamos o seguinte! – exclamei com indicador levantado, me sentindo numa série de TV (?). – Eu vou levar a Angus para caminhar e, enquanto isso, você procura pelo Pascal. – falei, já pegando a guia de Angus que, quando percebeu que iria passear, deu um latido estridente correndo para a porta antes de mim, com rabinho felpudo abanando em alegria. – Quando o encontrar, você me manda uma mensagem, assim não corro o risco de trazê-la de volta antes de ele estar bem seguro em sua casinha.

Punzie sorriu de orelha a orelha.

- ÓTIMA IDEIA, VIADA! (?)

- Só tente se apressar, porque hoje eu ainda tenho que ir trabalhar, sabe como é né. – gesticulei com as mãos.

A equipe de funcionários de hoje foi meticulosamente selecionada justamente por causa do evento e de alguma forma, eu não faço ideia de como, eu fui recomendada ao Aster para ficar escalada essa noite. Mas não posso negar que preferia ficar em casa, aproveitando cada segundo com os meninos, minha avó e meu avô, que chegaria hoje à noite e eu não poderia recebê-lo.

- Então ok, vou caçar o Pascal pela casa inteira o mais rápido possível, até porque eu ainda tenho de ir ao shopping hoje para resolver uns babados.

- HAMISH, HARRIS, HUBERT! VENHAM AQUI! RÁPIDO! – berrei enquanto Punzie tapava os ouvidos assustada.

Em poucos segundos, depois de uma sequência de tombos, empurrões e passos correndo, eles chegaram em mim.

- Quem quer ir ao parque? – era o mesmo que perguntar a Anna “quem quer ir a Comic Con Experience?”

Depois dos berros estridentes em resposta, minha avó ajeitou os três muito brevemente e logo saímos.

Foi de última hora que resolvi pegar o carro, visto que o parque onde eu pretendia leva-los era a umas doze quadras daqui e também porque no horário de pico não era, digamos, um momento propício para caminhar com Angus nas calçadas, ela tendia a assustar as pessoas por conta de seu tamanho. Então peguei as chaves, mas não as do meu carro e sim do Jeep de Anna, aproveitando que ela estava nadando na piscina do prédio, saí na surdina (??).

Meu carro é pequeno. Colocar Angus mais os meninos nos bancos de trás de um New Beetle? Não daria certo, acredite, eu já tentei. Mas no Renegade de Anna, cabia e ainda sobrava.

Estacionei a alguns metros da entrada do Parque Hinksey, que tinha um enorme playground longe do lago. Por mais curta que possa ter sido o trajeto até a entrada, os meninos ainda assim conseguiram tempo para parar e tomar um sorvete. Eu percebia os momentos de euforia dos meus irmãos porque eles começavam a falar ao mesmo tempo e era difícil assimilar o que diziam, mas extremamente divertido. Eu só ficava escutando e rindo.

Seguimos pela calçada e eu já percebia daqui que o parque estava cheio. Soltei a guia de Angus, mal atravessando os portões do parque, e os meninos passaram correndo por entre as pessoas, levando quem tivesse na frente, parecia um arrastão recorrente em praias cariocas (??). E Angus corria vivaz no encalço dos três pestinhas, com a língua para fora num entusiasmo nunca antes visto, olha só a felicidade dessa cadela! Que linda! Alguém tira uma foto, pelo amor de Jeová?!

Eu não sei quanto tempo fiquei ali parada observando meus quatro xodózinhos e olhando em volta para ver se alguém havia tirado uma foto – torcendo para que sim (?). Mas ao em vez de encontrar algum aspirante a fotógrafo, encontrei alguém muito melhor.

Prestem atenção nas reações de meu corpo: Uma batida falha e sutil, seguida de um acelerar louco. As mãos? Subitamente, suando frio – não se esqueçam da tremedeira nos dedos, acontece sempre. O sorriso involuntário e boboca só de percebê-lo sorrindo também, mesmo que não seja para mim. A bochechas, habitualmente pálidas, agora mornas – suspeito muito que vermelhas. E aquela reflexão sobre o sentido da vida toda vez que eu admirava seu rosto.

Alguma dúvida sobre quem seja? Nenhuma, né? Afinal, quem diabos faz eu me sentir assim, a não ser ele?

Hiccup sempre parecia estar ocupado e com a mente abarretada de coisas, então eu realmente me surpreendi ao vê-lo ali no parque. Eu realmente não esperava encontrá-lo ali, mas isso me intrigou por um curtíssimo tempo, pois algo a mais me chamara atenção.

Um enorme cachorro que pulava alegremente em seus pés, trazendo o frisbee recém arremessado. Mal percebi, estava sorrindo de orelha a orelha, com todos os dentes (?). Dando uma furtiva olhadela em volta – me assegurando de que ninguém estava olhando estranho para a garota que sorria sozinha parada no meio de um parque –, eu me aproximei sem que ele notasse.

- Então esse é o cachorro pelo qual você chora de saudades quando está bêbado?

O olhar desconcertado e um tanto surpreso ao me perceber durara só alguns instantes, pois no segundo seguinte, o mesmo robusto e enérgico cão pulava em cima dele, puxando as pontas de sua camisa com os dentes, ansiando por atenção e um novo arremesso.

Ele riu. – O nome dele é Banguela.

Arregalei os olhos. – Ai meu Deus, ele não tem dente?! Ai, tadinho! Que pecado!

SOCORRO, COITADO DO CÃO! (??).

Hiccup deu aquela minha risada favorita (?).

- Ele perdeu um canino que nunca mais cresceu. Jack colocou esse apelido, que pegou como nome.

Suspirei aliviada, com uma mão sobre o peito, observando o Banguela galopando atrás do frisbee e o pegando no ar.

- É sempre o Jack. – comentei, anuindo com a cabeça, e ele concordou fazendo o mesmo. – Quando ele voltou? Digo, o Banguela.

Hic pareceu meio aflito com a lembrança. Coçou a cabeça, me olhando de esguelha por míseros segundos, mas logo desviando até responder.

- No dia que estive na sua casa.

- Oh. – foi só o que fui capaz de formular.

O famigerado “oh”.

E no tempo que meus lábios soltavam o “oh”, em minha cabeça, passava uma novela muito louca, que ia desde o dia em que conheci Hic nesse mesmo parque até nossa recente desventura amorosa. E os acontecimentos se misturavam, o que me deixava confusa nível hard, porque ser confusa já é uma parte de mim, então...

Eu devia estar com aquela cara de gato fitando o nada, enquanto o dono observa achando que o felino está enxergando alguma entidade, quando na verdade o bicho provavelmente só está pensando “por que esse humano inútil ainda não me alimentou hoje?”.

Mas a novela ainda se estendia em minha cabeça...

O clima agradável que acompanhava o céu azul e límpido, adornado com nuvens tão branquinhas quanto creme batendo na batedeira. Hmmm, chantilly (???). Uma competição acalorada que me fazia torcer para que alguém perdesse ao invés de vencer, pois a situação seria mais engraçada e eu não sei como não me senti tão maquiavélica naquele dia, mas a verdade é que eu queria rir. E o que me desconcentrou da competição? As costas de um desconhecido que, de repente, pareceram mais interessantes que a situação em volta. Mas, opa! Eu dei de cara em alguém. E já esperava cair no chão, não fosse certos braços me segurando – porque, veja bem, eu vivo caindo.

Já caí pra cacete durante minha curta vida. Caí correndo, caí andando, caí parada (?), caí de bicicleta, caí saltando dum carro, caí numa piscina, caí da cama, caí numa cama, caí da escada, caí escorregando em bebida, cocô de cachorro, casca de banana – o que você puder imaginar. Caí no sono, caí nas dívidas, caí aos pedaços – metaforicamente, tá?

Mas se tem uma coisa que nunca caí, foi de amores.

Até agora.

Enquanto nos sentávamos num comprido banquinho abarretado de pais e mães que observavam seus filhos no playground, Hic me contava as aventuras intrépidas que teve ao lado de seu cãozinho na época em que ia para a fazenda de seus tios na Dinamarca.

A forma como ele fala do Banguela, repare, é sempre carregada no mais puro e amável tom terno e cheio de afeição e eu ficava sorrindo admirada ao assistir aquilo.

Mas estou bem normal aqui, ok? Nada demais. Estou de boas. Nem maravilhada, nem... Me apaixonando (??). Apaixonando? Mais do que já tá? Tem como? Indagou a voz intrometida na minha cabeça. O que cê tá falando??? Estou tão fria e distante quanto uma estrela, juro! Aham, ela respondeu.

- Meus pais vão embora hoje e vão levá-lo. – suspirou Hic, puxando-me de meus devaneios, enquanto eu observava seu sorriso sumir. – Estou me despedindo. – ele parecia triste, mas mudou de assunto antes que eu tivesse a chance tentar conforta-lo.

Melhor assim, porque Merida confortando alguém é, óh, uma bosta.

Foi quando o percebi fitando ao longe. Piscando seguidas vezes, suas sobrancelhas lentamente franzindo-se sobre os olhos e um sorriso intrigado no rosto.

- Aqueles são seus irmãos?

Ao fitá-los, notei estarem todos sujos de areia, mas não me importei – afinal, aquilo era normal, até.

- Ah, sim, são eles mesmo... – gesticulei com as mãos, chamando os três e, quando se aproximaram, os apresentei a Hiccup devidamente, este que estava ligeiramente boquiaberto ao fitar o rosto de cada um.

Parecia estar jogando um jogo dos sete erros (?). Nesse caso, seria o jogo dos quatorze erros? Ou vinte e um?

- Meninos, esse é o Hiccup. – falei, deixando os retardos pra depois. – Ele é... – eu pigarreei. – Um bom amigo da faculdade. – Hic sorriu para mim, saindo do transe, e os fitando em seguida. – Hic, este é o Harris. – Harris cumprimentou Hic, fazendo o hangloose (?). – Esse aqui é o Hamish. – Hamish clamou um “olá” alegre antes de correr atrás do enorme Banguela, tentando abraçá-lo. – E esse emburradinho aqui, é o Hubert. – Hubert fitava Hiccup com os olhos em frestas, uma sobrancelha arqueada e os bracinhos cruzados.

Hiccup emitiu um “oi” descontraído ao percebê-lo o encarando com tanta desconfiança, porém não obteve resposta.

- Hubert, seja gentil.

Ele encarou Hiccup de cima a baixo, como se estivesse o analisando.

- Não gosto do modo como você olha para minha irmã. Parece apaixonado. – soltou ele, com seu fofo sotaque escocês carregado.

Eu arquejei, meus olhos arregalados.

- HUBERT! – repreendi e ele me fitou por míseros segundos, voltando a encarar Hiccup, que tinha ambas as sobrancelhas arqueadas em surpresa.

E eu achando que Hic ficaria, ao menos, constrangido ou irritado. Não. Ele sorriu. SORRIU!

- Você é bem perspicaz, garoto. – murmurou para Hubert, que sorriu de lado minimamente e eu fiquei meio “quê?”.

- Ei, moço! Você tem que conhecer a Angus também! – berrou Hamish, agarrado ao pescoço de Banguela que lambia a cara dele.

No mesmo instante, Harris levou os dois dedos a boca, emitindo um agudo assobio. Segundos depois, Angus chegava correndo, daquela mesma forma alegre e com a língua pra fora. ALGUÉM TIRA UMA FOTO, POR FAVOR?!

Porém, ao se aproximar e perceber um macho no recinto, ela logo manteve-se alerta – diferente de Banguela que, assim que a avistou, foi se chegando enquanto Angus recuava, desconfiada.

- Será que eles vão brigar? – Harris parecia preocupado, com as mãozinhas retraídas à frente da boca.

Banguela encarava Angus de um modo que dizia “Opa, posso dar uma cheiradinha na sua bunda para iniciarmos aquela bela amizade?”, enquanto Angus estava mais pra “SEU DEPRAVADO, SAI DE PERTO DE MIM!!!” (???).

Mas com o decorrer da situação, e com o admirável esforço do Banguela que corria em sua volta com direito a latidos num convite para brincar e paradinhas súbitas com o rabo felpudo oscilante para o alto, os dois cães se aproximaram. Mesmo que minha cadela fosse difícil dificílima, ela gostava de fazer amizade. Agora próximos, trocando lambidinhas e tocando os focinhos um no outro, eu percebi que se assemelhavam em muitas coisas, principalmente a cor dos pelos. Ambos num tom escuro vibrante. Acho que, além da personalidade e raças, eles só diferiam nos olhos – visto que Angus tinha os olhos tão negros quanto os próprios pelos e já as írises de Banguela eram tão verdes... Quanto os olhos do próprio dono.

E, então, correram. Repentinamente. O Pastor Belga e a Labrador pareciam dois raios negros, rodeando o parque, alegres e satisfeitos com a companhia um do outro. ALGUÉM FOTOGRAFA ISSO, PELO AMOR DE LOKI! Af, cadê o Jack quando se precisa dele?

Hiccup sorriu, tranquilizando Harris. – Eles vão ficar bem.

Harris o fitou, retribuindo o sorriso, e logo seguiu Hamish e Hubert de volta ao playground – não sem antes Hubert gesticular com os dois dedos próximos aos olhos, apontando-os em seguida para Hiccup de um modo que dizia “estou de olho em você”.

Hiccup deu um sorriso de lado quando Hubert, enfim, se distraiu no playground, o que não demorou muito.

- Quem diria que você teria um irmão ciumento. – ele comentou e eu sorri.

- Por ser o mais velho, ele se sente no dever de manter o papel de meu pai e me proteger.

Senti seus olhos sobre mim, no entanto, não fitei seu rosto. Ainda admirava meus irmãos ao longe.

- Mais velho? – indagou Hic, depois de uns segundos.

- Dos três, sim. O primeiro a nascer, nove minutos mais velho que Harris.

- E Hamish, é o mais novo. – ele concluiu.

- Sim, o que estava abraçado ao Banguela.

Seu sorriso se intensificou enquanto ele fazia o mesmo que eu. Admirava meus irmãos.

- Avise seu irmão Hubert que nós temos muito em comum. – disse por fim, sem me fitar, sentando-se ao banco atrás de nós.

Por não ter entendido nada, pensei em perguntar, mas logo desisti. Porém, fiquei pensando sobre o que eles poderiam ter em comum.

O acompanhei, sentando-me ao seu lado. Então ficamos ali, apreciando a companhia um do outro tanto quanto a Angus e o Banguela. Entre nós, o silêncio – nem tão silêncio assim, dada a movimentação a nossa volta. Mas era como se nada precisasse ser dito, por mais que a sensação fosse contrária. Sabíamos que muita coisa precisava, sim, ser dita. Porém, eu não sei ele, mas eu tinha medo de abrir minha boca e estragar esse momento que, de uns tempos pra cá, tornou-se raro.

Os raios solares insistentes atravessavam as nuvens espessas e aqueciam o chão. Com o cheiro de terra úmida sendo o aroma que nos rodeava junto da sensação gostosa do calor sutil que emanava sob nossos pés, eu pude ouvir da voz baixa e controlada de Hiccup a frase seguinte que se desatava apenas para me deixar sem palavras.

- Eu sinto sua falta.

O mundo parou.

Meus olhos seguiram até seu rosto lentamente. Acredite, eu temia piscar, com medo de tudo sumir e eu descobrir que era só minha mente pregando-me peças.

Mas ele, que fitava ao longe durante essa confissão, desviou minimamente o olhar e fitou a mim por longos segundos, seus olhos nos meus... Até que ele suspirou e tornou a fitar sua frente. Talvez, achasse que eu não tinha a menor pretensão em responder, mas a verdade é que eu estava pasma.

Eu não fazia ideia de qual era minha cara. Meu pobre coração não aguenta mais essas revelações bombásticas, ainda mais vindo de quem?! Hiccup não entende, não faz a menor noção do quanto senti saudade e do quanto eu quis lhe dizer isso, mas eu temia tantas coisas... Tantas.

Por um momento, eu parei de me preocupar e decidi que seria justa. Se ele foi honesto comigo, eu deveria ser com ele também.

- Eu também sinto a sua. – minha voz soou mais baixa do que eu pretendia.

Durante aqueles poucos segundos em que se seguia tal frase, meu coração estava aberto. Foi tão pleno e sincero que, por um momento, eu me senti leve.

A princípio, eu não soube dizer se ele havia ouvido ou não. Não houve reação. Pelo menos, por ora.

Os segundos correram, eu com meu coração aos saltos, ele com a feição dura e centrada ao longe, o que me deixava ansiosa.

Mas quando percebi a curva de seu mínimo sorriso, uma torrente de calor percorreu minha nuca, arrepiando-me. Ele ouviu sim.

Ele me fitou e fez menção de se aproximar. Mas hesitou, parando no meio do caminho. Suas sobrancelhas pesaram sobre os olhos e eu me perguntei o que o incomodava, até Hic resolver, enfim, dizer em voz alta.

- Qual é o problema com nós dois?

Foi repentino, confuso e me fez parar pra pensar. Eu nunca quis que nossa amizade acabasse. Eu nunca quis me afastar dele. Mas com o tempo eu percebi que era demais pra mim. Me sentia culpada por não estar feliz em vê-lo feliz com Astrid.

Astrid.

- Você está namorando agora. – lembrei, logo que o nome dela cruzou minha mente.

Hiccup desviou o olhar de mim.

- E você, me dispensou. – disse com a voz calma e eu crispei os olhos ao pensar nisso.

Era assim que ele se sentia? Dispensado? Quando eu achava que estava o ajudando, deixando as coisas mais fáceis para ele, mesmo que não estivessem sendo tão fáceis pra mim? Mas que merda é essa?!

- Hiccup... – resfoleguei, torcendo para que ele estivesse pronto para uma enxurrada de perguntas.

Ele me fitou, confuso com minha feição estarrecida, mas então, uma mensagem apitou em meu celular – era Punzie, avisando que Pascal já descansava em seu terrário.

Bom, eu precisava ir pra casa – afinal, eu tinha lugares a fazer, coisas a ir (?).

Mas me pergunta se eu queria.

Queria não.

Principalmente porque algumas coisas tinham de ser esclarecidas aqui!

Mas eu não sei por que eu tenho esse hábito chato de temer estar interferindo em algo que sobrepõe as minhas dúvidas.

Suspirei longamente.

- Eu... tenho que ir. – para a surpresa geral, não foi eu quem disse isso.

Foi o Hic.

Percebi que ele mexia em seu celular, aparentemente também lendo uma mensagem.

- Ah, sim, claro, com certeza (?). – falei, que nem uma boboca. – Eu também preciso ir.

Nos levantamos juntos e um constrangimento peculiar irrompeu no ambiente. Ele coçava a nuca, olhando para todos os lados, menos para mim, e eu fitava o chão, chutando de leve as pedrinhas próximas aos meus pés, enquanto colocava um cacho atrás da orelha. Que ótimo. Não fazíamos a mínima ideia de como nos despedir.

Ele me fitou, seus olhos encontrando os meus.

E mais uma vez, nada precisou ser dito.

Hic me segurou pelo pulso e me puxou contra seu corpo, guardando-me num abraço inesperado, mas prontamente, ansiosamente e necessitadamente correspondido por mim.

Eu sequer fui capaz de hesitar em envolvê-lo com os meus braços, apertando-o contra mim com tanta força... que percebi estar ofegante.

Ele afagou meus cabelos e respirou fundo. Ali, eu senti que iria transbordar de tantas sensações boas.

Li em algum lugar, não me lembro onde, que todos nós nascemos com uma asa só e apenas quando estamos abraçados com aquela pessoa conseguimos enfim voar.

Isso fez todo sentido para mim, naquele momento.

Um pigarro e nos afastamos, depois de minutos, talvez horas? Pareceram só alguns segundos. E quando ele, enfim, me solta, é quando tenho a sensação de que meus pés acabam de tocar o chão.

Mal percebemos a senhorinha nos observando – a mesma que pigarreou, suponho – com um sorriso amoroso no rosto. Centrados nos olhos um do outro, foi preciso a senhorinha pigarrear novamente, para enfim chamar nossa atenção.

- Desculpe incomodar, mas aqueles três meninos ruivos são seus filhos? – ela indagou e eu corei pra caralho.

Como assim, eu tenho cara de mãe?! Já fui confundida com tia, prima, mas mãe é a primeira vez.  

Ainda muda pelo espanto, Hiccup, que tinha um imenso sorriso no rosto, resolveu respondê-la.

- O que nossos filhos aprontaram dessa vez?

Colocou as mãos na cintura forçando a postura imponente de um pai e eu arregalei os olhos para ele, que nem me fitava. Observava a feição da mulher com atenção, reprimindo um sorriso.

- Estou preocupada. Da última vez que os vi, estavam indo em direção ao lago, mas agora já sumiram de vista.

Dito isso, fitei meus três irmãos e arquejei, porque... Eles não estavam no playground.

Dei uma olhada em volta, tomada pelo desespero. Os encontrei em alguns segundos, mas isso só me desesperou ainda mais.

Estavam indo em direção ao vendedor de pipoca com queijo.

Do outro lado da rua, além do tráfego de carros em alta velocidade.

Por um momento, senti minha alma saindo do meu corpo e acenando em despedida. Morri por um tempo.

Só que antes que minha alma pudesse voltar ao corpo, Hiccup exprimiu um som característico e não demorou nem três segundos para Banguela aparecer correndo, no mesmo instante, Hic sibilou um comando, apontou na direção dos meninos e o cão imediatamente já estava lá, colocando-se na frente de Hamish, que era o que liderava, impedindo sua saída do parque e latindo em incentivo para que voltassem.

Eu estava realmente admirada com o treinamento do Banguela.

Os meninos se assustaram com o cachorro afoito a sua frente e logo retornaram correndo.

Foi um susto e tanto e eu nunca fui boa em dar sermões, então saiu algo meio...

- É melhor que não contem a vovó o que aconteceu ou então ela me mata.

- Não contaremos. – Harris sorriu e se desculpou pelos três.

- Ela pode decidir não deixar mais que você nos leve pra passear. – apontou Hamish, fazendo uma careta.

- E nós não queremos que isso aconteça. – admitiu Hubert e eu lhe sorri, mas ainda sentia meu coração na goela.

Anunciei que iríamos embora e eles se despediram de Hiccup e Banguela com um tchauzinho alegre – Angus também se despediu de Banguela. Então seguimos caminho até o carro, não sem antes eu dar uma olhadela para trás e perceber Hic, que também seguia seu caminho, olhar para trás assim como eu. Um sorriso trocado foi o que marcou essa flagrável “coincidência”.

***

Chegando no apartamento, Anna e Elsa assistiam a um reality show junto de minha avó, Punzie já havia seguido até o shopping para resolver seus assuntos.

Fui xingada por Anna, por ter pegado o carro dela sem permissão. Fui xingada por minha avó quando ela percebeu os meninos todos sujos de terra – imagine os xingamentos caso ela soubesse o que aconteceu antes de virmos embora. A única que não me xingou foi a Elsa.

Mas xingamentos a parte, nada disso me afetou.

Eu ainda sentia meu corpo quente como se ainda estivesse envolvida nos braços dele.

Eu passei o resto do dia... Pensando... No Hiccup.

Opa, peraí, mas isso é normal, não? (?). Não! Aham. É sério! (???).

Aquele abraço foi... Esclarecedor.

Nas muitas vezes em que parei pra pensar – bizarro, não? –, me ocorreu que o que eu vinha sentindo não passava de uma saudade não correspondida. Mas Hic sentia minha falta também.

Meus Deus, ele sente minha falta. E por que isso me deixa tão feliz?

- Querida, você está se sentindo bem? – indagou a voz preocupada de minha avó. – Está fitando o nada, sentada nessa banqueta desde que chegou. O que houve? – ela se aproximou, acariciando meus cabelos, chegando mais próxima e murmurando num modo cúmplice. – É gases? Prisão de ventre? (?????)

Dei uma risada nervosa.

- Não, vovó.

- Eu sei fazer um remedinho supimpa, você bem sabe.

- Claro que sei. – socorro, que conversa constrangedora. – Mas estou bem quanto a isso.

- Já sei, você está com fome.

- Também não, vovó... – ponderei por um momento. – Na verdade, tô sim. Na verdade, tô sempre.

- É claro que está. Farei uma porção de muffins hoje para você e suas amigas. – nem consegui disfarçar o sorriso animado em meu rosto, que logo sumiu quando lembrei que teria de trabalhar. – Não se preocupe, quando você chegar do trabalho, terá bolinhos deliciosos esperando por você.

Ela me lançou um sorriso compreensivo, avisando que qualquer coisa que eu precisasse, ela estaria ali, antes de puxar meus irmãos para tomarem banho.

E o sentimento ao vê-la seguindo dentro de meu apartamento foi de que eu não precisava de mais nada, só dela junto a mim.

 

POV Hiccup

Eu contei uns doze minutos em que fiquei dentro do carro estacionado na garagem de casa, pensando no que havia acontecido há pouco, num silêncio contínuo apenas interrompido pela respiração acelerada de Banguela no banco de trás.

E mesmo que a mensagem que recebi de Jack parecesse ser um tanto urgente, eu ainda me encontrava no mais agradável estado de tranquilidade.

Os olhos dela não saem da minha cabeça.

Aquela timidez adorável mesclada à animação de sua extroversão casual, era algo tão contraditório e amável ao mesmo tempo e o que caralhos eu tô falando? Só de pensar nela, fico meio confuso, mas isso é o de menos.

Eu ainda sentia o abraço dela.

Era como se tivesse trago ela junto a mim, era como se eu levasse ela pra todo lugar, uma sensação tão boa... Que, por um momento, achei estar ficando doido (?).

Aquela sensação de que algo tão bom aconteceu que você chega a ter dificuldade de acreditar... Como se tivesse sido bom demais pra ser verdade.

Mas foi verdade, Hiccup. E foi bom... Pra caralho. Permita-se ficar feliz com isso.

Anuí para mim mesmo, saindo enfim de dentro do carro e trazendo Banguela comigo. Eu ia em direção a entrada de casa embutida a garagem, ainda meio desacreditado e, suspeito muito que, com um sorriso insistente no rosto.

Antes que eu pudesse tocar a maçaneta, a porta fora escancarada. Foi a partir dali que as sensações mudaram drasticamente.

Dagur me fitava com uma sobrancelha arqueada e a mesma feição debochada de toda vez que me via. Nada disse, apenas passou, indo em direção ao sedã estacionado ao lado do meu carro, quase me levando junto de seu ombro num esbarrão proposital.

O ato de respirar fundo após as atitudes de Dagur tornara-se um hábito. Então, com os punhos cerrados e os olhos fechados, eu contava os motivos para não socar a cara dele ali mesmo, enquanto ouvia o rosnar de Banguela. Não eram muitos motivos os que eu tinha, mas ainda era alguma coisa. Coisas como “ele é da minha família”, “ele é meu primo”, “seu pai é o meu tio favorito”, “ele é um babaca doente que prefere agir feito criança” etc.

Preocupado, Banguela passou a distribuir lambidas sobre meus dedos de um dos punhos cujo os nós já estavam brancos. Foi isso que me trouxe a realidade novamente.

Passando pela porta e chegando à sala, no ar estagnava-se outro tipo de clima pesado...

- Princesa Viking. Há quanto tempo não te vejo tão radiante. – Jack sorriu.

- Não exagera. – respondi, sentindo que alguma coisa estava errada.

 Jack estava tentando disfarçar a apreensão.

Perguntei por Flynn e respondeu que havia saído para resolver assuntos familiares. Desse clima de problema no ar, já podemos descartá-lo. O que será que houve, então?

- Astrid apareceu aí atrás de você. – Kristoff afirmou, mas em seu tom de voz não havia ironia, o que era incomum. – Sr. Haddock conversou com ela.

- Meu pai... O quê?!

Então era isso que estava gerando a apreensão no ar. Kristoff continuou seu caminho até a cozinha, me ignorando. Fitei Jack meio incrédulo, suplicando com o olhar por uma explicação. Banguela puxava indignado a guia ainda presa ao seu pescoço. Um puxão dele foi o que desviou meu olhar do rosto agora já impassível de Jack.

- Você sabe o que eles conversaram? – perguntei como quem não quer nada, enquanto soltava a guia da coleira de Banguela, que correu sedento até seu recipiente com água.

Ele deu de ombros.

- Só o que eu pude ouvir é que estavam falando sobre uma ruiva.

Meu coração falhou uma batida.

- Uma ruiva? – indaguei temeroso, sentando-me ao seu lado.

Jack me fitou, prestes a responder o óbvio.

- Você sabe quem.

- Voldemort? (?????????).

Ele estreitou os olhos, mas não conseguiu evitar uma risada.

- Merida, ô animal.

Cocei a cabeça. – Eu sei. – admiti. – Só quis descontrair o nervosismo que vem se concentrando dentro de mim.

Jack riu, tornando a fitar a TV.

- Piadinhas em momentos tensos. Parece até um filme da Marvel.

- Você ouviu algo mais da conversa? – quis saber e ele me fitou novamente, negando com a cabeça.

- Quem mencionou a Baunilha foi Astrid. Seu pai pareceu confuso por não conhecer. Ao que parece, ela vem desconfiando de algo.

Suspirei longamente. – Ela tá com isso na cabeça desde o início da semana, que a questionei sobre ter feito algo com Merida depois ter esbarrado nela. – fitei a TV, meio pensativo. – Mas eu indaguei de maneira tão involuntária... Merida saiu meio cabisbaixa, então foi mais forte que eu. Astrid sempre foi cismada com ela, imaginei inúmeras coisas.

- Esse seu senso de proteção para com Meri nunca foi inocente, tu sabe. – Jack comentou sem me fitar.

Não importa o que eu fale para tentar negar... Eu sabia que ele estava certo. Então só anuí, concordando. Jack me fitou, não parecia surpreso.

- Vocês brigaram?

- Não, mas foi porque eu estrategicamente transformei a discussão em outra coisa.

- Eu não estou falando de Astrid.

Fitei seu rosto, um tanto confuso. – Eu e Merida? – ele anuiu calmamente. – Já estamos brigados, lembra?

- Você a encontrou no parque. – ele não indagou.

Ele afirmou.

Franzi o cenho, muito surpreso.

- Como você...?

- Elsa me falou.

Crispei os olhos. – Você tramou isso, Jack?

Ele deu uma risada, parecia um tanto admirado.

- Que lisonjeiro, mas não, não tramei nada.

- Então, como?

- Liguei para Elsa depois de uma mensagem que recebi dela, queria saber algo acerca do expediente de Meri hoje na boate... – ele me fitou, de maneira sugestiva. – Expediente este que Merida foi muito bem recomendada a Aster. Hm. Quem será que fez tal recomendação, ein?

O filho da mãe sabia que havia sido eu.

- Não enche. Continua.

- Por curiosidade, quis saber onde Merida estava e Elsa acabou me contando que ela havia acabado de sair com os irmãos para ir ao parque. Você também já havia saído de casa.

Arqueei uma sobrancelha, ainda achando que tinha mais a ser esclarecido.

- Como você sabia que iríamos ao mesmo parque?

Ele me fitou, dessa vez ofendido.

- Desse jeito, você acaba me magoando, princesa viking. – mantive a questão. – Foi fácil, porra. Você só frequenta um parque, o único por perto com espaço o suficiente para o Banguela correr. E Merida estava com os irmãos, muito provavelmente iria para um parque com playground, o que, por acaso, o parque Hinksey tem. Ou seja... – ele deixou por terminar, voltando a fitar a TV.

É. Me esqueci que estava conversando com Jack, não com qualquer um.

- Nós não brigamos. Muito pelo contrário.

Ele pareceu interessado, desviando o olhar da TV no mesmo instante, me encarando ansioso.

- Pegou de novo? – indagou, com um sorriso animado no rosto.

Para o seu desapontamento e o meu também, eu neguei.

- Nós conversamos, como há muito não acontecia. Eu conheci seus irmãos e nos despedimos, da melhor maneira possível. – afinal, foi um abraço cheio de saudade e significado.

Ele assentiu, com um sorriso sincero no rosto. Até que a apreensão logo retornou ao seu semblante.

- E com Astrid, hm... Como vão... As coisas?

Engoli em seco ao lembrar que eu tinha uma namorada.

Está tudo na mais perfeita desordem.

- Está tudo bem.

- Não, não está nada bem. – afirmou Kristoff, voltando da cozinha e sentando-se no sofá ao lado, com um sanduíche sobre um prato em mãos. – Quer conversar? – deu de ombros, eu e Jack arregalamos os olhos.

Kristoff querendo conversar?! Fiquei até meio assustado. Eu e Jack nos entreolhamos, ele que tinha um sorriso no rosto, suponho que feliz por nos ver, enfim, tentando socializar sem piadinhas trocadas e foras habituais.

Kristoff mantinha o olhar indiferente, mastigando seu sanduíche, quando respondi.

- Não precisa, eu... tô legal.

- Geralmente não me ofereço para ouvir desabafos. – ele me fitou de maneira compenetrada. – Aproveite o raro momento em que isso acontece.

Eu sorri minimamente, concordando com ele. Jack agora já dispunha toda a sua atenção à TV. Talvez eu devesse tentar conversar com Kristoff. Mesmo que ele seja um babaca incompreensível, ele vem se esforçando para essa rixa sem motivo entre nós acabar, eu notei.

- Eu... – hesitei por um momento, quase desistindo ao lembrar que admitir certas coisas a Kristoff reforçaria o quanto ele sempre esteve certo e eu não tô afim de aturar ele se vangloriando pra cima de mim. – Talvez eu não esteja excepcionalmente feliz com esse namoro. – ah, falei mesmo, foda-se.

- Então termina. – aconselhou.

- Mas o que eu diria a ela, sem magoá-la? Fora que eu sempre quis isso e agora que consigo, vou terminar?

- Então continua com ela.

- Mas vale a pena continuar infeliz?

- Então vai se foder (?).

Jack deu uma risada estridente, fazendo-me franzir o cenho. Kristoff deu um sorriso mínimo.

- Mas, respondendo à sua pergunta... – ele continuou. – Não, não vale a pena continuar infeliz.

- E vale a pena magoá-la?

- De ambas as formas, você estará a magoando.

Eu engoli em seco.

- Mas eu não estarei sendo um namorado horrível?

- Estará sendo um namorado sensato.

- Mas se ela estiver feliz... Eu estarei sendo egoísta. Seria falta de consideração da minha parte.

Kristoff respirou fundo.

- Tá escrito nas estrelas, tu nasceu pra ser otário, tem jeito não.

Franzi o cenho. – Sua sinceridade é comovente. – falei num tom irônico.

Até que eu ouvi uma afirmação, que não viera dele.

Viera de Jack.

- Sua falta de consideração com Merida não parece te incomodar.

Kristoff e eu encaramos Jack, que ainda assistia despreocupado a TV. Crispei os olhos.

- Me explica isso aí que eu não entendi muito bem...

- Astrid é maneira pra caralho e tudo mais. Mas se tem uma coisa que ela nunca se importou é com alguém além dela mesma. – ele zapeava os canais sem me fitar, como se o que ele estivesse dizendo fosse a coisa mais óbvia existente. – Astrid é esperta, diria até demais. Ela faz por onde quando lhe convém. Sempre achei admirável da parte dela ser sempre sincera com você, embora obviamente nunca visando o seu bem e sim a própria liberdade. Então, não pense que ela está contigo agora porque de repente descobriu que te ama. Ela percebeu que estava te perdendo e aquilo a feriu, bem em seu ego. Afinal, para quem tá acostumada a ter tudo o que quer, isso é um ultraje. Então, de repente, ela muda de ideia, se interessa pela relação de vocês, te pede em namoro e você aceita, mostra interesse, mostra que se importa, te toma pra ela, mas tudo isso, meu amigo, não é por você. – ele finalmente me encarou. – É por ela mesma. – esticou as pernas, apoiando-as sobre a mesa de centro enquanto eu percebia estar boquiaberto feito um imbecil. – Ela não se importou com a possibilidade de você estar feliz com Merida ou não. Ela te viu muito bem com outra e interferiu, sem remorso algum em estar arruinando o que poderia ser sua felicidade em meses de decepção, anos se levar em consideração o tempo passado ao lado dela. Ela não se importou com você. Ela só se importou com ela própria, mas isso não é surpresa para ninguém. – ele me fitou de esguelha por míseros segundos. – Isso sim é egoísmo.

Piscando continuamente, eu desviei o olhar, fitando o rosto de Kristoff, que parecia um tanto surpreso com tudo o que ouvira de Jack, no entanto, anuía lentamente em concordância. Encarei Jack novamente.

- Por que você nunca me disse...?

- Eu esperava que você enxergasse sozinho. Fora que todas as vezes que tentei abrir seus olhos, acabamos brigando. – e desviou o olhar, suspirando e continuando com a voz ainda tranquila. – Agora, temos Merida... – ele me fitou, os olhos azuis gélidos que diziam indiretamente “nem preciso dizer nada, né?” – O tempo tá passando, Hiccup, e você aí. – a voz dele passou de calma pra enérgica em questão de segundos. – Tá esperando o que? Acontecer?! Assim, sem esforço nenhum? Se esforçou tanto por Astrid, mas por Merida não quer mover um dedo?

Franzi o cenho. – Me esforcei tanto por Astrid e o que foi que eu ganhei por anos?!

- Você está todo errado só de comparar Astrid a Merida, pelo amor de Deus. A diferença entre elas, em todos os aspectos, é gritante. – agora era Kristoff quem falava, por incrível que pareça, estava calmo.

- Ela escolheu isso. – murmurei inquieto, apoiando ambos os cotovelos nos joelhos para não ter que fitar o rosto de nenhum dos dois.

- Você está se ouvindo? – Jack indagou indignado. Eu conseguia sentir seu olhar de descontentamento. – Desde quando você é assim? “O orgulho não leva a lugar algum” você sempre me diz isso e olha o que está fazendo, cara! 

- Não é orgulho, Jack, é respeitar o que ela quis! Ela escolheu isso! Ela decidiu, ela... – minha garganta fechou. – Ela abriu mão de nós, me dispensou. Como Astrid já fez e vivia fazendo. E eu não consigo parar de pensar que... O problema sou eu.

- Hiccup... – Kritoff suspirou, me observando por longos segundos até, por fim, deixar o prato com metade do sanduíche sobre a mesa de centro, sair de seu sofá e sentar-se ao meu lado. – Ela não dispensou você.

- Quer que eu repita o que ela me disse naquele dia?!

- Não precisa. Já sei tudo.

Bufei em desagrado.

- Fez questão de me falar meia dúzia de coisas que terminaram de foder com essa merda que eu chamo de coração e, nossa, desde quando eu sou tão emotivo, Deus do céu, o que tá acontecendo?! – apoiei a cabeça nas mãos.

Jack massageou entre os olhos.

- Você está com uma mulher que nem ama mais e está apaixonado por outra que só abriu mão de você por achar estar fazendo algo em prol da sua felicidade. É isso que está acontecendo.

Tão lentamente que chegava a ser cômico, eu levantei a cabeça e fitei o rosto de Jack, que me encrava com os olhos azuis que diziam basicamente “você é tão burro assim que não percebeu isso?”

- O que você disse? – a indagação saiu num sussurro.

Jack anuiu lentamente. – E advinha só, das duas, qual você vem se preocupando mais em não magoar? – a pergunta era retórica e cheia de ironia. Eu pisquei continuamente, desviando o olhar. – Quanta consideração, ein.

- E espera que ela venha atrás de você depois de tudo o que aconteceu, incluindo o seu namoro com Astrid? – Kristoff indagou, ainda com aquela calma incomum.

Eu suspirei, fitei seu rosto, ainda um tanto atordoado.

- Eu nunca esperei que ela viesse atrás de mim, ela deixou as coisas bem claras.

Kristoff me fitou com uma reprovação quase palpável e eu crispei os olhos.

- Hiccup... Está perdendo-a.

- Eu nunca a tive.

- Ah, num fode, Hiccup. – agora foi a vez de Jack ficar indignado de novo, passando a mão nos cabelos. – Ela colocou a sua felicidade na frente da dela! Abriu mão de você, achando que você estaria feliz com Astrid. Consegue imaginar o quanto isso a feriu? Ver vocês dois juntos, agarrados, dia após dia, tem noção? – ele negava com a cabeça e ria sem humor. – Se eu visse Elsa agarrada com aquele Phillip, dia após dia, toda feliz... Acredite, eu estaria péssimo. – murmurou, sem me fitar e respirou fundo.

Percebi estar com os olhos arregalados. Olhei para Kristoff, que me fitava tranquilo e anuía novamente em concordância aos conceitos de Jack.

 

POV Merida

Elsa me deixou a uma quadra da portaria de trás, visto que na fachada da boate já se estendia uma legião de fãs. Ainda tive de correr de uns três que perceberam a possível entrada por trás – eu pensei que fosse morrer, que galera louca, pareciam eu na estreia de Deadpool no cinema, ansiando pelo melhor lugar.

Alguns artistas de renome chegavam em suas limusines e quando enfim a anfitriã chegara eu soube antes mesmo que a mulher adentrasse a boate, pois os fãs lá fora berraram anunciando isso. De repente, fiquei ansiosa e olha que nem sou fã da Rihanna!

Hoje seria o dia em que eu entraria mais cedo, sairia mais tarde e por mais que eu acreditasse que seria um longo dia, me enganei.

Apesar de eu me sentir estressada por estar dobrando a atenção na hora de servir artistas que mal olhavam na minha cara, a noite no bar seguiu-se tranquila – mesmo que movimentado, dava para manter tudo sob controle. Afinal, a cantora sobre o tablado era mais interessante que qualquer bebida. Ela interagia com o público, brincava, provocava e sorria. Parecia estar entre amigos, o que devia ser verdade, de certa forma.

O evento era composto por pessoas de renome. Eu reconheci uma dezena de artistas e gente que eu nunca nem vi, mas sabia que era famoso pela quantidade de fotógrafos em cima.

Sua apresentação não foi a única da noite.

E, de repente, peguei-me pensando em Punzie. Ela ainda não havia aparecido no bar, se é que apareceria. Onde quer que ela estivesse, devia estar tão feliz por estar participando de evento organizado pela mulher a qual idolatrava desde seus quatro anos. Também imaginei que Punzie não passaria despercebida diante de alguns fotógrafos.

E por mais que Rihanna estivesse lá, apresentando os artistas convidados, seus produtos, suas peças que seriam lançadas no ano seguinte, tanta coisa deslumbrante e interessante sem contar a sensação de exclusividade por estar sendo uma das primeiras pessoas a ver o projeto de uma mulher mundialmente conhecida, havia algo nesse mundo que me chamava mais atenção que Hiccup em sua postura rija e imponente, com o olhar centrado e superior, apenas mantendo a ordem que ele estabeleceu na casa, como um bom e exímio profissional?

Não, não havia.

Nem mesmo a Rihanna chamava mais minha atenção que aquele rosto sério, pois a seriedade acentuava o charme do Hic e EU PRECISO PARAR DE OLHAR PARA ELE, PELO AMOR DE ODIN, O CARA TEM NAMORADA!

Dei um tapa na minha própria cara (?). Doeu, tá? Num total impulso, então foi deveras forte. Me arrependi na mesma hora – ou não, porque funcionou. Eu não prestava mais atenção em Hiccup – só as vezes, quando dava umas olhadelas furtivas, mas eu logo dava um tapa na minha cara novamente. Consegue imaginar quantas vezes eu me estapeei naquela noite? As pessoas já começavam a me olhar estranho.

Inclusive, uma moça bem clarinha me olhava com a sobrancelha arqueada, com uma feição que dizia “devo ligar para o hospício ou não?” (??). Mas antes que eu pudesse explicar que eu não era maluca, arquejei em surpresa.

- Elsa, tá fazendo o que aqui?! – ela deu um sorriso.

- Você pode sair agora, eu vou terminar o seu expediente.

Espera aí... Processando, aguarde (?).

Eu vou embora?! Me juntar a minha família, aproveitar a companhia de meus irmãos e minha avó?! NEM QUERIA!

- S-SÉRIO?! – indaguei, para me certificar que não era uma pegadinha. – Mas e sua mãe?

Seu sorriso sumiu.

- Ela não poderá vir hoje. – mas logo me tranquilizou antes que eu pudesse perguntar o que houvera. – Virá na outra semana. Portanto, pode ir ficar com a sua família. – se sobressaltou com o abraço repentino e desajeitado que dei nela, o balcão em nosso meio.

- Olha, não vou mentir, hoje as coisas por aqui estão bem rígidas. – alertei né, vai que ela pensa que é cilada. – Mas dá para manter o controle. – eu ainda queria ir pra casa, poxa.

- Tudo bem, eu dou conta. – deu uma piscadela. – Mas você tem que ir logo, antes que essa fila fique imensa.

- Ok, tô indo. Obrigada, El. – falei, ansiosa para voltar para casa.

***

Ficar com a minha família era mais importante que o evento da Rihanna, ME DESCULPE, RIHANNA!

Ajeitei minhas coisas dentro do quartinho dos funcionários. Eu nem mesmo troquei a blusa do trabalho, só coloquei o sobretudo por cima, louca para chegar em casa. Peguei minha bolsa, despedi-me brevemente de El mais uma vez e saí, dessa vez pela frente mesmo, temi sair pela portaria dos fundos e me deparar com os fãs de hoje mais cedo à minha espera (?).

Porém, ao longe de uns fãs persistentes que mantinham-se na fachada da boate, acabei por me deparar com alguém que, de fato, me surpreendera muito.

Encostado na lateral de seu sedã vermelho escuro, estava Dagur com as mãos nos bolsos, entretido ao observar um grupo de nove moços e moças que cantavam em coral uma das dezenas de singles da Rihanna.

Me aproximei dele, sem que me percebesse.

- Dag, o que faz aqui? – perguntei, porque eu sou sempre muito direta, só que não. Lancei um olhar malicioso a ele. – Veio assistir a Riri, né? Sempre desconfiei que você fosse fã dela e da Lady Gaga...

Dada nossa aproximação ultimamente, eu já estava em posição de fazer esse tipo de brincadeira com ele. Até com Kris eu fazia, mas Kris nunca caía na pilha.

Ele deu uma risadinha.

- Vim me despedir, Meri. Estou indo embora.

Mais uma vez, fui pega de surpresa.

- Vai embora? Mas já? Fica pra janta... (?).

Ele sorriu. – Sim, eu vim com meu tio e preciso voltar com ele. – não consegui evitar ficar meio tristinha com essa notícia.

Dagur vinha sendo muito legal comigo, ainda mais durante esses dias a qual passei maus bocados por causa... do Hiccup.

- Como foi seu expediente? – indagou, trazendo-me a conversa novamente.

- Ah... – dei uma risada curta e nervosa, recostando-me na lateral do carro ao seu lado. – Eu nunca trabalhei num evento tão importante quanto esse, então digamos que estou um tanto quanto estressada. – afirmei o óbvio e Dagur anuiu. – Mas eu consegui tirar de letra. – gesticulei com as mãos, assim como meu irmão, fazendo o hangloose.

Ele deu uma risadinha rouca e cruzou os braços, me observando com um sorriso perigoso no rosto.

- Confesso que sentirei saudade disso.

- Disso o que? – indaguei, meio lerda, meu normal, né gente. 

- Do seu jeito e principalmente de conversar com você. – ele anuiu, ponderando. – Se bem que ainda podemos conversar via Skype, Snapchat, Whatsapp, carta, sinal de fumaça, qualquer coisa, só não me deixe muito tempo sem seus assuntos aleatórios. Corro o risco de entrar em abstinência.

Não consegui reprimir a risada alta. Ele sorriu.

- Também sentirei saudade do seu jeito que dá corda para minhas lerdices. É gostoso ter alguém com quem eu possa ser boba sem ser julgada, sem que sejam minhas amigas.

Ele bagunçou meus cabelos. – Pode contar comigo, gosto do seu jeito bobo. – seu sorriso era sincero e foi sumindo a medida que seu olhar se intensificava em meus olhos. – É fascinante. –  completou num murmuro e aí eu percebi...

Que não era só o sorriso dele que emanava perigo.

A situação toda estava perigosa.

Eu não sabia qual era minha feição, mas já começava a ficar nervosa.

- Tenho certeza de que na sua cidade há alguém para me substituir. – falei, tentando dissipar o clima peculiar que se instalara a nossa volta. – Sinto que serei esquecida. – falei num tom brincalhão.

- Impossível. – Dagur refutou quase que no mesmo instante, numa convicção absurda.

Fitei seus olhos na mesma hora.

Ele desencostou da janela do carro, pondo-se a minha frente, mantendo uma mão sobre a lateral do veículo rente ao meu braço. Desviei o olhar para chão, sem jeito, e em minha mente inúmeras incertezas brotavam no decorrer dos últimos segundos.

Senti quando ele levou um cacho ruivo que caía sobre meu rosto até minha orelha, deslizando os dedos até a ponta do meu queixo em seguida, erguendo-o delicadamente, fazendo-me o fitar.

Que olhar é esse? Diferente de qualquer outro que ele já me lançara desde que começamos a conversar. Não consegui evitar engolir em seco quando, ao invés de se afastar, ele se inclinou para mais perto. Pisquei seguidas vezes, nervosa, sentindo meus olhos se arregalarem aos poucos.

- Me desculpe, Dag, mas eu não entendi muito bem direito (?).

E então, ele deu uma risada contagiante que me fez rir também, realmente levada pelo momento. Ele ainda segurava-me pelo queixo.

- Me desculpe, acho que isso foi repentino demais.

Eu neguei com a cabeça. – Só... me explique o que está havendo e seja claro. Dado o meu histórico, prefiro não confundir as coisas novamente. – e ri desgraçadamente. 

Ele abriu um sorriso de lado, ainda que triste.

- Eu sei. Eu sinto muito. – murmurou, encarando-me com ternura. – Eu vou ser bem claro com você. É o que quer? – sua voz era um sussurro e eu anuí, sem conseguir desviar meus olhos dos seus. – Certo. – ele acariciou a maçã de meu rosto e respirou fundo antes de se afastar, soltando meu rosto. – Primeiro, refutarei suas sentenças. Não há como esquecer você.

Eu crispei os olhos, mas sorri.

- Está falando isso para que eu me sinta melhor.

- Isso também. Mas não estou mentindo. – sorriu com sinceridade. – Eu poderia sim esbarrar em alguém como você, mas duvido que me fascinaria da mesma forma. – não havia mais um sorriso em seu rosto e ele dizia isso me encarando no fundo dos olhos.

- Isso depende da perspectiva, Dag. – minha voz quase não saiu, ele negou com a cabeça.

- Se trata unicamente da essência das pessoas, e a sua... – ele se aproximou novamente, segurando meu queixo com suavidade. – Me encantou. – meu coração falhou uma batida.

Tentei negar, mas seu toque delicado em minha bochecha era um carinho difícil de resistir, tão doce e terno que eu mal sabia como reagir.

- Eu sei que estou ultrapassando uma barreira com você, que eu não pretendia antes. – ele sussurrou, se aproximando um passo. – Mas tenho plena certeza de que estou agindo com o coração. – sua respiração fresca veio com o sussurro próximo aos meus lábios e eu não conseguia dizer nada, minha respiração já pesava enquanto eu me via incapaz de me ater a qualquer coisa que não fosse suas palavras. – Me perdoe pela impulsão e pelo instinto. Mas eu não poderia ir embora sem tentar.

Pisquei seguidas vezes. – Tentar o que? – minha voz quase não saiu e um sorriso marcara seus lábios, antes dele me puxar pela nuca e me beijar com carinho.

Sequer tive tempo de corresponder ou reagir, no segundo seguinte fui lançada para o lado num solavanco moderado.

Não sinto mais os dedos de Dagur em meu rosto e tento inutilmente assimilar a situação repentina.

Então, o vejo no chão da calçada a minha frente, se apoiando sobre um cotovelo, de costas para mim... Um vulto corta a minha visão.

Alguém desenfreado indo à direção do Dagur estirado ao chão que, ao fitar a aproximação do outro, crispou os olhos com uma das mãos tateando o próprio queixo. Um filete de sangue escorria pelo canto de sua boca. Meu coração falhou uma batida. O que que tá acontecendo?!  

Completamente desnorteada, eu observava a cena se desenrolar diante dos meus olhos, agarrada a minha bolsa e com o coração aos saltos.

Parado à frente de um Dagur ainda caído na calçada, ele o encarava de cima, a postura enérgica e inquieta.

- Levanta. – o recém chegado murmurou entredentes. – Levanta! – bradou a plenos pulmões e eu dei um pulo, assustada.

Demorei para reconhecer a voz... Afinal, eu nunca, em hipótese alguma, imaginaria ouvi-lo tão descontrolado. Meu olhar assustado repousou em Dagur. Foi quando notei um sorriso irônico em seu rosto que meu cenho franziu.

Até que ele levantou subitamente... Não, espera aí.

Ele foi levantado.

Hiccup o agarrou pela camisa e o ergueu do chão, o jogando de volta ao lugar que antes eu ocupava na lateral de seu carro. A essa altura do campeonato, eu já estava de pé, nervosa, mais perdida que cego em tiroteio.

Dagur mantinha-se recostado no veículo, mesmo tendo sido jogado ali ele parecia não estar nada surpreso. Aquilo me deixou confusa, assustada, apavorada. Ele limpava o sangue que descia de sua boca, analisando com o cenho franzido, incomodado com o estrago, ignorando completamente Hiccup e as pessoas que se aproximavam.

Irado, Hiccup o segurou pela gola e minhas mãos começaram a tremer de nervoso. Cerrei os punhos, ofegante.

- Quem te contou sobre ela? – Hiccup indagou entredentes, pressionando Dagur na lateral do carro. – Foi a Heather, não foi?

E uma risada zombeteira irrompeu no ar tenso.

- Você sabe que minha irmã nunca foi com a sua cara.

- É recíproco. – a voz de Hic saiu tão baixa, tão colérica, tão assustadora, que por um momento, eu não o reconheci.

- Se eu soubesse que pra torrar sua paciência eu precisava apenas mexer com uma mina que tu gosta, já tinha dado ideia na Astrid há muito tempo. – Dagur falou, sorrindo irônico com os dentes ensanguentados e dando uma cuspida rubra ao chão logo em seguida.

Hiccup o soltou, o fitando com certo escárnio.

- Você já deu ideia nela, seu babaca. Ou será que já esqueceu disso?

O outro deu uma estridente risada debochada.

- Ora, e não é que é verdade? Como pude me esquecer? – indagou a si mesmo, entre uma risada e outra. – Mas, se me lembro bem, aquilo não pareceu te afetar tanto. – um sorriso de lado brilhou em seu rosto, cujo um corte profundo adornava o lábio inferior.

Ele riu e me fitou... de um jeito muito diferente. Um olhar que eu ainda não conhecia.  

Engoli em seco.

- Parece que com ela é diferente. – ele sorriu como se tivesse ganhado o melhor dos prêmios. – Como eu suspeitava.

Franzi o cenho, pronta pra perguntar o que caralhos ele queria dizer com aquilo, mas Hiccup avançou pra cima dele que nem um bicho, o agarrando pela camisa e o acertando um soco no rosto, Dagur revidou com uma cotovelada no instante seguinte fazendo Hic cambalear para trás.

Minha respiração começou a pesar e eu senti que nem mesmo cerrando os punhos eu conseguia evitar o tremor em minhas mãos.

Quando percebi que Dag preparava aquele soco que seria certeiro, não consegui evitar o grito... E quando desferido, meu coração por um momento se encheu de alívio ao perceber a esquiva de Hic.

Mas esse alívio durara poucos segundos, pois lá já estava o punho de Hiccup plantado na cara do ruivo novamente, dessa vez, no nariz.

Eles vão se matar.

Minha nossa, eles vão se matar.

Eu não sabia o que fazer, ninguém reagia, ninguém interferia e eu me via completamente impotente, assustada e sem reação. Com as mãos retraídas à frente da boca, eu olhava em volta. Eu queria gritar para alguém separar, mas não conseguia formular nenhuma frase.

E tinha gente filmando, onde já se viu? Vou baixar a Anna aqui e dar na cara dessas pessoas, aguardem (?).

O impacto do último soco de Hiccup fora tão forte que eu percebi Dagur tontear. Hic parecia ter colocado toda a sua fúria nesse golpe que não demorou muito para ser revidado com uma joelhada no estômago, dada a aproximação de seu primo.

A partir daí, eu já não via nada a minha volta. Pessoas gritavam coisas desconexas, flashs tilintavam no ambiente, berros de pavor, gritos de incentivo que se mesclavam num som abafado e contínuo em meus tímpanos. Um alarme estridente em minha mente exigindo que eu fizesse alguma coisa antes que o pior acontecesse. Dagur já estava tonto. Não demoraria muito para ele desacordar.

Eu nunca vi o Hiccup desse jeito.

Senti-me ser lançada a frente, minhas próprias pernas me levando na direção da confusão. Puxei um longuíssimo fôlego...

- Para! PARA! HICCUP, PARA! – tentei segurá-lo, mas ele jogou minha mão pra longe em um movimento brusco com o ombro.

Então apelei para um gesto inesperado: Puxei seu cabelo (???).

Dica da Merida: Mulheres, por ser bastante utilizado em suas brigas o famigerado puxão de cabelo e pelas diárias puxadas contínuas na hora de pentear, acabam por adquirir certa resistência em seu couro-cabeludo. Homens, no entanto, em seus confrontos apelam pra socos e derivados, o que resulta então em couros-cabeludos sensíveis e sem resistência alguma.

Via: Enciclopédia da Anna.

Como já esperado, Hiccup soltou um grunhido de dor e largou Dagur, que se segurou em seu carro.

Hiccup me lançou um olhar tão frio e irritado que, por um momento, me borrei (??). Mas ao fitar meu rosto assustado, seu olhar abrandou-se... Até ele ouvir uma risada.

- Que meigo. – zombou Dagur, ao perceber nossa troca de olhares. – O que será que a namoradinha Astrid vai pensar quando souber que você estava aqui, brigando por causa de outra? – então, franzi o cenho pois não reconheci aquele Dagur.

Mas o que mais me preocupou no momento foi Hiccup, que já fazia menção de voar em cima dele novamente.

Então fui rápida, agarrando um de seus ombros tensionados e puxando para trás com toda força que consegui. Hiccup cambaleou incrédulo e eu me pus a sua frente.

Mas não para proteger o Dagur.

Antes que ele pudesse me lançar o iminente olhar irritado, enlacei meus braços em volta de seu corpo, o apertando num abraço imediato, trêmula e muito nervosa. Se ele fosse tornar a se engalfinhar com o outro, teria de fazer isso comigo agarrada a ele, correndo o risco de me machucar.

O corpo dele estagnou-se na mesma hora. Ofegante, eu respirava seu cheiro, com os olhos fechados e as unhas cravadas em suas roupas.

- Por favor... – pedi, quase sem voz. – Por favor, para.

Ao sentir que ele continuava inerte, lentamente me afastei para fitar seu rosto.

Foi quando percebi, com sua imagem turva, que meus olhos estavam marejados.

Suas mãos se ergueram e seus dedos quentes seguraram meu rosto, me analisando... arrependido. Ele encarava meus olhos, o arroxeado já visível na maçã de seu rosto, um olhar que pareceu durar vários minutos, como se ele estivesse me vendo pela primeira vez.

Pisquei, sentindo a lágrima morna descer meu rosto e molhar seus dedos em minha bochecha.

- Você é mais esperta que isso. – ele murmurou, ofegante. – Por favor, não caia na conversa dele. – logo ouviu-se um protesto ao nosso lado.

- Vai se foder, Hiccup!

Tentei fitar Dagur, mas Hiccup segurou meu rosto mais firme, sem desviar os olhos dos meus.

- Ele não gosta de você. – continuou.

- Você é tão baixo. – Dagur cuspiu no chão antes de completar, aproximando-se de nós. – Apelando para o emocional da garota dessa forma.

- Você não vale as merdas que diz! – Hiccup grunhiu entredentes, o encarando de soslaio e sem tirar as mãos de mim.

- Pare de falar como se soubesse de alguma coisa! – Dagur parecia imensamente irritado. – Merida, não dê ouvidos. – tentou desconversar, tomando um lugar em que eu pudesse vê-lo. – Ele está irado pelo ciúme e eu nunca menti para você.

Brutalmente, Hiccup me empurrou para trás e tomou a minha frente.

- Se dirigir a palavra a ela de novo, eu juro pelos deuses que acabo contigo. – falou baixo e firme.

- Quem é você para decidir com quem ela deve ou não conversar?! Não fode, porra!

- Parem com isso! Pelo amor de Deus! – meu emocional estava em frangalhos.

- Ele só quer me atingir de alguma forma. – Hic segurou meu rosto novamente, tentando soar calmo e controlado, ignorando aquele que gritava próximo a nós. – E não está tendo nenhuma consideração com você quanto a isso.

Meu coração apertou com essa conclusão.

- Assim como você também não teve? – minha voz saiu entrecortada e Hiccup prendeu a respiração, franzindo o cenho.

Tirou as mãos de meu rosto e eu senti frio.

Engoliu em seco e se virou para o ruivo, agora calado ao nosso lado.

- Deixe-a fora dos seus joguinhos. O assunto é entre eu e você. O que acabei de fazer aqui não é nada comparado ao que ainda pretendo. – Hiccup expôs num tom tão ameaçador, que até eu senti medo dele.

Mas então, foi minha vez de ficar irritada.

- É assim, então?! – minha voz elevou-se de tal maneira, que os dois, que antes se olhavam raivosos, me encararam incrédulos. – Vocês se socam feito dois primitivos, do nada, trocam frasesinhas cúmplices durante todo o processo, se despedem e vão cada um para um lado, enquanto a trouxa fica aqui, sem entender porra nenhuma?! – os dois me olharam com os olhos arregalados, mais pálidos que uma folha de papel. – Eu quero explicações. Agora!

Eles se entreolharam, meio assustados, até que Dagur, cheio de hematomas no rosto, apontou para Hiccup.

- Foi ele que começou, você viu (?).

Virei-me para Hiccup com o cenho franzido, indignada.

- O que foi isso, Hiccup? O que deu em você?!

- Eu não sei. Eu não sei! – ele passou as mãos nos cabelos, irritado e constrangido ao mesmo tempo, pude perceber os nós de seus dedos vermelhos, já puxando para o roxo. – Ele ia... Ele estava... – gesticulou com as mãos e grunhiu irritadiço.

- Não interessa o que ele ia e não interessa o que ele estava. – respondi mais seca que o sertão brasileiro (?). – Você não pode sair socando as pessoas sem razão aparente!

- Eu tive meus motivos, Merida. Ele passou dos limites! – apontou enérgico, aproximando-se de mim.

- E quais seriam esses limites que você impôs? Se aproximar de mim é passar dos limites? Tocar em mim é passar dos limites? Me beijar é passar dos limites? – eu ri sem humor. – Engraçado. Você não é nada meu. E até que se prove o contrário, eu ainda sou solteira.

Ele franziu o cenho e negou com a cabeça, passando as mãos nos cabelos e me encarando mordaz.

- Me dói ver você longe de mim. Me dói ver você com outro cara... – ele pausou e eu controlei o nó na minha garganta. – Na verdade, me enfurece. – murmurou baixo, em confissão.

Eu respirei fundo.

- Isso não justifica você se sentir no direito de afastar qualquer homem que tente se aproximar de mim. Esse é um cuidado que você deve ter com a sua namorada.

Hiccup crispou os olhos, me olhando por longos segundos. Parecia perturbado pelo próprio descontrole e, principalmente, pelas minhas palavras. Mas o cenho franzido ainda estava ali, mantendo a sua irrefutável teimosia.

- Nesse caso, me perdoe por tentar te proteger. – falou num tom de voz tão baixinho que seu eu não tivesse tão centrada em seus lábios não teria ouvido.

Ele se afastou a passos pesados e dessa vez o frio tomou conta de mim, como se Hiccup tivesse levado com ele todo o calor.

Soltei a respiração, só agora percebendo estar prendendo o fôlego todo esse tempo. Passei os dedos trêmulos sob a testa, eu estava suando frio, sentindo o meu coração esmagado e minha garganta quase fechar num nó doloroso.

Não demorou para que Dagur se aproximasse, tentando me dirigir a palavra, achando que esqueci toda aquela conversa suspeita dele com o outro. As reações zombeteiras, os sorrisos debochados, as risadas irônicas ainda estavam bem frescas em minha mente.

Neguei com a cabeça, rindo sem o mínimo humor. Deve ser muito fácil me fazer de otária.

O fitei, com os olhos frios.

- Já dizia Friedrich Nietzsche, não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia. – ele me lançou uma encarada confusa, esperando por uma explicação, quando enfim notou minha irritação e fez menção de tentar se explicar, o interrompi. – Fica longe de mim. – falei absurdamente séria.

Seus olhos se arregalaram, mas eu não fiquei para ver sua reação. Vire-me e tornei a fazer meu caminho.

Que caminho? Eu já nem lembrava mais o que eu estava fazendo antes de tudo acontecer.

Minha paciência que eu achava ser infinita havia se torrado por inteiro nesse pequeno confronto.

Eu não acredito em tudo o que eu ouvi aqui e olha que eu não entendi nada (?), mas só pelo fato de estar confusa, isso já me irritava.

Percebi estar respirando pesadamente, bufando exasperada a cada passo pra longe da boate, pra longe de Dagur, pra longe disso tudo!

Frustrada e irritada por sentir ter sido enganada, sentindo uma vontade incomum de socar alguém, quem quer fosse. Hiccup? Dagur? Servia, eu só precisava soltar minha Anna interior e sair chutando umas genitálias por aí.

Mas o que é isso?! Eu nunca fui violenta! Que raiva desses dois, olha o que me tornei!

Eu sentia minha cabeça fervendo, por um momento achei que o apelido “Cabelos em Chamas” poderia ter se tornado literal.

As pessoas já passavam por mim e se afastavam ao máximo, provavelmente notando minha cara de poucos amigos. Melhor assim. E QUE NINGUÉM ESBARRE EM MIM, por favor, tá? Não quero correr o risco de matar alguém (?).

Eu precisava de uma válvula de escape, urgentemente.

Algo tão poderoso capaz de esvair toda essa ira para longe do meu coração.

E minhas preces foram atendidas, pelo visto. A raiva sumiu e no lugar desse sentimento pesado se instalou a sensação culposa de comoção e preocupação por perceber alguém que eu me importo tão debilitado.

Vê-lo do outro lado da rua, duas quadras depois da boate, com ambos os braços encostados em seu carro enquanto seus olhos fitavam o chão com a expressão vazia... fez meu coração doer mais do que já estava.

O observei por longos segundos. Ele parecia tonto. Cansado. Confuso.

Suspirei, deixando que minhas pernas me guiassem até ele – era onde elas queriam ir, não eu, tá? (?).

Um sentimento de culpa tomava meu coração e eu percebi estar sentindo isso bastante durante essas últimas semanas. Eu não queria que ele fosse para casa nessa situação. Eu me negava a permitir.

- Ei... – ele me fitou e seus olhos rapidamente crisparam de maneira hostil.

Franzi o cenho, porém, por conta da preocupação ao notar o hematoma em seu rosto ainda mais feio.

- Vem. Deixe-me dar uma olhada nisso. – meio que relutante, ele se virou para o meu melhor acesso.

Havia um hematoma que não parava de crescer, um edema já era visível e eu comecei a me preocupar com a possibilidade de uma fratura no zigomático. Mordi o lábio inferior, nervosa com seu estado.

- Vou ver o que posso fazer. Talvez eu possa dar um jeito nisso. – falei, depois de dar uma averiguada. – Não quer ir ao hospital?

- Não precisa se preocupar. Vá verificar o Dagur. – sua voz ainda era carregada de petulância e eu o ignorei completamente.

- Você pode ter a visão parcialmente comprometida por um tempo por causa do trauma, então não posso permitir que dirija assim.

- Eu tô ótimo, Merida. Melhor impossível. – respondeu e por mais claro que tenha sido sua hostilidade, eu não consegui me irritar com isso.

- Aham, ok. Me dê suas chaves.

- Não.

- Dá logo.

Ele bufou e colocou as chaves na minha mão estendida. Tive de forçá-lo a entrar no próprio carro e, ainda sim, ele o fez sob muitos resmungos, enquanto eu ainda não conseguia me irritar com aquilo.

Só ficava admirando com um sorriso bobo no rosto sua feição de moleque rebelde e birrento, era adorável. Mas eu tomava o cuidado de não o deixar perceber, senão seria motivo para mais discussão.

*


Notas Finais


Curiosidades:
- Os irmãos da Meri têm em torno de 8/9/10 anos, tá? -qq Eu ainda não decidi especificamente, mas é em torno disso, fica a critério de vocês.

Entenderam prq fiquei com um pé atrás com esse capítulo? Pois é. Preciso da opinião de vocês mais que sincera sobre aquela cena, okay? Agradeço.

Mas gente, vocês não tem NOÇÃO de como eu amo esse Hiccup emburradinho. AMO, DÁ VONTADE DE MORDER! ❤ ❤ Fiquem tranquilas quanto a essa última cena, ele não tá com raiva da Meri, ele só tá constrangido prq, VIADO, ELE DEU UMA SURRA NO CARA LÁ, ELE PERDEU O CONTROLE NA FRENTE DA CRUSHA (????).
Mas continuando, uma coisa que Meri estava errada é: As coisas em comum entre Hubert e Hic não é só o ciúme. A verdade é que ambos são ciumentos, ambos amam a Merida e ambos querem protege-la – no caso do Hic, do Dagur. No caso do Hubert, de caras que podem vir a lhe fazer mal – Dagur se aplica nessa categoria tb? Não sei, só o tempo dirá.

Sim, gente. Isso é uma ‘despedida’ ~CHORANDO~ Pode ser que o próximo capítulo só saia ano que vem, então...
Eu desejo a vocês, manas, minhas queridas leitoras, por quem tenho tanto apreço – e, não, eu não estou sendo sarcástica, estou sendo sincera pra caralho –, um feliz Natal e um próspero Ano Novo ~voz das propagandas de TV~. Esse ano foi um ano e tanto para nós, autora e leitoras, e sinto que as tenho aqui comigo e as levo para todo lugar, prq vcs estão no meu coração, manas ❤ ai, tô fofa hoje, com licença (???). Mas é sério. Passamos por momentos ótimos e momentos ruins, no entanto, SEMPRE JUNTAS! Vocês me ajudaram – não só em uma situação, mas em várias. Conheci mais de vocês, aprendi MAIS com vocês... Eu nunca pensei que a escrita fosse me trazer tanta gente do bem, tanta coisa boa pra minha vida... Então, eu só tenho a agradecer. Por vocês, por esse dom – que vocês me fizeram enxergar que é um talento, mesmo eu ainda achando que não tenho talento algum HUEHEUH –, e por esse ano... Que, talvez só por causa disso, valeu a pena. ❤

Vamos torcer para que, na fé de Odin, eu consiga terminar o POV do Hic antes do fim do ano, e assim nos veremos novamente ainda em 2016 ^^ MAS TUDO DEPENDE DA MINHA INSPIRAÇÃO, ENTÃO, torçam por ela! HEUHEUEH’ ❤
Vou dedicar os próximos dias a responder os comentários, vai que a inspiração marota brota assim do nada, né non? HEUHEUHE

Então, nos vemos em breve... TOMARA! ❤

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ATENÇÃO, ATENÇÃO!
Eu tenho uma pergunta IMPORTANTÍSSIMA PRA VOCÊS.
O que vocês acham... De um hot? É prq, tipo assim sabe, devido as circunstâncias e tals -qq. Eu estava escrevendo aqui um hot, mas queria saber se vocês veriam problema, prq provavelmente, eu terei de aumentar a classificação pra +18. JÁ VOU AVISANDO que não é aquele HENTAI FODEROSO, e nem aquela coisa feia de ~aviso sobre palavras de baixíssimo calão a seguir~ METI NELA, CU, BUCETA, PIROCA, GOZEI PRA CARALHO! Não gente, pelo amor de Deus. E nem será de fato um bglh tipo pá, vai ser mais um bglh tipo “hm né”, mas mesmo assim, é mais pesado que todas as cenas que já escrevi até agr em RT – RT nem tem muitas cenas pesadas, na verdade, pra muitas pessoas, NEM TEM, isso vai de cada um, né? Mas então, pega todas as cenas tipo pá que cê já leu aqui, pegou? Não é nada comparado ao que eu to escrevendo. Vai ter umas palavras assim tipo “EITAAAAAAAA” mas tb não ver ser tipo “Nossa, que baixaria” KKKKKKKKKKK DESCULPA, EU TO NERVOSA! Eu to escrevendo isso, vocês conseguem imaginar como eu to aqui? É MEU PRIMEIRO HOT, SOCORRRRRRRRR, a cada frase, eu fico “NÃO ACREDITO QUE ESCREVI ISSO” KKKKKKKKKKK to rindo mt
Mas continuando, tb queria perguntar uma coisa pra vocês, vocês devem saber mais que eu: A fic deve ser classificada como +18 apenas se houver cenas de sexo ou se tiver qualquer cena que envolva quaisquer tipo de conotação sexual? Sem ser o ato em si, de... Penetração? AI SOCORRO KKKKKKKKKKKKKKKKKK gente, to passando mal de tanta vergonha, tiau, até
❤❤❤❤❤❤❤❤❤

[REVISADO: 07/02/2020]


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