História Ro. Mân. Ti. Co. A. Nô. Ni. Mo. - Capítulo único - A de Alegria

Sehun sorriu ao ver o envelope vermelho em cima de sua cama. Finalmente aquela hora do dia que tanto gostava havia chegado: o momento em que recebia os bilhetes de seu admirador secreto.

Fechou a porta do quarto devagar para que não fosse ouvido e se sentou na cama, tomando o envelope entre as mãos. O envelope que vinha sempre assinado por um tal “Romântico Anônimo”.

Como em todas as vezes correu para ler os versos adoráveis que ele sempre escrevia, fazendo-o questionar ainda mais quem poderia ser aquela pessoa. Sabia que era um de seus hyungs, mas não conseguia jamais imaginar alguém que poderia ser tão doce assim com palavras. Os únicos que seriam capazes de escrever algo assim eram Chanyeol e Suho, porém ambos estavam comprometidos com Baekhyun e Lay respectivamente. Portanto, passava os dias tentando adivinhar quem era.

No entanto, naquela tarde em especial, não havia versos amorosos no bilhete. Era apenas uma mensagem, que fez seu coração saltar e seu corpo vibrar em expectativa.

“Eu não aguento mais guardar segredos de você, Sehunnie... Decidi revelar a você quem sou, mas para isso preciso que você me encontre na sala de ensaios às 23h. Estarei te esperando. Com carinho, Romântico Anônimo”.

Sehun sorriu ainda mais ao ler aquilo, finalmente descobriria quem era a pessoa por quem se apaixonou. Por vezes se sentia um bobo por se apaixonar assim somente por palavras, mas conhecia todos os seus hyungs muito bem e mesmo que se sentisse estranho num primeiro momento ao saber quem era, logo se entregaria completamente por ter conhecido primeiro o lado romântico daquela pessoa.

- Sehunnie? – ouviu a voz de seu hyung e ergueu a cabeça, notando que Luhan estava li. Estava tão distraído com o bilhete que sequer notou que ele havia entrado no quarto – O que é isso?

- Não é nada! – exclamou ao enfiar o bilhete de qualquer jeito no bolso, já que não havia contado para ninguém a respeito. Sentiu o rosto queimar em rubor, mas não cederia a expressão curiosa do amigo.

- Está guardando segredos de mim? – Luhan perguntou, erguendo uma das sobrancelhas. Passou a mão pelos fios loiros de cabelo e cruzou os braços, demonstrando uma falsa irritação.

- Jamais – ouviu a mentira descarada do mais novo e deu de ombros, logo se aproximando para segurar a mão dele. Puxou-o e fez com que se levantasse, erguendo a cabeça para fitar o rosto dele.

- Então pare de preguiça e vamos ajudar a limpar esse quarto imundo – falou e apontou para os objetos que havia colocado ao lado da porta quando entrou. Um balde, duas vassouras e alguns panos de chão – Vou até colocar uma música pra animar.

- NÃO, LU. POR FAVOR, NÃO – Sehun gritou, já ciente do tipo de música que ele colocaria Aqueles sertanejos com letras sem sentido que tanto odiava, mas que o mais velho adorava ouvir.

Em poucos minutos se viu envolto naquelas músicas como “garçom, troca o DVD que essa moda me faz sofrer” ou “a lua até beijou o mar pra não ficar de vela. Os quatro perdidos de amor: eu, você, o mar e ela”. Não gostava daquele tipo de música, mas acabava sorrindo ao ver toda a empolgação de Luhan ao cantá-las.

- CANTA COMIGO, SEHUNNIE – o mais velho gritou, fazendo com que risse – EU SOSSEGUEEEI. ONTEM FOI A DESPEDIDA NA BALADA DESSA VIDA DE SOLTEIRO.

Não tinha como não ser contagiado pela animação dele, mas logo Sehun percebeu que também estava daquela forma por causa do que aconteceria a noite: ver quem era o seu admirador secreto.

~*~

Sehun se olhou no espelho da sala de ensaios, batendo os pés contra o chão de maneira em nervosismo.

Pensava se aquela roupa que escolheu, a camisa branca e a gravata preta, eram exageradas demais para aquele momento. Mas aquele era um primeiro encontro, não era? Deveria se apresentar muito bem. Olhou a hora no celular, 22h59min. Mais um minuto e ele finalmente estaria ali, o seu Romântico Anônimo.

Então, quando seu relógio completou exatas 23h, ouviu o som da porta se abrindo. Olhou na direção dela, enfiando as mãos nos bolsos da calça e batendo os pés com ainda mais rapidez. Aguardou ansiosamente e quase gritou quando ele entrou ali.

Era Luhan.

O lindo chinês dos cabelos descoloridos com quem passou a tarde na companhia fazendo limpeza.

- Não acredito que é você, Lu – disse Sehun num sussurro, enquanto ele se aproximava para parar imediatamente a sua frente.

- Você é burro como uma porta, Sehunnie – o chinês disse com um sorriso divertido nos lábios – Quem mais assinaria como “Romântico Anônimo”?

- Não entendi – Sehun disse num murmúrio, com as sobrancelhas franzidas.

Luhan revirou os olhos antes de se aproximar e segurar a mão direita do maior. Olhou no fundo nos olhos dele e com um ligeiro sorriso nos olhos começou a cantar com sua voz sempre melodiosa.

- Ro. Mân. Ti. Co. A. Nô. Ni. Mo – então, como um choque, Sehun percebeu o que aquilo significava. Uma declaração através de uma daquelas músicas sertanejas que detestava, mas que sequer havia sido esperto o suficiente para notar. Embora tenha adorado quando enfim compreendeu.

- Não acredito nisso – murmurou mais uma vez, antes de jogar a cabeça pra trás e rir sem se conter – Não acredito que você usou essa música.

- E o que você faria de melhor, Sehunnie? – riu ainda mais da expressão irritadinha do chinês, mas logo sacou o celular do bolso junto com os fones de ouvido. Os colocou delicadamente no rapaz e colocou um de seus funks favoritos para tocar, aguardando a reação dele.

“A de alegria, e o B é de bom dia. E o C...?

CHUPA MINHA PICA”.

Luhan corou imediatamente ao ouvir aquilo, mas não conteve o riso. Sabia que era somente ele que o faria rir de algo assim, já que sempre foi do tipo que gostava do mais puro romance. Estava prestes a xingá-lo, quando sentiu sua cintura ser enlaçada e os lábios dele contra os seus.

Beijou-o com calma por alguns instantes ao som do tal “chupa minha pica”, até que simples beijos não eram mais o suficiente. Quando percebeu já estava sendo prensado contra a parede de espelhos e as mãos bobas passeavam por seu corpo, enquanto fazia o mesmo com ele.

Suas línguas buscavam uma pela outra, enquanto riam por entre os beijos, ambos sentindo-se como completados adolescentes cheios de hormônios ao fazê-los. Mas jamais seriam adultos o suficiente para parar.

- Lu – Sehun murmurou contra os lábios do menor, separando-os dos seus por breves instantes para poder fitar os lindos olhos dele – Adorei a declaração, obrigado.

Sorriu ao ver que ele também sorria, e sabia que não haveria pessoa melhor que ele. Sempre se divertiam juntos, gostavam de passar um bom tempo na companhia um do outro, e então gastariam aquele tempo com atividades ainda mais divertidas. Até mesmo ouvindo os sertanejos infindáveis dele.

E, daquele dia em diante, aprendeu a apreciar aquelas músicas tanto quanto seu precioso Lu.