1. Spirit Fanfics >
  2. Road To Freedom >
  3. Skies

História Road To Freedom - Skies


Escrita por: lavignizer

Notas do Autor


Mais um? ;)

Capítulo 4 - Skies


Fanfic / Fanfiction Road To Freedom - Skies

-... Aí ela colocou aquele negócio nas minhas mãos e não parou mais de falar!

Camila gargalhava sem controle durante toda a história que Lauren contava de quando suas amigas a desafiaram a entrar em um sexshop e fazer algumas perguntas. Ria tanto que seus olhos permaneciam lagrimejados e seu rosto rubro.

- Alguém... alguém deveria... ter filmado! – Disse ofegante entre risadas.

A hispânica rolou os olhos entediada ao mira-los na latina rindo ao volante.

- Não é pra tanto, está exagerando – murmurou, virando o rosto para a janela e mirando o sol alaranjado começar a se pôr no horizonte. Já faziam algumas boas horas em que elas estavam na estrada, conversando sobre as loucuras que Lauren já fizera junto de suas amigas. – Todo mundo já fez isso um dia.

Camila parou de rir e sorriu sem graça.

- Eu não.

Lauren então se dera conta de que a todo momento ela fora a única a contar histórias, enquanto Camila apenas ouvia e fazia algum comentário risonho.

- Então deve ser por isso que você parece uma criança no corpo de uma adulta – comentou divertida, ocasionando um “hey” ofendido da parte da latina. – Não soube aproveitar sua adolescência não?

- Não tive tempo pra isso – deu de ombros.

- Por quê? – Lauren não pôde deixar de perguntar, curiosa.

- Precisei crescer antes do tempo pra cuidar de tudo – explicou, sentindo o olhar curioso das orbes esverdeadas direto em si e um arrepio lhe cortou a espinha, fazendo-a engolir em seco. – Não tenho nada de interessante pra contar, então continue me falando sobre como era sua vida! – Sorriu, genuinamente animada.

- Assim não tem graça, só eu falo... – Lauren forçou um pequeno bico emburrado em seus lábios.

- Eu gosto de te ouvir – Camila confessou, sorrindo torto.

A hispânica se remexeu sem jeito, mas continuou contando sobre as enrascadas em que Veronica, Lucy e Erica lhe metiam.

- Sua família parece maravilhosa – a latina murmurou em certo momento, ocasionando um sorriso tristonho nos lábios de Lauren.

- Eles são sim – concordou.

- O que eles acham que você está fazendo agora? – Camila desviou o olhar para a mulher ao lado durante breves segundos.

- Uma excursão acadêmica da faculdade – soltou um riso fraco ao contar, encarando a latina em seguida. – E você? Suponho que não saibam onde está...

- Bom, eu mandei minha irmã para um acampamento do colégio e duvido muito que minha mãe note nossa ausência – a latina contou, dando de ombros.

- Sofia se daria bem com Chris – Lauren comentou, visualizando mentalmente seu irmão mais novo perdido em conversas sobre qualquer bobagem da moda com a irmãzinha de Camila.

- Aposto que sim!

Algum tempo se passou em um silêncio confortável e Lauren pôde notar como as pálpebras da latina pesavam, assim como os bocejos escapavam vez ou outra e ela alongava seu pescoço de um lado para o outro.

- Camila, troca de lugar comigo – sugeriu, já desatando o cinto de seu corpo.

- Por que eu te deixaria dirigir meu bebê? – Camila a questionou.

- Porque você está caindo de sono e eu não planejei morrer assim – pontuou, categórica.

- Tem razão – a latina suspirou pesado, sabendo que não seria prudente dirigir daquela forma. – E se você me sequestrar ou me largar na estrada e fugir?

Lauren soltou uma risada diante de sua fala e negou com a cabeça antes de fita-la, atingindo-a com suas orbes verdes intensas destacadas sobre o breu da noite que acabara de cair.

- Bom, você vai ter que confiar... assim como estou confiando em você.

Um pequeno sorriso beirou a expressão da latina e ela respirou fundo, diminuindo a velocidade do carro aos poucos até parar no acostamento.

- Tudo bem, mas irei cochilar apenas por duas horinhas – foi dizendo enquanto desatava o cinto e saia do carro, trocando de lugar com a hispânica. – Falta pouco pra chegar até o próximo hotel.

- Como sabe disso? – Lauren franziu o cenho, ajeitando o banco da forma como achava melhor para dirigir.

- Passou naquela placa ali atrás, duh – a latina gesticulou sobre a própria testa em forma de deboche, recebendo um resmungo da hispânica. – Não nos mate, ok?

- Se não morremos até agora... – a hispânica murmurou risonha.

Camila se aconchegou como pôde no banco do passageiro e deixou que suas pálpebras se fechassem, respirando baixinho e se entregando ao sono que lhe atingia.

Lauren pregou seus olhos algumas vezes na mulher adormecida ao seu lado, notando cada traço latino em seu rosto... desde a pele morena aos cílios longos... o nariz delicado... seu queixo firme decorado com uma pequena covinha quase imperceptível... os lábios cheios, avermelhados e muito bem desenhados... subindo novamente era possível notar uma pintinha em sua testa, por pouco não sumindo entre os fios castanhos brilhosos.

Camila era linda.

Tão linda que ela sequer se deixou pensar a respeito, bloqueando qualquer tipo de pensamento, pois sabia até onde aquilo a levaria e sabia que era errado.

Suspirou profundamente e focou seus olhos apenas na estrada, se distraindo com a música baixa que ainda ressoava pelo carro e as placas que passavam com rapidez.

Em um mundo há quilômetros dali, Camila sentia o ar de seus pulmões serem sugados e o chão ruir sob seus pés, fazendo com que a terra lhe engolisse. Era sempre a mesma sensação. A mesma dor. Vivida dia após dia, como se para lhe lembrar de que a sua vida era a mesma porcaria de sempre. O peso do mundo em suas costas era tanto que ela se sentia sufocar dentro de si mesma... era algo que ela sempre pensara não ter cura.

Mas estava enganada.

- CAMILA!

Saltou ofegante sobre o banco, seus olhos arregalados e o coração subindo pela garganta.

- Você está bem?!

Lauren lhe encarava com preocupação evidente, demonstrando que outra vez ela havia chorado durante um de seus pesadelos sobre o passado.

- Es-estou – engoliu duramente, se ajeitando e passando a controlar melhor a respiração.

- Tem certeza? – Lauren insistiu, vendo-a assentir debilmente.

- Foi só um pesadelo. – Declarou, soltando o ar de uma vez.

- Tinham vampiros correndo atrás do seu pescoço? – A hispânica indagou em tom de brincadeira, tentando tira-la daquele outro mundo horrível.

- Se fossem vampiros eu estaria feliz – a latina concluiu, se deixando rir fraco junto da mulher. – Sabe como é, eles são tão sexy!

- É mesmo? – Lauren arqueou sua sobrancelha com um sorriso de lado, quase diabólico. – Gosta de uma mordida no pescoço, então? Daquelas lentas e longas... que te sugam a alma?

Camila sentiu seu rosto por inteiro queimar e seus olhos saltaram nas órbitas.

- Ér... ahm... – gaguejou, mordendo o lábio em nervosismo. – Bom...

Seus murmúrios foram interrompidos pela gargalhada alta da hispânica.

- Você tinha que ver a sua cara! – Lauren exclamou entre o riso.

- Não teve graça nenhuma – Camila bufou, cruzando os braços sobre o peito e virando o rosto para a janela. – Olha! – Apontou em seguida para uma nova placa na estrada que indicava o hotel a que ela se referiu anteriormente. – A 500 metros, finalmente!

Lauren seguiu tranquila até pousar seus olhos sobre a entrada do tal hotel... luxo era pouco para aquele lugar.

- Camila... – disse, recebendo um som nasal em resposta. – Eu não posso bancar tudo isso. – Confessou de forma envergonhada.

Tudo o que ela tinha eram algumas poucas economias que ela pretendia depositar para Chris e Taylor, mas esquecera completamente quando se deixou levar pela dor do momento. Imaginara que nem se aquele dinheiro triplicasse ela poderia arcar com todos os custos daquela viagem insana de Camila.

Por que aceitara ir até ali mesmo?

- Relaxa, é por minha conta – a latina disse despreocupada.

- Nem pensar! – Negou prontamente, fazendo menção de virar o carro e sendo impedida pela mão da latina. – Camila! Isso não é justo...

- Para de ser cabeça dura e entra logo que eu estou morrendo de fome! – Camila a encarou séria, acariciando levemente as costas de sua mão com seu polegar. – Encare como um presente por estar me fazendo companhia.

 Lauren não disse nada, apenas seguiu. Sua expressão fechada e desconfortável permaneceu em seu rosto durante todo o tempo em que Camila pedia um quarto, trazendo a mala consigo.

- Vai ficar com essa cara de enterro? – A latina questionou impaciente ao sair de seu banho e encontrar a outra do mesmo jeito sobre a cama. – Lauren, esse dinheiro não vai me fazer falta e eu realmente não me importo – falou sincera, se sentando em frente a hispânica. – É só dinheiro. E tenha certeza de que se eu fosse pagar pra te ter comigo dinheiro nenhum no mundo seria suficiente, porque essas coisas não se compram e você sabe – Lauren suavizou a expressão e a encarou quase sorrindo de sua fala. – Isso foi muito gay – fez uma careta, soltando uma risada fraca em seguida. – Eu sou toda gay mesmo – deu de ombros, se levantando e caminhando até a mala no canto do quarto, escolhendo algumas peças de roupa e jogando na direção da outra. – Se arrume!

Sem mais questionar, Lauren seguiu para o banheiro e deixou que a água morna lavasse todo e qualquer sentimento ruim que quisesse se apossar de seu corpo. Agora ela tinha um objetivo a cumprir e não podia se deixar levar... não até chegarem na Califórnia e Camila fazer seja lá o que ela quisesse naquele lugar. Não que antes ela não tivesse objetivos e responsabilidades, mas sua família tinha um ao outro e Camila só tinha a si mesma naquele momento. Uns dias a mais não fariam mal... quer dizer, fariam, mas...

Balançou a cabeça e espantou os pensamentos, sorrindo ao ouvir Camila cantarolando do lado de fora.

- Você canta bem, maluquinha – disse assim que saiu do banheiro, surpreendendo a latina que saltou com as mãos ao peito, fazendo-a rir.

- Como é que dizem... – estreitou os olhos como se estivesse pensando – quem canta os males espanta!

Lauren negou com a cabeça e se sentou para calçar os coturnos surrados, não se dando o trabalho de amarra-los e apenas jogando os cadarços para dentro.

- Você deveria tentar – Camila murmurou, entretida com o travesseiro que jogava para o alto.

- Quem sabe... – a hispânica deixou no ar, fitando a outra brincando com o travesseiro agitada. – Você é uma daquelas espécies ligadas ao 220v? – Indagou, chamando-lhe a atenção e rindo ao vê-la se atrapalhar toda com o travesseiro, quase derrubando o abajur no chão. – Onde desliga?

- Há. Há. – Camila riu falso pausadamente, largando o travesseiro na cama. – Muito engraçado!

Rolou os olhos e segurou no pulso da hispânica, arrastando-a para fora rapidamente e recebendo resmungos em resposta.

- O que quer comer? – A latina questionou com um sorriso largo assim que se acomodaram no restaurante do hotel.

- Comida, pode ser – Lauren murmurou debochada.

- Você é tão doce quanto um limão! Até me emociona... – Camila concluiu, negando com a cabeça. – Mas sabe o que acontece com os limões, não é?

- O quê? – Indagou, confusa.

- Acabam virando limonada! – Camila gargalhou alto de sua própria fala.

Lauren levou as mãos até o rosto, tampando-o de forma dramática e se controlando para não rir daquela idiotice.

- BURRITO!

Levantou o rosto no mesmo instante em que ouviu o grito de Camila, arregalando os olhos assustada de sua empolgação.

- Garota, quer chamar atenção desfila com uma melancia na cabeça! – Acusou, sentindo os olhares a volta para a mesa delas.

- Nós vamos comer burritos, está decidido! – A latina declarou sem ao menos lhe dar atenção, já gesticulando para um dos garçons.

- De onde você é, Camila? – Lauren perguntou assim que o garçom saiu, curiosa.

- Nasci em Cuba, mas o meu pai era do México então moramos algum tempo por lá também – Camila explicou, com um sorriso orgulhoso enfeitando os lábios.

- Nossa! Que coincidência, a minha família também é de Cuba. – Revelou.

 - Então você tem ascendência cubana? – Camila questionou, feliz por aquele fato em comum.

- Eu não tenho mais essa certeza – Lauren respondeu com um suspiro pesado, deixando-a confusa.

Antes que ela pudesse perguntar, no entanto, o garçom voltara com o vinho que ela havia pedido. O silêncio voltou a se instalar enquanto ambas degustavam da bebida, sendo quebrado apenas quando a comida já estava ali.

- Olha... – Camila murmurou, acenando discretamente com a cabeça para uma mesa em específico. – Se acertar o seu burrito naquele homem, eu fico devendo uma!

- Já está bêbada?! – Lauren perguntou espantada.

- Deixa de ser boba – Camila acusou, negando com a cabeça. – Eu só quero me divertir!

- A custa dos outros? – A hispânica questionou incrédula. – E por que não joga você mesma?

- Porque eu falei primeiro! – A latina sorriu convencida.

- Não é possível...

- Ele parece o tio Válter de Harry Potter, Lauren. Eu sempre quis me vingar daquele velho e aposto como esse cara vai gostar de uma comida voadora!

Dessa vez Lauren fora incapaz de segurar a risada, levando algum tempo para recuperar o ar antes de voltar sua atenção para Camila.

- Se eu fizer... – estreitou os olhos – você terá que fazer qualquer coisa que eu pedir?

- É assim que funciona, senhora das trevas – assentiu, batucando os dedos distraidamente sobre a mesa.

Lauren abriu um sorriso quase sádico após a sua fala, fazendo-a se questionar se afinal aquela fora uma boa ideia.

- Peça a conta primeiro porque nós provavelmente teremos que correr – instruiu, dando uma última mordida no burrito a sua frente.

Camila mal podia acreditar que ela iria mesmo fazer aquilo... se bem que depois de ter nadado pelada ela já não duvidava mais de nada que viesse da hispânica. Mordeu o lábio com a lembrança e suspirou, chamando o garçom para que não sucumbisse aos pensamentos.

- Depois disso você estará em minhas mãos, certo? – Lauren indagou, vendo-a assentir quase hesitante em seguida. – Então jure.

- Sério isso? – Camila a encarou entediada.

- Não vou correr o risco – a hispânica deu de ombros.

Camila rolou os olhos e cruzou os dedos das mãos, beijando-os.

- Eu juro!

Lauren sorriu satisfeita e voltou a mirar o homem gorducho do outro lado do restaurante, se empanturrando com um hambúrguer tão grande quanto a sua cabeça. Segurou o burrito firmemente em sua mão, se recordando dos tempos em que jogara Softball no colégio.

Respirou uma... duas... três vezes, deixando Camila ansiosa. Então arremessou.

Ambas observaram apreensivas o alimento voando pelos ares quase em câmera lenta, atravessando o restaurante... até cruzar com um garçom que estava passando por ali, acertando-o em cheio. Camila levou as mãos até a boca espantada, observando-o tropeçar e acabar por caindo sobre a mesa do homem gorducho, derrubando o prato de macarronada que trazia em seu rosto. O garçom tinha seus olhos saltados nas órbitas e se desculpava sem parar com o homem que agora tinha o seu bigode ridículo decorado por fios de macarrão e o seu rosto vermelho de molho de tomate.

Camila gargalhou... tão alto e forte que todos ali já sabiam de onde aquele burrito havia vindo.

Percebendo a confusão em que se metera, Lauren agarrou em seu braço e a puxou entre tropeços para fora dali o mais rápido que pôde. Corria pelos corredores com uma Camila completamente fora de controle, atrasando-as. Alguns seguranças tentaram segui-las, mas por sorte, Lauren entrou em uma espécie de bar do hotel e se embrenhou com a latina no meio da multidão de pessoas dançando, sumindo de suas visões.

- Aquilo foi... INCRÍVEL! – Camila gritara devido a música alta que tocava naquele ambiente, ofegante pelas risadas.

- Você é, definitivamente, louca! – Lauren acusou, recuperando aos poucos o fôlego perdido pela corrida.

No minuto seguinte ela se juntava com a latina, gargalhando e se apoiando em seus ombros... perdidas em uma bolha só delas no meio daquele aglomerado de pessoas.

- Vem! – Camila disse de repente, entrelaçando seus dedos e a arrastando em direção do balcão mais próximo.

Ambas sentiram a eletricidade correr por suas veias com aquele toque, mas igualmente imaginaram ser devido a adrenalina do que acabara de acontecer.

Se sentaram por ali e pediram drinks, se perdendo nas conversas animadas sobre as caras e bocas de todos os presentes no restaurante.

- Vamos brincar de quem é! – Camila sugeriu em determinado momento.

- E lá vamos nós de novo... – Lauren murmurou, rindo ao negar com a cabeça.

- Hmm... – a latina passou os olhos por todo o local, parando-os em uma mulher sentada sozinha do outro lado do balcão. Tinha os cabelos loiros e olhos azuis cristalinos. Era uma mulher muito bonita, mas carregava uma expressão caída. – Quem você acha que ela é? – Acenou discretamente.

Lauren olhou para onde ela havia indicado e analisou a moça, não demorando muito a chegar em uma conclusão.

- Pelas roupas sociais e aparência muito bem cuidada e sofisticada, ela é uma dessas mulheres que tem tudo o que quer – disse, abrindo um sorriso de canto logo em seguida. – Ou quase tudo.

- Como assim? – Camila questionou, perdida.

- Pelo olhar que ela lançou pra bunda da bargirl... – Lauren riu – é uma dessas que foi obrigada pela família a se casar com um homem rico, mas que se encontra extremamente frustrada sexualmente, pois não curte esse tipo de fruta. Se é que me entende...

- Não fode, Lauren! – Camila negou rapidamente. – Aquela mulher ali – apontou com o indicador – não é lésbica!

- Quer apostar? – A hispânica a encarou em desafio.

- Eu posso até concordar com o resto, mas ela não parece ser lésbica – a latina disse, encarando a mulher que brincava com o canudo em seu drink sem ao menos se dar conta do mundo a sua volta. – Coitada, está mesmo necessitada... – murmurou perdida, ocasionando uma risada na mulher ao lado. – Ok, eu aposto um sundae triplo que ela não é lésbica!

- Presta atenção, Cabello!

Lauren lhe piscou com um olho e se levantou, caminhando calmamente em direção da mulher. Sua postura predatória e dominadora deixando olhares famintos e suspiros para trás conforme ela passava. Camila a observou atentamente.

Assim que esteve perto o suficiente ela disse algo, chamando a atenção da mulher que abriu um sorriso logo que levantou o rosto para fita-la, lhe dando permissão para sentar ao seu lado. Lauren sorria sedutoramente, tocando em seu rosto e seu cabelo vez ou outra enquanto puxava assunto. Em determinado momento, a mulher agarrara em sua nuca e a puxara de encontro ao seu rosto, deixando a latina do outro lado boquiaberta.

Lauren se afastou, dando alguma desculpa antes de se levantar e deixar a mulher frustrada ali.

- Eu não acredito nisso! – Camila exclamou assim que ela voltou a se sentar ao seu lado, vendo-a rir. – Por que não ficou com ela? – Perguntou em seguida, curiosa, afinal era uma mulher muito bonita e Lauren havia virado o rosto.

- Não faz o meu tipo – a hispânica deu de ombros.

- Você é hétero? – Camila perguntou, quase decepcionada.

Lauren teve de se segurar para não gargalhar diante de sua pergunta, bebendo de seu drink que ainda repousava por ali antes de se virar para ela novamente.

- Ali... – acenou com a cabeça em direção de um homem que jogava sinuca com alguns amigos. – Aquele cara com certeza também é gay!

Camila fitou o moreno alto de músculos invejáveis e concluiu que qualquer mulher cairia aos seus pés, negando rapidamente.

- Aquele cara não é gay e eu vou provar!

Lauren apoiou suas costas no balcão e a observou ajeitar o cropped em seu corpo, caminhando em seguida até o homem. Os olhos verdes inevitavelmente recaíram sobre o volume em seus jeans, que não chamavam a atenção apenas dela.

Camila parara em frente ao homem e agora conversava animadamente com ele, tocando em seus braços vez ou outra. Lauren sabia que ela estava elogiando seus músculos. Todo homem gosta de se vangloriar de seu corpo forte, era tiro e queda. Mas a hispânica sabia que com aquele isso não iria colar. O homem estava satisfeito com a conversa, não com a possibilidade de um novo contato.

E ela estava certa.

Após algum tempo com Camila investindo, Lauren podia ver o homem recuando sempre mais. Não só ela, mas todos que estavam a volta concluíram que só sendo gay para recusar Camila.

- Que tipo de macumba você faz?! – A latina questionou indignada assim que voltou para seu lado.

Lauren riu.

- Eu tenho um ótimo gaydar – deu de ombros.

- Isso não é justo! – Camila resmungou.

- A vida não é justa.

Camila continuava indignada, olhando as pessoas a volta e se questionando internamente sobre suas sexualidades.

- Você também não é hétero.

A voz de Lauren lhe chamara a atenção em determinado momento, fazendo-a mira-la surpresa.

- E você descobriu isso como? – Indagou.

As pessoas costumavam achar que ela era 100% hétero apenas por seu jeito feminino, apaixonada por princesas e unicórnios.   

Costumava passar despercebido.

- A forma como me olha – Lauren respondeu, firme.

Notava cada um dos olhares que Camila lhe lançava, quase sempre em seus lábios, mas fingia não ver.

- Eu já te vi nua! Queria o quê?! – A latina disse divertida, tentando disfarçar o rubor em suas bochechas. – Acho que você é capaz de acabar com a heterossexualidade de qualquer uma.

- Ah, agora a culpa é minha? – Lauren se fez de ofendida. – Quem foi a pervertida que me desafiou?

- Aquilo foi puramente inocente e acadêmico – Camila se defendeu. – Precisava estudar a sua anatomia!

Lauren gargalhou alto, empurrando-a pelo ombro e levando-a a rir consigo.

- Espera aí! – Camila disse de repente, interrompendo as risadas. – Se você sabia que eu não era hétero e mesmo assim cumpriu o desafio... você claramente queria que eu te visse nua!

A latina sorriu largo e quase saltitou em suas pernas ao chegar a essa conclusão, fazendo a outra rir ainda mais.

- Você é ridícula, Cabello – Lauren acusou entre as risadas. – Te garanto que se fosse a minha intenção, a situação seria outra e quem estaria sem roupa seria você. – Lhe piscou com um olho, tomando o último gole de seu drink e se levantando.

Camila arregalou seus olhos e ficou imaginando de onde aquela Lauren provocadora havia saído, mas não estava reclamando. Nem em mil anos reclamaria. Seria idiota se dissesse que não estava mesmo reparando em Lauren com outros olhos e agora que ela revelara que percebia, não tinha mais porque manter aquilo só para si.

A verdade é que Lauren estava mexendo com a sua sanidade como ninguém havia feito.

Não conseguia parar de olha-la ou pensar em formas de fazê-la rir, assim como o seu corpo reagia com tamanha intensidade a toques e aproximações.

Era louco, mas real.

- Vai ficar parada aí com cara de idiota? – A hispânica questionou, retirando-a de seus pensamentos.

Levantou imediatamente e a seguiu para longe do alvoroço de pessoas, alcançando uma larga varanda que havia ali por perto e dava a visão das áreas de lazer do hotel. Ambas se acomodaram nas poltronas que haviam ali e se permitiram observar o céu em silêncio.

A iluminação era fraca, facilitando assim uma visão mais privilegiada do céu estrelado. Camila suspirou profundamente ao pregar seus olhos em uma das estrelas, se recordando de uma antiga lenda que seu pai havia lhe contado quando ela era uma jovem confusa com seus sentimentos.

- Está vendo aquela estrela ali no meio? – Perguntou, chamando a atenção de Lauren. – A que mais brilha... – completou, vendo-a assentir sutilmente. – Reza a lenda que ela é a representação do amor impossível, aquele em que se tem que lutar até o fim para sobreviver aos maus olhados da maldade do mundo. Fora inspirada por uma princesa e um plebeu que se amavam mais do que o sol ama a lua, mas não podiam se casar devido a diferença econômica diante da sociedade. Eles lutaram todos os dias por esse amor até serem condenados a morte por desrespeitarem a lei.

- Isso é horrível, Camila! – Lauren disse entre sua história, fazendo-a sorrir de canto. – Eles morreram por se amarem?! E essa era pra ser uma história bonita? Porque eu não estou achando nada legal...

- Calma, Lern – a hispânica arqueou a sobrancelha diante do apelido estranho. – Eu ainda não terminei!

- Continua logo então! – Lauren a encarou curiosa e impaciente, fazendo-a rir baixo.

- Bom, dizem que no dia do juízo final, quando estavam prestes a perder as vidas... os céus vieram resgata-los, transformando-os na estrela mais brilhante para que o seu amor fosse eternizado e guiasse todos os corações apaixonados!

Ao fim de sua fala o sorriso em seu rosto era mais largo que antes, deixando claro para Lauren o quanto Camila era sonhadora e de alma pura, do tipo que acredita em contos de fadas. Aquela pessoa rara nos dias atuais. A que buscara encontrar boa parte de sua vida, mas que agora parecia servir de piada para o destino.

- Você vai ser uma excelente escritora, sabia? – Se pronunciou depois de um tempo, ocasionando uma nova gargalhada na latina.

- Que os céus te ouçam, olhos lindos – Camila suspirou.

- Aprendemos lições valiosas hoje, não acha? – Lauren questionou.

- Quais? – A latina desviou o olhar do céu para encara-la pela primeira vez.

- As aparências enganam – levantou o indicador para enfatizar, ouvindo-a rir e concordar com a cabeça. – E o amor é a única coisa que fica, pois é eterno.

- E supera tudo, até mesmo um mundo de diferença ou distância - Camila completou, voltando a encarar o céu e suspirando tristemente.

Lauren não sabia o que se passava em sua mente, mas sentia que precisava lhe dar apoio em algo, então esgueirou sua mão até a da latina que repousava sobre o braço da poltrona, entrelaçando seus dedos de forma confortável para ambas e ganhando o olhar da latina de volta para si. Camila sorriu, como se lhe agradecesse.

- Acho que o momento é propício pra um juramento – disse, não querendo perder a oportunidade.

- Que tipo de juramento? – Lauren perguntou.

- Que não importa o mundo a volta, vamos viver essa viagem com todo o nosso coração e deixar a razão de férias – explicou, vendo os olhos verdes brilhosos sobre si. – Eu e você até o fim, pelo brilho das estrelas!

 Lauren respirou fundo e assentiu.

- Deixa de ser sem graça e jura direito – Camila acusou, levantando seu dedo mindinho em frente a hispânica.

- Você é tão infantil... – riu baixo.

- Jura logo, Jauregui!

- Tá bom, tá bom – Lauren disse em rendição, enlaçando o seu dedo mindinho da mão livre ao da latina, selando aquele trato.

Suas mãos permaneciam juntas e elas não se importavam nem um pouco. Parecia certo e premeditado... o encaixe perfeito.

- Olha lá hein, rainha das trevas... um juramento dos céus não pode ser quebrado!



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...