História Road Trip - Transformação

SKYLER VARDON

A minha recuperação foi mais rapida do que eu esperava. Os pontos não me incomodavam mais.

Voltar para casa foi a coisa mais dolorosa que fiz. Rita havia morrido aqui e eu não tinha ninguém para me consolar, eu pedi para que Sam me desse dois dias para pensar mas na verdade eu estava atrás de vingança. Eu acreditava que a morte da Rita não havia sido pura conhecidencia e muito menos suicidio, a pessoa que estava tentando me matar talvez tenha chegado na Rita antes. E seja lá quem fosse iria sofrer.

Contatei um dos meus informantes. Trevor era um ricaço esnobe que estava mais preocupado com o propio traseiro do que com qualquer outra coisa.

O garçon deixou as duas bandeijas em cima da mesa. Olhei para Trevor e me perguntei o porque dele me pedir um serviço como aquele depois de tanto tempo. Bela havia acabado com a minha reputação como assassina.

-Acha que dá conta do serviço? -Trevor parecia está com um pé atrás em relação a me contratar.

Eu precisava comprar uma informação e para isso eu tinha que matar alguém.

-Estou de férias mais considere o trabalho feito. -Abri a bandeija e me surpreendi com o que encontrei. Havia um coração ensaguentado em cima do prato. Fechei aquilo devagar e olhei para Trevor que estava enojado e assustado. Depois do que aconteceu no meu apartamento e com a Rita eu não estava nem um pouco surpresa.

-Que porra é essa? Onde está o gerente? -Trevor se levantou da cadeira. Joguei o guardanapo em cima da mesa e me levantei com cuidado.

Me virei para chamar o garçon e notei que o restaurante estava vazio. Não havia sinal de nenhuma pessoa naquele lugar.

-Esse lugar não estava cheio agora pouco? -Perguntei olhando para Trevor. Seus olhos se arregalaram e uma mão atravessou o seu peito fazendo o sangue espirrar pelo meu rosto e vestido.

Abri a boca dando um longo suspiro totalmente chocada. O corpo de Trevor tombou no chão e eu pude ver a criatura que agora estava labendo os dedos com os olhos felinos sobre mim. Senti um nó se formando no fundo da minha garganta e nesse momento eu rezei para que eu estivesse morta.

-Olá minha doce e querida Teresa ou prefere que a chame de Skyler? -Seu sorriso me deixou mais assustada.

-Pai?

-Querida, eu odeio quando você me chama assim.

-Kraven.

-Um prato especial para a minha filha especial. -Kraven limpou as mãos no guardanapo em cima da mesa e pegou a taça de vinho bebericando. -Está desapontada por não ser o coração de nenhum dos seus amigos? Por favor, pensei que depois de todos esses anos você tivesse aprendido que ninguém gosta de você.

-Você estava morto. Dominic disse... -Antes que eu completasse a minha frase ele me interrompeu.

-Dominic...-Kraven fechou os olhos com força. -Temos muito o que conversar. Sente-se.

Permaneci imovél. Meu corpo não obdecia mais as minhas ordens.

-Eu mandei sentar! -Kraven gritou e eu imediatamente sentei na cadeira em sua frente. -Boa menina.

-Porque está aqui?

-Isso é jeito de tratar o seu velho? -Kraven segurou a minha mão com força e eu soltei um gemido de susto. -Eu deveria cortar a sua lingua mas para que quando se tem esses dedos tão perfeitos?

Kraven pegou a faca em cima da mesa e segurou firme para me apunhalar. Fechei os olhos com força esperando o golpe. Pisquei algumas vezes quando escutei o barulho dos talheres balançando com o tamanho da força que ele usou mas eu não senti nada.

Notei que ele havia enfiado a faca contra a mesa de madeira. Recolhi minha mão de imediato e tentei controlar minhas lagrimas de desespero.

-Você matou seu irmão, perder sua mão seria uma benção. -Grunhiu irritado.

-Eu não o matei.

-E você também não o protegeu como deveria! -Kraven gritou e em seguida se levantou vindo em minha direção e se posicionou atrás de mim. -Sabe porque eu te odeio tanto, Skyler?

-Nada que diga vai trazer o Dominic de volta. -Falei assustada olhando para os lados tentando me concentrar na sua respiração atrás de mim.

-Você é tudo o que eu mais odeio e desprezo nesse mundo, querida. -Suas palavras não iriam me abalar, aquilo só me deixou com mais raiva. -Skyler Vardon é uma piada. Teresa Martell tinha vocação.

-Teresa Martell está morta. Você a matou. -Falei e então Kraven puxou a cadeira para que eu pudesse olhar em seus olhos.

-Dominic era tudo para mim. O filho perfeito, o guerreiro leal.

-Chama aquilo de lealdade? Ele mentiu para mim por todos esses anos. -Falei sem paciência fazendo-o rolar os olhos. -Ele disse que havia o matado e que eu estava segura e era tudo mentira.

-Meu deus! Porque você acha que ele mentiu? Ele menosprezava você assim como eu. -Kraven se afastou soltando uma risada. -Argh! Skyler e sua preciosa culpa. Skyler e sua bondade reversa. Matar assassinos não vai mudar as coisas que você fez.

-Que você me obrigou a fazer!

-Não grite comigo! -Kraven segurou o meu rosto com força. -Se você derramagar uma lagrima eu arranco o seus dois olhos, está me entendendo? -Balancei a cabeça praticamente tremendo. -Eu perguntei se está me entendendo?

-Sim. -Murmurei e então ele me largou.

-Quer saber o porque apareci depois de todos esses anos, querida? -Kraven passou a mão pelos meus cabelos me fazendo abaixar a cabeça. -Quando eu soube que Dominic foi morto eu pirei. Droga, meu querido filho morto, o que seria de mim?

Olhei em sua direção com ódio nos olhos. Eu não tinha coragem de o apunhalar pois eu sabia qual seria a consequência disso e eu não tinha mais o Dominic para me proteger.

-Dominic se foi e como ele o nosso acordo. -Kraven falou se sentando novamente

-Que acordo? -Perguntei confusa

-Ele poderia te odiar mas te protegia. Fechei um acordo com o Dominic depois daquele dia em Ohio. -As lembranças daquele dia me acertaram em cheio. -O papai aqui ficava longe e em troca ele me dava isso.

Kraven estendeu a mão e mostrou o anel em seu dedo midinho. Eu conhecia aquilo nas fotos antigas de familia.

-O anel da mamãe.

-Enfeitiçado. Obra do Dominic ele conhecia uma bruxa em Nova Orleans e com o pagamento certo eu posso andar no sol e ser o que eu quiser. -Kraven deu uma piscadela sorrindo em seguida.

-E então o que isso quer dizer? -Perguntei e ele soltou uma risada alta que ecoou pelos meus ouvidos me causando calafrios.

-Quer dizer que você é minha, querida. E eu vou fazer da sua vida um inferno.

Engoli seco ao ouvir aquilo.

-Primeiro eu matei aquele mendigo e joguei na caixa d'agua. -Kraven fez uma pausa dramatica. -Espero que o cheiro não tenha te incomodado.

-Você é doente! -Falei com nojo

-Depois matei a unica pessoa que realmente se importava com você. -Kraven falou sorrindo completamente orgulhoso.

-Rita. -Falei baixinho sem acreditar

-Ela lutou bastante e implorou pela vida.

-Porque está fazendo isso comigo? -Perguntei engolindo o nó que se formou na minha garganta.

-Não gostou dos meus presentes?

-Eu sou sua filha! -Gritei levantando e batendo na mesa com força.

-Não...-Kraven levantou e se inclinou na mesa ficando a centimetros de mim. -Você é uma aberração na natureza.

-Eu te odeio. -Falei e ele deu de ombros.

-Você vai me odiar ainda mais quando descobrir o que fiz com seus amigos. -Kraven sorriu ao notar o meu desespero. -Não te contei? A Katherine que está com eles não é bem a mesma Katherine.

-O que você fez? -Me aproximei devagar dele. Parecia que todo o medo que eu sentia daquele homem havia desaparecido.

-Vou fazer você se culpar por isso até a morte. -Kraven soltou uma risada e eu pulei em seu pescoço o puxando pelo sobretudo preto.

-O que você fez?

-Katherine agora é uma de nós. E não vai levar muito tempo até ela devorar os seus amigos. -Me afastei devagar sentindo o chão se abrir diante dos meus pés. -Você sabe que os vampiros novatos não tem muito auto-controle.

-Porque você não me deixa em paz? Porque você continua infernizando a minha vida? -Perguntei olhando diretamente em seus olhos.

-Porque você é parte de mim, Skyler. -Kraven colocou a mão no meu rosto. -E eu não quero acordar todos os dias durante minha eternidade e saber que uma coisinha fraca como você, sangue do meu sangue, é uma perdedora.

Abaixei a cabeça tentando controlar minhas lagrimas. Kraven beijou o topo da minha cabeça e fez carinho nos meus cabelos.

-Você vai ficar bem, querida. -Kraven disse e eu respirei fundo tomando coragem para olhar em seus olhos.

Kraven havia sumido. Olhei ao redor e não encontrei ninguém a não ser Trevor com o peito aberto.

Passei por cima do seu corpo e peguei minha bolsa tirando o celular de dentro. Havia cinco mensagems do Sam pedindo para eu voltar e que estava com problemas.

[...]

Eu estava pelos corredores desesperada procurando pelo numero do quarto. 59C.

Parecia que o corredor ficava mais longo a cada segundo que passava. Encarei a porta vermelha com o numero 59C e entrei de supetão.

-Skyler ainda bem que chegou. -Sam me abraçou forte e eu notei Katherine com os braços e as pernas amarradas a cadeira.

-O que está acontecendo? -Perguntei me desfazendo do abraço e caminhando até a Katherine. Me ajoelhei na sua frente e segurei o seu rosto.

Seus labios estavam roxos e seu rosto mais palido que o normal.

-Ela é uma vampira, Skyler. Diga que sabe como desfazer isso. -Dean falou preocupado

-Eu não sei se existe uma cura. A quanto tempo ela está assim? -Perguntei ao notar que a coloração das suas veias do pescoço estavam ficando pretas.

-Skyler. Alguém a transformou. -Dean falou como se não fosse obvio.

-Ele fez isso comigo. -Katherine choramingou e abaixou a cabeça soluçando.

Claro que foi o Kraven, mas os Winchester não sabiam que o meu pai estava de volta.

-As amarras são mesmo necessarias? -Perguntei afinal isso era loucura.

-Precisamos ligar para o padre Caleb. -Sam falou serio

-Ela não precisa de intervenção divina. Ela precisa de nós. -Falei o repreendendo

-Eu posso falar com você lá fora um instante? -Sam falou apontando para a porta

-O que foi? -Perguntei o seguindo até o lado de fora

-Eu acho que você está vendo o seu irmão na Katherine. -Sam falou e eu dei uma risada nervosa.

-O que? Você enlouqueceu?

-Katherine não é seu irmão. -Sam falou me repreendendo.

-Meu irmão está morto.

-E Katherine foi transformada. Ela é uma vampira igual ao seu irmão.

-Ela não é igual ao meu irmão. -Suspirei e fechei os olhos com força. -Olha, Katherine é minha amiga e temos uma ligação profunda que você nunca irá entender.

-Eu realmente não entendo.

-E eu sou a unica capaz de ajuda-la nesse momento. -Falei e Sam me olhou desconfiado. -Eu convivi com vampiros a minha vida toda, nada do que vocês estão vendo é novidade para mim.

-Mas se trata da Katherine. Não é um vampiro qualquer, entende? -Sam perguntou preocupado

-Claro que eu entendo. Eu me importo com ela e com vocês por isso precisa da minha ajuda. -Falei e Sam balançou a cabeça.

-Tudo bem mas ainda vamos atrás do Caleb.

-De um caçador. -Debochei.

-Ele não irá machuca-la. -Sam falou e eu balancei a cabeça.

-A decisão é sua mas lembre que Katherine é minha amiga e se alguem tentar machuca-la...

-Fique aqui e cuide dela. -Sam falou e então me deu um selinho demorado

-Chegamos antes do amanhecer. -Dean falou sorrindo e dando uma ultima olhada na Katherine.

Entrei no quarto e fechei as cortinas.

-O sol...-Katherine falou com a voz fraca. -Eu vou queimar?

-Você vai se sentir cansada e com muita vontade de tirar férias. -Falei tirando os cabelos do seu rosto quando notei que ela estava queimando de febre. -Você está quente.

-Estou com frio.

-Você deveria está fria como um cubo de gelo. -Falei e então comecei a desamarrar suas mãos.

-Não faça isso. Eu posso machuca-la. -Katherine falou preocupada.

-Olha só para você. Eu poderia te dar uma surra com um pena de ganso. -Falei a ajudando a levantar.

-Não tem graça. -Katherine começou a tossir freneticamente.

-Você está bem? -Perguntei preocupada mas ela se jogou no chão e se apoiou nos braços enquanto vomitava um tipo de gosma preta e espinhosa.

-Eu estou morrendo, não estou?

-Você está morta. Esse é seu corpo se acostumando com isso. -Falei a puxando novamente para levantar.

-Eu lembro de ser atropelada, eu morri desse jeito? -Katherine perguntou enquanto eu a despia.

-Provavemente. Ele te enterrou? -Perguntei a colocando dentro da banheira

-Quem?

-O vampiro que te transformou. Você precisa beber do sague. Morrer e ser enterrada para assim a transformação ocorrer. -Falei e Katherine balançou a cabeça.

-Agora eu lembro sim. A sensação de não conseguir respirar e de não abrir os olhos...-Katherine falou e abaixou a cabeça. -Agora eu sou uma vampira.

-Não completamente. Você precisa se alimentar ou vai morrer até o amanhecer. -Falei me levantando e pegando o meu celular

-Vai atrás de um banco de sangue? -Perguntou receosa mas no fundo estava aliviada

-Eu vou trazer o jantar.

[...]

Katherine estava deitada e dormindo ou pelo menos tentando. Fiquei na frente da janela esperando Brian aparecer para tentar me matar, telefonei para todos os meus contados e aqueles que diziam ser meus "amigos" e dei o endereço que eu estava, só era questão de minutos para ele aparecer.

Uma van preta deu a volta na garagem duas vezes antes de parar. Assim que o rapaz usando couro saiu eu sabia que aquele era o Brian.

-Ei, acorde. -Falei puxando Katherine pelos braços.

-Meu corpo está doendo. -Katherine resmungou e eu a coloquei de pé.

-Eu não vou deixa-la morrer e os rapazes estão ocupados demais tentando se redimir com você. Ande! -Falei mas ao escutar os disparos eu imediatamente me joguei no chão.

-Skyler Vardon, o dia do juizo final chegou. -Brian falou debochado

-Tudo bem eu me rendo. -Falei erguendo as mãos e me levantando devar. -Minha amiga está doente, só vamos acabar com isso lá fora, tudo bem?

Brian ergueu a cabeça para olhar Katherine no chão e com sua distração eu puxei a sua arma.

-Você é tão engenuo. -Falei mas ele acertou um soco no meu rosto.

-Dessa vez eu vim preparado. -Brian puxou uma arma de choque a apontou para mim.

-Vai ser divertido dar uma surra em você. -Falei e Brian ergueu aquele enorme bastão na minha direção e eu peguei o abajur sobre a mesa e empurrei contra a sua mão e em seguida dei uma joelhada nas suas partes baixas fazendo-o cair de joelhos no chão.

-Essa foi golpe baixo. -Brian falou e eu o puxei pela jaqueta para perto da Katherine.

-Vamos, Katherine. Morda ele. -Falei puxando a camiseta e mostrando o pescoço do Brian

-Morder? Vocês são malucas? -Brian tentou se levantar mas eu pisei na sua mão.

-Eu não vou matar ninguém. Eu não posso. -Katherine estava abraçada ao propio corpo com os labios roxos e seu rosto palido.

-Ele é um assassino, ninguém vai sentir falta dele.

-Eu tenho uma namorada! Ela vai sentir minha falta. -Brian falou e eu puxei a jaqueta em seu pescoço o sufocando.

-Cale a boca! -Gritei e então olhei para a Katherine. -Você vai morrer se não se alimentar.

-Eu não vou matar ninguém. Eu não sou um monstro! -Katherine gritou de volta

-Então esse é o problema? -Perguntei e em seguida segurei o rosto do Brian e quebrei o seu pescoço. -Eu o matei, agora se alimente!

-Não! -Katherine se afastou ainda mais e eu corri até ela a segurando pelos braços.

-Eu não vou deixar você morrer, está me entendendo? -Perguntei e ela balançou a cabeça. -Ele está morto, está tudo bem.

-Skyler...-Katherine olhou receosa para o homem morto na sua frente, sorri a encorajando.

Me afastei para que ela ficasse a vontade e então sem delongas ela mordeu o pescoço do Brian. Suspirei aliviada, eu havia salvo sua vida.

-O que está acontecendo aqui? -Dean gritou assim que abriu a porta.

Eu estava tão distraída que não havia notado a sua presença até ele puxar Katherine pelos braços a afastando do corpo morto do Brian.

-Me desculpe. -Katherine choramingou abaixando a cabeça. Sua boca e pescoço estavam cheios de sangue.

-O que você fez? -Sam perguntou furioso vindo na minha direção.

-Eu a ajudei. Se não fosse por mim a Katherine estaria morta. -Falei e Sam bufou de raiva.

-Você tem ideia do que acabou de fazer?

-Porque está gritando comigo? -Perguntei no mesmo tom de voz

-Vá embora e não volte mais aqui. -Sam falou e eu olhei em seus olhos a procura de algo que dissesse que ele estava brincando.

Dei uma olhada na Katherine que estava com o rosto enterrado nos braços do Dean e então peguei minha bolsa em cima da mesa saindo daquele lugar.