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História Robotic Lovers - Capítulo IX: Vamos enfrentar isso.


Escrita por: Heavytears

Notas do Autor


Sim, depois de um tempinho um pouco longo demais, eu voltei, e peço desculpas pela minha demora, vou fazer o possível para isso não se repetir novamente 😬😊 Então, sem mais delongas...Boa leitura bolinhos! 💕😙

Capítulo 9 - Capítulo IX: Vamos enfrentar isso.


Fanfic / Fanfiction Robotic Lovers - Capítulo IX: Vamos enfrentar isso.

Capítulo IX : Vamos enfrentar isso.

“Acredite em si mesmo, um sonho só se torna realidade com perseverança e amor próprio”.

Essa foi uma frase que ouvi quando eu tinha dez ou onze anos e já cursava o quinto ano da escola preparatória. Apenas os meros mortais à fazem, então é plausível que nós, como a maioria da população, a chamemos assim. Foi Jung Hoseok que a disse, o único garoto de doze anos, não aluno da turma avançada e com QI abaixo da média, que tinha uma vida social elevada, com pais ricos e atuava exatamente como o “príncipe da nação”. E sim, eu banalmente fui me apaixonar justamente por ele.

A história de Hoseok é simples: ele não passou na prova da turma avançada, como é de costume entre os membros da alta sociedade, por isso estudava junto comigo, mesmo que mais faltasse às aulas do que as presenciasse. Talvez tenha sido um erro de digitação entre os analistas da prova, pois eu tenho certeza de que todos os ricos são burros e apenas são aceitos na turma avançada para manter os costumes (nada que um governo manipulador não possa fazer). Bom, o negócio era que Hoseok era uma exceção , e mesmo sendo filho do primeiro ministro, ele tinha de estudar conosco, que éramos a base da sociedade.

Foi durante uma entrevista, que todo o colégio foi obrigado a assistir, que ele disse isso. Com doze anos ele já estava ingressando na carreira de ator, um tipo de trabalho no qual você tem total controle sobre os meios de comunicação apenas com um sorriso ou uma atuação bem feita. As garotas eram apaixonadas por ele.

Pelo que eu me lembre, a mãe de Hoseok havia falecido naquele dia, e o jornalista perguntou à ele como ele se sentia tendo um futuro brilhante pela frente mas sem o apoio de sua mãe ao seu lado. Por incrível que pareça ele sorriu, e disse aquelas palavras “Acredite em si mesmo, um sonho só se torna realidade com perseverança e amor próprio”.

Foi um susto para todos nós, ver um menino tão jovem dizer tal coisa no funeral da mãe. Lembro-me de ter chegado em casa e dito ao vovô oque eu pensava sobre aqui, e ele, em sua simplicidade, me pegou no colo e disse:

- Certas vezes, filho, em momentos de muita dor, as pessoas se apegam à pequenas coisas que possam fazê-las se sentir melhor. Não acredito que seja um ato de egoísmo, mas sim uma auto provação, como se tentassem sobreviver, ou talvez renascer, a partir de um novo pensamento e visão de mundo.

- Então o senhor está dizendo que Hoseok está tentando superar a dor com o pensamento de que ele pode se tornar alguém famoso a partir de seu amor próprio? - eu não conseguia entender aquilo na época.

Meu avô riu da minha expressão de estranheza, e bagunçando meu cabelo disse:

- Meio bobo, não? Mas mostra o quanto ele quer superar isso e seguir em frente... É uma atitude que todos deveríamos seguir.

Eu pensava nisso, quando me toquei que Jimin me chamava:

- Taehyung! Taehyung! – meu amigo gesticulava – Oque você acha? Devemos fazer isso ou não?

- Oi? – respondi sem entender. Nós estávamos na sala de estar de meu amigo, já passavam das duas da manhã, e seus pais dormiam no andar de cima. Jungkook estava sentado em uma pequena poltrona marrom próxima a porta de entrada. Seu rosto se encontrava inexpressível, e as queimaduras em suas roupas mostravam o quanto havia sofrido para conseguir me salvar. Ele havia colocado o corpo de meu avô em um sofá próximo, e se não fosse pelo sangue seco nas roupas do senhor Dong-sun, e sua feição pálida e fria, eu poderia facilmente acreditar que ele estava dormindo e tudo aquilo não havia passado de um pesadelo.

- Devemos cremar o corpo de seu avô? – Jimin repetiu a pergunta. Meu amigo também estava ferido no braço, e apertava fortemente um pano contra o local. Percebi que ambos olhavam para mim em meio à uma expectativa triste e cansada. Finalmente consegui dizer algumas palavras:

- Err... Não tenho certeza... Devemos? – eu não estava raciocinando direito, aquilo ainda era inaceitável para mim.

- Se ficarmos com o corpo, ele será jogado além do muro como indigente. – falou Jungkook com sua voz profunda e arfada – Você sabe que isso acontecerá pois você não tem como manter o corpo em um cemitério de vidro. Apenas os ricos conseguem.

Eu sabia. Sabia que que não poderia colocar meu avô em um lugar daqueles, mas cremá-lo seria o mesmo que admitir que ele morreu, e eu não podia aceitar aquilo...pelo menos não naquele momento.

- Não chore, Tae. – Jimin murmurou se aproximando de mim – Tudo irá se resolver.

Sentado no sofá e olhando fixamente para o corpo frio de meu avô, eu não percebi que chorava. Meu amigo segurou fortemente minhas mãos, e chorou junto à mim. Aish, por que Jimin tinha de ser tão sensível? Eu não queria vê-lo chorar, eu não queria...

- Ok. Chega. – me soltei das mãos de Jimin e me levantei do pequeno sofá. – Nós temos que fazer alguma coisa, não posso permitir que meu avô, o único que se importou comigo a minha vida inteira, seja descartado de forma tão miserável. Eu... nós...Aish!

Sim, eu não sabia oque fazer.

- Por que não pede ao seu pai para...- Jimin começou, enxugando as lágrimas, mas eu o interrompi gritando:

- Eu não tenho pai! – bati minha mão na mesa de centro. Eu estava com raiva por estar passando por aquilo, e também triste e revoltado por saber exatamente quem eram os culpados.

Meu amigo pulou no assento, e vi Jungkook se levantar e vir até mim segurando fortemente um pano em minhas mãos: eu havia me cortado.

- Você é idiota, ou oque?! – ouvi Jungkook gritar – Quer se matar também, é isso? Você acha que é difícil apenas para você, mas e eu?! Passei praticamente toda a minha existência trancafiado em um sótão sendo alimentado pela gentileza e o carinho de um velho senhor e sua família. Vi seu filho crescer e cuidar de mim, seus netos me ignorarem, e seu bisneto lutar por mim. Acha que por ser considerado uma máquina não tenho sentimentos? Ah, muito pelo contrário, criança, às vezes me acho mais humano do que qualquer indivíduo por aí afora. Por favor, não faça isso.

Eu estava boquiaberto, e não conseguindo desviar minha atenção daqueles olhos metálicos e translúcidos, me peguei pensando que Jungkook me conhecia melhor do que eu à mim mesmo.

Ele desviou o olhar, e se levantando bruscamente, começou a andar de um lado para o outro, como se aquele lugar fosse pequeno demais para nós dois. Jimin veio ao meu encontro e amarrou um pano em minha mão, eu nem mesmo conseguia sentir dor.

- Você está bem? – ele murmurou. Com a luz fraca que incidia sobre nós, vinda de um pequeno e velho abajur sobre a escrivaninha próxima, pude ver o brilho de seus cílios molhados pelas lágrimas, e a sinceridade em suas atitudes. Eu me sentia péssimo por fazê-lo passar por aquilo, e pior ainda por saber que tudo era culpa minha.

- Você tem razão por se sentir mal por mim e por minha família. -falei, me dirigindo à Jungkook que parou de andar por um momento e me fitou. – Mas você não tem nenhuma responsabilidade por mim agora, está livre! Não quero lhe fazer mais mal do que já fiz... E você Jimin, - olhei para meu amigo ao meu lado – me perdoe por eu ser um fracasso, não presto nem mesmo para ser amigo de alguém...

Jimin me olhou com afeição, e terminando de amarrar meu curativo, se levantou dizendo:

- Nunca esperei algo em troca da minha amizade, Taehyung. – ele sorriu – Sempre fui seu amigo de todo coração, e sempre te aceitei do jeito que é, e você me retribui essa amizade sendo sempre você mesmo, e agindo conforme a sua realidade. Não será um tiro no braço que irá abalar nossa amizade. Até por que, enquanto eu apenas me machuquei levemente, com uma ferida que logo se cicatrizará, você teve seu coração dilacerado esta noite, com um machucado que não tem cura a não ser o tempo... Você pode espernear, gritar e rezar aos céus, mas eu não vou te deixar sozinho tão facilmente, Taehyung. – Jimin me enviou uma piscadela.

Sorri, e confesso que fiquei sem reação após as palavras de Jimin. Ele não era de falar coisas bonitas e graciosas, mas quando falava era realmente marcante.

- Também não sou alguém, ou algo, que você possa se desfazer facilmente, criança. – falou Jungkook, agora se sentando novamente em sua poltrona – Eu vi você nascer e crescer naquele lugar, não posso simplesmente deixá-lo. Além do mais, você prometeu ao seu avô que cuidaria de mim, e promessas devem ser cumpridas.

Ele estava certo, eu havia prometido ao meu avô, mas por algum motivo não queria cumprir essa promessa...parecia ser mais uma comprovação de sua morte...

- Bom, com todo respeito Taehyung, mas...- Jimin começou – Nós vamos passar a noite com o corpo do seu avô aqui? Eu não acho que vou conseguir dormir...

- Ele está certo, Taehyung. – falou Jungkook cruzando as pernas – É melhor sumirmos com o corpo antes que o sol nasça. O toque de recolher já foi há muito tempo, então não há quase ninguém na rua, a não ser os androids de patrulha. Você sabe que amanhã a polícia virá até aqui para procurar por você e seu avô, estando ele morto, você terá de pagar com as despesas do incêndio e...

- Sim, eu sei. – falei em meio a um suspiro – Não tenho dinheiro pra isso...Aish! É melhor sumirmos mesmo, porque do contrário serei preso pela polícia.

- Eu acho que conheço que pode nos ajudar...- falou Jimin pensativo.

- As três da madrugada? – perguntei confuso.

- Digamos que ele trabalhe apenas durante a madrugada... – ele me enviou um sorriso amarelo.

- Eu o conheço? – instiguei.

- Seria bom se não conhecesse...- meu amigo desviou o olhar e seguiu para a porta da frente. Jimin com segredos? Estranho...

...

Jimin e eu envolvemos meu avô em um cobertor já antigo, e Jungkook o carregou para então irmos até o conhecido de Jimin. Eu estava ao mesmo tempo ansioso e preocupado com a pessoa com a qual nos encontraríamos. Não era normal eu não saber sobre oque Jimin falava, então eu realmente me encontrava apreensivo.

Nós seguimos pela rua principal do bairro, que se encontrava completamente vazia e solitária , exatamente como o meu coração naquele momento. O vento uivava forte e gélido, e o lixo espalhado pelas calçadas voava erroneamente por entre o meio fio. Por ser aquela uma região menos favorecida da cidade, os robôs da limpeza não passavam muito por ali, de forma que sempre estava sujo e repleto de ratos. Um calafrio percorreu a minha espinha, e instintivamente olhei para trás, como em busca de uma explicação para aquilo tudo. Um vulto alto e esguio pareceu atravessar o final da rua, mas não pude ver muito bem, já que Jimin nos puxou para dentro de um beco úmido e escuro.

- É aqui. – ele indicou com a cabeça uma pequena porta de madeira que se não tivesse sido mostrada à mim, eu tenho certeza de que jamais a encontraria. – Jungkook, - ele olhou para o Android – aconselho que você entre mas aqui na entrada, já que está carregando um corpo e eu acho que seria desrespeitoso com o senhor Dong-sun seguir em frente...

Jungkook assentiu com a cabeça sem ao menos perguntar o por que, talvez ele soubesse que lugar era aquele...

Por fim meu amigo abriu a porta e eu fui instantaneamente envolvido por um cheiro de suor, cigarro e outras drogas ilícitas que eu não poderia descrever. Uma luz amarela e fraca iluminava a entrada, que já estava repleta de casais se beijando e agarrando. Decididamente aquele não era lugar para o meu falecido avô.

- Err... Jungkook – falei o tão alto a música me permitia – Não acho que esse seja um lugar para o meu avô, nem mesmo na porta... Você não poderia esperar do lado de fora?

- Claro, Taehyung. – Jungkook disse, já dando meia volta para retornar ao beco.

- Espere! – gritou Jimin para o Android – Apenas...tome cuidado! Não é comum ver alguém do lado de fora desse lugar, por isso pode acabar chamando a atenção. Se esconda!

Jungkook assentiu com a cabeça e foi embora, já eu e Jimin tivemos de andar por entre aquele mar de indivíduos cheirando a álcool e promiscuidade. Sim, eu queria sair dali o mais rápido possível.

Continua...



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